Participarei como coordenador da mesa LITERATURA CABO-VERDIANA com a
presença da escritora Vera Duarte e Dra. Maria Teresa Salgado, como debatedora.
Um espaço dedicado à literatura negro-brasileira, às literaturas africanas de língua portuguesa e demais literaturas negro-diaspóricas
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Eduardo White: universidades, bienais do livro e mercado editorial
Eduardo White, escritor moçambicano, expõe sua indignação acerca de
alguns problemas que envolvem a relação escritores africanos-mercado editorial-bienais
do livro-universidades brasileiras. A postagem foi feita no Facebook e
autorizada para publicação aqui.
Caro Ricardo Riso, já ligeiramente corrigido o meu texto, quanto 'a
questão que me puseste e muito bem:
Não esta' em causa o lançamento dos livros de dois escritores de muito
mérito e da minha geração com quem não tenho divergências nenhumas a não ser as
que sempre tivemos e haveremos de ter e ao longo das nossas vidas e
salutarmente.
Ninguém pode tirar o mérito aos distintos confrades que ai e muito bem
vão representar Moçambique.
O que é facto é que a vossa Bienal do Livro é a mais importante feira
no espaço dos falante e dos "escreventes" da Língua Portuguesa e um
mercado que pode possibilitar a ponte definitiva para o intercambio das
culturas dos nossos Países. Depois dessa seguem-se todas as outras que ocorrem
em Portugal, Angola e Cabo-Verde.
O que me vem indignando desde há algum tempo a esta parte é a
quantidade de mestrados e teses que se tem feito no Brasil sobre a minha obra e
sobre a orientação de duas Professoras Doutoras que ai vão estar como
palestrantes de quem em seu nome, inclusivamente, tenho recebido alguns dos
seus Doutores em Maputo, nunca se terem dignado, jamais, a dirigirem-me uma tese
por correio ou um convite para qualquer dessas sessões ou defesas de teses ou
mestrados e ou organizado contactos com os meritíssimos leitores que ai tenho
no Brasil. Ao longo deste tempo todo e como você poderá pesquisar na Internet
só me tenho surpreendido.
Inclusivamente, bem nos recentes anos ai esteve um delegação com o Luis
Abel dos Santos Cezerilo em que a minha obra era um dos temas em debate e em
Maputo fiquei para trás. E como esse exemplo existem vários, tanto cá, como em
Portugal, como com vários convites que me chegam pelos canais que deveriam
chegar, toda a gente sabe qual, e vão outras pessoas em minha representação.
Mas isso é de outro fórum.
O que eu fico surpreendido é que Alcance pretende internacionalizar um
autor que já está quase meio internacionalizado, passe-se a expressão, e
desconhece tudo sobre o autor que tinha.
Os meus livros, tanto da Texto Editora como da Alcance Editores, são
todos impressos em Portugal e não se justifica que não tenha eu um único livro
actual com prémios ganhos, este ano, aqui e lá, no mercado Português. E nem
hajam, igualmente, os que editei em Portugal no mercado Português. E se os há
alguns sou eu que os levo e os deixo porque faço eu o trabalho que as editoras
deveriam fazer. Comprova a MIL, Movimento Internacional da Língua Portuguesa
com a doação que fiz dos Nudos por achar aquele Movimento com pernas para
andar.
Se esse acontecimento que agora decorre no Brasil e que aplaudo
vivamente tem em vista uma maior participação dos autores africanos e
afro-brasileiros na Bienal do Livro, como se justifica que os meus livros, faz
anos, nunca tenham surgido nas feiras dos livros, como aconteceu bem há' pouco
tempo em Lisboa? E no Brasil?
Há qualquer coisa que está errado.
Da Prof. Dra. Carmen Tindo' Secco e outras, bem antes de eu seguir para
Portugal para receber o Prémio Gloria de Sant'Anna de que existem duvidas
quanto 'a legitimidade das razões do mesmo me ter sido atribuído, dei de caras
com um dos seus orientandos na Livraria Conhecimento, em Maputo, que procurava
pelo meu ultimo livro para levar para o Brasil para um trabalho na Universidade
onde ela lecciona.
Pergunto:
Que papel tem então África e os seus autores de Língua Portuguesa
nessas reuniões aonde a gente não participa mas estão lá eles?
E a CPLP, o que faz?
Desculpa este atabalhoado todo, mas estou cansado de ver nitidamente o
que se passa e de estar calado e por isso o "mito" - e todas as
catalogações - de que o Eduardo White temperamentalmente é um autor irreverente
e uma serie de bujardas a meu respeito.
Eu é que represento o meu trabalho e se o meu me confere o direito de o
representar, então sou eu e não eles.
E não me vou calar perante o que se esta' a passar comigo vivo porque
depois de morto a única herança e a melhor memoria de mim que deixarei para os
meus filhos e netos que já' os tenho, e' apenas esta loucura minha de me ter
casado com a escrita."
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Ogum's Toques dos escritores: Éle Semog e José Carlos Limeira
#OgumsToques : Ogum's Toques dos escritores Éle Semog e José Carlos Limeira.
"A ação dos literatos foi fundamental para a rearticulação dos movimentos sociais negros durante a década de 1970. Autoras e autores reuniam-se em coletivos, trocavam informações em diferentes cidades, mimeografavam seus textos e distribuíam em bailes black music, por exemplo, e outros espaços negros.
Rompia-se a asfixia da ditadura militar com seus poemas e contos que denunciavam de forma explícita a farsa da democracia racial, assim como a discriminação a negras e negros como integrante do cotidiano brasileiro. Como parte histórica incontornável desse processo encontravam-se Éle Semog e José Carlos Limeira. Com atuações marcantes nos movimentos negros, desde cedo desenvolveram uma escrita negra, até que um vai ao encontro “daquele contínuo muito estranho que não saía da biblioteca” e começavam ali uma das mais representativas parcerias da literatura negro-brasileira. A união rendeu dois livros: “O Arco-Íris Negro”, de 1979, e “Atabaques” em 1983.
Para celebrar os 30 anos de “Atabaques”, conhecer como foi aquele encontro, ser escritor negro em plena ditadura e como manter a resistência literária no decorrer de tanto tempo, Ogum’s Toques do Escritor convida o público para reviver essa parceria em um bate-papo com Éle Semog e José Carlos Limeira. Uma excelente oportunidade para conhecermos as trajetórias desses dois autores e um pouco da história da literatura negro-brasileira contemporânea, que passa pelas suas escritas imprescindíveis, plenas de inquietação, conscientização e inquestionável apuro estético."
-Ricardo Riso-
"A ação dos literatos foi fundamental para a rearticulação dos movimentos sociais negros durante a década de 1970. Autoras e autores reuniam-se em coletivos, trocavam informações em diferentes cidades, mimeografavam seus textos e distribuíam em bailes black music, por exemplo, e outros espaços negros.
Rompia-se a asfixia da ditadura militar com seus poemas e contos que denunciavam de forma explícita a farsa da democracia racial, assim como a discriminação a negras e negros como integrante do cotidiano brasileiro. Como parte histórica incontornável desse processo encontravam-se Éle Semog e José Carlos Limeira. Com atuações marcantes nos movimentos negros, desde cedo desenvolveram uma escrita negra, até que um vai ao encontro “daquele contínuo muito estranho que não saía da biblioteca” e começavam ali uma das mais representativas parcerias da literatura negro-brasileira. A união rendeu dois livros: “O Arco-Íris Negro”, de 1979, e “Atabaques” em 1983.
Para celebrar os 30 anos de “Atabaques”, conhecer como foi aquele encontro, ser escritor negro em plena ditadura e como manter a resistência literária no decorrer de tanto tempo, Ogum’s Toques do Escritor convida o público para reviver essa parceria em um bate-papo com Éle Semog e José Carlos Limeira. Uma excelente oportunidade para conhecermos as trajetórias desses dois autores e um pouco da história da literatura negro-brasileira contemporânea, que passa pelas suas escritas imprescindíveis, plenas de inquietação, conscientização e inquestionável apuro estético."
-Ricardo Riso-
A mediação ficará a cargo de Ricardo Riso.