“Contos Negreiros” de Marcelino Freire ou a vã tentativa de um eu enunciador negro
Ricardo Riso
O pernambucano Marcelino Freire é hoje um nome consolidado no meio literário nacional, sendo uma das vozes celebradas por apresentar temas marginais ao texto literário, trazendo os desajustados sociais, escancarando as desigualdades sociais e econômicas do país. De sua lavra são, dentre outros, BaléRalé, Rasif e Contos Negreiros. Este, objeto desta análise.
“Contos Negreiros” recebeu caprichada edição da Record, em capa dura e formato reduzido. Reúne dezesseis pequenos contos aqui chamados de cantos em razão da marcante oralidade, do falar popular e também de associações ao repente nordestino, intenso uso da prosódia, frases curtas e dinâmicas, imagens breves e com certa virulência.
Antes de entrarmos em seu conteúdo, o livro apresenta uma capa intrigante e estimuladora de considerações que precisam de nossa exposição. Temos, à frente, a fotografia de um homem negro, nu, de costa para nós, com o título escondendo suas nádegas. Enquanto a contracapa mostra o mesmo homem de frente, mas agora com o registro ISBN sobre a genitália como mais uma marca tatuada no corpo vilipendiado dos negros. As imagens circundadas e confinadas por um branco intenso, analogia à condição do negro na sociedade brasileira. Imagens de gosto duvidoso, expondo o corpo do negro de forma desnecessária.
O título adotado para esta obra merece algumas considerações. O adjetivo “negreiro” é, em nosso entendimento, no mínimo controverso para um livro que aparenta ter os negros como tema ou dar voz para nós. Negreiro associa-se ao tráfico de nossos antepassados, violentamente forçados a fazer a travessia do Atlântico; negreiro também era a maneira como se denominava a pessoa que tinha essa cruel atividade como seu emprego. Diante disso, o título do livro de Freire parece não levar em consideração às décadas de discussão a respeito dos vocábulos para referenciar a literatura produzida por escritores negros brasileiros excluídos do cânone nacional. “Literatura negra”, “literatura negro-brasileira” ou “literatura afro-brasileira” são alguns dos exemplos da complexidade dessa discussão, pois “essas expressões permitem destacar sentidos ocultados pela generalização do termo ‘literatura’. E tais sentidos dizem respeito aos valores de um segmento social que luta contra a exclusão imposta pela sociedade” (FONSECA, 2006, p. 13), afirma a ensaísta Maria Nazareth Soares Fonseca.
A ensaísta continua:
“essas discussões são importantes para que possamos compreender os mecanismos de exclusão legitimados pela sociedade. Por exemplo, quando nos referimos à literatura brasileira, não precisamos usar a expressão “literatura branca”, porém, é fácil perceber que, entre os textos consagrados pelo “cânone literário”, o autor e autora negra aparecem muito pouco, e, quando aparecem, são quase sempre caracterizados pelos modos inferirorizantes como a sociedade os percebe” (FONSECA, 2006, p. 13).
Segundo Eduardo Assis Duarte, o termo literatura afro-brasileira é “um conceito em construção, processo e devir. Além de segmento ou linguagem, é componente de amplo encadeamento discursivo (...) Constitui-se a partir de textos que apresentam temas, autores, linguagem, mas, sobretudo, um ponto de vista culturalmente identificado com a afrodescendência” (Apud: ALVES, 2010, p. 42).
Miriam Alves dá seguimento ao pensamento de Assis, pois esse conceito em construção
“consiste numa prática existencial para os seus produtores, que ressignifica a palavra negro, retirando-a de sua conotação negativa, construída desde os tempos coloniais, e que permanece até hoje, para fazê-la significar autorreconhecimento da própria identidade e pertencimento étnico-racial. Coloca em discussão a formação da identidade brasileira e desnuda o mito da democracia racial” (ALVES, 2010, p. 42).
Ou seja, a criação literária do escritor negro ultrapassa os limites do texto, “subverte não só o sistema literário brasileiro, mas também contesta a escrita da História brasileira” (EVARISTO, 2007, p. 12). Sendo assim, apreendemos que há toda uma história de luta de conscientização do negro e da afirmação do autor ou autora negro(a) na literatura brasileira, principalmente na forma de se expressar, de se autorreferenciar. Por isso, causa-nos perplexidade o título escolhido por Freire até quando pensamos em uma maneira de denunciar as condições desfavoráveis impostas e perpetuadas aos nossos irmãos na sociedade brasileira. É claro que somente isso não seria motivo para reprovarmos o equivocado nome da obra, mas, ainda assim, incomoda-nos a forma branda como a discriminação racial aos negros é tratada nos contos, o que pretendemos demonstrar a seguir.
Os curtíssimos contos (cantos) de Freire infelizmente apresentam visões estereotipadas de nossos irmãos, situações cotidianas nas quais o racismo à brasileira é escancarado, mas que não buscam a reflexão crítica das personagens nem do narrador. Surpreende a maneira banal como as ações acontecem, choca a estupidez das personagens e a incapacidade de raciocinar frente ao injustificável e cruel racismo e descobrir formas para sobrepujá-lo, como em “Curso Superior”. Neste, a personagem apresenta um medo irracional que a impossibilita de agir ao preconceito na faculdade – omitindo que o espaço educacional brasileiro é hostil em todos os seus segmentos ao cidadão negro que não se encontra representado positivamente durante a vida escolar: “O meu medo é o preconceito e o professor ficar me perguntando o tempo inteiro por que eu não passei” (p. 97); o medo da namorada (loura) e os conflitos de aceitação que essa situação acarreta em uma sociedade que não vê com bons olhos os relacionamentos inter-raciais. Reflexões que o conto não estimula, mostrando a incapacidade de um diploma de alterar a realidade. Tristeza maior ao deparamo-nos com uma personagem que não consegue se libertar das amarras da autocensura.
A animalização do negro ganha contornos visíveis em “Totonha”, conto que a personagem se recusa a aprender a ler e não percebe nenhuma vantagem com a possibilidade de obter escolaridade. “O pobre só precisa ser pobre. E mais nada precisa. Deixa eu, aqui no meu canto. Na boca do fogão é que fico” (p. 79). O conto propõe a manutenção das desiguais divisões sociais, o negro deve ficar na posição subalterna que sempre ocupou. “Para mim, a melhor sabedoria é olhar na cara da pessoa. No focinho de quem for. Não tenho medo de linguagem superior” (p. 80). A truculência e o comportamento animal são mantidos. Não satisfeito ao ridicularizar os negros que não tiveram acesso à educação, a voz da personagem, tática nociva do narrador, continua: “Não preciso ler, moça. A mocinha que aprenda. O prefeito que aprenda. O doutor. O presidente é que precisa saber ler o que assinou. Eu é que não vou baixar a minha cabeça para escrever” (p. 81). Ou seja, propõe-se a absurda escolha pela ignorância, algo que nós negros sabemos que não é o caminho a ser seguido e é combatido por nós. Lamentável, simplesmente. Desrespeitosa a escolha de Freire ao colocar esta fala a uma personagem negra.
Corriqueiro, vergonhoso e baixo recorrer ao homem negro como objeto sexual no conto “Meu negro de estimação”. Novamente o autor demonstra despreocupação em ressignificar as marcas da nossa gente negra na sociedade brasileira. Os notórios exemplos de embranquecimento para ser aceito entre os brancos, a falta de instrução e o desprezo pelo passado são apresentados: “Se não entende de poesia, não fala. Quando o assunto é política, sai da sala. (...) Meu homem é uma outra pessoa. Não quer mais saber de samba. Nem de futebol. Não gosta de feijoada. Meu homem não quer voltar para casa” (p. 101-102). Em nosso entendimento, somente um escritor com uma mente presa ao passado escravocrata e que não consegue incorporar ao seu texto um eu enunciador negro seria capaz de utilizar abomináveis exemplos como os apontados até aqui e os que virão.
Vitupério maior se dá à mulher negra, historicamente discriminada, vilipendiada do direito ao desejo, aviltada do prazer para ser tratada como objeto sexual a serviço do homem branco, ou como muito bem esclarece Sueli Carneiro: “a apropriação sexual das mulheres do grupo derrotado é uns dos momentos emblemáticos de afirmação da superioridade do vencedor” (CARNEIRO, 2003, p. 49. Apud: EVARISTO, 2007, p. 24). A mulher negra e o seu corpo carregam marcas jamais lembradas, sendo necessário um profundo processo de aceitação e reconhecimento. A esse respeito, Miriam Alves afirma que:
“tendo em vista o aviltamento do qual foi vítima esse corpo negro que passou pela coisificação, mutilação, primeiro pela força da escravização, e depois seguido da automutilação, para aproximá-lo da estética branca alienígena à sua feição natural. Antes de tudo, é um corpo vitimado que necessita se desvencilhar das marcas da sexualização, racialização e punição nele inscritas para redefini-lo numa ação de afirmação e autoafirmação de identidade (...)” (ALVES, 2010, p. 71).
Diante das preocupações da escritora negra, cônscia de seu papel social transcendendo o literário, causa-nos repúdio a narrativa “Alemães vão à guerra” a explorar o turismo sexual – “Como as negrras do Nepal, tem. Das ilhas Virrgens também. É só ir. Feito as mocinhas da Guiana.” (p. 37) – e o menosprezo dos estrangeiros com a mulher negra brasileira registrado em um contato por telefone. Não à toa a preocupação com o corpo fragmentado por séculos de violência da mulher negra que Miriam Alves versa no poema “Compor, decompor, recompor”: “Olho-me/ espelhos/ Imagens/ que não me contêm./ Decomponho-me/ Apalpo-me” (FONSECA, 2006, p. 20).
Nossa indignação permanece ao constatar a insensibilidade ao tratar de uma prostituta, as situações maniqueístas de quem aguardou o casamento com um estrangeiro, mesmo ciente da possibilidade de ser escrava – “Mas valia. Menos pior que essa vida de bosta arrependida” (p. 41). A narrativa explora a violência policial e doméstica, mas trata de forma crua, apresenta a violência por si. “A vida dele é me chamar de piranha e vagabunda. E tirar sangue de mim. Cadê os meus dentes? Nem vê que eu estou esperando uma criança. Agora, disso ninguém tem ciência. Ninguém dá um fim. // Mulher como eu ser tratada assim” (p. 42). Triste realidade das mulheres negras, excluídas do padrão nacional de beleza. Avançando nessa questão, Conceição Evaristo frisa que esse corpo feminino negro
“de corpo-procriação e/ou corpo-objeto de prazer do macho senhor, não desenha para ela, a imagem de mulher-mãe, perfil delineado para as mulheres brancas, em geral. Observando que o imaginário sobre a mulher na cultura ocidental constrói-se na dialética do bem e do mal, (...) simbolizada pelas figuras de Eva e de Maria, e que o corpo da mulher se salva pela maternidade, a ausência de tal representação para a mulher negra, acaba por fixá-la no lugar de um mal não redimido” (EVARISTO, 2007, p. 21).
Insensibilidade maior e mais perversa por ser a protagonista uma criança encontramos no conto “Nossa rainha”. Uma menina idolatra a apresentadora Xuxa, “Eu quero ser Xuxa. Eu quero ser Xuxa. Eu quero ser Xuxa.” (p. 74). Entretanto, o conto omite-se ao não denunciar a perversidade de tal expectativa ilusória à criança negra, impossibilidade imposta por seu fenótipo, maldade que a criança não compreende e terá sua esperança minada ao longo do crescimento quando se deparará com as diferenças do fenótipo, distanciando-a do padrão de beleza brasileiro, assumidamente branco. De forma tímida e sem querer entrar na questão racial, na voz da mãe da menina, afirma: “Fazer isso com filha de pobre. Que horror! (...) Xuxa, Xuxa, Xuxa. Diz pra ela pensar em outra coisa, sonhar com os pés nos chão” (p.74-75). De novo a narração omite-se de apresentar os problemas raciais que nós vivemos, principalmente a criança negra que não encontra referenciais nos quais se espelhe e sonha o impossível, algo que no futuro gerará imensa frustração.
Diante de tantas omissões frente aos preconceitos que sofremos no cotidiano, não estranhamos que o preconceito racial seja escancarado entre personagens negras, como acontece em “Solar dos Príncipes”. Vemos com pesar o eu enunciador (branco) utilizar o célebre recurso defensivo do racismo à brasileira, aquele que insiste em afirmar que não há racismo do branco para o negro, mas que adora apontar o racismo entre nós. O conto narra a vontade de um grupo de jovens moradores de uma comunidade de fazer uma filmagem do cotidiano de quem vive em um prédio de classe média – “A ideia é entrar num apartamento do prédio, de supetão, e filmar, fazer uma entrevista com o morador” (p. 24). Contudo, os jovens são barrados na portaria por um assustado porteiro: “O porteiro apertou o apartamento 101, 102, 108. Foi mexendo em tudo que é andar. Estou sendo assaltado, pressionado, liguem para o 190, sei lá. (...) Esse porteiro nem parece preto, deixando a gente preso do lado de fora” (p. 25). Deplorável a escolha do autor.
Após a leitura de “Contos Negreiros” constatamos a incapacidade do eu enunciador de Marcelino Freire querer-se negro, incapaz de apresentar reflexões críticas aos dilemas, conflitos, anseios e dramas que nós, negros, vivenciamos. Os contos enfatizam o mundo cão, a violência desmedida, a mesma violência a qual foram submetidos nossos antepassados na saída forçada do continente africano e que persiste nos dias atuais. Denunciar a dureza da vida da maioria de nossos irmãos é pouco, muito pouco. Ainda mais com a visão estereotipada que as personagens apresentam, para além das situações inviáveis que tornam os protagonistas reféns dos destinos traçados, mantendo a forma pejorativa como o cânone literário brasileiro sempre tratou as personagens negras, assim como não busca interferir na rígida divisão social que sempre legou à população negra o seu espaço inserido na miséria e na falta de oportunidades.
Para finalizar, não precisamos de um livro que somente exponha nossas dores e fracassos, não apresente soluções para resistirmos à exclusão, não procure valorizar nossa autoestima tão massacrada, não respeite tantos escritores(as) negros(as) que no passado lutaram dignamente e hoje ainda continuam lutando para combater o atroz racismo que sofremos. Precisamos de escritores(as) que tenham comprometimento com a valorização e afirmação do negro, buscando uma palavra depurada e um criativo trabalho da linguagem literária que ressignifiquem nosso papel na sociedade, ressemantizem as máscaras do racismo, ampliem e renovem o termo “negro” longe dos significados negativos impostos no decorrer da história. Ou seja, privilegiando um apurado trabalho estético, esperamos nos defrontar com textos que rompam com a hipocrisia imposta envolvente das nossas relações inter-raciais e contribuam para o fim do litígio que nos oprime nesta sociedade. Caminho trilhado com brilhantismo por autores(as) como Cuti, Conceição Evaristo, Éle Semog, Miriam Alves, Cristiane Sobral, Carlos de Assumpção, Lia Vieira, Jamu Minka, Jônatas Conceição, Esmeralda Ribeiro e tantos(as) outros(as). Caminho que Marcelino Freire passou à margem, para além do desrespeito com a nossa história literária e social.
BIBLIOGRAFIA:
ALVES, Miriam. BrasilAfro autorrevelado: literatura brasileira contemporânea. Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo. In: Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Ashoka Empreendedores Sociais/Takano Cidadania, 2003. Apud: EVARISTO, Conceição. Literatura Negra. Rio de Janeiro: CEAP, 2007.
EVARISTO, Conceição. Literatura Negra. Rio de Janeiro: CEAP, 2007.
FONSECA, Maria Nazareth Soares Fonseca. Literatura Negra, Literatura Afro-Brasileira: como responder à polêmica? In: Literatura Afro-Brasileira. Salvador/Brasília: Centro de estudos afro-orientais/Fundação Cultural Palmares. 2006. p. 9 – 38.
FREIRE, Marcelino. Contos Negreiros. Rio de Janeiro: Record, 2005.
WEBGRAFIA:
DUARTE, Eduardo de Assis. Literatura e Afrodescendência. Disponível em www.letras.ufmg.br/literafro Apud: ALVES, Miriam. BrasilAfro autorrevelado: literatura brasileira contemporânea. Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
O problema de quem elege uma questão político-social para combater, e, a partir dela, um objeto de pesquisa, é que tudo o que se analisa passa a ser olhado ou como reforçando o problema, no caso, o preconceito racial, ou ajudando a combatê-lo. Um livro como o "Contos negreiros" passa a ser entendido a partir da primeira possibilidade, e não como o que propõe: ser uma paródia tanto dos nossos preconceitos quanto das nossas boas intenções, mostrando sua fragilidade e a desimportância ante o desejo, o modo próprio de se fazer as coisas e de se enxergar (não necessariamente alimentando preconceitos), a ironia e o convite a olhares sobre si e o outro que não se reduzam ao algoz-vítima. Os papéis se invertem, no jogo sutil dos encontros... A literatura mostra isso, ganhando de muitas análises científicas. Ou as convidando pra aprenderem com a imaginação, o desejo e o cotidiano.
ResponderExcluirPrezado, até concordaria com sua opinião se encontrasse o que demonstrou no livro aqui discutido. Penso ter sido uma infeliz incursão do autor que apenas reforçou estereótipos, que há anos tentamos combater.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
E eu agradeço a resposta, Ricardo. Não acho que o livro defenda causa nenhuma, ou tenha que defendê-la. Talvez mostre que, além das violências, existem outros processos, sentidos e afetos entre as pessoas. A literatura, ou a arte em geral, me parece interessante quando desacomoda certezas, sejam as que buscam legitimar violências, sejam as que fixam a imagem que criticam.
ResponderExcluirObrigado pela troca, trmattos! No meu entendimento, o maior fracasso do eu enunciador de Freire é um olhar distanciado que não procura aprofundar as vivências dos negros, principalmente no que diz respeito à afetividade e à violência. Reforça o negro como objeto de estudo, e não sujeito. Nesse sentido, não consigo entender o Jabuti para CN, mas aí já seria outra discussão. Com isso, reafirma o que se espera de experiências negras. Um contraponto a "Contos Negreiros" seria o livro "Contos Crespos", de Cuti. Neste, pode-se encontrar o incômodo que desestabiliza as certezas, a ordem vigente e provavelmente, cause choque para a indiferença aos problemas étnico-raciais da nossa sociedade, sendo uma grande contribuição para debater o que vivemos.
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