terça-feira, 31 de março de 2009

Nei Lopes - História e Cultura Africana e Afro-Brasileira

Terça-feira, Março 10, 2009

‘HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA’ É DISPONIBILIZADA AOS ESTUDANTES BRASILEIROS PELA EDITORA BARSA PLANETA

BARSA lança seu primeiro livro didático. Obra trata exclusivamente do continente africano e de sua influência na história do Brasil

Especialista em cultura afro-brasileira, o pesquisador Nei Lopes assina a obra, indicada para professores e alunos dos ensinos fundamental e médio, além de público em geral. O livro contém Atividades, desenvolvidas pela escritora Carmen Lucia Campos

Apesar de o Brasil ser o País de maior população formada por afro-descendentes fora do continente africano, o País ainda é carente de informações sobre a história deste continente e de seu povo, principalmente, sobre as lutas e realizações dos herdeiros das tradições culturais africanas dos tempos remotos até os dias atuais. Por conta dessa relevância, o Ministério da Educação (MEC), sob a Lei Federal 10.639/03 instituiu que, a partir deste ano, 2009, as escolas de ensino fundamental e médio terão como obrigatoriedade temática a História do povo e do continente africano como conteúdo básico na grade curricular. A tiragem inicial é de 100.000 exemplares – destes, boa parte já vendida para diversos estados do Brasil.

Como reforço dessas diretrizes, a Editora Barsa Planeta lançou este mês o livro didático “História e Cultura Africana e Afro-Brasileira”, escrito por Nei Lopes, referência em pesquisa e material literário de temática africana no Brasil. Obra traz, também, conteúdo de atividades elaborado pela escritora Carmen Lucia Campos (biografia abaixo*). “Conhecer as origens é fundamental para a ampliação da consciência social e histórica do povo brasileiro (...) África, Europa e América percorreram juntas uma tormentosa trajetória, especialmente nos últimos cinco séculos. O futuro para barbárie ou para dar luz, também terá que ser construído em conjunto”, afirma o professor Amauri Pereira, grande incentivador das obras de Lopes.

A obra – que segue a nova ortografia da língua portuguesa – é composta por oito Unidades que explicitam, por meio de imagens, iconográficos, glossário e referências de filmes, livros e sites, todo processo de desenvolvimento da África, desde a origem dessa civilização no próprio continente à identidade afro-brasileira e o processo de formação brasileira a partir desses povos. “Ao longo de suas oito Unidades – que vão da História da África e a chegada dos negros ao Brasil às discussões atuais sobre a multiculturalidade no país –, este livro vem para promover o debate, dentro e fora da sala de aula, e para demonstrar o quanto o continente africano é fundamental para a formação do Brasil, tal o conhecemos hoje e nele vivemos”, afirma Nei Lopes.

Do ponto-de-vista histórico, o livro começa por narrar os feitos do continente, que foi o berço das civilizações, com o Egito representando o auge das conquistas humanas. No campo da ciência, para se ter uma ideia da importância do continente, a África é a única região onde se encontram ininterruptamente vestígios de todos os estágios do desenvolvimento humano. A cultura, por sua vez, também é considerada na obra. “A cultura tradicional africana não conhece a arte voltada apenas para o prazer estético. Nela, a ação artística tem sempre uma finalidade concreta. A música, por exemplo, quase sempre em conjunto com a dança, serve para invocar e louvar divindades, exaltar os feitos de um herói ou de um povo, suavizar um trabalho árduo ou manifestar um sentimento”, atesta Lopes.

Unidades:
1. História da África: Das civilizações e organizações pré-coloniais à intervenção europeia
2. Contribuições para o Brasil: Os povos africanos e a cultura afro-brasileira na construção do país
3. Os quilombos ontem e hoje: De Palmares às comunidades quilombolas remanescentes
4. Heranças culturais: Manifestações fundamentais para a formação do Brasil
5. Ancestralidade e religiosidade: A alma da África no Brasil e o entendimento dos sincretismos
6. Abolicionismo e Lei Áurea: Da rebeldia escrava à abolição e suas consequências nos dias atuais
7. Fim do escravismo: Da discriminação e exclusão à luta pela igualdade e representatividade
8. Identidade afro-brasileira: O mito da democracia racial e a defesa de ações afirmativas

Carmen Lucia Campos é licenciada em Letras pela USP. Editora e consultora editorial, é também organizadora de quatro antologias literárias e autora de 15 obras de ficção para crianças e jovens. Em seus textos, mesclando ficção e realidade, Carmen costuma abordar a identidade racial e a questão das diferenças, como fez nos livros Não tem Dois Iguais (2005) e A Cor do Preconceito (2006).

Barsa Planeta – Um compromisso com a América Latina:
Fundada em 1949, a Barsa Planeta é uma divisão de venda direta do Grupo Planeta. A Editora, localizada na zona oeste da cidade de São Paulo, tem por missão levar conhecimento e cultura aos lares e é conhecida por seu amplo catálogo, nas línguas portuguesa e espanhola, com títulos de interesse geral, por sua qualidade editorial, sua diferenciada forma de venda door to door por meio de seus assessores culturais, além do engajamento com as novas tecnologias como multimídia e Internet, disponibilizada aos seus clientes. A credibilidade da Barsa Planeta faz com que suas obras sejam adotadas em milhões de lares espalhados pela América Latina, bem como sejam utilizadas em bibliotecas e no acervo de renomadas universidades.

Qualidade Barsa:
As obras são todas produzidas com encadernações resistentes e papel de altíssima qualidade, feitas para durar muitos e muitos anos. A missão da empresa é colaborar no desenvolvimento educacional da nação brasileira.

História e Cultura Africana e Afro-Brasileira, Nei Lopes
1 volume, 144 páginas 20 x 26 cm.
www.barsasaber.com ou 0800 772 1050

Para visualizar o índice, bibliografia e informações sobre os autores, acesse
http://www.palmares.gov.br/_temp/sites/000/2/download/livrohcaab.pdf

Fontes:
http://www.neilopes.blogger.com.br/
E-mail enviado pela Fundação Palmares: Informe Palmares - Número 43 - Ano 3 - 1 a 31 de Março de 2009

segunda-feira, 23 de março de 2009

Manuel Rui – Cinco dias depois da independência

Por Ricardo Riso

Manuel Rui Monteiro, ou Manuel Rui, é um escritor multifacetado, pois passeia por diversos gêneros literários como o conto, a poesia, a novela, o romance, além de escrever ensaios, músicas populares, cabe aqui ressaltar a intensa amizade com o compositor brasileiro Martinho da Vila, além de ter participado da luta de libertação contra o jugo colonial português e ser o autor do hino nacional de Angola. Só esta última citação já nos dá ideia da importância deste escritor para o seu país.

Lançado originalmente no livro Sim camarada! (Luanda: UEA, 1977), o conto Cinco dias depois da independência foi publicado em formato de bolso na série 2K da União dos Escritores Angolanos, em 1979, e será o objeto analisado neste texto.

Publicado próximo à independência de Angola, conquistada em 1975, Cinco dias depois da independência focaliza sua ação no comportamento das crianças durante o longo conflito contra as forças colonizadoras. As crianças, ou melhor, os pioneiros, como eram conhecidos pelos militantes do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), formavam “uma frente paralela, insubmissa e dispersa, (...) regida por leis que escapam à compreensão imediata dos adultos (...), contra o invasor das suas ruas, contra o estrangeiro que se atrevera a calcar o sonho de liberdade novinho em folha (...)” (contracapa do livro).

Influenciados e encantados com a maciça propaganda e os lemas – O Éme-Pé-Lá é o povo, o povo é o Éme-Pé-Lá (p. 20) –, esses pioneiros vivenciam intensamente os acontecimentos da guerra e participam de maneira limitada, de pequenas ações contra o inimigo, que aliam coragem e astúcia, sendo exaltadas pela população assim como pelos combatentes das Faplas, o braço armado do MPLA. Os pioneiros representam a utopia, a confiança nos ideais da revolução – A vitória é certa! –, repetem todo momento.

Entretanto, o cotidiano da guerra caótico somado aos parcos recursos das forças angolanas demonstra que nem sempre a presença dos pioneiros representa ajuda, como na chegada de graves feridos a um hospital que não tinha condições de atendimento: “Mas para quê que trazem camaradas mortos e camaradas que necessitam de intervenção cirúrgica? (...) Estou farto de dizer, nestas condições não podemos ir além de primeiros-socorros e pequena cirurgia” (p. 16). Em situações assim, os pioneiros para nada serviam e deveriam sair dali, causando desapontamento ao líder do pequeno esquadrão:

Comandante Kwenha cabisbaixo. Como um general de maiores condecorações a quem, injustamente e em público, desprezaram as estrelas de comando. Mas as condecorações, essas, permaneciam bem dentro do peito.
Pela primeira vez o grupo era desautorizado ali. Na delegação do MPLA. E pelo simples fato de nomadizarem chamavam-lhes vadios. Eles que tinham cinco bases. Presentes, sem uma baixa, em quase todas as confusões. Eles que recuperaram duas armas à fnla entregando-as à primeira patrulha de Fapla que passou. Aquele esquadrão! Que, ainda sem nome, assistiu e ajudou no desalojamento dos chipendas.
(p. 22)

Em sua inocência, os pioneiros compreendiam os símbolos da luta de libertação, fitavam as propagandas encontradas no caminho, e admirados prestavam homenagens mesmo não sabendo ler:

Em frente ao dip, mudaram de passeio para aproveitarem ver o jornal da parede, parando deslumbrados nos recortes onde vinha a fotografia do camarada Presidente e pioneiros a marchar com espingardinhas de fisga e bala. Um ritual. Mesmo que as colagens não fossem substituídas durante dias, eles repetiam a contemplação que já fazia parte das regras do grupo. Entendiam pelas fotografias. Ninguém sabia ler no pelotão. (p. 23)

Com as vidas entremeadas ao dia-a-dia da guerra, os pioneiros sabiam identificar as armas das Faplas e dos inimigos pelos sons que emitiam: “Eles não falhavam nos sons. Distinguiam bazuka, metralhadora anti-aérea ou canhão” (p. 29), ou como transcreve o narrador amargurado: “O tempo tinha posto assim as crianças nessa precocidade de aceitar a guerra como uma brincadeira séria a salvar a vida” (p. 31).

Acostumados à brutalidade de tempos de conflito, ao convívio constante com a morte, à insensibilidade dominante os pioneiros ficavam ávidos para agir próximos às zonas de combate:

“A rua estava deserta. Os pioneiros apenas. Naquela progressão de corpo vergado procurando a proteção das paredes e muros dos quintais. Para eles a direção só podia ser uma: o sítio de onde vinha o tiroteio” (p. 35).

Um diálogo travado entre uma jovem grávida e um pioneiro, escondidos em tubo de esgoto, traduz o espírito de luta que guiava esses destemidos pequenos combatentes:

– E essa arma mata o quê?
– Tudo – respondeu o miúdo segurando a arma com as duas mãos – lacaios do imperialismo.
– E se for blindado?
– Entro nele e estoiro o maquinista. Blindado sem homem não anda. Um camarada falou num comício o homem é que faz andar a máquina.
– E se for barco?
– Qual barco?
– De guerra?
– Aqui não estamos no mar mas o meu esquadrão completo afunda.
– Mas já afundaram?
– Não. Porque o inimigo não vem no mar. Ainda, os pescadores organizados tudo ÉME. Se vierem vamos afundar.
– E se for avião?
– Abato. Deixa só ele voar baixo, também um camarada me contou ele abateu licóptero na primeira. (...)
– E se eles param aí perto?
– Aqui não tem perigo. Isto é zona libertada. Base número cinco do esquadrão Kwenha. (...)
A salientar não só a confiança como também a responsabilidade e a argúcia necessária à situação. (...) Ganhava confiança nas afirmações do miúdo, lembrando-se, por instantes, de todas as histórias de heroísmo que ouvira sobre pioneiros. (...) Pensou na hipótese de conseguir sair sã e salva e sentiu um singular orgulho por se encontrar ali com um pioneiro, naquela situação de perigo e guerra.
(p. 47-52)
Apreende-se que o tubo de esgoto é uma metáfora do útero, da gestação e do nascimento da nação, pois quando a dupla consegue sair dali é praticamente o momento em que a vitória pela independência se consolida.

A frieza do corajoso pioneiro assusta-nos, mas trata-se de um ambiente de radicalização diante de uma situação colonial insuportável e agonizante. A postura desses pioneiros retrata o meio violento que os gerou, ou seja, as crianças são consequência de uma época crucial para a futura nação angolana, são sujeitos da história na guerra de libertação de um país que estava nascendo. Nesse sentido, o texto de Manuel Rui é de importância extrema ao captar o momento da utopia fortalecida e de como as crianças lidavam com esses acontecimentos, com a chegada da independência. “A vitória é certa! A luta continua”, o lema repetido diversas vezes no decorrer do texto concretizou-se.

Por outro lado, Cinco dias depois da independência chama-nos atenção para o foco de mudança da luta, que não passa mais a ser apenas contra o colonizador português, mas entre os angolanos que não se submetem à ideologia do MPLA. Novamente o pioneiro, com sua sabedoria e experiência, no conflito armado aponta para a dissidência do povo angolano ao identificar os sons das armas:

É deles
é nosso
é nosso
é nosso
é deles (p. 66)

Essa passagem ilustra as fissuras que viriam a dilacerar o país, desencadeando uma longa e tenebrosa guerra civil.

Como bem observou a Profa. Dra. Tania Macêdo, a descrição do amanhecer durante o primeiro dia de Angola independente com a rajada de balas dada por um guerrilheiro saudando os novos tempos, demonstra as dificuldades que deveriam ser encaradas pelo país, como a continuação da guerra que perdurou até esta década (MACÊDO, 2007, p. 366-367):

E a noite, fustigada pelo tiroteio de glória, estendia já seus braços de fadiga nos contornos da aurora. Estrelas que fugiam para seu repouso diurno. Ruídos matinais desabrochavam do corpo das plantas. Flores, tocadas pelo sabido vento de tantos heróis, desprendiam o orvalho fresco e doce na boca da terra. Então, quando o sol se levantou do mar antigo e ultrajado dantes, desprendendo sua solta cabeleira de luz e força, Carlota ficou que instante a contemplá-lo. Era o primeiro sol em liberdade.
– Já nasceu o sol. Primeiro dia depois da independência! Parece um soldado camarada.
O guerrilheiro ergueu-se num salto, deu dois passos em frente, apontou a espingarda nos esconderijos da lua e de rajada limpou o carregador.
– Sim camarada. – Disse depois de assoprar o fumo do cano.
E nas narinas de Carlota, o cheiro de pólvora entrava parecia um perfume.
(p. 94)

A tragicidade da guerra após percorrer todo o texto, faz sua última vítima ao final da história, mostrando a sua faceta mais cruel e onipresente em um tempo de horror: o pequeno e audaz pioneiro é morto pelas tropas inimigas. Esse acontecimento mostra com clareza o que se poderia esperar dos novos duros e difíceis tempos para esses jovens pioneiros (MACÊDO, 2007, p. 367), as incertezas que encarariam na reconstrução de um país sofrendo com os recursos escassos, as pressões de países como a África do Sul e os EUA que alimentavam a Unita, guerrilha contrária ao MPLA. Por conseguinte, a guerra civil que devastou a nação, ceifando milhares de vidas, muito contribuiu para destroçar os sonhos de uma geração que tanto acreditou na vitória e nas conquistas da revolução.

Cinco dias depois da independência é uma bela e comovente história das raízes primeiras da nação angolana, da participação determinada desses pequenos anôminos que atendiam pela alcunha de pioneiros, pois, como afirma o narrador, "dois ou três anos antes, as pessoas perguntavam-se sempre os nomes. Agora tudo mudara. Bastava pioneiro." (p. 58) Infelizmente, a História foi cruel com os caminhos trilhados pelo país nos anos seguintes dilacerando a utopia revolucionária.


Bibliografia:
RUI, Manuel. Cinco dias depois da independência. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1979. Coleção 2K.

MACÊDO, Tania. Monandengues, pioneiros e catorzinhas: crianças de Angola. CHAVES, Rita, MACÊDO, Tania, VECCHIA, Regina (orgs.). A kinda e a missanga – encontros brasileiros com a literatura angolana. São Paulo: Cultura Acadêmica; Luanda: Angola, Nizla, 2007. p. 357-374

domingo, 22 de março de 2009

(arte3) arte ao cubo (curadoria: João Magalhães)

Uma nova exposição com curadoria do meu ex-professor e eterno mestre João Magalhães, revelando novos nomes da Escola de Artes Visuais do Parque Lage que apostam na pintura como meio.
Ricardo Riso

( arte3 )
ARTE AO CUBO

Uma receita para um bom e sempre original texto sobre arte tem que necessariamente aludir, em seu bojo, a pensadores fundamentais.O que seria desse texto se não tocasse no mito da caverna, na reprodutibilidade técnica? É forçoso citar Foucault, Deleuze, um pouco de Freud, muito Lacan, quase nenhum Young, embora este último ainda seja consideravelmente apreciado pela turma da energia. Derrida, quem não sabe o que é desconstrução? Quem tem medo da différance? E a sociedade do espetáculo, absolutamente indefectível. Baudelaire, Barthes e todos os Bergs. Argan, o sublime e o pitoresco.Husserl e Merleau-Ponty. Todos os franceses, todos mesmo. Nietzsche. Krauss e o incontornável esquema paisagem/arquitetura. Alguns Adornos, como eventualmente Bourdieu e Wittgenstein, podem acrescentar alguma elegância. Caso ainda se tenha espaço, Belting e Danto.Os analíticos, de um modo geral, podem ser dispensáveis. Um texto que siga rigorosamente os preceitos da presente receita, será,
pela densidade e originalidade, muito bem recebido. Inclusive pela Academia.

João Magalhães, março de 2009.

( arte3 )
ARTE AO CUBO

ANNA MARIA NIEMEYER APRESENTA SEIS NOVOS ARTISTAS AO CIRCUITO DE ARTE

A exposição ( arte3 ) apresenta obras de seis novos artistas, a partir de 12 de março, na matriz da Galeria Anna Maria Niemeyer. Com curadoria de João Magalhães, a coletiva expõe seis pinturas de Alessandro Sartore, Bet Katona, Felipe Fernandes, Jimson Vilela, Raul Leal e Virginia Paiva - todos alunos de João Magalhães na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV- Parque Lage). A mostra poderá ser visitada de segunda a sábado, das 10h às 22h, exceto domingos e feriados até o dia 4 de abril de 2009.

Segundo o curador, os alunos foram selecionados pelo compromisso e qualidade dos trabalhos. “Eles já estão maduros e merecem expor como artistas”, afirma ele, comentando que as obras expostas utilizam materiais convencionais de pintura, como tinta em tela sobre chassi, e trabalham com imagens em diálogo com a contemporaneidade.

Sartore apresenta um díptico, inteiramente dourado de grandes dimensões, formado por duas telas, de medidas iguais, em posições diferentes. Bet expõe uma de suas pinturas, onde utiliza o máximo da síntese em uma pintura gráfica para investigar figuras, paisagens e interiores. Felipe utiliza, principalmente, retratos de amigos da época de criança, recriando essas imagens com toque de deboche, como a obra selecionada. Quem também explora a fotografia é Raul, em pesquisa sobre o meio urbano, onde indivíduos são retratados como seres totalmente anônimos. Jimson, que experimenta diversos suportes e pigmentos, apresenta tela crua, de grande dimensão, onde a interferência da tinta é quase zero. Virginia chega à compulsão ao recorrer à mistura energética de elementos esfumaçados em cores baixas e frias e em dourado.

A ( arte3 ) integra o projeto criado em 2000 pela galeria, onde artistas convidados apresentam o trabalho de seus alunos em coletivas. Edições mais recentes tiveram curadoria de Nelson Leirner, Edmilson Nunes e Chico Cunha. “Desde que abri minha galeria, em 1977, sempre me preocupei em dar espaço aos iniciantes”, ressalta Anna Maria Niemeyer, destacando que já estrearam por lá nomes como Eliane Duarte, Jorge Guinle e Victor Arruda.


ALESSANDRO SARTORE
Eu bebo porque é líquido, se fosse sólido eu comeria!
É a resposta do bêbado. Acho que cabe para pintura, não porque pintar seja uma cachaça, longe disso, pintura é imagem e não palavra ou número.
Criar e resolver problemas pela imagem, acho que é isso. Mesmo com vários outros meios, a pintura ainda é referência. Não como a nobre Arte, mas porque ela está presente. Quantas vezes ouvi: Que vídeo!Até parece pintura!
realmente é.
É esse campo ampliado, que me interessa. Ampliar, reduzir, potencializar, a pintura serve como meio mais imediato, direto, é já tão impregnado de tudo (foto,vídeo,objeto, etc.) que mesmo quando reduzido quase a nada, só tela e tinta, tem um poder de reverberar quase que infinitamente. Criar e tentar resolver problemas pela pintura, não só de pintura, é uma armadilha extremamente atraente. É como mosca na teia, pode não ser aparentemente nada mas ela está lá.
Pinto porque é imagem, se fosse palavra escreveria!

BET KATONA
Escolhi a pintura como suporte para expressar ideias, pensamentos, poesias.
A pintura torna real o meu espaço interno e imaginário.
A pintura torna material o que não é material.
As deformações ou distorções são a realidade do pensamento.
Enfim pinto o que desejo.
Pinto porque me dá tesão.

FELIPE FERNADES
Eu pinto por um pouco de egoísmo. Pinto qualquer cena que eu possa tornar mais interessante, ideal. Altero seu sentido pra algo que me entretenha ou possa causar estranhamento. No geral, escolho cenas que me comovem, mas que nunca deixo de evitar que se tornem ridículas ao final do processo.

JIMSON VILELA
Pinto, pois, para mim, a pintura é a linguagem mais complexa para se estabelecer uma poética, talvez seja a que mais exija do artista uma conjugação, equilibrada, entre a prática e a teoria (forma e conceito).
A pintura tem suas verdades, dizia Matisse. Além disso, a possibilidade de dialogar com mais de dois mil anos de história da pintura, de repertórios da pintura, e, principalmente, da história da imagem; e a partir disso criar saídas e possibilidades para um trabalho me interessa. Gosto de ser exigido de um trabalho, e de fazer deste algo vivo e perturbador para o observador. Minhas paisagens possuem isso, uma inquietação sobre a visualidade no contemporâneo. Pintar hoje, para mim, é desafiar a lógica de uma sociedade firmada na rápida criação de imagens que mediam nossas relações

RAUL LEAL
Citando Peter Doig, a pintura atualmente é uma coisa que se você pensar muito você simplesmente não faz. O quê levaria um artista contemporâneo a investir trabalho e conhecimento num meio que tem sido sistematicamente declarado morto desde fins do século XIX?
Talvez seja por teimosia que insistimos em continuar pintando numa época em que, a cada dia, surgem meios mais e mais sofisticados de produção de imagens. Soma-se a isso o enorme desafio de inserir o trabalho de pintura nos processos que regem a sociedade contemporânea e nas questões filosóficas e conceituais da arte atual.
Enfim, pinto porquê é o meu modo de me relacionar com as questões impostas pelo mundo que me cerca, porquê a pluralidade do meio artístico atual permite que ainda existam pintores, porquê encontro na pintura uma espécie de sublimação das minhas angústias e inquietações e porquê tenho uma enorme paixão por essa atividade.

VIRGINIA PAIVA
Por vontade de descobrir. Por hábito, que foi virando compulsão. Por prazer. Por obrigação. É a minha maneira de me transubstanciar.
Toda criança - que disponha desses meios e de algum incentivo - já moldou suas massinhas, já segurou deliciosamente canhestra um lápis-cera, já cravou no papel suas casinhas, sóis, flores, famílias, coelhos e pássaros; se posso confiar em minha já combalida memória, lembro da descoberta que foi converter o papel em cartola de mágico e assim poder me exibir para o mundo, conversar com ele.
Hoje posso até inventar que com a pintura, com as histórias que conto através dela, com a prazerosa lambança com as cores, com a descoberta de outros colegas de ofício bem maiores que eu - estaria fugindo da náusea sartreana e afirmando minha frágil humanidade num mundo absurdo. Mas prefiro dizer que não cresci: tudo o que eu quero é não deixar de ser criança.

João Magalhães*, curador da exposição (arte3), é artista plástico e, desde 1993, é professor de pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV-P.Lage).

créditos obrigatórios
curadoria: João Magalhães
produção (artistas): Belvedere
fotografia (artistas e obras): Jaime Acioli
design grafico (convite e folder): Inventum

assessoria de imprensa
Angela Falcão - tel: 21 25123636/6187 escritório - e.mail: angelafalcao@uol.com.br

maiores informações ou solicitação de imagens (alta / tif; 300dpi / jpeg ou 96dpi / jpeg)
GALERIA ANNA MARIA NIEMEYER - Leonor Azevedo - tel: 21 22399144 (das 14 às 21h segunda a sexta-feira) - cel: 21 969919023 ou e.mail:galamn@centroin.com.br

sexta-feira, 20 de março de 2009

ÁFRICA NEGRA - DO IMPERIALISMO À CRISE ATUAL (curso)

CURSO
História, Ciências e Atualidade
ÁFRICA NEGRA - DO IMPERIALISMO À CRISE ATUAL

Por Francisco Carlos Teixeira da Silva

O curso percorre a história da África para entender a realidade do continente hoje. Nessa trajetória, entram em cena o debate sobre as condições de partilha colonial e a ocupação européia da África nos séculos XIX e XX, a análise dos diferentes processos coloniais – o britânico, o francês e o português –, a luta pela descolonização nos anos 1960 e a emergência do Estado-Nação. Quais são as marcas das relações com o Brasil? Qual o futuro da África?

Início: 01 ABR
Duração: 4 encontros
Dias/horários: Quartas-Feiras, às 20h (01/04, 08/04, 15/04, 29/04)
Valor: R$ 140,00 na inscrição + 1 parcela de R$ 200,00

Aulas:
01 ABR 1. A ÁFRICA PRÉ-COLONIAL
A organização social africana. Características básicas.

08 ABR 2. AS POTÊNCIAS ESTRANGEIRAS. A PENETRAÇÃO ÁRABE-ISLÂMICA E EUROPÉIA. O PROBLEMA DA ESCRAVIDÃO AFRICANA

15 ABR 3. A DOMINAÇÃO SOCIAL
Os casos da Nigéria, Senegal e Moçambique.

29 ABR 4. A LUTA CONTRA A METRÓPOLE. DESCOLONIZAÇÃO E NEOCOLONIALISMO

Ministrado por:
Francisco Carlos Teixeira da Silva. Historiador, professor titular de História Contemporânea da UFRJ e coordenador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente.

Tel.: (21) 2227-2237
Horário de funcionamento: 11h às 20h
E-mail: inforio@casadosaber.com.br

Fonte: http://www.casadosaber.com.br/curso.php?cid=1411

quinta-feira, 19 de março de 2009

Manuel Rui na UFRJ

MANUEL RUI NA FACULDADE DE LETRAS DA UFRJ

Dia 24 de março (terça-feira), às 11h, sala D220


Falará sobre o livro Quem Me Dera Ser Onda.
A Editora dele vai levar livros para vender e ele autografar.

Fonte: e-mail enviado pela Profa. Dra. Carmen Lucia Tindó Secco em 18/03/2009

Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial - Lei Caó - 20 anos

INSTITUTO DE PESQUISA DAS CULTURAS NEGRAS

PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA
CENTRO CULTURAL MUNICIPAL JOSÉ BONIFÁCIO

DIA INTERNACIONAL PELA ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL

LEI CAÓ – 20 ANOS

A 21 de março de 1960, a polícia do regime do apartheid sul-africano abriu fogo sobre uma manifestação pacífica, em Sharpeville, que protestava contra as leis de discriminação racial. Dezenas de manifestantes foram mortos e muitos mais ficaram feridos. Hoje, relembramos o Massacre de Sharpeville chamando a atenção para o enorme sofrimento causado pela discriminação racial em todo mundo e pontuando os 20 anos da Lei Caó, lei que pune os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional em nosso país.

Portanto, em homenagem ao Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, o Centro Cultural Municipal José Bonifácio programou para o dia 21 de março de 2009, das 15h às 21h30min, a abertura das exposições:

“Retalhos Culturais”, com a participação dos artistas da Casa do Artista Plástico Afro-brasileiro – CAPA e do grupo “Mulheres de Pedra”.

“Sessenta Anos sem Paulo da Portela”, apresentando textos, fotografias e documentos do compositor considerado o “civilizador” do samba.

Paralelo às exposições acontecerá a famosa Roda de Samba da Tia Elza com a participação do Grupo União e dos cantores Elson do Forrogode, Dunga, Toninho Nascimento, entre outros.

Entrada Franca

Centro Cultural José Bonifácio
Rua Pedro Ernesto, 80 – Gamboa
Tel.: (21) 2233-7754 / (21)2253-6255

sábado, 14 de março de 2009

África/Brasil: Laços e Diferenças (curso de pós-graduação lato sensu - cultura, literatura, história africanas e afro-brasileira

Abertura de nova turma do Curso de especialização África & Brasil no dia 21 de março. O curso acontece um final de semana por mês durante 15 meses. Seu formato interdisciplinar (Cultura, História e Literaturas), o excelente nível de seu corpo docente e sua estrutura em módulos circulares têm atraído alunos de áreas diversas. Mais informações no tel: 2221-17-20 e no site da Atlântica Educacional - www.atlanticaedu.com.br

clique na imagem para vê-la ampliada.


Esta pós-graduação é coordenada pela Profa. Dra. Maria Teresa Salgado (UFRJ) e aborda de maneira diversificada aspectos das culturas africanas e afro-brasileiras. Recomendo o curso para quem quiser conhecer e/ou se aprofundar nos assuntos que serão trabalhados por um excelente corpo docente.
Ricardo Riso

Mia Couto - E Se Obama Fosse Africano? E Outras Interinvenções (livro)


E Se Obama Fosse Africano? E Outras Interinvenções
Mia Couto

Na sequência do anterior Pensatempos, Mia Couto ressurge com um conjunto de textos de intervenção que resulta da sua participação em encontros públicos nos últimos anos. São textos de reflexão crítica de um autor de ficção que, ao mesmo tempo que reinventa o seu universo, não abdica da sua missão de pensar o mundo.
As intervenções abordam temas que vão da política à literatura, da cultura à antropologia, mas todos eles confirmam como o escritor moçambicano faz da sensibilidade poética um modo de entender a complexidade do nosso tempo.

Género(s): Literatura
Acabamento: brochado
Dimensão: 13,4x21 cm
Páginas: 216
Peso: 0 g Colecção: «Outras Margens», n.º 0
Código: 93.000
ISBN: 978-972-21-2023-4
1.ª edição: Março 2009
1.ª edição: Março 2009
Data: Março 2009
Preço: 10,00 €

Fonte: http://html.editorial-caminho.pt/show_produto__q1obj_--_3D72619__--_3D_area_--_3Dcatalogo__q236__q30__q41__q5.htm


E se Obama fosse africano?
Mia Couto

Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.

Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.

Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de “nosso irmão”. E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.

Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: ” E se Obama fosse camaronês?”. As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.

E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?

1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente.
Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.

2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.

3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente “descobriram” que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado ‘ilegalmente”. Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.

4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato.
Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um “não autêntico africano”. O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos “outros”, dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).

5. Se fosse africano, o nosso “irmão” teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada “pureza africana”. Para estes moralistas - tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.

6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos.



Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.

Inconclusivas conclusões

Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.

Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.

A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.

Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.

No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.

Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.
Fonte:

Tania Macedo - Luanda, Cidade e Literatura


LUANDA, CIDADE E LITERATURA

Tania Macêdo
Editora UNESP

SINOPSE:
Este livro analisa as formas de representação da cidade de Luanda - capital de Angola - e sua predominância na literatura desse país. Desde o período anterior à chegada dos europeus até os últimos cinqüenta anos são recuperadas todas as formas de produção literária em Angola, com destaque para aquelas que enfocam espaços e tipos de personagem que percorrem "a cidade da escrita", Luanda, e em que podem ser vistas diversas faces do início da tomada de consciência da colônia que luta por tornar-se sujeito de sua própria história. Por último, há um exame sobre alguns romances em língua portuguesa que tomaram a cidade de Luanda como cenário privilegiado de ação.

ISBN: 9788571398597
Assunto: Literatura
Coleção: PROPG
Idioma: Português
Formato: 14 x 21cm
Páginas: 240
Edição: 1ª
Ano: 2008
Acabamento: Brochura com orelhas
Peso: 285g

Fonte: http://www.editoraunesp.com.br/titulo_view.asp?IDT=876

Revista Camões on line

O Instituto Camões disponibiliza 15 edições para download da sua Revista Camões na sua Biblioteca Digital.

Em seu acervo, encontramos edições especiais como as Pontes Lusófonas, aos escritores José Saramago, Almeida Garrett e Eça de Queirós, à presença da língua portuguesa em Macau e Timor Leste, e ao 25 de Abril.

Para acessar as revistas, clique em
Ricardo Riso
Fonte: Newsletter nº 16 - março de 2009 do Instituto Camões, recebida em 14/03/2009, às 12h27.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Diálogos Literários – Literatura, Comparativismo e Ensino - Agnaldo Rodrigues da Silva (org.)

Diálogos Literários – Literatura, Comparativismo e Ensino
Agnaldo Rodrigues da Silva (org.)
ISBN: 978-85-7480-416-3

Dialógos Literários: Literatura, Comparativismo e Ensaio, com organização de Agnaldo Rodrigues da Silva, reúne 27 textos sobre literatura, como o próprio título da obra indica. No entanto, não são ensaios fechados em conceitos puramente literários. Os artigos expandem o campo de pesquisa – abordando cinema, história e outras artes contemporâneas – para buscar instrumentos analíticos que ajudem o leitor a entender o momento atual. O livro reúne tanto ensaios sobre obras específicas da literatura lusófona, em geral, e brasileira, em particular, como artigos sobre educação e ensino de literatura, ou sobre documentos e contextos históricos – num leque de assuntos bastante amplo.

No ensaio "A Massificação do Ensino", a professora Nelly Novaes Coelho sugere o eixo das questões teóricas abordadas pelos ensaístas. Segundo ela, uma nova palavra de ordem se impõe aos pensantes nesse começo de século XXI: conscientização. "É organizar o nosso pensamento, nossas ações, projetos etc. sintonizados com os novos tempos-em-mutação. Essa é a nossa tarefa, como professores, educadores, bibliotecários, escritores etc. etc. (todos aqueles que têm na palavra e na cultura a matéria-prima de seu trabalho)".

Ela lembra que vivemos hoje numa encruzilhada "entre um sistema de valores herdados, já esgotados em sua força primitiva, mas ainda vigente na estrutura social, e uma cultura nova em germinação: valores novos que já estão sendo vividos, mas que ainda não puderam ser transformados em sistema". Esta é a unidade que subjaz a esta coletânea de textos. Em cada um dos ensaios, nota-se o esforço de compreender a literatura sob a ótica do homem contemporâneo, o homem da encruzilhada.

Muitos dos estudos aqui coletados tratam da literatura brasileira, portuguesa e dos países africanos de língua portuguesa. Artigos que vem bem a calhar neste momento em que se inicia um processo de unificação com a entrada em vigência do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Como se sabe, o acordo é apenas um passo para a aproximação cultural dos países lusófonos. O outro passo certamente está contido nas páginas de Diálogos Literários, como nos ensaios de Benjamin Abdala Junior, Tânia Macedo, Jane Tutikian, Inocência Mata, Teolinda Gersão, Vera Maquêa, que buscam pontos de contato entre essas literaturas, bem como a fixação de suas identidades culturais. São peças importantes para o estreitamento deste laço que andou por tantos anos esquecido e frouxo.

Como lembra Vera Maquêa, professora da Universidade do Estado do Mato Grosso, ao escrever sobre a organização do livro, "são estes textos, eles mesmos, trechos da história do nosso tempo, compondo o mosaico de nossa vontade de coerência e nos visitando na estrangeirice que experimentamos no mergulho em nossas próprias águas".

Agnaldo Rodrigues da Silva é professor doutor de Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). É também escritor, crítico e ensaísta. Publicou O Futurismo e o Teatro; Ensaios de Literatura Comparada; A Penumbra – Contos de Introspecção.

Medidas: 12,5 x 20,5 cm
Páginas: 472
Edição: 1ª
Ano: 2009
Assunto: Col. Estudos Literários 29, Crítica literária
Encadernação: Brochura
R$ 49,00

Fonte: http://www.atelie.com.br/loja/pagina.php?pag=detl&cdp=1025&categ=ct1&pags=1&page=prod&cl=

terça-feira, 10 de março de 2009

BASTA DE IMAGENS CHOCANTES NA G-BISSAU

A QUEM DE DIREITO

NÓS CIDADÃOS DA GUINÉ-BISSAU,

VIMOS ENCARECIDAMENTE SOLICITAR AS AUTORIDADES GUINEENSES, JORNALISTAS, CAMARA MEN E A TODOS LIGADOS À AREA DA INFORMAÇÃO, FAÇAM QUALQUER COISA PARA TRAVAR ESTA ONDA DE CIRCULAÇÃO E DE MANIPULACAO DE IMAGENS DA GUINE BISSAU!
QUE A NOSSA IMAGEM NÃO TEM SIDO DAS MELHORES NOS ULTIMOS 10 ANOS, TODOS ESTAMOS DE ACORDO, MAS PROMOVÉ-LA COM CENAS CHOCANTES???

JA NÃO É DE HOJE QUE VÊM CIRCULANDO NAS TELEVISÕES PORTUGUESAS E OUTRAS, IMAGENS DRAMATICAS DA NOSSA TERRA. NÃO SE PODE CONSENTIR TAMANHO DESRESPEITO PELA NOSSA DIGNIDADE ENQUANTO POVO!!!!!!!!
ONDE ESTÁ O RESPEITO PELAS NOSSAS INSTITUIÇÕES? ONDE ESTÁ O SEGREDO DO NOSSO ESTADO? O RESPEITO PELO POVO GUINEENSE, PELA DIGNIDADE DOS GUINEENSES? DEIXAR CIRCULAR SEM DÓ NEM RESPEITO IJMAGENS POR VEZES, DE PERSONALIDADES, FIGURAS PUBLICAS, COMO SE DE UM ANIMAL SE TRATASSE?

DESDE A GUERRA DE 7 DE JUNHO, TEM SIDO A NOSSA IMAGEM DE MARCA: RUAS SUJAS, HOSPITAL SEM CONDIÇÕES, ESTRADAS ESBURACADAS...A IMAGEM DA MORTE DE ANSUMANE MANÉ, DE VIRÍSSIMO SEABRA E AGORA DA FORMA CRUEL COMO OS GUINEENSES SAO CAPAZES DE SE MATAR UNS AOS OUTROS? AFINAL QUE QUEREMOS MOSTRAR AO MUNDO?

QUE SOMOS PRIMITIVOS ? LIQUIDAMO-NOS, ELIMINAMO-NOS COM CATANAS, ESTRAGULAMO-NOS...?
E NADA ACONTECE?

ONDE JA SE VIU A RESIDENCIA DE UM PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEIXADA À MERCÊ DE QUALQUER UM?
...ENTRAM , PILHAM CARREGAM, NA PRESENÇA DE CÂMARAS DE UMA TELEVISAO ESTRANGEIRA, DIANTE DE UMA JORNALISTA, TODA ORGULHOSA DA SUA MISSÃO ( VENDER NOTICIA E DE FORMA SENSACIONALISTA), COMO SE DE UMA CASA QUALQUER SE TRATA? CONSEGUE ENTRAR NA CASA DO CHEFE DE ESTADO ACABADO DE SER ASSASSINADO...FAZER A RECONSTITUIÇÃO DA SUA MORTE? MOSTRANDO AO MUNDO AS CENAS CHOCANTES DE UMA SALA BANHADA DE SANGUE CONFIRMANDO A ERA DA BARBÁRIE EM QUE VIVIEMOS!???

PORQUE RAZÃO ESSES JORNALISTAS ESTRANGEIROS NUNCA MOSTRAM NA TERRA DELES ESSE TIPO DE IMAGENS? NÃO SE MORRE LÁ?
NÃO HA INCIDENTES OU ACIDENTES QUE VITIMAM PESSOAS? QUANDO É QUE SE VIU NA TELEVISÃO PORTUGUESA BANALISAREM A IMAGEM DE UMA PESSOA MORTA? SEJA ELA QUEM FOR?

TEMOS EXEMPLOS FLAGRANTES DE ACIDENTES DE AVIÃO, COMBOIO, DE ATENTADOS À BOMBA DA ETA, DA IRLANDA ETC? ATÉ CASO 11 DE SETEMBRO NOS EUA, ONDE PODEMOS IMAGINAR O ESTADO EM QUE SE PODIAM ENCONTRAR ALGUNS RESTOS DE PESSOAS, MAS NUNCA EM MOMENTO NENHUM SE MOSTRAOU UM ÚNICO PEDAÇO DE DEDO DE QUEM QUER QUE FOSSE!! TENHAMOS COMPAIXAÃO DA NOSSA TERRA, DOS NOSSOS FILHOS E VELHOS. TENHAMOS VERGONHA DA NOSSA TRAGÉDIA, NÃO PERMITAMOS QUE JORNALISTAS NACIONAIS OU ESTRANGEIROS VENHAM EM NOME DE NADA MOSTRAR CENAS PRIVADAS, SÓ NOSSAS, VERGONHOSAS, TRISTES DA NOSSA TERRA.


BASTA

Maria Domingas Tavares Pinto Cardoso
Lectrice de Portugais
Université Cheikh Anta Diop de Dakar

Faculté des Lettres et Sciences Humaines
Dept de Langues Romanes

Fonte: e-mail enviado pela Profa. Dra. Moema Parente Augel - Subject: FW: BASTA DE IMAGENS CHOCANTES NA G-BISSAU - Date: Mon, 9 Mar 2009 13:26:01 +0000

segunda-feira, 9 de março de 2009

‘Identidades…’ de Abraão Vicente no CCP da Praia

Abraão Vicente é um jovem e intrigante artista plástico cabo-verdiano. Semana passada foi a abertura de uma nova exposição com os seus questionadores trabalhos com passaportes, já comentados aqui neste blog e para ter acesso a este artigo basta clicar no marcador com o nome do artista ao final desta postagem.
Parabéns a este interessante artista de Cabo Verde.
Ricardo Riso
‘Identidades…’ de Abraão Vicente no CCP da Praia
Identidades e ®econstrução é o título da exposição de Abraão Vicente que o IC-CCP da Praia, Cabo Verde, exibe de 5 a 18 de Março, reunindo uma colecção de quadros/objectos/documentos (re)criados a partir de documentos de identificação de vários países, segundo uma nota de imprensa.

«Partindo de componente auto-biográfica, o projecto Identidades... coloca-nos perante linguagens que marcam a modernidade artística e perante temáticas que inquietam, na actualidade, cidadãos e países», afirma a nota.

Numa explicação do trabalho de Abraão Vicente (n. 1980) para a exposição, a nota refere que os objectos/documentos «são destruídos (reconstruídos - reconstituídos) sobre papel de aguarela de 297x420mm e devolvidos a um ‘Frame', que é a própria moldura, que se reconfigura como um novo documento de identificação».

A reflexão do artista plástico cabo-verdiano, que vive e trabalha em Lisboa, segundo o sítio Artafrica, do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, «centra-se [...] no conceito de Identidade(s), sobretudo na Identidade fragmentada, construída, adquirida, forjada, inventada do homem contemporâneo, do cidadão crioulo/global» e «denuncia a Identidade e limites da própria língua como veículo identitário».

Com a utilização de um ‘frame', Abraão Vicente pretende transmitir a ideia de «um limite, um guia de circulação, de pertença e de territorialidade».

«Constituem igualmente linhas orientadoras, o explicitar das discrepâncias entre as vivências geográficas e as pertenças históricas, bem como do papel da burocracia na construção de barreiras, de fronteiras reais e mentais.»


Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Abraão Vicente é um artista plástico autodidacta contemporâneo, que usa como técnicas o Desenho, a Pintura e a Fotografia, tendo começado a expor em Cabo Verde em 1998, segundo o sítio Artafrica. Desde então participou em numerosas exposições, nomeadamente em Lisboa, Londres, Lugo, Paris, Porto e Tunis.

A abertura da exposição está marcada para o dia 05 de Março, às 18h45 no Auditório do IC-CCP Praia.

terça-feira, 3 de março de 2009

II ESPELHO ATLÂNTICO - MOSTRA DE CINEMA DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA

Em parceria com o African Film Festival, de Nova York, a mostra traz um panorama contemporâneo de filmes que refletem a herança do continente africano.

A II Espelho Atlântico - Mostra de cinema da África e da Diáspora, com direção geral da cineasta Lilian Solá Santiago, traz mais uma vez ao Rio de Janeiro sua primorosa seleção de filmes africanos e da diáspora negra.

A mostra proporcionará uma abordagem atual e significativa tanto da produção cinematográfica africana contemporânea quanto a realizada fora do continente, mas que dialoga diretamente com a herança cultural do continente africano.


Para a curadoria dos filmes internacionais a Mostra conta com a parceria da organização sem fins lucrativos AFF – African Film Festival, que contribui para a realização de importantes eventos culturais internacionais, todos de divulgação do cinema africano e da diáspora. Entre esses eventos, podemos destacar a realização do festival de cinema FESPASCO – Festival PanAfricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou, o mais importante do continente africano, em Burkina Faso, e do Sidney African Film Festival, na Austrália.

A II Espelho Atlântico - Mostra de cinema da África e da Diáspora será uma oportunidade única de assistir a importantes títulos de um acervo praticamente inédito no Brasil, capaz de fomentar discussões e ampliar nosso conhecimento da diversidade cultural do vasto continente africano e de seus descendentes pelo mundo, propondo um novo caminho para a leitura e identificação com a identidade africana por parte do público brasileiro.

PROGRAMAÇÃO – Sempre às 19h

Dia 03
O jardim de outro homem - Dir.: João Luis Sol de Carvalho
(Moçambique/ Portugal/ França, 2006, 80 min.) - (*12 anos)
Maior produção cinematográfica moçambicana realizada até agora, "O Jardim de outro homem" retrata o cotidiano de uma jovem estudante que enfrenta muitas dificuldades para realizar seu maior sonho: tornar-se médica. Na trama, Sol de Carvalho também denuncia a presença da Aids na sociedade local. Indicado ao 3º Cineport, em 2007, na categoria melhor filme.

Cabo Verde, meu amor - Dir: Ana Lisboa
(Portugal/ França/ Cabo Verde, 2007, 76 min.) - (* 12 anos)
A condição feminina em Cabo Verde na atualidade é o foco principal deste primeiro longa metragem da cineasta Ana Lisboa. Falado em crioulo cabo-verdiano, foi totalmente rodado na Cidade da Praia com um vasto elenco de atores amadores. Primeiro filme realizado e produzido em Cabo Verde, por cabo-verdianos.

Dia 04

Bafata Blues - Dir: Babetida Sadjo
(Guiné Bissau, 2007, 26 min)
Em dezembro de 2004, Babetida volta ao país pela primeira vez desde 8 anos, após viver 13 anos em vários lugares da África, 4 anos no Vietnã e residir na Bélgica, desde 2000. Ela reencontra uma aldeia, um passado, uma família. O filme retrata de modo intimista esse reencontro com seu país de origem, comentado sobre a forma de um livro de viagens.

O Comboio da Canhoca - Dir: Orlando Fortunato
(Angola / Portugal/ França / Tunísia/ Marrocos, 2005, 90 min.) - (*10 anos)
O filme descreve a luta pela sobrevivência de um grupo de angolanos detidos pelas autoridades coloniais portuguesas na província de Malanje. Durante cinco dias, os homens detidos são esquecidos no vagão e chegam a se acusar de traição e morte.

Dia 05

Ossudo - Dir: Júlio Alves
(Portugal, 2007, 14 min.)
Baseado no conto "Ossos", do famoso escritor moçambicano Mia Couto, este filme é uma história de amor entre duas pessoas desamparadas. Participou de mais de vinte festivais pelo mundo. Recebeu, entre outros, o Troféu de Melhor Filme Português e o Troféu Ouro Animação no 36º Festival Internacional do Algarve.

Cinderelas, lobos e um príncipe encantado - Dir: Joel Zito Araújo
(Brasil, 2008, 107 min.) - (*12 anos)
O filme vai do nordeste brasileiro a Berlim, buscando entender os imaginários sexuais e raciais de jovens, que se arriscam num caminho até a Europa, para mudar de vida ou encontrar seu príncipe encantado, e que compõem uma realidade de 900 pessoas traficadas para fins de exploração sexual e 1,8 milhões de crianças vítimas de pornografia e turismo sexual.

Dia 06

O som e o resto - Dir: André Lavaquial
(Brasil, 2007, 23min)
Jahir é um virtuoso baterista carioca que toca numa banda evangélica. Ao se indispor com o pastor da igreja, se vê sozinho na rua com seu instrumento e inicia uma jornada existencial rumo à sua música. Participou de importantes festivais internacionais e, em 2008, foi o único curta-metragem brasileiro a conquistar uma vaga do Festival de Cannes, na seção Cinéfondation.

Cariocas - Dir: Ariel de Bigault
(França, 1989, 57 min.)
"Cariocas" mostra diversas facetas do samba no Rio de Janeiro. Grande Otelo, nos guia ao encontro dos grandes músicos da cidade. Realizado originalmente para a TV francesa, conta com importantes depoimentos de Martinho da Vila, Paulo Moura, Velha Guarda da Portela, Nelson Sargento, Wilson Moreira, e Joel Rufino dos Santos.

Dia 07

Doze Discípulos de Nelson Mandela - Dir: Thomas Allen Harris
(EUA/ África do Sul, 2005, 75 min.)
O filme mostra o encontro de 12 amigos que deixaram a cidade de Bloemfontein (África do Sul) nos anos 60 para montar o Congresso Nacional Africano com Nelson Mandela. Com entrevistas, material de arquivo e reconstituições dramáticas, Harris recria essa importante história. Vencedor do Festival de filmes de Pan Africanos de Los Angeles, na categoria melhor documentário, em 2006.

Adeus, até amanhã - Dir: Antonio Escudeiro
(Portugal/ Angola, 2007, 60 min.)
Antonio Escudeiro é conhecido com diretor de fotografia. Forçado a sair de Angola contra sua vontade, a volta só acontece trinta e dois anos mais tarde. O filme é uma viagem pelo tempo, pelas belas paisagens da África e pelas recordações do diretor. Selecionado para a competição o último DocLisboa – Festival Internacional de Cinema Documental de Lisboa.

Dia 08

Graffiti - Dir: Lílian Solá Santiago
(Brasil, 2008, 10 min.) - (* 10 anos)
São Paulo é a cidade mais grafitada do mundo. "Graffiti" acompanha o rolê solitário de Alê numa das noites mais sinistras que essa cidade já viveu. O que o move a enfrentar as ruas nessa noite? Ganhador do Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem (2006), do Governo do Estado de São Paulo, o filme é a estréia na ficção desta premiada documentarista. Com Sidney Santiago e Chico Santo.

Esperando os homens - Dir: Katy Lena Ndiaye
(Senegal/ Mauritânia/ Bélgica, 2007, 56 min.) - (*12 anos)
Em Hassania, no abrigo de Oualata, uma cidade vermelha na fronteira distante do deserto de Sahara, três mulheres praticam pintura tradicional decorando as paredes da cidade. Em uma sociedade dominada pela tradição, pela religião e pelos homens, estas mulheres expressam-se livremente, discutindo o relacionamento entre homens e mulheres. Presente em mais de 20 festivais internacionais.

Classificação etária livre: exceto quanto indicado *

SERVIÇO:
CAIXA Cultural RJ – Cinema 1 e 2
Av. Almirante Barroso, 25 – Centro
(ao lado da estação Carioca do metrô)
Tel.: 2544.4080
Ingressos: R$ 4,00 RS 2,00 (meia entrada)
Acesso para portadores de necessidades especiais

CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL
Lilian Solá Santiago, cineasta premiada no Brasil e no Exterior, têm entre seus trabalhos mais recentes o filme curta-metragem "Graffiti" (2008), ganhador do Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem de São Paulo, que também está presente na Mostra.
Seu documentário "Balé de Pé no Chão – a dança afro de Mercedes Baptista" (2006, com Marianna Monteiro) recebeu, entre outras importantes premiações, o prêmio de Melhor Documentário no I Festival de Cinema Brasileiro de Hollywood (fev/2009).
Lilian também produziu e dirigiu o premiado filme documentário "Família Alcântara" (2004, com Daniel Santiago) e, como produtora executiva e assistente de produção, colaborou em vários filmes da retomada do cinema brasileiro, como "Latitude Zero", de Toni Venturi, "Ed Mort" de Alain Fresnot, "Os Matadores", de Beto Brant, entre outros.
Historiadora e Mestre em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo, têm atuado como docente de produção e direção audiovisual em importantes instituições educacionais.
Em 2006, ganhou o prêmio "Zumbi dos Palmares", conferido pela Assembléia Legislativa de São Paulo e o "Prêmio Cooperifa", da Cooperativa Cultural da Periferia, por sua destacada atuação artística em projetos que resgatam e revelam importantes facetas da cultura afro-brasileira e da diáspora.

*Informações enviadas gentilmente pela amiga Denise G. Santos.

Presidente de Guiné-Bissau é assassinado


País africano, que fala a língua portuguesa, fica entre Senegal e Guiné.
Exército nega golpe e diz que ordem constitucional vai ser respeitada.

Do G1, com agências

O presidente de Guiné-Bissau, João Bernardo 'Nino' Vieira, foi assassinado por integrantes do Exército nesta segunda-feira (2) horas após a morte no domingo em um atentado com explosivos do chefe do Estado-Maior do Exército, general Tagmé Na Wai.

Guiné-Bissau, que se tornou independente de Portugal em 1974, tem a língua portuguesa como a sua principal. O país de pouco mais de 36 mil metros quadrados (pouco mais do que o estado de Alagoas) fica em um pequeno território entre a Guinea e Senegal no litoral do Oceano Atlântico.

Veja também: ‘O momento é de não sair de casa’, afirma embaixador brasileiro em Guiné-Bissau

Desde a madrugada, um forte dispositivo militar rodeava a sede da Presidência da Guiné-Bissau, enquanto eram registrados tiroteios na capital, após o atentado que matou Na Wai, segundo emissoras regionais de rádio.

Os tiroteios começaram em diferentes pontos do país, após o atentado e prosseguiram até a madrugada, segundo as fontes.

"O Exército matou o presidente Vieira quando ele tentava fugir da casa dele, atacada por um grupo de militares ligados ao comandante do Estado-Maior, Tagmeh Na Waieh", afirmou o chefe militar de Relações Exteriores, Zamura Induta. Segundo os militares, não se trata de um golpe, e a ordem constitucional vai ser respeitada.

O atentado que causou a morte no domingo à noite do general Na Wai foi realizado com uma bomba colocada na sede do Estado-Maior do Exército, que também deixou cinco feridos, entre eles dois graves, ao mesmo tempo em que derrubou parte do prédio, informaram as mesmas fontes.

Por sua parte, o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, tinha convocado para esta segunda-feira uma reunião urgente do governo e anunciado a criação de um comitê de crise para enfrentar a situação, após o atentado do domingo e antes de saber da morte do presidente Vieira.

Na Wai denunciou em janeiro um atentado frustrado do qual responsabilizou membros da guarda do presidente, que disse que abriram fogo durante a passagem de seu veículo diante do Palácio Presidencial.

Em 23 de novembro de 2008 um grupo de militares atacou à noite a residência do presidente Vieira, deixando um saldo de dois mortos.

Nos últimos anos, Guiné-Bissau se transformou em centro da rota do tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa, e altos cargos do governo e chefes militares foram acusados de participar deste negócio ilegal.

Repercussão

O Itamaraty, em nota oficial, repudiou o assassinato . O Ministério de Relações Exteriores informou que o Brasil está em coordenação estreita com os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para apoiar a volta do país à normalidade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva qualificou de "inaceitável" o assassinato e considerou o crime um atentado à democracia do país africano.

O alto representante para Política Externa e Segurança Comum da União Europeia (UE), Javier Solana, condenou o assassinato e pediu a todos os setores da sociedade guineense que sejam fiéis à ordem constitucional.

"Quero condenar fortemente o assassinato e apelar a todas as partes para que respeitem a ordem constitucional e contribuam para acalmar as tensões no país", disse Solana em comunicado.

A UE oferece desde junho de 2008 assistência e apoio a reformas na área de segurança na Guiné-Bissau por meio da Política Europeia de Segurança e Defesa (Pesd).

A missão tem como objetivo apoiar autoridades locais no processo de reforma das forças de segurança e instruí-las a poder combater o narcotráfico e o crime organizado.

O governo francês condenou os assassinatos. O porta-voz do Ministério de Exteriores da França, Eric Chevalier, ressaltou também que Paris oferece seu "apoio às autoridades democraticamente escolhidas de Guiné-Bissau".

Fonte:

domingo, 1 de março de 2009

Revista África e Africanidades - 4ª edição

Prezados,

Está no ar a quarta edição da revista acadêmica África e Africanidades – www.africaeafricanidades.com.br, mantendo a diversidade temática que a caracterizou desde sua estreia.
Nesta edição, na seção de Crítica Literária falo sobre a revista cabo-verdiana “Sopinha de Alfabeto”, organizada por Mito, na década de 1980.
Artigos para o próximo número deverão ser encaminhados até o dia 01 de maio de 2009. Para maiores informações acesse a seção “Normas para publicação” que se encontra no site da revista.
Espero que gostem da revista e, por favor, ajudem na divulgação.
Abraços,
Ricardo Riso


ARTIGOS

A invenção da África no Brasil: os africanos diante dos imaginários e discursos brasileiros dos séculos XIX e XX.
Anderson Ribeiro Oliva (UnB – Brasil)

Arquitecturas do abandono: espaço-tempo, ruína e memória em O outro pé da sereia de Mia Couto
Tiago Aires (FLUL – Portugal)

Educação Afro-indígena: caminhos para a construção de uma sociedade igualitária
Alexandre Francisco Braga (PUC – MG e UNENEGRO – Brasil)

Corpo negro em liberdade na poética de Ruy Duarte de Carvalho
Isabelita Maria Crosariol (PUC-RIO – Brasil)

O fenômeno da intolerância religiosa – produtor de novas identidades sociais no interior da religião afro-brasileira
Álvaro Roberto Pires (UFMA – Brasil)

A organização do etnoconhecimento: a representação do conhecimento afrodescendente em Religião na CDD
Marcos Luiz Cavalcanti de Miranda (UNIRIO – Brasil)

RESENHAS
Ancestrais: uma introdução à história da África Atlântica, de Renato Pinto Priore e Mary Del Venâncio
José Alexandre da Silva (SEED/PR - Brasil)

COLUNAS

CARICATURA
Barack Obama
Alexandre Magalhães (Brasil)

CELEBRIDADE
Emanuella de Paula: beleza negra de Pernambuco para o mundo

CHARGE
Feminicídio no Congo
Diego Novaes (UFRJ – Brasil)

CINEMA
Centro Afro Carioca de Cinema
Roberto de Oliveira (Brasil)

CORPO: SOM E MOVIMENTO
Danças brasileiras de matriz africana: “Quem dança seus males espanta!”
Denise Guerra (SME de Queimados - RJ – Brasil)

CRÍTICA LITERÁRIA
Sopinha de Alfabeto – ironia nas artes cabo-verdianas
Ricardo Riso (UES – Brasil)

CRÔNICA
Dal e os peixinhos dourados
Lasana Lukata (Brasil)

DIREITOS HUMANOS
Direito Humano à Liberdade Religiosa e o Povo de Santo
Walkyria Chagas da Silva Santos (UFBA - Brasil)

FINANÇAS
Controle Financeiro Atual, Controle Financeiro Ideal e Previsão Financeira Para Aquisições Futuras
Marcelo Fernando Ferreira Theodoro (Brasil)

JUVENTUDE
Funk carioca: crime ou cultura?
Cidinha da Silva (Brasil)

LITERATURA AFRO-BRASILEIRA
Legados Africanos na Poesia de Autores Afro-Brasileiros
Assunção de Maria Sousa e Silva (NEPA – Brasil)

PERFIL LITERÁRIO
Um breve relato sobre o notável contato com as Literaturas Africanas: conhecer para reconhecer-se e amar ou viagens em vôos, pássaros, árvores, terras e raízes do outro e de si mesmo
Patrícia Camargo (UFF – Brasil)

RODA DOS ORIXÁS
Notas sobre Exu, o deus pós-moderno
Alexandre de Oliveira Fernandes (CEFET-BA e UESC – Brasil)

SUPLEMENTO

ÁFRICA E AFRICANIDADES NA SALA DE AULA

LITERATURA INFANTIL
Questões de Literatura Infantil e Afrodescendência: O Poder de Ação do Personagem Negro nas Áreas de Decisão da Narrativa
Valdinei José Arboleya (SEED do PR - Brasil)

UMA OUTRA HISTÓRIA
“Professor, (...) não gosto da história de negros, eu tenho dó”
Maria Antonia Marçal (SEEPR – Brasil)

ENTREVISTAS
Piedade Marques: mulher negra e militante, sim senhora!

Sonia Rosa: A busca do prazer pela leitura

Sônia Maria Santos: valorização da mulher negra na academia, na política e na mídia

PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
Afrobrasilidade: Recomendações e Desafios para a Implantação da Lei 10.639/03

120 anos da Abolição da Escravatura no Brasil e lançamento oficial da Revista África e Africanidades

III Encontro de Professores de Literaturas Africanas

Palestra: Representação dos Contratados em São Tomé e Príncipe na poesia de Agostinho Neto, Ovídio Martins e Conceição Lima

Clássicos Africanos Restaurados - CCBB/RJ

Clássicos Africanos Restaurados
Cinema
03 a 08 de março de 2009

O cinema africano, em destaque na última edição do Festival de Berlim, constitui uma das mais belas e sensíveis cinematografias do mundo. É um cinema que, à parte de todas as mazelas políticas e sociais que envolvem aquele grande continente, consegue superar as dificuldades mais imediatas e fazer, de forma leve e poética, um verdadeiro libelo à liberdade de expressão e à aceitação das diferenças. Esta mostra, uma parceria com a Embaixada da França e sua Cinemateca, apresenta, em sessões únicas e exclusivas, 16 filmes – entre curtas, média e longas-metragens - de grandes cineastas africanos, restaurados pela Cinémathèque Afrique, entidade que incentiva a produção e a difusão cinematográfica na África e que faz parte do CulturesFrance, órgão de promoção e cooperação cultural francês.
Apoio: Cinemateca da Embaixada da França
Censura: 14 anos

3 terça
19h30 – E não havia mais neve... (22min) + Jom ou a História de um povo (76min)

4 quarta
17h30 – Os combatentes africanos da Grande Guerra (82min)
19h30 – Cartas camponesas (98min)

5 quinta
17h30 – Finzan (105min)
19h30 – Bako, a outra margem (109min)

6 sexta
17h30 – Taafe Fanga, Poder de saia (103min)
19h30 – Safrana, ou o Direito à palavra (121min)

7 sábado
19h30 – África sobre o Sena (21min) + Paris é bonita (23min) + Os príncipes negros de Saint-Germain-des-Près (14min)

8 domingo
16h - Tabataba (79min)
18h – Fad,Jal (113min)
20h – Fary L’Anesse (21min) + O regresso de um aventureiro (34min) + Os cowboys são negros (15min)
África sobre o Sena (Afrique Sur Seine,Senegal, 1957). De Mamadou Sarr e Paulin Vieyra. P&B. 21min.
A África está na África sobre as margens do Sena ou no Quartier Latin? Interrogações "meio-amargas" de uma geração de artistas e estudantes a procura de sua civilização, sua cultura e seu futuro. Dia 07.

Bako, a Outra Margem (Bako, L'autre Rive, Mali/França, 1978). De Jacques Champreux, Cor. 109min. A lenta imersão na miséria, o desprezo e, por vezes, a morte por que passam milhares de homens deslumbrados pela miragem de "Bako", palavra bambara que significa "a outra margem", utilizada pelos imigrantes nordestinos do Mali para designar a França. Dia 05.

Os combatentes africanos da Grande Guerra (Les combattants africains de la Grande Guerre, África/França, 1983). De Laurent Dussaux. P&B. 82min. Constituído de documentários rodados no Senegal e em Burkina Fasso e de documentos de arquivos, este filme propõe um novo olhar da história, por meio de testemunhos de ex-combatentes sobreviventes e registros históricos e raros, como o embarque das tropas em Dakar, a travessia até a França e a vida nas trincheiras. Dia 04.

Os Cowboys São Negros (Les Cow-Boys Sont Noirs, França, 1966). De Serge-Henri Moati. P&B, 15min. Moustapha Alassane, cineasta nigeriano, realizou “O Regresso de um Aventureiro”, primeiro western africano. Este filme conta a historia da gravação deste filme de ação e de amor e mostra-nos como é tênue a fronteira entre a realidade e a ficção, o cinema e a vida. Dia 08.

Crônica Camponesa (Lettre Paysanne, Senegal, 1975). De Safi Faye. P&B. 98min. Serigne Ibra, um camponês abastado e mau caráter, decide se casar. Sua futura esposa deve possuir beleza perfeita e não ter nenhuma cicatriz. Mas, segundo Ibra, as mulheres de sua aldeia não correspondem aos seus critérios de escolha.
Um dia, uma jovem belíssima de passado misterioso aparece... Dia 04.

E Não Havia Mais Neve... (Et la Neige n'etait plus..., França/Senegal, 1965) . De Ababacar Samb Makharam. P&B. 22 min. Um jovem bolseiro senegalês regressa da França. O que ele aprendeu? O que ele esqueceu? Que caminho ele irá escolher para o contato com as novas realidades africanas? Os problemas que se colocam na juventude africana expostos com franqueza, coragem e humor. Dia 03.

Fad, Jal (Senegal, 1979). De Safi Faye. Cor. 113min. Fad,Jal é a crônica de um povoado sérère da região do cultivo do amendoim no Senegal. Os aldeões testemunham, através da fala dos anciãos, a história do povoado transmitida pela tradição oral, e sobre as dificuldades que eles têm para explorar sua terra e para se alimentar de sua produção. Dia 08.
Fary L’Anesse (Senegal, 1989). De Mansour Sora Wade. Cor. 21min. Ngor e Coumba moram num vilarejo árido no Senegal. Há dois anos Ngor deseja esposar Coumba, mas, uma vez mais, a colheita anual foi ruim: as chuvas irregulares não foram favoráveis para que a colheita do amendoim, única cultura herdada da colonização, proporcionasse ganho suficiente para o casamento. Dia 08.

Finzan (Mali, 1989). De Mali Cheick Oumar Sissoko. Cor. 105 min. Este filme confronta as tradições patriarcais do Mali, incluindo a controversa questão da circuncisão feminina. A viúva recente Nanyuma se sente livre do tratamento cruel de seu falecido marido. Ela sai da aldeia com sua sobrinha Fili, mas é eventualmente forçado a regressar. Nanyuma percebe que sua única chance de reclamar a sua própria liberdade será abandonando a comunidade. Dia 05.

Jom ou a História de um Povo (Jom ou l'Histoire d'un Peuple. Senegal, 1981). De Ababacar Samb Makharam. Cor. 76min. O Jom é a origem de todas as virtudes, a dignidade, a coragem, uma certa beleza do gesto, a fidelidade do compromisso, o respeito pelo outro e por si mesmo. Klaly, o feiticeiro africano, encarnação da memória africana, atravessa as épocas para ser uma testemunha da resistência à opressão: a que opõe o colonizador ao povo escravizado, o senhor ao criado, o patrão aos operários. Dia 03.

Paris é Bonita (Paris c'est joli, Nigeria, 1974). De Inoussa Ousseini. Cor. 23min. Um jovem africano chega à França clandestinamente. Em 24 horas ele será enganado e destituído de seus poucos bens. Mesmo assim, após uma noite na capital francesa e apesar de toda sua família ter ficado na África, ele envia uma carta em que escreve "Paris é bonita". Dia 07.

Os Príncipes Negros de Saint-Germain-de-Près (Les Princes Noirs de Saint Germain de Près, Senegal, 1975). De Ben Diogaye Beye. Cor. 14min. Nas esplanadas de Saint-Germain-de-Près, as jovens brancas que procuram exotismo são as preferidas de efebos elegantes e pretensiosos. A imaginação deles nunca é pouca para entreter e convencer as suas crédulas conquistas. Momentaneamente sem dinheiro, eles não serão ao menos "príncipes" vindos de lendários reinados? Dia 07.

O Regresso de um Aventureiro (Le Retour d'un Aventurier, Nigéria, 1966). De Moustapha Alassane. Cor. 34 min. De regresso de uma viagem aos Estados Unidos, um jovem nigeriano oferece aos amigos da sua aldeia equipamentos de cowboys. A gangue vai perturbar a vida da aldeia e vai transformá-la numa cidade do velho oeste americano. Dia 08.

Safrana, ou o Direito à Palavra (Safrana, ou le Droi à la Parole, França, 1978). De Sidney Sokhona. P&B. 121min. Quatro trabalhadores imigrantes africanos decidem abandonar Paris para frequentar estágios de agricultura numa região rural francesa e depois tentar uma reinserção no seu país de origem. Dia 06.

Taafe Fanga, Poder de Saia (Taafe Fanga, Pouvoir de Pagne, Mali, 1997). De Adama Drabo. Cor. 103min. O ilustre feiticeiro africano Sidiki Diabaté nos convida para a falésia de Bandiagara, ao passado do povo Dogon . L'Albarga, a máscara dos espíritos da falésia, símbolo de poder, cai nas mãos de Yayème, uma adolescente, e provoca uma desordem em Yanda. As mulheres trocam a saia pelas calças dos homens. Maldição? Castigo Divino? O poder das mulheres se instala. A nova ordem resistirá a todas as contradições? Dia 06.

Tabataba (Madagascar, 1987). De Raymond Rajaonarivelo. P&B. 79min.
Em 1947, os habitantes da aldeia de Tanala na costa Este de Madagáscar, participam de revoltas na grande revolta contra a colonização francesa. A história da insurreição e da sua repressão é vencida através dos olhos de Solo, jovem rapaz para quem a vida quotidiana e a infância não serão nunca transtornadas. Dia 08.
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
Rio de Janeiro - RJ

Fonte: e-mail do Universidarte com a programação do Centro Cultural Banco do Brasil, enviado em 20/02/2009.

Revista Crioula nº 4

Já está em http://www.fflch.usp.br/dlcv/revistas/crioula/ o quarto número da Revista Crioula, publicação dos pós-graduandos da Universidade de São Paulo. Nesta edição, destaco o artigo da Profa. Dra. Moema Parente Augel - "Os segredos da 'barraca' - a representação da nação na literatura de Guiné-Bissau", o dossiê "A poesia africana em língua portuguesa", além de resenhas de "Venenos de Deus, remédios do Diabo" de Mia Couto, "O desafio do escombro - nação, identidades e pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau" de Moema Parente Augel entre outros.
Ricardo Riso