O angolano Abreu Paxe vem construindo um caminho poético dos mais interessantes e consistentes entre os agentes da literatura angolana. Abreu Castelo Vieira dos Paxe nasceu no Uige aos 19 de outubro de 1969. Publicou os seguintes livros de poesia: "A chave no repouso da porta" (2003) e "O vento fede de luz" (2007), para além de uma reconhecida atuação na crítica literária de seu país.
A revista digital portuguesa TRIPLOV - http://novaserie.revista.triplov.com/numero_22/abreu_paxe/index.html - publicou o seu Projecto poético Nkalu a maza, uma série de doze poemas. Registramos neste espaço o primeiro destes, os demais encontram-se no site.
Ricardo Riso
1. Muna ulunga da brevíssima existência
sinto em mim oposto ao medo
- lá para dentro minha pedra (brevíssima existência) -,
o viver silenciado
como se desta vez a existência
abrisse a alma que o guia muna ulunga
a calma mas próxima função
conduz-me anunciando a sedução
a noite ganha razão
como ferida a glória no duro labirinto
muito perto do sofrer
morre em mim oposto a amargura
a doçura da vida espumas de luz lá para diante:
o fracasso, a desonra. que importa a vitória
talvez sobre os dias porque alguém me esmaga a cidade
pó só pó sobre os ombros da morte o vazio
efectivamente intervalo de noites a brevíssima,
inacreditável existência (a pedra) já nada seduz
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