segunda-feira, 27 de abril de 2009

Roberto Chichorro - “Sonhos d’Agora e também d’Outros tempos” (exposição)

Imagem retirada de http://www.bci.co.mz/

Roberto Chichorro : Sonhos de ontem e de hoje na magia das cores e tintas

Fonte: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2009/04/roberto-chichorro-sonhos-de-ontem-e-de-hoje-na-magia-das-cores-e-tintas.html

ROBERTO Chichorro está em Maputo. Para uma exposição individual. A sua exposição é uma retrospectiva. Da sua vida artística, que roça os cinquenta anos, social e como cidadão. A exposição amanhã, no Espaço Joaquim Chissano, e estará patente até 8 de Maio. Há 17 anos que o artista não vem expor em Moçambique e para a sua primeira retrospectiva seleccionou um conjunto de 70 trabalhos. Mais de metade pertencentes à sua colecção particular e que não serão comercializadas.

Maputo, Quarta-Feira, 22 de Abril de 2009:: Notícias
A concepção e a ideia de fazer a exposição em Moçambique tiveram que ver com a vontade que Chichorro tinha de fazer a primeira retrospectiva da sua vida. Ele fazia questão que a primeira retrospectiva fosse na sua terra.

E a realização desta exposição em Moçambique começou em conversas informais em casa dele e em festas de inauguração de outras exposições em Portugal. Um dos dinamizadores da iniciativa foi Embaixador de Moçambique em Portugal, Miguel M’Kaima.

Miguel M’kaima alavancou a ideia e convidou formalmente Roberto Chichorro para vir expor em Moçambique, ao mesmo tempo que iniciou os contactos que permitiram a Chichorro, mais João Maria Lopes – amigo do pintor há mais de 30 anos – obter o financiamento suficiente para esta deslocação a Maputo.

Posteriormente, fez-se a selecção das obras que era possível trazer para Moçambique.

Dentro da sua obra e do seu espólio, que é muito grande, não se afigurava fácil trazer um número de obras que não fosse enorme mas que constituísse uma mostra das diferentes fases do seu trabalho artístico. Neste sentido, foram escolhidas obras dos últimos quarenta anos.

“Trouxemos coisas dos anos 70/80/90 e 2000, fazendo uma incidência maior daquilo que é a fase dele mais representativa, se calhar de uma forma mais espiritual para ele, que é a pintura dos anos 80. Depois a fase do ano 2000 que, no meu entender, está muito bem representada. Nós trouxemos algumas obras cuja dimensão é grande, mas que me parecem obras muito significativas e foi por isso que as trouxemos”, diz João Maria Lopes.

No conjunto das 70 obras foram trazidas ainda alguns trabalhos que são dos anos 70/80 e que deixam bem patente a sua evolução desde que há mais de 30 anos saiu de Moçambique.

“Ele foi para outro sítio, mas, para ele, Moçambique é um bem. Ele é a pessoa que eu conheço que vivendo num país estrangeiro mais ligação tem à terra dele. E isso está aqui bem patente”, diz Lopes.

E esta retrospectiva, nas dimensões em que está, é, na perspectiva de João Maria Lopes, a realização de um sonho que ele tinha e que é de anos, trazendo a obra dele por completo para que seja vista aqui em Moçambique.

Vieram ainda algumas obras, mas poucas, que ele fez, por brincadeira, uma vez que ele costuma dizer que não é escultor, ele é pintor, mas que, a pedido do seu amigo João Lopes, trouxe. São três esculturas em bronze e mármore e três em cerâmica com motivos diferentes. São obras que ele fez numa fase da vida em que ao lado de amigos lhe apeteceu tentar a escultura. “Nunca fez obras de esculturas no verdadeiro sentido da palavra. Considera-se um pintor e não mais do que isso. E ele é mesmo”.

João Maria Lopes foi quem desenhou o catálogo. Ele vai ser vendido e o valor reverterá a favor de uma instituição social. O catálogo, muito bem conseguido, é acompanhado por textos da autoria de personalidades como Calane da Silva, Mia Couto, Luís Carlos Patraquim, Licínio de Azevedo. Tem também um texto do próprio Roberto Chichorro.

Trabalhou ainda ao longo da preparação da exposição com Chichorro, para além da totalidade de quadros que compõem a exposição.

“Nós somos tão amigos que estas coisas funcionam sempre, porque nos damos tão bem e eu gosto da obra, e, portanto, quando tenho que fazer alguma coisa a este nível gráfico para ele é sempre um prazer”.

Perguntamos a João Lopes como é que ele interpretava Roberto Chichorro como cidadão e artista, ao que nos respondeu: “Eu não tenho muito jeito para fazer aqueles deslumbrantes que muita gente faz, mas eu diria que Chichorro é o cidadão que as pessoas deveriam ser. Não sei se este é conceito e serve, mas todas as pessoas deveriam ser como Roberto Chichorro porque são honestas, boas e porque são livres de cabeça que é uma coisa que eu acho fundamental. E como artista fora da terra, Chichorro é uma pessoa que nunca conseguiu perder a ligação à terra, e viveu em países tão diferentes como Portugal e Espanha e Itália. E, portanto, colhendo técnicas e formas de pintar em países distintos, com culturas completamente diferentes ele nunca perdeu a linha orientadora daquilo que é a criação dele”.


PINCÉIS A DANÇAR

Maputo, Quarta-Feira, 22 de Abril de 2009:: Notícias

A obra de Chichorro é muito atravessada pelos sons, com muita musicalidade. Para quem repara a sua obra sente isso. A presença da multiplicidade de cores e formas e que nos remetem para a dimensão da musicalidade.

Quando uma vez escreveu sobre a sua pintura, João Lopes disse que ele pintava com som e música. Fala-se sempre das cores da pintura dele. Dos vermelhos, dos azuis… e Lopes diz ver tudo isso como música. São tonalidades musicais. “A pintura dele chamei-lhe um dia que eram pincéis a dançar”.

ESCULTURAS ENTRE PINCÉIS

No festival de cores e tintas estão presentes seis obras escultóricas. Três são feitas de bronze e mármore e as outras em cerâmica.

João Lopes conta que, o sentido profissional com que faz a pintura, permitiu-lhe também fazer boas obras de escultura. Ele as trabalhou com um artístico forte e que são produto de uma troca de “galhardetes” com um amigo dele, que era um escultor espanhol já falecido. Na altura, Chichorro fez duas a três esculturas e o artista espanhol pintou também o mesmo número de telas.

“Eu acho que isto são obras verdadeiramente de Chichorro e é por isso que fiz alguma pressão para que ele as trouxesse”, conta.

Há ainda um conjunto de obras de uma fase em que Chichorro desenhava muito em tinta de china, no princípio dos anos 90, e que, para além de serem bastante significativos, são tecnicamente bem conseguidos.

Ao longo das 70 obras encontramos basicamente acrílico sobre tela, aguarelas sobre papel e ainda obras em tintas de china.

Chichorro apresenta-nos ainda duas serigrafias, das poucas que tem.

As serigrafias abrem uma possibilidade para as pessoas terem o visual de um quadro de um pintor, mas, em termos, artísticos e patrimoniais não é o mesmo que ter um original. Contudo, as serigrafias presentes são as mais significativas para ele.

Por Francisco Manjate

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