É À TARDE
É à tarde,
Quando o sol s’esconde e fina,
Mas fica
- sem luz já,
Com os olhos apalpando o Ténue –
Alguma claridade inda
Que gosto de pensar:
– sob o derramamento lento do espírito –
Súbito em algo se rompe,
Fazendo rebentar – além – o próprio vácuo.
O vácuo só lá longe é real. À nossa ilharga nunca!
É nesta hora que,
Hasteados os ombros sobre os últimos píncaros da sombra,
O sol e a solidão – arrimados aos horizontes – s’encontram.
S’encontram
E me deixam sózinho
– universalmente sózinho –
Entre a luz e as trevas
– como sombra perfeita e inominável do Esquecimento.
(VELHINHO, Valentinous. É à tarde. In: Tenho o infinito trancado em casa. Praia: Artiletra, 2008. p. 22)
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