Encerrada há poucos instantes a mesa Guerra e Paz, com o angolano Pepetela e a nigeriana Chimamanda N. Adichie, mediada por José Eduardo Agualusa. Como não poderia deixar de ser, a experiência da guerra em ambos os países e a relação dos escritores com o conflito preponderaram durante a palestra.
Após a leitura de trechos das obras publicadas recentemente em nossa país, Pepetela com Predadores (em que homenageou Jorge Amado) e Chimamamda com Meio sol amarelo, Agualusa citou o livro Mayombe, que retrata os conflitos internos entre os angolanos no período final da guerra contra o colonialismo português, para que Pepetela contasse a sua experiência como guerrilheiro. À Chimamanda, o mediador pediu para relatar as conseqüências que a guerra entre a Nigéria e a Biafra causou em seu povo e na sua vida.
A nigeriana contou que não vivenciou o conflito, nasceu após o seu término, mas a guerra esteve presente entre os seus familiares mais velhos. Desde a tenra idade, sempre demonstrou interesse pela maneira como as pessoas lidavam com as adversidades impostas pela situação. Frisou que seu interesse maior era como as pessoas se relacionavam, como criavam seus filhos no decorrer de tantos anos de dificuldades e escassez de alimentos. Para Chimamanda, era necessário conhecer as histórias de vida de quem sobreviveu nesses anos cruéis.
Já Pepetela, aproveitando as situações-limite retratadas em Mayombe, comentou que para quem participou de tais momentos não podia demonstrar fraqueza, devia radicalizar suas posições e mostrar bravura a todo instante. Apesar de todos os guerrilheiros terem em comum o medo.
Em outras passagens, Pepetela narrou com humor como o acaso fez com que passasse de jornalista a guerrilheiro. Relatou como um comandante tinha que agir para ser respeitado, pois havia a crença que um líder deveria ter o “corpo blindado” (o nosso “corpo fechado”) e o inusitado dessa situação. Embora alguns comandantes se declarassem marxistas e ateus, eles passavam pelos rituais religiosos para “blindar” o corpo. Com isso, adquiriam o respeito dos guerrilheiros.
A respeito da época atual, Pepetela valorizou a paz em uma terra que vive em conflito há cinco séculos. Afirmou que “é mais fácil convencer militares da importância da paz do que convencer políticos”. Porém, o preocupa as desigualdades social e econômica em Angola, e que o desafio para o país é buscar alternativas para reduzi-las. O escritor também manifestou pesar pelo crescente retorno do racismo entre os seus compatriotas.
Em relação ao contato entre os escritores africanos, Pepetela mencionou a dificuldade entre os autores conhecerem-se, pois o mercado editorial dos países africanos ainda é pequeno e o contato entre eles, raro. Comentou que conhece livros de autores africanos quando são publicados na Europa e conhece pessoalmente seus autores em feiras naquele continente, ou como na Flip.
Da nova geração de escritores angolanos, elogiou Ondjaki (Bom dia camaradas e Os da minha rua foram lançados no Brasil), que estava presente, entretanto, percebe que há pouco domínio da língua portuguesa na nova geração, apesar de reconhecer boas narrativas e histórias entre os jovens. Citou que há o predomínio do português em relação às outras línguas, que provavelmente ficará uma lacuna não preenchida na literatura angolana, pois os escritores da sua geração, que possuíam maior domínio das outras línguas, pouco as utilizaram como língua literária. E, agora, são raros os jovens que falam uma língua nacional.
Bom, foi o que considerei importante na fala de Pepetela. Agora, aguardo o dia 08/07 para o lançamento de Predadores, na Livraria Argumento – Leblon.
Riso
Após a leitura de trechos das obras publicadas recentemente em nossa país, Pepetela com Predadores (em que homenageou Jorge Amado) e Chimamamda com Meio sol amarelo, Agualusa citou o livro Mayombe, que retrata os conflitos internos entre os angolanos no período final da guerra contra o colonialismo português, para que Pepetela contasse a sua experiência como guerrilheiro. À Chimamanda, o mediador pediu para relatar as conseqüências que a guerra entre a Nigéria e a Biafra causou em seu povo e na sua vida.
A nigeriana contou que não vivenciou o conflito, nasceu após o seu término, mas a guerra esteve presente entre os seus familiares mais velhos. Desde a tenra idade, sempre demonstrou interesse pela maneira como as pessoas lidavam com as adversidades impostas pela situação. Frisou que seu interesse maior era como as pessoas se relacionavam, como criavam seus filhos no decorrer de tantos anos de dificuldades e escassez de alimentos. Para Chimamanda, era necessário conhecer as histórias de vida de quem sobreviveu nesses anos cruéis.
Já Pepetela, aproveitando as situações-limite retratadas em Mayombe, comentou que para quem participou de tais momentos não podia demonstrar fraqueza, devia radicalizar suas posições e mostrar bravura a todo instante. Apesar de todos os guerrilheiros terem em comum o medo.
Em outras passagens, Pepetela narrou com humor como o acaso fez com que passasse de jornalista a guerrilheiro. Relatou como um comandante tinha que agir para ser respeitado, pois havia a crença que um líder deveria ter o “corpo blindado” (o nosso “corpo fechado”) e o inusitado dessa situação. Embora alguns comandantes se declarassem marxistas e ateus, eles passavam pelos rituais religiosos para “blindar” o corpo. Com isso, adquiriam o respeito dos guerrilheiros.
A respeito da época atual, Pepetela valorizou a paz em uma terra que vive em conflito há cinco séculos. Afirmou que “é mais fácil convencer militares da importância da paz do que convencer políticos”. Porém, o preocupa as desigualdades social e econômica em Angola, e que o desafio para o país é buscar alternativas para reduzi-las. O escritor também manifestou pesar pelo crescente retorno do racismo entre os seus compatriotas.
Em relação ao contato entre os escritores africanos, Pepetela mencionou a dificuldade entre os autores conhecerem-se, pois o mercado editorial dos países africanos ainda é pequeno e o contato entre eles, raro. Comentou que conhece livros de autores africanos quando são publicados na Europa e conhece pessoalmente seus autores em feiras naquele continente, ou como na Flip.
Da nova geração de escritores angolanos, elogiou Ondjaki (Bom dia camaradas e Os da minha rua foram lançados no Brasil), que estava presente, entretanto, percebe que há pouco domínio da língua portuguesa na nova geração, apesar de reconhecer boas narrativas e histórias entre os jovens. Citou que há o predomínio do português em relação às outras línguas, que provavelmente ficará uma lacuna não preenchida na literatura angolana, pois os escritores da sua geração, que possuíam maior domínio das outras línguas, pouco as utilizaram como língua literária. E, agora, são raros os jovens que falam uma língua nacional.
Bom, foi o que considerei importante na fala de Pepetela. Agora, aguardo o dia 08/07 para o lançamento de Predadores, na Livraria Argumento – Leblon.
Riso
realmente muito boa a participação de Pepetela na Flip.Eu vou amanhã no lançamento do livro,boa semana, bjos
ResponderExcluirOlá, Angela! Também gostei do que Pepetela abordou e Agualusa estava simpático.
ResponderExcluirBjs!!!