A Kitabu Livraria e Editora inicia a coleção Cabeças Olmecas com o afro-cubano Alberto Guerra Naranjo e o seu livro de contos COM TATO CUBANO. Esta coleção propõe "divulgar, dialogar, mas principalmente disseminar a produção literária de las Hermanas e Hermanos afro-latinos no país".
Segue texto de orelha de capa de autoria de Ricardo Riso.
Vez em quando o mercado
editorial brasileiro contempla o público leitor com algum escritor do Caribe ou
da América Latina.
No caso da pequena ilha
desafiadora do Tio Sam, logo percebo a melanina pouco acentuada dos autores e a
ausência dos entraves das relações raciais nos textos literários.
Diante das dificuldades
impostas pelo mercado editorial, o pesquisador de literaturas negro-diaspóricas
converte-se em um arqueólogo, procurando vestígios da presença dos negros
escritores, uma vez que eles são raros nos cânones das literaturas dos países
americanos.
Um olhar mais atento
perceberá o absurdo dessa situação, pois eles se destacam desde o Harlem Renaissance até os dias atuais,
tais como Langston Hughes, Aimé Césaire, Zora Neale Hurston, Nicolas Guillén, Manuel
Zapata Olivella, Eulália Bernard, Patrick Chamoiseau, entre tantos outros.
Agora, deparo-me com o cubano Alberto Guerra Naranjo (1963) na pequena, porém de grande consistência, recolha de textos de “com tato cubano”. São quatro contos incessantes, a partir de uma escrita fragmentada, espiralada, de ritmo efervescente, transgredindo espaço e tempo, encadeando situações díspares, por vezes irônicas, delineadas por diferentes narradores que se encontram com coerência pela habilidade narrativa de Naranjo.
Relevante a maneira como as tensões raciais surgem nos contos. São situações comuns aos negros da diáspora, desvelam-se diante da percepção que as relações raciais do cotidiano cubano estão distantes de aceitar a diferença.
A literatura negro-cubana de Alberto Guerra Naranjo contribui ao questionar as imagens que temos de Cuba, rasurando as ideias fixas de certa propaganda e propõe o desafio à ressignificação da colonialidade do poder que anula a diferença.
Sensível às lacunas do mercado editorial que a Coleção Cabeças Olmecas surge para preencher, diversificar e potencializar as estantes, enfatizando a tradução de autores negro-diaspóricos em prosa e poesia, inéditos ou dispersos em antologias publicadas no Brasil. Um excelente passo inicial foi dado com Alberto Guerra Naranjo.
Ricardo Riso
Alberto Guerra Naranjo (Havana, Cuba, 1963) é graduado em História e Ciências
Sociais, professor de roteiros audiovisuais do Instituto Superior de Arte da
Universidade de Havana.
Produtor cultural e
coordenador dos espaços Toma del Cuento e
Sin Azúcar. Coordenador do grupo de
criação literária on line Café Naranjo.
Publicou
os livros de contos Disparos en el aula
(Extramuros, 1992), Aporías de la feria (Extramuros,
1994), Blasfemia del escriba (Letras
Cubanas, 2000 e 2002) e o romance La Soledad
del tiempo (Union, 2009).
Possui contos
publicados em várias revistas e antologias nacionais e internacionais, tem obras
traduzidas para inglês, francês, italiano, alemão, português e dinamarquês.
É realizador de
projetos audiovisuais e obteve como roteirista o prêmio internacional Broad Casting Caribe, como melhor obra
do ano de 2011 com Los Heraldos Negros.
Obteve vários prêmios
em concursos literários com destaque para o prêmio da Gaceta de Cuba, em 1997 e 1999, o único escritor a recebê-lo até o
momento.
Como é possível adquiri-lo?
ResponderExcluirCaro Allysson, envie e-mail para kitabulivraria@gmail.com solicitando o livro de Naranjo.
ResponderExcluirAbraços,
Ricardo