quinta-feira, 20 de maio de 2010

Prémio Camões: Distinção de Arménio Vieira é justiça “à expressão literária de Cabo Verde”

Prémio Camões: Distinção de Arménio Vieira é justiça “à expressão literária de Cabo Verde”
20 Maio 2010


Arménio Vieira, que recebeu das mãos dos Chefes de Estado do Brasil e Portugal o “diploma” galardão “Prémio Camões” na sala dourada do Museu dos Coches, assumiu a distinção “com olhos no futuro, porque as mágoas pertencem ao passado”. Evocou outros poetas da mesma língua: Jorge Barbosa, João Cabral Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade... Os dois chefes de Estado consideraram que, além de um marco na língua comum – foi a primeira vez que Cabo Verde ganhou, ao fim de 20 anos - é também marco na justiça da expressão literária de Cabo Verde. Além de Aníbal Cavaco Silva e Luís Inácio Lula da Silva, estavam vários governantes do Brasil e Portugal. De Cabo Verde estava o embaixador Arnaldo Andrade.

A sala estava cheia. Um dos presentes era o ensaísta português Eduardo Lourenço, também já premiado, os poetas cabo-verdianos José Luís Hopffer Almada e José Luís Tavares (estava pouca gente da comunidade cabo-verdiana, os convites tinham sido limitados).

Cavaco e Lula homenageiam Arménio

Cavaco Silva lembrou que o Prémio Camões é individual e reconhece o talento e o trabalho de um autor que tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa. “É portanto, acima de tudo, a obra de Arménio Vieira que hoje homenageamos”, salientou, felicitando com isso o povo cabo-verdiano pelos 35 anos da sua independência e 550 anos do seu descobrimento.

Lula da Silva disse, por seu turno, que o prémio “é uma referência internacional” e por isso “não é um marco apenas para a língua portuguesa”. “Além da sua poesia, Arménio Vieira expressa sentimentos e comunica valores que toca a universalidade cabo-verdiana “ e por isso “o Prémio faz justiça à expressão literária de Cabo Verde”.

Referiu que Arménio Vieira “é poeta, escritor e jornalista e é tão versátil quanto a palavra é seu instrumento de trabalho”. E mais, “ele é um artesão da liberdade e outros valores comuns, especialmente de paz e justiça. Ele anda de mãos dadas com profunda sensibilidade contra as injustiças dos outros, mas nem por isso a sua prosa e poesia são marcadas pela lamentação, mas sim, marcadas pela esperança”.

No início da cerimónia foi declamado um poema de Arménio Vieira, “Lisboa 1971” , a mesma Lisboa que o saudou 40 anos depois. No fim vieram os cumprimentos. O laureado ouviu um recital em sua honra pela soprano Sandra Medeiros e José Brandão ao piano. Seguiu-se um porto de honra.

Arnaldo Andrade enaltece Arménio Vieira

O embaixador de Cabo Verde em Portugal, Arnaldo Andrade, exprimiu ao asemanaonline o seu regozijo por ver premiada a literatura cabo-verdiana através de Arménio Vieira, sobretudo porque “não tem uma máquina de editores nem de marketing”. Por isso a sua certeza de que a escolha ficou a dever-se ao “puro valor” do autor de “Eleito do sol”.

Andrade não deixou, porém, de registar que, apesar de ser “bom para Arménio Vieira, bom para a literatura, bom para Cabo Verde, porque é estimulante”, a justiça às letras cabo-verdianas devia ter sido feita antes, “com João Vário em vida, um poeta de grande qualidade”.

Arménio Vieira, elegante no seu fato cinzento e gravata azul, conviveu depois com os seus amigos. Ao semanaonline disse estar contente, mas “envergonhado”, dada a sua conhecida timidez. Diz que agora precisa descansar um pouco e que logo surgirá outra obra da sua lavra.
 
 
 
COMENTÁRIO DO BLOG
Seria ótimo que o Pres. Lula abandonasse a demagogia e o seu governo apresentasse uma proposta efetiva de intercâmbio cultural com os países africanos, e não apenas leis voltadas à Educação Básica que não são aplicadas nas escolas, como as leis 10.639/03 e 11.645/08. Adoraria que esse ato sensibilizasse nosso presidente e fosse o pontapé inicial de uma sólida aproximação Brasil-Cabo Verde.
Entretanto, conhecendo nosso presidente, nada irá além daquela foto. Uma pena. Só que o escritor Arménio Vieira não tem nada a ver com isso e merece todos os prêmios possíveis à sua obra, e um grande mérito à literatura de Cabo Verde.
Ricardo Riso

2 comentários:

  1. Sim, o Arménio Vieira merece todos os prêmios.

    Tô contigo quanto ao comentário sobre o Lula.

    Ricardo, tá demais esse blog.

    Beijos.

    ResponderExcluir
  2. Olá, LIta!
    Em alguns momentos tenho vontade de regredir ao homem de neanderthal, como uma capitão Nascimento de uma tropa qualquer, e detonar esses políticos que tão próximo do lixo estão.
    Muito obrigado pela visita. bjs!!

    ResponderExcluir