sexta-feira, 31 de outubro de 2008

UFRJ - Kiki Lima, palestra cancelada

De acordo com e-mail da Profa. Carmen Lucia Tindó Secco,

o pintor Kiki Lima não mais irá à UFRJ no dia 1 de dezembro.

Ricardo Riso

*E-mail recebido no dia 30 de outubro, às 19h06.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Nelson Saúte - Escrevedor de Destinos (novo livro)


Fui informado pelo amigo Ouri Pota, do blog Mãos de Moçambique, que Nelson Saúte lançou um novo livro esta semana em Maputo: Escrevedor de Destinos, pela Editora Ndjira.

A seguir, as melhores informações que encontrei na web a respeito sobre o novo livro.

Ricardo Riso


http://maosdemocambique.blogspot.com/
Para os amantes da literatura Moçambicana. Saibam que será apresentado hoje 23 de Outubro de 2008, as 18 horas, a obra Escrevedor de Destinos de autoria de Nelson Saúte, na sede da Empresa Portos e Caminhos de Ferro.

Na obra que sai sob a chancela da editora Ndjira, Nelson Saúte explora o género da crónica em forma de carta. É uma singela homenagem de um escritor preocupado com os fazedores do dia-a-dia de Moçambique os seus demónios tutelares), e dos que também influenciam e influenciaram a trajectória política, desportiva, sócio-cultural e até ideológica do País.


http://ma-schamba.com/literatura-mocambique/o-escrevedor-de-destinos-de-nelson-saute/

Escrevedor de Destinos, de Nelson Saúte
25 de Outubro de 2008
Mais um atrevimento de Nelson Saúte. 36 “cartas” com destinatário afixado, crónicas em forma epistolar chamou-lhes avisadamente o poeta António Pinto de Abreu, também já memória autobiográfica de Nelson Saúte, traçando diálogo com as personagens que lhe foram marcos (Nogar, Craveirinha, Knopfli - do qual foi, com Francisco Noa, aqui paladino -, Noémia de Sousa, Albino Magaia, etc.) mas também que lhe são companheiros (como p. ex. Gemuce ou Simões, artistas trazidos para o “lado de cá” do mundo das letras). Com isto traçando um quadro, bem mais polémico do que a suavidade da forma deixa entrever em primeira zleitura, do que vem sendo Moçambique. Arriscando até ser (ascender a?) cartilha de acção.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

UFRJ - Pepetela, Ondjaki, João Melo e Kiki Lima

ATENÇÃO!!!!
A palestra do pintor Kiki Lima foi cancelada.
Esta informação foi passada pela Profa. Carmen Lucia Tindó Secco em e-mail do dia 30 de outubro, às 19h06.

LITERATURAS AFRICANAS: CONHECER PARA AMAR
dias 17 e 28 de novembro de 2008
Faculdade de Letras da UFRJ - Auditórios E1, E2 e G1
inscrições só para ouvintes até 17 de novembro, na Cátedra Jorge de Sena
preço: R$ 5,00 com direito a certificado



LITERATURAS AFRICANAS: CONHECER PARA AMAR
PEPETELA & ONDJAKI
17 de novembro de 2008, no G1
Faculdade de Letras da UFRJ
inscrições só para ouvintes até 17 de novembro, na Cátedra Jorge de Sena
preço: R$ 5,00 com direito a certificado

LITERATURAS AFRICANAS: CONHECER PARA AMAR
poeta e escritor angolano JOÃO MELO lança no Brasil o livro FILHOS DA PÁTRIA
28 de novembro de 2008, às 11h no G1
Faculdade de Letras da UFRJ
inscrições só para ouvintes até 17 de novembro, na Cátedra Jorge de Sena
preço: R$ 5,00 com direito a certificado

ATENÇÃO!!!!

A palestra do pintor Kiki Lima foi cancelada.

Esta informação foi passada pela Profa. Carmen Lucia Tindó Secco em e-mail do dia 30 de outubro, às 19h06.

LITERATURAS AFRICANAS: CONHECER PARA AMAR
KIKI LIMA, grande pintor de Cabo Verde
1 de dezembro de 2008 – às 9h, na sala D220
Faculdade de Letras da UFRJ


*E-mail enviado pela Profa. Carmen Lucia Tindó Secco, em 27 de outubro de 2008, às 16h37.

Palestras Ricardo Riso - UERJ e UNESA

Farei duas palestras nos próximos dias. A primeira, intitulada Breve panorama da literatura cabo-verdiana, acontecerá nos dias 30/10 - às 17h, e 01/11 - às 10h, na sala RAV-94, em uma mesa-redonda que encerrará o curso de extensão História da África Antiga, ministrado pelo Prof. Ms. Cristiano Bispo, patrocinado pelo Núcleo de Estudos Antigos (NEA)/UERJ.

A segunda será durante a Semana de Letras 2008 – Universidade Estácio de Sá/campus Millôr Fernandes. Apresentarei a palestra Diálogos possíveis: letras e telas de Angola, Cabo Verde e Moçambique, dia 04/11, às 21h (sala ainda não definida).

A seguir, a programação da Semana de Letras 2008.

Abraços,
Ricardo


03/11/2008 - 2ª feira

ABERTURA
LOCAL: Biblioteca
19:30 – Abertura
Prof. DEONÍSIO DA SILVA
DIRETOR DO CURSO DE LETRAS

04/11/2008 – 3ª feira

LOCAL: Biblioteca
19:30: - LEONARDO BERENGER ALVES CARNEIRO
“Mary England”

LOCAL: Sala XXX
19:30: - Profª ANA CRISTINA COUTINHO VIEGAS
“Oficina de Leitura”

LOCAL: Biblioteca
21:00 – Profª MARTA NASCIMENTO FARACO PIMENTEL
“Neologismos nas charges e nas histórias em quadrinhos dos jornais cariocas: uma abordagem léxico-semântico-discursiva”

LOCAL: Sala XXX
21:00 – Aluno RICARDO SILVA RAMOS DE SOUZA
“Diálogos possíveis: letras e telas de Angola, Cabo Verde e Moçambique”


05/11/2008 - 4ª feira

LOCAL: Biblioteca
Prof. CARLOS ALBERTO STOWASSER SANTOS
19:30 - "A identidade feminina na obra de Florbela Espanca".

LOCAL: Sala XXX
19:30 – Profª GILDA KORFF DIEGUEZ
Apresentação do trabalho de pesquisa: “O realismo fantástico na literatura”
Aluna DAYANA MENDES LOPES
Aluna FABIENNE BRUCE OLIVEIRA


“LOCAL: Biblioteca
21:00 - Prof PEDAGOGIA

LOCAL: Sala XXX
21:00 – Aluna ANA PIÑON
“Novela picaresca espanhola” ou “Quixote”

06/11/2008 - 5ª feira

LOCAL: Biblioteca
19:30 – ROSANGELA SALVIANO
“Título”

LOCAL: Sala XXX
19:30 - Profª NORMA LIMA
“O docente e a Lei 10.639, que instituiu o ensino da Cultura Afro-Brasileira nas escolas públicas e privadas”.

LOCAL: Biblioteca
21:00 – Prof. MARIA DA CONCEIÇÃO GUERRA DE MORAES
"Pablo Neruda e Nicolás Guillén: poetas da liberdade"

LOCAL: Sala XXX
21:00h – RUBEN MARCELINO BENTO DA SILVA
“Poesia Práxis: Adailton Medeiros”

07/11/2008 - 6ª feira

LOCAL: Biblioteca
19:30 Prof. IVO LUCCHESI
“Do código verbal ao audiovisual: um caminho sem volta”

LOCAL: Sala XXX
19:30 – Prof. ACCACIO JOSÉ PINTO DE FREITAS
“Oficina de Leitura de Poesia: campo semântico”

Local: Biblioteca
21:00 – Aluno LEONEL ISAC VELLOSO
“Sousândrade: a margem e a errância”

Descumprimento da Lei 10.639/03

27/10/2008 - 09h58
Colégios ignoram lei que obriga ensino da cultura afro

CÍNTIA ACAYABA
THIAGO REIS
da Agência Folha


http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u460795.shtml

Depois de cinco anos e mais de R$ 10 milhões gastos com capacitação de professores, a lei federal que obriga escolas públicas e particulares de todo o país a ensinar história e cultura afro-brasileira --uma das primeiras medidas do governo Lula-- não saiu do papel.

São poucos os colégios que hoje têm o tema inserido na grade curricular. Às vésperas do mês da Consciência Negra, o MEC quer mudar o quadro. Diz que vai lançar, em novembro, um plano nacional de implantação da lei, com distribuição de material didático e monitoramento das atividades.

"Não houve um planejamento. Só algumas escolas públicas, em razão de professores interessados, adotaram a lei. As particulares nem sequer discutiram a temática", diz Leonor Araújo, coordenadora-geral de Diversidade e Inclusão do MEC. Segundo ela, o estabelecimento da lei deixará de ser uma iniciativa individual para se tornar institucional. O MEC não sabe quantas escolas já cumprem, de fato, a lei.

Araújo diz que o objetivo é combater a discriminação e dar à escola "uma nova identidade na área didático-pedagógica". "Alunos negros não conseguem se ver na escola, já que não existe nada que os identifique."

A lei 10.639, de janeiro de 2003, prevê a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" e coloca como conteúdo o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade. Uma nova lei, a 11.645, de março último, mantém as disposições e inclui ainda a questão indígena.

Araújo diz que o MEC capacitou 40 mil professores, mas que não houve o resultado esperado. Afirma ser preciso qualificar também diretores e, coordenadores pedagógicos.

O não-cumprimento da lei fez com que promotores e entidades se mobilizassem no país.

Na Bahia --Estado que abriga uma das maiores populações de negros no Brasil-- o Ministério Público instaurou inquérito civil em 2007 e notificou as escolas para que cumpram a lei.

Em São Paulo, o Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) entrou com representação no Ministério Público Federal para questionar 20 cidades da Grande São Paulo, incluindo a capital, sobre quais ações estavam sendo tomadas. O presidente do Sieeesp (sindicato das escolas particulares de SP), José Augusto de Mattos Lourenço, nega que a maioria das escolas não esteja cumprindo a lei.

Lei

O que diz a lei 10.639, de 2003
Estabelece a inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira"

Coloca como conteúdo o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, bem como a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil

O que diz a lei 11.645, de 2008

Mantém todos os dispositivos anteriores, mas inclui também a obrigatoriedade da temática indígena no currículo

Fonte: Presidência da República

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Conceição Evaristo - "Poemas da recordação e outros movimentos"


A Kitabu Livraria Negra e a Nandyala Livraria e Editora, convidam para o lançamento:

"Poemas da recordação e outros movimentos"
de Conceição Evaristo
(autora de Ponciá Vicêncio e Becos da Memória)


Data: 30/10/2008
Horário: 19:00
Local: Kitabu Livraria Negra
End: Rua Joaquim Silva, 17 - Lapa

E-mail enviado pela Kitabu - Livraria Negra em 26 de outubro, às 19h48.

Pepetela e Ondjaki na UFRJ

MESA-REDONDA

com os escritores angolanos

PEPETELA


e

ONDJAKI


17 de novembro, às 9h, Aud. G-1
Faculdade de Letras da UFRJ

Apoio Setor Cultural – F. Letras-UFRJ


*E-mail gentilmente enviado pela Profa. Carmen Lucia Tindó Secco no dia 25 de outubro de 2008, às 11h14.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

João Melo - Filhos da Pátria (lançamento do livro)*

No dia 03 de novembro - segunda-feira, às 16h, na Biblioteca Nacional, o escritor e ensaísta angolano João Melo lançará o seu livro Filhos da Pátria, pela editora Record. Neste dia, João Melo será apresentado por Muniz Sodré.


Lançamento livro Filhos da Pátria, de João Melo
Biblioteca Nacional
Av. rio Branco, 219 - Cinelândia - Centro
Rio de Janeiro - RJ
Tel: 3095-3879
http://www.bn.br/

*E-mail gentilmente enviado por João Melo no dia 23 de outubro de 2008, às 14h45.

ÁFRICA 21 DIGITAL (revista)

A revista eletrônica ÁFRICA 21 DIGITAL - http://www.africa21digital.com/index.kmf -, com sede em Angola, aborda diversas áreas do conhecimento acerca do continente africano, a saber: Política, Economia, Culturas, Comportamentos, Colunistas, Turismo & Viagens e Conhecimento. Entre os colunistas, nomes significativos das literaturas africanas de língua portuguesa, como João Melo, que participa do Conselho Editorial, e algumas participações de Mia Couto. Nas crônicas, encontramos Germano Almeida, Odete Costa Semedo, Pepetela e Luiz Ruffato

A revista possui periodicidade mensal e as edições de junho a setembro/2008 estão disponíveis para download - http://www.africa21digital.com/revista_edicoes.kmf.

ÁFRICA 21 DIGITAL também é impressa, podendo ser feita assinatura semestral ou anual, através de um escritório localizado em Brasília. Para maiores informações: http://www.africa21digital.com/revista_assinaturas.kmf.

Sem mais,
Ricardo Riso

CEAO seleciona Tutoras(es) Presenciais para curso a distância


O Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO/UFBA) seleciona, para trabalho temporário:

09(NOVE) TUTORAS(ES) para Curso a Distância de Formação para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileiras, com data provável de início em
novembro de 2008.

PERFIL:

· Experiência docente

· Formação nas áreas do curso (História, Literatura e/ou Cultura Afro-brasileiras)

· Familiaridade com a Internet

· Domínio da Língua Portuguesa

FORMAÇÃO ACADÊMICA: Formação em História, Ciências Sociais, Letras ou Educação (Especialização, Mestrado e/ou Doutorado)

ATRIBUIÇÕES:

· Acompanhar as atividades do curso, orientando os estudantes nos pólos presenciais;

· Participar das reuniões com a equipe para o planejamento e avaliação das atividades do curso

LOCAL DE TRABALHO: Pólos presenciais nos municípios de Salvador (1 vaga), Lauro de Freitas (2 vagas), Camaçari (2 vagas), Simões Filho (2 vagas), Mata de São João (2 vagas)

DURAÇÃO DO CONTRATO: 8(oito) meses

PAGAMENTO: bolsa mensal de R$ 500,00 (quinhentos reais)

SELEÇÃO: análise de currículo e entrevista (somente serão convidados para a entrevista os(as) candidatos(as) que preencherem os pré-requisitos exigidos).

Os(As) interessados(as) deverão comparecer ao CEAO, portando o Curriculum Vitae com comprovação de escolaridade e das experiências profissionais, até o dia 31/10/2008 (sexta-feira), das 9 às 17 horas.
Procurar Profª Zelinda.
* E-mail enviado pela Profa. Zelinda Barros, autora do blog Fazer Valer a Lei 11.645/08, http://www.fazervaleralei.blogspot.com/, no dia 22 de outubro de 2008, às 17h12.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

UFRJ - LITERATURAS AFRICANAS: CONHECER PARA AMAR


Divulgo e-mail enviado pela Profa. Carmen Lucia Tindó Secco, no dia 22 de outubruo, a respeito do evento Literaturas Africanas: conhecer para amar.

O Pepetela virá à UFRJ no dia 17 de novembro, às 9h; por isso mudamos a programação do evento. Divulguem a nova programação.

LITERATURAS AFRICANAS: CONHECER PARA AMAR
Dia 17 de novembro de 2008 (segunda-feira)

OLHARES SOBRE A POESIA E A FICÇÃO DE ANGOLA E MOÇAMBIQUE
9:00 - Abertura – Auditório G1
9:15 - Declamações de poemas africanos pelos alunos
9:30 às 11:00 – Palestra do escritor Pepetela – Auditório G1
11:00 às 11:15 - Declamações de poemas africanos pelos alunos
11:15 às 13:00 – Mesa-Redonda sobre Ficção – Auditório G1
1. Otavio Meloni (coordenador): Traços poéticos, fronteiras da língua
2. Renata Flávia: A Literatura Angolana e seus espaços ficcionais
3. Roberta Franco: Luandino Vieira, Pepetela e Ondjaki: infância e violência em três momentos da literatura (e da história) de Angola
4. Robson Dutra: O terrorista de Berkeley, Califórnia, de Pepetela e a cartografia identitária de Angola

13:00 às 14:00 – almoço

14:00 às 15:30 - Mesas de Comunicações

Mesa 1: G1
POESIA E PINTURA EM AUTORES DE CABO VERDE E MOÇAMBIQUE
Coordenador: Diego Alves Moreira
1. Vinícius Antunes da Silva: Parábola caboverdiana: Almada e Figueira entre o Éden e o Hades
2. Giselly Pereira: O mar e a mulher em Cabo Verde através da poesia de Vera Duarte e da pintura de Hileno Barbosa
3. Viviane Mendes de Moraes: Memória, mito e erotismo em José Craveirinha e Malangatana Valente

Mesa 2: G2
A REINVENÇÃO DAS PALAVRAS NA FICÇÂO DE MIA COUTO E LUANDINO VIEIRA
Coordenadora: Roberta Guimarães Franco
1. Ramon Ramos: A terra de hoje e os rios de ontem
2. Fernanda Drummond: Luandino Vieira: umas veredas
3. Paulo José Filho: Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra: aspectos da oralidade que geram o real e o fantástico

Mesa 3: E1
POESIA MOÇAMBICANA
Coordenadora: Edna Nazaré Batista Tourão
1. Kim Albano de Barros e Élvio Cotrim : Rui Knopfli e uma poética da citação
2. Thaís Santos: A dinamicidade temporal mítica na poética de José Craveirinha: a cosmogonia de uma nova literatura

Mesa 4: E2
O RISO E A IRONIA EM TEXTOS ANGOLANOS E CABO-VERDIANOS
Coordenadora: Lucimar Francisco Ribeiro
1. Priscila da Silva Campos: Viriato da Cruz e o transcriar irônico da angolanidade
2. Nilzelaine Silva dos Anjos: Aspectos da crônica e da ironia na poesia de Viriato da Cruz
3. André Salviano: João Melo espelhando Machado de Assis


Dia 28 de novembro de 2008 (sexta-feira):
9:00 às 11 h Projeção do filme O Testamento do Sr. Napumoceno –Auditório G1

ANGOLA E CABO VERDE EM DIÁLOGO
11:00 às 12:15 - Vozes representativas da poesia de Angola e Cabo Verde: Corsino Fortes, José Luís Tavares e João Melo.
Coordenação Dra. Laura Padilha – Auditório G1

VOZES E IMAGENS DE UM ARQUIPÉLAGO
12:15 às 13:15 - Vozes femininas de Cabo Verde: Dina Salústio e Fátima Bettencourt .
Coordenação: Dra. Teresa Salgado – Auditório G1
13:15 às 14:00 - Kiki Lima: cor e movimento na Pintura de Cabo Verde.
Coordenação: Dra. Carmen Tindó– Auditório G1
14:00 - Declamações de poesia pelo grupo “Metaforia”

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Copa de 78: a capacidade de um povo de viver uma irrealidade e não perceber


Acabo de assistir ao magistral programa Observatório da Imprensa (TV Brasil), comandado pelo jornalista Alberto Dines, um dos homens que representa a própria história do nosso jornalismo e um ardoroso defensor da democracia e da liberdade de imprensa. O programa de hoje foi realizado na Argentina e vasculha uma controversa passagem da história recente do país, que foi a Copa do Mundo de Futebol de 1978, sob o sangrento regime ditatorial do Gal. Videla.

Naquela Copa, a Argentina para chegar à final precisaria ganhar do Peru por uma diferença de quatro gols. Assim, eliminaria o Brasil. Como o selecionado peruano era considerado um bom time, havia um consenso de que a tarefa portenha seria difícil de ser concretizada. Todavia, para a surpresa de todos, quando começou a partida os gols argentinos foram se sucedendo com tamanha facilidade que ao apito final o placar marcava 6 x 0 para os donos da casa. Logo, a Argentina faria a final com a Holanda e o Brasil disputaria o terceiro lugar.

Imediatamente a delegação brasileira e nossos jornalistas fizeram sérias acusações a respeito do resultado do jogo, alegando suborno e outros mais. Como não houve apelo maior entre a imprensa mundial, as reclamações não foram investigadas, o Brasil ficou com o título de “campeão moral”, de acordo com o nosso técnico à época, o saudoso Cláudio Coutinho, a Argentina ganhou seu primeiro mundial e a ditadura militar garantiu uma sobrevida. Com o apoio da FIFA.

Feito um breve resumo do que aconteceu no fatídico campeonato, vamos ao programa.

Dines, perspicaz e com a excelência costumeira, investiga o papel da imprensa argentina durante a Copa. Entrevista jornalistas daqui como Luís Mendes e Juca Kfouri; jornalistas de lá que cobriram o Mundial, como Ricardo Gotta, autor do bombástico livro recém publicado “Fuimos Campeones”; e jornalistas da nova geração que revisitam o passado e tentam desvendar o que aconteceu durante os vinte e cinco dias de disputa e, principalmente, na partida contra o Peru. Trinta anos depois, o fantasma daquele jogo está mais vivo do que nunca e novos depoimentos surpreendentes, demonstram a armação que foi a referida partida, como o jogador argentino que revela, além do já declarado suborno em outras ocasiões, mas o fato do time portenho ter jogado dopado.

Todavia, o que mais me chocou foi notar o clima de euforia causado no país. Nada diferente do que aconteceu aqui, na Copa de 70. Estávamos sob as garras de Médici, o mais cruel dos nossos ditadores, porém a Copa era no México. OK, mas o que me deixou estarrecido foi ver as imagens de televisão com a vibração da população nos estádios, enquanto o pau quebrava nos porões, e as manifestações contra os desaparecidos aconteciam e eram sufocadas etc. Impressiona-me o poder de manipulação do futebol e o seu uso político, algo que é sempre denunciado, nenhuma novidade. Contudo, ainda fico espantado.

Durante a Copa, a perversidade e a euforia estavam praticamente lado a lado. Não sabia que a dez quadras do estádio da final do Mundial, palco do time do River Plate, o grandioso Monumental Del Nuñez, localizava-se a Escuela de Mecanica de la Armada, o principal centro de tortura do país, local de milhares de mortes, também de onde saíam os presos políticos em aviões e, em seguida, jogados no mar.

Fico estarrecido com todas essas histórias ocorridas contra o homem, contra a supressão dos direitos individuais, contra a vida. A frase utilizada no título deste texto, “a capacidade de um povo de viver uma irrealidade e não perceber”, foi dita por um jovem documentarista, Christian Remoli, autor de “Mundial 78 – verdad o mentira”. E não há como não constatar que ele foi muito feliz ao se expressar. Basta ver o que aconteceu e acontece por aqui.

Para Alberto Dines, ao encerrar o programa, aquela partida contra o Peru e aquele Mundial de 78 ainda não terminaram. Uma partida de futebol encerra-se com o apito final, porém, diante de tantas suspeitas e dúvidas, é dever da Imprensa investigar o passado e trazer à tona as respostas ainda não esclarecidas de um triste, e por que não? (paradoxos latino-americanos), feliz momento da história contemporânea da Argentina.

Eu também aguardo o apito final daquela Copa do Mundo.
Ricardo Riso
Tinha quatro anos de idade durante a Copa de 78, que à época não sabia do que se tratava e muito menos que vivíamos sob uma ditadura, e ficou estático quando ouviu pela primeira vez, poucos anos depois, a armação do jogo Argentina x Peru e tudo o que o cercou. Naquele momento, descobriu que os fantasmas eram reais e vestiam fardas.

http://www.tvebrasil.com.br/observatorio/
Este foi o primeiro de uma série de três programas realizados no país vizinho. Terças, às 22h30, na TVE Brasil/Rio de Janeiro.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

África na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo



A mostra de São Paulo traz algumas das últimas produções de cineastas africanos, assim como daqueles que encontraram seu objeto neste continente. Filmes acessíveis somente em São Paulo, e disponíveis por um período curtíssimo de tempo.

O QUE FAZEMOS AQUI? (2008) de Brandon, Nic, Daniel, T. Klein. Egito, Sudão, Etiópia, Somália, Quênia, Uganda, Ruanda, Tanzânia, Malaui, Zâmbia, Botsuana. História de uma viagem que cruzando a África, na tentativa de entender um dos grandes problemas de nosso tempo: o fracasso em acabar com a pobreza.
21/10 - 17:50, Cinemateca; 23/10 - 17:00, Cine Olido; 30/10 - 17:50, Unibanco Arteplex.

MANDA O DIABO PARA O INFERNO (2008), de G. Reticker. EUA. Um grupo de mulheres da Libéria vão para o meio da sangrenta guerra civil e enfrentam o regime militar de Charles Taylor, em 2003. Essas mulheres – cristãs e muçulmanas –, formam uma linha branca entre as forças de oposição e conseguem pôr fim à luta armada. A demonstração dessa força culmina na eleição de Ellen Johnson Sirleaf, primeira mulher africana presidente.
23/10 - 22:30, Unibanco Arteplex; 24/10 - 17:30, Cinemateca; 25/10 - 20:20, Reserva Cultural, 28/10 - 22:00, Unibanco Augusta.

YOUSSOU N'DOUR: I BRING WHAT I LOVE (2008), de E. Chai Vasarhelyi. EUA. Youssou N'Dour ligou dois mundos – de estrela pop moderna, artista mais vendido no mercado africano em todos os tempos, ao de contador de histórias. A diretora acompanha N'Dour por dois anos – na África, Europa e América – para contar a história de como é lidar com esse desafio.
28/10 - 21:20, Unibanco Arteplex; 29/10 - 21:20, CineSesc; 30/10 - 13:30, Unibanco Arteplex.

PEACE MISSION (2008) de Dorothee Wenner. Alemanha. Desde 1990, a indústria do cinema nigeriano tornou-se o segundo maior empregador do país e atingiu imensa popularidade. O filme é uma visita guiada por Nollywood através dos sets de filmagens, lojas e locais freqüentados por celebridades em Lagos.
24/10 - 20:00; IG Cine, 25/10 - 20:40, Unibanco Pompéia; 30/10 - 18:00, Unibanco Augusta.

TEZA (2008) de Haile Gerima. Etiópia, Alemanha, França. O intelectual Anberber passou vários anos na Alemanha estudando Medicina e volta para a Etiópia apenas para encontrar 24/10 - 21:00, Cine TAM; 25/10 - 23:20, Unibanco Pompéia; 26/10 - 21:50, Cine Bombril; 27/10 - 22:00, Reserva Cultural.o país de sua juventude em guerra.

ADEUS ÀS MÃES (2007) de Mohamed Ismail. Marrocos. O ano 1960 é marcado por ondas de emigrantes judeus voltando para Israel em grande número, influenciados pelo serviço de imigração israelense. Duas famílias, uma judia e outra muçulmana, convivem lado a lado em estreita e sólida amizade. O destino cruelmente separa uma delas, deixando para a outra uma nobre missão a cumprir.
21/10 - 19:50; HSBC Belas Artes; 22/10 - 18:40, Cinemateca; 24/10 - 15:00, Faap.

BASRA (2008) de Ahmed Rashwan. Egito. Cairo, 17 de março de 2003. O ataque contra o Iraque é iminente. Como um fotógrafo egípcio, em seus trinta anos de idade, pode ficar ativo nessa atmosfera opressiva? Ou ele está caminhando para o colapso com a queda de Bagdá?
21/10 - 15:00, Cine Olido; 23/10 - 20:50, Cinemateca; 26/10 - 19:30, Shopping Eldorado; 29/10 - 21:00, Cine TAM.
O site da Mostra é www.mostra.org/32


*E-mail enviado pelo boletim da Casa das Áfricas - boletim@casadasafricas.org.br -, às 11h33, dia 21 de outubro de 2008.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Chacal e a Poesia Marginal

Anos 70, Rápido e Rasteiro: a efervescência poética de Chacal e a momentaneidade da poesia marginal durante as trevas da ditadura

Aula elaborada para a 3ª série do Ensino Médio, por Ricardo Riso

vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.
aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida.
(Chacal. rápido e rasteiro. In: Belvedere. Rio de Janeiro: Cosac & Naify, 2007. p. 353)

Ricardo Carvalho de Duarte, o Chacal, teve sua obra poética reunida na antologia “Belvedere”, publicada pela Cosac & Naify em 2007. Composta por treze livros, sendo o primeiro livro lançado em 1971, intitulado “Muito prazer, Ricardo”, que revolucionou a maneira de se publicar poesia no Brasil.

O início da década de 70 vivenciou o mais cruel e sanguinário dos governos militares. A ditadura, liderada pelo gal. Médici iniciava um processo de aniquilar qualquer organização ou pessoa que fosse contra o regime opressor, processo que estava claro desde a proclamação do AI-5, em 13 de dezembro de 1968. Data que marcou um longo período de trevas que perdurou até o ano de 1978.

Contudo, não foram apenas as organizações de esquerda que sofreram com a truculência da repressão, mas, principalmente as manifestações culturais nacionais passaram a ser perseguidas, cuja contestação, a arte engajada, politizada e de conscientização era impedida de aparecer em qualquer veículo de comunicação. O espaço das artes era dominado por pessoas com orientação de esquerda e ligadas a causas humanistas, porém, com a chegada dos anos 70, o governo militar passou a ser o principal patrocinador da cultura nacional. Isso quer dizer que a arte passou a ser ufanista. O teatro privilegiou grandes produções, o cinema que era uma das principais artes contra a ditadura graças ao cinema novo, passou a apresentar filmes sem conteúdo político e a incentivar as pornochanchadas. A nossa MPB sofria forte vigília, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros artistas foram obrigados a pegar o caminho do exílio. A imprensa, mais precisamente o Pasquim e o Jornal do Brasil, tinham seus jornalistas presos e edições recolhidas. Ou seja, estamos diante de um momento extremamente infeliz do país, em que as liberdades individuais não eram respeitadas e não havia espaço para questionamentos. Era uma época de intenso radicalismo tanto da direita quanto da esquerda.

Diante desse quadro, onde fica a poesia? Como surgiriam os novos poetas?

Como só era publicado aquilo que valorizasse os bens do país, qualquer vanguarda era desprezada pelo mercado editorial que tinha medo de sofrer represálias dos órgãos do regime. Por isso, Chacal e posteriormente seu amigo e também poeta Charles, revolucionaram a forma de se fazer poesia ao produzirem seus livros de forma mimeografada. Charles elucida como foi o início dessa caminhada:

O Guilherme (Mandaro) foi uma pessoa fundamental. (...) porque ele dava aula num curso pré-vestibular onde tinha um bendito de um mimeógrafo, e foi lá que a gente imprimiu os livros, o meu e o Muito prazer, do Chacal. Nós imprimimos clandestino, foi meio um golpe, indo para lá depois das 11 da noite, quando o cursinho já estava fechado. (COHN, p. 22)

Dessa maneira, os poetas passaram a assumir e a controlar todo o processo que envolve o livro. Além de criarem os poemas, eles editavam, imprimiam pequenas tiragens no mimeógrafo e faziam a distribuição desses livros nos lugares que encontrariam o público ideal para comprá-los. A seguir, Chacal comenta a sua forma de divulgação e como sua poesia foi aparecendo no reduzido, porém agitado meio cultural da época:

Acho que eu estava no lugar certo na hora certa, porque eu circulava onde tudo estava acontecendo, vendia o livro no píer, na porta dos teatros, nos bares do Baixo Leblon. E era por esses lugares que todo mundo passava. (...)
Eu tenho uma mania que é acreditar que existem pessoas que têm a doença de sua época, que conseguem captar e expressar o que está acontecendo, o que está no ar. E talvez, naquele momento, eu fosse uma dessas pessoas. Talvez até por não ter uma tradição literária, foi possível ousar mais, inventar mais e conseguir criar um texto novo que sintetizava bem aquele tempo. Os meus poemas tinham o clima do que estava rolando, do que éramos na nossa vida. Era uma poesia rápida, irreverente, pop.” (Cohn, p. 24)

O livro Muito Prazer chega às mãos de Waly Salomão, que na época dirigia o show Fa-tal, de Gal Costa, sendo este o maior acontecimento cultural do ano de 1972. WS fica entusiasmado com os poemas de Chacal e escreve uma crítica que é publicada na coluna jornalística Geléia Geral, de Torquato Neto, chamada “Cha-cal (carta sobre um jovem poeta)”:

Vejo cada dia mais Oswald de Andrade tornado patrimônio da civilização brasileira. Vejo os artistas cultuarem Oswald de Andrade e produzirem enxurradas de versalhadas (...) Ninguém vi com um entendimento tão afetivo (...) do Caderno do Alumno de Poesia de Oswald de Andrade quanto Chacal, Ricardo, autor deste maravilhoso Muito Prazer - edição mimeografada, mimeografada com desenhos.
Muito Prazer - apresentação de um jovem poeta. Muito Prazer: apresentação de um simples portador duma nova sensibilidade. (...) O livro é dado pelo autor aos corações apaixonados nas escarpas das dunas do barato, praia de Ipanema, Rio de Janeiro, gebê, Brasil. (COHN, p.25)

A referência a Oswald, destacada por Waly, é escancarada pelo poeta, que lança seu primeiro livro exatos cinqüenta anos após a Semana de 22:

Foi o Charles que trouxe um livro que seria um grande marco da minha vida, que era o volume do Oswald de Andrade daquela coleção da Agir, “Nossos Clássicos”. Era um livro pequeno, com apresentação do Haroldo de Campos, e trazia os manifestos, alguns poemas, além de trechos do Serafim Ponte Grande e do Miramar. Aquele livro me fascinou, eu achei aquele mundo ali maravilhoso, porque ao mesmo tempo em que havia toda uma postura de contestação através dos manifestos, tinha um humor e uma irreverência muito grandes nos poemas e nos textos em prosa. Eu fiquei sorvendo aquele livro durante um bom tempo, lendo e relendo... (COHN, p.20)

Da influência declarada, Chacal parodia alguns poemas de seu mestre Oswald, como em “Papo de Índio”:

veio uns ômi di saia preta
cheiu di caixinha e pó branco
qui eles disserum qui si chamava açucri
aí eles falarum e nós fechamu a cara
depois eles arrepitirrum e nós fechamu o corpo
aí eles insistirum e nós comemu eles. (Belvedere, p. 361)

Além da presença marcante do modernista brasileiro na poiesis de Chacal, depreendemos outras características que também serão encontradas nos poetas que estavam à margem do mercado editorial. Devemos ter em mente que a condição de marginalidade desses poetas não carrega o significado de banditismo, comum aos pós-tropicalistas como Torquato Neto e o já citado Waly Salomão, mas havia o sentido de quem está excluído de um sistema vigente, de uma ordem determinada. Os poetas surgidos nos anos 70 ficariam conhecidos como a geração do mimeógrafo ou como os poetas da poesia marginal.

Com a excelência costumeira, Heloísa Buarque de Hollanda aponta para a relação arte/vida presente na poesia desses autores e na “valorização do presente, do aqui e agora”. De uma poesia que está preocupada em retratar “a poetização de uma vivência” (HOLLANDA, p. 100), de “captar situações no momento em que estão acontecendo, sentimentos que estão sendo vividos e experimentados e fazer com que o próprio processo de elaboração do poema reforce esse caráter de momentaneidade” (HOLLANDA, p. 101). Uma poesia que não toma partido em relação à política, mostrando profundo desinteresse pelos discursos de poder, “os projetos não se fazem mais no sentido de mudar o sistema, de tomar o poder. Cresce, ao contrário, uma desconfiança básica na linguagem do sistema e do poder” (HOLLANDA, p. 100), tanto de direita quanto de esquerda. Entretanto, não podemos chamar essa geração de alienada como foi erroneamente acusada à época, diante de um poema como “SOS”:

tem gente morrendo de medo
tem gente morrendo de esquitossomose
tem gente morrendo de hepatite meningite sifilite
tem gente morrendo de fome
tem gente morrendo por muitas coisas

nós, que não somos médicos, psiquiatras,
nem ao menos bons cristãos,
nos dedicamos a salvar pessoas
que, como nós,
sofrem de um mal misterioso:
o sufoco. (Belvedere, p. 313)

Com a asfixia do regime ditatorial e o desencanto com a sociedade em que vivem, os poetas não querem contestar como as gerações dos anos 60, pois isso representaria a tortura e a morte. Há o sentimento de solidão acompanhado de um profundo mal-estar versado em “Desabutino”:

quem quer saber de um poeta na idade do rock
um cara que se cobre de pena e letras lentas
que passa sábado à noite embriagado
chorando que nem criança a solidão

quem quer saber de namoro na idade do pó
um romance romântico de cuba
cheio de dúvidas e desvarios
tal a balada de neil sekada

quem quer saber de mim na cidade do arrepio
um poeta sem eira na beira de um calipso neurótico
um orfeu fudido sem ficha nem ninguém para ligar
num dos 527 orelhões dessa cidade vazia (Belvedere, p. 305)

Com tanto desencanto, o próprio discurso universitário passa a ser recusado e tratado com desdém. As universidades foram esvaziadas dos seus melhores docentes, que foram presos, exilados ou mortos. Os grêmios estudantis fechados e os estudantes perseguidos. Há uma desconfiança em relação à intelectualidade e às instituições, como no poema “Pra quê?”:

sentado e estudantil, orlando perscrutava o absurdo e o rabo da professora. de repente, passos no corredor atrás da porta fechada. “serão policiais ou alunos atrasados?” takapassou a mulher com giz e abriu a porta. o homem colado com as orelhas entregando saiu de banda. bandeira. suástica caiu no chão. orlando viu o lance achou nada pisou na escada e não apareceu mais por ali.
pra quê? (Belvedere, p. 329)

Se na poesis de Chacal há Oswald, há uma constante ironia predominante em toda a sua obra poética como apreendemos em rápido e rasteiro e como será vista com maestria no poema "Alô, é o quampa?":

- Alô, é o quampa?
- não. é engano.
- Alô, é o quampa?
- não, é do bar do patamar.
- Alô, é o quampa?
- é ele mesmo, quem tá falando?
- é o foca mota da pesquisa do jota brasil. gostaria de saber suas impressões sobre essa tal de poesia marginal.
- ahhh... a poesia. a poesia é magistral. mas marginal pra mim é novidade. você que é bem informado, mi diga: a poesia matou alguém, andou roubando, aplicou algum cheque frio, jogou alguma bomba no senado?
- que eu saiba não. mas eu acho que é em relação ao conteúdo.
- mas isso não é novidade. desd'adão... ou você acha que alguém perde o paraíso e fica calado, nem o antonio.
- é verdade. mas deve haver algum motivo pra todos chamarem essa poesia de marginal.
- qual, essa?!? eu tou achando até bem comportada. sem palavrão, sem política, sem atentado à moral cristantã.
- não. não tô falando dessa que se lê aqui. tô falando dessa outra que virou moda.
- ahhhh... dessa eu não tou sabendo. ando meio barro-bosta por isso tenho ficado quieto em casa. rompi meu retiro pra atender esse telefone. e já que ti dei algumas impressões, você vai me trazer as seguintes ervas pra curar meus dissabores: manacá carobinha jurubeba picão da praia amor do campo malva e salsaparrilha. até já foca mota. (Belvedere, p. 293-294)

Os poetas dessa geração não se consideravam marginais e a própria crítica encontrava dificuldades em enquadrá-los nesse termo, daí a insistência claudicante do repórter e da ironia presente em todas as respostas do sujeito lírico.

A intenção nesta aula foi apresentar um rápido panorama da produção poética de Chacal e sua relação com a chamada Poesia Marginal, ou Geração do Mimeógrafo. Inferimos que Chacal e seus pares foram ousados e inovadores na busca por alternativas para a publicação de seus livros, em um momento difícil da recente história brasileira. No decorrer dos anos 70 suas atitudes desencadeariam na Nuvem Cigana, um coletivo de artistas que influenciou diversas áreas artísticas. Contudo, isso é uma outra história.

Exercícios:
1. Destaque qual o poeta e a qual movimento literário brasileiro inspirou-se Chacal para a confecção de sua poesia. Identifique o poema trabalhado em sala que faça essa referência.
2. A produção poética dos jovens nos anos 70 recebeu a alcunha de poesia marginal. A partir do poema “Alô, é o quampa?”, comente a utilização deste termo, o que a caracterizava como marginal e se havia semelhança com a geração anterior, dos tropicalistas e pós-tropicalistas do final dos anos 60.

Bibliografia:
COHN, Sergio (org). Nuvem Cigana - poesia e delírio no Rio dos anos 70. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2007.

CHACAL. Belvedere (1971-2007). São Paulo: Cosac Naify, 2007 (Coleção Ás de Colete: 18).

HOLLANDA, Heloísa Buarque. Impressões de viagem - CPC, Vanguarda e Desbunde: 1960/1970. São Paulo: Brasiliense, 1980.

Chacal na web:
http://chacalog.zip.net - blog pessoal do poeta
http://cep.zip.net - blog do CEP 20.000

domingo, 19 de outubro de 2008

FLIPORTO 2008 - PROGRAMAÇÃO LITERÁRIA

http://www.fliporto.net/pl_outubro.html

Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas
Trilhas da Diáspora: Literatura em África e América Latina
06 a 09 de novembro de 2008

ABERTURA

DIA 06 (quinta-feira)

17h - Palavra do curador geral ANTÔNIO CAMPOS
Apresentação grupo Mestre Salustiano

AULA ESPETÁCULO DE ARIANO SUASSUNA
Recital Negras Vozes
Recital de Marcelino dos Santos (Moçambique), Quincy Troupe( EUA) , Rei Berroa (Rep.Dom.) e Thiago de Mello (Brasil)
Lançamento do livro Solano Trindade, poeta do povo
Coquetel de confraternização


DIA 07 (sexta-feira)

Sala 1

9h – Lusografias : Literatura Lusófona Pós-Colonial
Palestra : Patrick Chabal(King’s College de Londres-Presidente da AEGIS :
Grupo África-Europa de Estudos Interdisciplinares em Ciências Humanas e Sociais)
Apresentação : Ângela Dionísio (Brasil/Coord.Pós Letras/Ufpe)

10h – Lusografias : A África no Brasil e o Brasil na África
Palestra : Alberto da Costa e Silva (ABL)
Apresentação : Virgínia Leal(Brasil/Diretora doCac/Ufpe)

11h - Lusografias : Lobo Antunes e a ficção portuguesa pós-colonial
Palestra : Ana Paula Arnaut (Universidade de Coimbra-Portugal)
Apresentação : Lucila Nogueira (Brasil/Ufpe/Curadora Literária Fliporto)
Lançamento de livros de Alberto da Costa e Silva e Ana Paula Arnaut


Sala 2

9h – Lusografias : Literatura Brasileira em Portugal
Palestra : Arnaldo Saraiva(Universidade do Porto)
Apresentação : José Rodrigues de Paiva (Brasil/Assoc.Est.Port.J.Emerenciano/UFPE)

10h - Lusografias : Sobre o Acordo Ortográfico
Palestra : Domício Proença Filho(ABL)
Apresentação : Maria José Luna (Brasil/UFPE)

11h – Lusografias : O Acordo Ortográfico e a Editora Língua Geral
José Eduardo Agualusa (Angola)
Apresentação : Nelly Carvalho (Brasil/UFPE)
Lançamento da Revista A Terceira Margem
Lançamento de livros da Editora Língua Geral


Sala 3

9h – Lusografias : A demanda pós-colonial das literaturas africanas
José Flávio Pessoa de Barros (Brasil-Univ.Cândido Mendes)
Roberto Pontes(Brasil-UFC)
Rita Chaves (Brasil-USP)
Vera Maquea (Brasil-Unemat)
César Giusti (Brasil/Ufpe) (Coordenador)

10h - Lusografias : uma trajetória
Alexandre Maia (Brasil - Ufpe)
Francisco Soares (Angola - Univ.Benguela)
Lucila Nogueira(Brasil-Ufpe)
Luis Cezerillo(Moçambique-Univ.Maputo)
José Rodrigues de Paiva(Brasil/Ufpe)(Coordenador)

11h - Lusografias : Literatura Lusófona no Timor Leste
Palestra : Pedro Rosa Mendes(Portugal/Timor Leste)
Apresentação : Gilda Lins (Brasil –Ed.Universitária/Ufpe)
Lançamento de Livros

I N T E R V A L O PARA ALMOÇO

Sala 1

15h – Literatura Moçambicana
Luiz Carlos Patraquim conversa com Paulina Chiziane
Leitura de Poesia por Marcelino dos Santos
Apresentadores : Perón Rios e Johnny Martins (Brasil/Ufpe)

16h - Literatura Angolana
Ana Paula Tavares conversa com Ondjaki
Leitura de poesia por Amélia Dalomba
Apresentadores : Pietro Graza e Lepê Correia (Brasil/Ufpe)

17h - Poesia das Américas
Quincy Troupe(EUA), Rei Berroa(Rep.Dom) e Thiago de Mello(Brasil)
Lançamento de livros


Sala 2

15h - Literatura de São Tomé e Príncipe
Palestra : Margarida Paredes (Portugal/Universidade De Lisboa)
Apresentação : Wilma Martins Mendonça(Ufpb) e Anamélia Maciel (Ufpe)
Leitura : Manuel Teles Neto-Malé Madeçu (São Tomé e Príncipe)
Apresentação : Olímpio Bonald (APL)e André Cervinskis(UFPB)

16h – Literatura de Cabo Verde
Palestra : José Manuel Esteves (Portugal/Univ.Paris-Ouest La Défense)
Apresentação : Gilda Santos (UFRJ-Real Gabinete Português de Leitura do Rio)
Lançamento livro do escritor Samuel Gonçalves
Apresentação : Alexandre Santos(Pres.ALANE)

17h – Literatura da Guiné Bissau
Palestra : Moema Parente Augel (Brasil/Alemanha/Univ.Bielefeld)
Apresentação : Roberto Pontes (Brasil/UFC)
Leitura de Poesia : Tony Tcheca (Guiné Bissau)
Apresentação : Vital Corrêa (UBE)
Lançamento do livro “O desafio do escombro”,de Moema Parente Augel.
e “Guiné sabura que dói “ de Tony Tcheca
Apresentação : Magnum Stalone(Ufpe)e alunos da Guiné Bissau na Ufpe


Sala 3

15h - Literatura da Guiné Equatorial
Palestra : Benita Sampedro Viscaya (Hofstra Univ.NY)
Apresentação : Alberto Poza(Espanha/Brasil/Ufpe)

16h –Recordando os 110 anos da morte do poeta afro-descendente Cruz e Sousa
Ângelo Monteiro (UFPE) conversa com Lauro Junkes (Pres.Acad.Catarin. de Letras)
Apresentação : Waldênio Porto (Pres. Academia Pernambucana de Letras)

17h - África de todos nós
José Jorge de Carvalho (São Paulo/USP)
Roberto Emerson Câmara Benjamin (Pernambuco/UFRPE)
Roberto Motta(Pernambuco/UFPE)
Yeda Pessoa de Castro (Bahia/UFBA)
Coordenação :Walteir Silva (Pernambuco/NEBA-UFPE)

EM SALA ESPECIAL
18h - Exibição do filme Cruz e Sousa, o poeta do desterro(Sylvio Back)
18h30 - Mostra dos filmes africanos vencedores do Festival de Tarifa
(Apoio Instituto Cervantes )
Apresentação : Juan Ignácio Jurado Centurión

EM SALA ESPECIAL
18h - Poema/instalação de Wellington de Melo
19h - Poesia e Pintura por Pedro Buarque

NA PRAÇA DAS PISCINAS NATURAIS
18h – Roda de Poesia Pernambucana
19h - Grupo MOVIPOESIA


DIA 08 (sábado)

Sala 1
9h - Ensaio Latino-Americano : Muerterismo y Vodu en Cuba
José Millet (Cuba/Venezuela)
Trad. do espanhol : Juan Pablo Martin Rodrigues

9h30 – Poesia Latino-americana : 70 anos sem Alfonsina Storni e César Vallejo Karine Rocha (UFPE) e Lucila Nogueira(Curadora Literária Fliporto)

10h - Sobre a Literatura Latino-americana
Juan Ignacio Jurado Centurión (Espanha/Brasil/UFPE)
Juan Pablo Martin Rodrigues(Espanha/Brasil/UFPE)
Luzilá Gonçalves Ferreira(UFPE)
Marieta Andion(Cuba/Espanha/Uned)
Schneider Carpeggiani (UFPE)
Sérgio Fonta (Rio de Janeiro)
Coordenador : Miguel Espar Argerich (Catalunha/Brasil/Ufpe)
Trad. do espanhol : Wellington de Melo

11h – Viva a Literatura Latino-americana
Fernando Nieto Cadena(Equador/México)
Francisco Fernandez (Nicarágua)
Nelson Simon(Cuba)
Rei Berroa(República Dominicana)
Vicente Gómez Montero(México)
Waldo Leyva(Cuba)
Coordenação : Alfredo Cordiviola ( Argentina/Brasil –UFPE)
(Trad.do espanhol : Juan Ignacio Jurado Centurión
Juan Pablo Martin Rodrigues
Wellington de Melo)
Lançamento de livros


Sala 2

9h – Literatura Brasileira Hoje
Bruno Piffardini (São Paulo/Pernambuco)
Cláudio Willer(São Paulo)
João Paulo Cuenca (Rio de Janeiro)
José Mário Rodrigues (Pernambuco)
Sérgio de Castro Pinto (Paraíba)
Vicente Franz Cecim(Pará)
Coordenação : Raimundo Carrero (Pernambuco)

10h – Literatura Brasileira : Quando o Escritor é Editor
Homero Fonseca (Revista Continente Multicultural)
João Gabriel de Lima (Revista Bravo)
José Nêumanne Pinto (Jornal O Estado de São Paulo)
Linaldo Guedes(Suplemento Correio das Artes)
Quincy Troupe(Black Renaissance Noir)
Ronaldo Bressane (Revista Entrelivros)
Coordenadores : Flávio Chaves (Gazeta Pe.) e Garibaldi Otávio (Brasil)
Trad.do inglês : Marina Martensson (Suécia)

11h - A trajetória OFF FLIP na FLIPORTO
Ovídio Poli Júnior conversa com Lucila Nogueira
Leitura de texto com Flávio de Araújo
Apresentação : Márcia Maia (Pernambuco)

11h30 - Literatura e Arte
Palestra : Affonso Romano de Sant’Anna
Apresentador : Zeca Camargo
Lançamento do livro O Enigma Vazio


Sala 3

9h - Diáspora e Identidade Cultural em Stuart Hall
Palestra: Liv Sovik (Brasil/UFRJ)
Apresentação: Ângela Phryston (Brasil/UFPE)

9h45 - A África na obra de Doris Lessing
Palestra : Marli Hazin (Brasil/UFPE)
Apresentação : Sueli Cavendish (Brasil/UFPE)

10h30 - Aimé Césaire : Surrealismo e negritude na América Latina
Yaracylda Coimet (Brasil – UFPE)
Apresentação :Sebastien Joachim (Brasil/Canadá)

11h15 - 70 anos da tradução francesa de Jubiabá
Myrian Fraga (Bahia- Fund. J. Amado) conversa com Lucilo Varejão Neto(Arl/Ufpe)


I N T E R V A L O P A R A A L M O Ç O


Sala 1

15h - GERAÇÃO 65 : Saudade de Sérgio Albuquerque
Depoimentos: Delano, Leda Alves, Lucilo Varejão Neto, Roberto Motta, Sílvio Soares
Leitura de Cyl Gallindo e Marina Martensson (Suécia)
Apresentação : José Mário Rodrigues
Lançamento 2ª edição(fac-similada) aos quarenta anos de Murais da Morte

16h - GERAÇÃO 65 :Tributo a Alberto da Cunha Melo
Depoimentos : Norma Godoy e Liliane Jamir ( FAFIRE )
Apresentador : Alexandre Furtado (FAFIRE)
Recital de homenagem pelos alunos da FAFIRE
Apresentação : Domingos Alexandre

17h - GERAÇÃO 65 : Raimundo Carrero : Literatura e Vida
Homenagem dos alunos da sua Oficina Literária
Apresentação : Schneider Carpeggiani e Marcelo Pereira

18h - Lançamento de Livros
Ângelo Monteiro, Jaci Bezerra e José Rodrigues de Paiva
Apresentação : César Leal e Almir Castro Barros

GERAÇÃO 65 : EM SALA ESPECIAL
Exposições Permanentes de Maximiano Campos (IMC)
e Alberto da Cunha Melo (Biblioteca Pública Estadual)


Sala 2

15h - Joaquim Nabuco e o Abolicionismo
Mário Hélio (FJN) conversa com César Leal (UFPE)

16h - A África em Gilberto Freyre
Fátima Quintas (APL) conversa com Sílvio Soares (Fundaj)

16h45 - Brasil, África e América Latina
Antonio Campos (Curador Geral da Fliporto) conversa com Marcus Accioly (Presidente do Conselho Estadual de Cultura)

17h30 - Poesia e epopéia na América Latina
Palestra : Marcus Accioly (Presidente do Conselho Estadual de Cultura)
Apresentador/debatedor : Saulo Neiva (Univ/Clermont-Ferrand)


Sala 3

15h – A Saga dos Anti-Heróis Latino-Americanos
Beato Lourenço - Cláudio Aguiar (APL) e Luiz Henrique Monteiro (UFPE)
Virgulino Ferreira da Silva - Frederico Pernambucano de Mello (APL)
Coordenador : Lourival Holanda(UFPE)

16h - Homenagem ao Centenário de Guimarães Rosa
Palestra : Sandra Vasconcelos( IEB/USP)
Depoimento : Ana Luiza Martins Costa (PRAGMA/IFCS/UFRJ)
Lançamento de Livro : Bráulio Tavares
Apresentação : Paulo Gustavo (Fundaj)
Leitura de manifesto em favor da liberdade de expressão

16h45 – Homenagem a Antonio de Castro Alves. 140 anos da apresentação de O Navio Negreiro (Tragédia no Mar)
recital 1 – Michele Nogueira e Tatiane Rose
recital 2 - Sílvio Romero e Marina Martensson
Apresentação : Adalto Farias e Martha Góis

17h - Homenagem ao Centenário de Solano Trindade
Cláudia Cordeiro conversa com Inaldete Pinheiro
Depoimento : Raquel Trindade
Apresentador : Valteir Silva (NEBA – UFPE)

18h - Homenagem ao Centenário de Josué de Castro
Lançamento dos livros : A Nova Geografia da Fome - Xico Sá
Josué de Castro, a fome e o mangue - Lucila Nogueira
Josué de Castro , o gênio silenciado – Vandeck Santiago
Apresentação : Antonio Campos (Curador Geral Fliporto)

EM SALA ESPECIAL
18h - Exibição do filme Mutum sobre conto de JGR (Ana Luiza Martins Costa)
18h30 – Exibição documentário sobre Solano Trindade
19h - Exibição do vídeo Miró : preto, pobre, poeta e periférico


NA PRAÇA DAS PISCINAS NATURAIS
18h – Roda de Poesia Fliportiana
19h – Grupo de Poesia NÓS-PÓS


DIA 9 (domingo)

Sala 1

9h – Homenagem ao Centenário de Machado de Assis
Palestra : Antonio Carlos Secchin(ABL)
Apresentação : Aleilton Fonseca(Bahia)

10h - Pepetela(Angola) conversa com Marcelino dos Santos(Moçambique)
Moderadores : José Eduardo Agualusa (Angola) e Luis Carlos Patraquim(Moçambique)

11h –Sessão de Assinatura do Ato de Irmanamento da Fliporto com o Festival de Poesia de Granada(Nicarágua)por Antonio Campos (Curador) e Francisco Fernandez (Presidente)

11h30 - Sessão do Movimento Poetas del Mundo
Posse de Antonio Campos como Cônsul em Ipojuca e Pernambuco
Apresentação : Luiz Arias Manzo(Chile)/Delasnieve Daspet/Diva Pavesi (Brasil)

12h- AULA SHOW - José Miguel Wisnik (SP – Brasil) e Arthur Nestrovski (SP/Brasil)
Apresentação: Antonio Campos
13h - SESSÃO DE ENCERRAMENTO
Palavra do Curador Geral da Fliporto Antônio Campos


Sala 2

9h - As multi-etnias de Jomard Moisés Neto (UFPE) conversa com Noemi Araújo
Leitura : Jomard Muniz de Britto

9h45 -Angola : A Pátria mãe de meus afetos
palestra : Cyl Gallindo
Apresentação : Lourdes Sarmento

10h30 - A fala da mulher na Literatura Pernambucana
Cida Pedrosa e Inah Lins
Kátia Mesel e Lenilde Freitas
Marilena de Castro e Vivian Leone
Coordenação : Luzilá Gonçalves Ferreira (UFPE)

11h15 - Diálogos Luso-Brasileiros
Palestra : Gilda Santos (Real Gabinete Português de Leitura do Rio)
Apresentação : – José Rodrigues de Paiva(Assoc.Est.Port.Jordão Emerenciano/UFPE)
Testemunhos : Elisabete Dias Martins(Universidade Federal do Ceará)
Maria de Lourdes Hortas(Gabinete Português de Leitura do Recife)
Laura Areias( GPL e Real Hospital Português do Recife)
Ermelinda Ferreira (Universidade Federal de Pernambuco)
Apresentação : Teresa Magalhães(AALP) e Humberto França(Fundaj)
Lançamento de livros dos painelistas e dos escritores Admaldo Matos, Rinaldo Fernandes, André Cervinskis, Lourdes Sarmento, Esmeralda Camacho.


Sala 3

9h - Literatura, rádio e televisão.
Cristiano Ramos (Tv Universitária)
Evaristo Filho (Tv Globo)
Renato Lima (Café Colombo)
Apresentadora : Maria Cláudia de Azambuja

9h45 - Lançamento Observatório Afro-latino – Fundação Palmares

10h30 – Canto Pernambucano
Antonio Torre Medina(UFPE)
Apresentação : Garilza Medina

10h45 - Literatura e Mídia no Brasil
Maria Adelaide Amaral
Edney Silvestre
Zeca Camargo
Coordenação : Luís Erlanger (Rio de Janeiro)

11h15 - Roda de Poesia da Paraíba
Antonio Mariano
Astier Basílio
Bráulio Tavares
Dione Barreto
Hildeberto Barbosa Filho
José Nêumanne Pinto
Lau Siqueira
Linaldo Guedes
Mário Hélio
Petra Ramalho
Raimundo Gadelha
Sérgio Castro Pinto
Apresentação : Heloísa Arcoverde de Moraes(FCCR)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

É Samba na Veia, é Candeia (Teatro)

É Samba na Veia, é Candeia

Teatro III
De 23 de outubro a 30 de novembro
Quarta a domingo - 19h30
Texto vencedor do concurso de dramaturgia Seleção Brasil em Cena 2007, que obteve aproximadamente 300 inscrições vindas de todo o país, e cuja premiação principal, prevista em edital, é a montagem teatral no CCBB. É Samba na Veia, é Candeia é um musical em homenagem a um ilustríssimo personagem do samba carioca: Antônio Candeia Filho, um dos maiores compositores da Portela.

Elenco: Jorge Maya, Sérgio Ricardo Loureiro, Níva Magno e grande elenco.
Direção: André Paes Leme.
Direção Musical: Fábio Nin.
Preparador Vocal: Pedro Lima.
Texto: Eduardo Rieche.
Indicação Etária: 14 anos.

CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL / RJ
Teatro III
Rua Primeiro de Março, 66, Centro (3808-2020). Cap. 140 pessoas. 4ª a dom, às 19h. R$ 10. Estudantes e idosos pagam meia. Duração: 1h. 14 anos.

Fonte: http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/ctr2/rj/DetalheEvento.jsp?Evento.codigo=33028&cod=1

Exposição “África?”/UERJ -curadoria Roberto Conduru

Exposição “África?”
14/10/2008

A partir do dia 16, o público poderá conferir a mostra África?, na Galeria Cândido Portinari, da UERJ. A exposição, promovida pelo Departamento Cultural da Sub-Reitoria de Extensão e Cultura (SR-3), reúne diferentes olhos a partir dos temas África e afro-brasilidade. A exposição irá abranger questões como a religião e a arte africanas. Um dos intuitos dessa mostra é abrir o leque de conexões e discussões sobre esse continente exuberante.

"É uma exposição mista ou da multiplicidade. Vamos ter desde esculturas, gravuras, colagem, instalações e também artistas que não estão diretamente enquadrados no circuito das artes. A África é uma grande questão. Ao mesmo tempo em que reconhecemos a sua invisibilidade, percebemos que ela perpassa em muitos aspectos a cultura brasileira e a gente não vê. Então vamos olhar. Uma coisa que me fascina é como a presença africana se manifesta na produção contemporânea de arte no Brasil de diversas maneiras, principalmente no carnaval e na religiosidade. O título da exposição é uma pergunta. Será que a gente não pode ver mais Áfricas do que aquelas que nos são oferecidas? Será que a gente não poderia colocar mais essa questão?", explica o doutor em História e curador da exposição Roberto Luís Torres Conduru, diretor do Instituto de Artes da UERJ.

A arte ocidental e muitos artistas contemporâneos foram intensamente influenciados pelas estéticas africanas. As referências vão das máscaras religiosas aos orixás e às ricas e coloridas padronagens dos tecidos e vestimentas. A mostra conta com obras dos artistas Carlos Feijó, Cristina Pape, Cristina Salgado, Jorge Rodrigues, Júnior de Odé, Leila Danziger, Lena Martins, Malu Fatorelli, Regina de Paula, Wuelyton Ferreiro e Francisco Moreira da Costa.

“África?” ficará em cartaz até o dia 14 de novembro, de segunda a sexta, das 9h às 20h.


ÁFRICA?
Local: Galeria Cândido Portinari / UERJ
Rua São Francisco Xavier, 524 – Maracanã
Tel.: (21) 2587-7796 / 7182
Inauguração: 14 de outubro de 2008, a partir das 19h
Visitação: até 14 de novembro, de segunda a sexta, das 9h às 20h
ENTRADA FRANCA

Marcio Albuquerque
Assessoria de Comunicação Social/DECULT/SR-3/UERJ
(21) 2587-7796 / 7182
(21) 9557-4965
comcult@uerj.


Fontes:
http://www.uerj.br/modulos/kernel/index.php?modulo=noticias&cod_noticia=2678

http://www.tijuca-rj.com.br/v02/noticias/africa-vira-tema-de-exposicao-na-uerj/

Maria Nazareth Soares Fonseca - Literaturas Africanas de Língua Portuguesa: percursos da memória e outros trânsitos


LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: percursos da memória e outros trânsitos
Maria Nazareth Soares Fonseca

SOBRE A AUTORA
Maria Nazareth Soares Fonseca é aposentada da FALE/UFMG; atualmente, é professora de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa do Programa de Pós-graduação em Letras da PUC Minas, onde também leciona no curso de graduação em Letras; doutora em Literatura Comparada pela UFMG, com cursos de atualização e estágio na Université de la Sorbonne Nouvelle, em Paris (França); desenvolve projetos de pesquisa ligados às áreas de atuação predominante: Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e Literatura Comparada; foi coordenadora do curso de Pós-graduação Convênio PUC Minas - ECA (UFRJ); diretora da Editora PUC Minas e coordenadora do Simpósio Internacional de Estudos Africanos I e II, realizados na PUC Minas em 1995 e 2003.
Organizou o livro Brasil afro-brasileiro e é co-autora dos seguintes livros:
* Palavras e imagens, leituras cruzadas,
* Tipos de texto, modos de leitura,
* Poéticas afro-brasileiras, Ensaios de Leitura II e
* Tradição e contemporaneidade: língua e literatura.

PREFÁCIO - Russell G. Hamilton
http://veredasecenarios.com.br/versao2008/index.php?option=com_content&task=view&id=38&Itemid=27

Para ler a resenha de Mariana Mol publicada no jornal O Tempo, acesse

http://veredasecenarios.com.br/versao2008/index.php?option=com_content&task=view&id=40&Itemid=65

Para ler a resenha de Alécio Cunha publicada em Hoje em Dia, acesse

http://veredasecenarios.com.br/versao2008/index.php?option=com_content&task=view&id=39&Itemid=65

Para ler a resenha publicada no Jornal O Estado de São Paulo, acesse

http://veredasecenarios.com.br/versao2008/index.php?option=com_content&task=view&id=41&Itemid=65

Abraços,

Ricardo Riso

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

3ª MOSTRA CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA AMÉRICA DO SUL

http://www.cinedireitoshumanos.org.br/2008/index.htm

No período de 6 de outubro a 6 de novembro de 2008, a 3ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul leva a 12 capitais brasileiras o olhar singular de cineastas sul-americanos sobre temas, valores e dilemas que dizem respeito à dignidade da pessoa humana. Mais do que isso, essa terceira edição celebra os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que é em si um roteiro, um roteiro para a paz na humanidade. Um roteiro no qual somos todos atores e realizadores.


PROGRAMAÇÃO RIO DE JANEIRO
13 a 19/10 - Centro Cultural Banco do Brasil

13/10 – segunda-feira
19h30 – Programa 3 (Classificação indicativa: 16 anos)
Entre cores e navalhas, Catarina Accioly e Iberê Carvalho (Brasil, 14 min, 2007, fic)
Café com Leite, Daniel Ribeiro (Brasil, 18 min, 2007, fic)
Deserto Feliz, Paulo Caldas (Brasil, 88 min, 2007, fic)

14/10 – terça-feira
16h00 – Programa 2 (Classificação indicativa: livre)
Cidade de Papel, Claudia Sepúlveda (Chile, 112 min, 2007, doc)
18h30 – Programa 12 (Classificação indicativa: 12 anos)
Território vermelho, Kiko Goifman (Brasil, 12 min, 2004, doc)
Radicais livre(o)s, Marcus Vinicius Fainer Bastos (Brasil, 14 min, 2007, doc)
Vítimas da democracia, Stella Jacobs (Venezuela, 43 min, 2007, doc)
20h30 – Programa 17 (Classificação indicativa: 16 anos)
Pivete, Lucila Meirelles e Geraldo Anhaia Mello (Brasil, 06 min, 1987,doc)
Vam’pra Disneylandia, Nelson Xavier (Brasil, 11 min, 1985, doc)
A vendedora de rosas, Victor Gaviria (Colômbia, 110 min, 1998, fic)

15/10 – quarta-feira
14h30 – Áudiodescrição (Classificação indicativa: livre)
Os esquecidos, Luis Buñuel (México, 88 min, 1950, fic)
Sessão orientada com áudiodescrição para pessoas com deficiência visual.
16h00 – Programa 21 (Classificação indicativa: 12 anos)
Eu, madre alice, Alberto Marquardt (Argentina-França, 74 min, 2001, doc)
18h30 – Programa 16 (Classificação indicativa: 16 anos)
Meninos de rua, Marlene França (Brasil, 27 min, 1988, doc)
Ratos e rueiros, Sebastián Cordero (Equador, 107 min, 1999, fic)
20h45 – Programa 8 (Classificação indicativa: livre)
Sonhos distantes, Alejandro Legaspi (Peru, 52 min, 2006, doc)
Zumbi somos nós, Coletivo 3 de fevereiro (Brasil, 52 min, 2007, doc)

16/10 – quinta-feira
14h00 – Programa 20 (Classificação indicativa: 12 anos)
Pulqui, um instante na patria da felicidade, Alejandro Fernández Mouján (Argentina, 85 min, 2007, doc)
16h00 – Programa 10 (Classificação indicativa: livre)
Crônica de um sonho, Mariana Viñoles e Stefano Tononi (Uruguai, 95 min, 2005, doc)
18h30 – Programa 15 (Classificação indicativa: 16 anos)
Palace II, Fernando Meirelles e Kátia Lund (Brasil, 21 min, 2001, fic)
Os esquecidos, Luis Buñuel (México, 88 min, 1950, fic)
20h30 – Programa 14 (Classificação indicativa: 12 anos)
Couro de gato, Joaquim Pedro de Andrade (Brasil, 12 min, 1960, fic)
Delinqüente, Ciro Durán (Colômbia/França, 110 min,1978, fic)

17/10 – sexta-feira
14h00 - Programa 19 (Classificação indicativa: 12 anos)
O diabo entre as flores, Carmen Guarini (Argentina, 26 min, 2004, doc)
Jaime de Nevares, a última viagem, Marcelo Céspedes e Carmen Guarini (Argentina, 70 min, 1995, doc)
16h00 - Programa 18 (Classificação indicativa: 12 anos)
H.I.J.O.S., a alma em dois, Carmen Guarini e Marcelo Céspedes (Argentina, 80 min, 2002, doc
18h30 - Programa 11 (Classificação indicativa: 12 anos)
Coração de Tangerina, Juliana Psaros e Natasja Berzoini (Brasil, 15 min, 2007, fic)
O prisioneiro, Eric Laurence (Brasil, 16 min, 2002, fic)
Procura-se janaína, Miriam Chnaiderman (Brasil, 54 min, 2007, doc)
20h30 - Programa 1 (Classificação indicativa: 12 anos)
Tibira é gay, Emilio Gallo (Brasil, 10 min, 2007, doc)
O aborto dos outros, Carla Gallo (Brasil, 72 min, 2008, doc)

18/10 – sábado
16h00 – Programa 9 (Classificação indicativa: 12 anos)
Férias sem volta, Marta Lucia Vélez (Colômbia, 52 min, 2007, doc)
Os esquecidos, Jaime Aguirre Peña (Bolívia, 31 min, 2006, doc)
Vestígios de um sonho, Erich Fischer (Paraguai, 12 min, 2006, doc)
Do outro lado da ausência, Daniel Rodríguez (Colômbia, 06 min, 2007, doc)
18h30 – Programa 6 – Marco Universal (Classificação indicativa: 12 anos)
Marco Universal – Vários diretores (Brasil, 108 min, 2007, doc)
20h30 – Programa 5 (Classificação indicativa: livre)
Bem Vigiado, Santiago Dellape (Brasil, 14 min, 2007, fic)
Juízo, Maria Augusta Ramos (Brasil, 90 min, 2007, doc)

19/10 – domingo
16h00 – Programa 7 (Classificação indicativa: 12 anos)
MBYA, Terra vermelha, Philip Cox e Valeria Mapelman (Argentina/Inglaterra, 68 min, 2006, doc)
América Minada, Vinicius Souza e Maria Eugenia Sá (Brasil, 27 min, 2007, doc)
18h30 – Programa 13 (Classificação indicativa: livre)
Tire Dié, Fernando Birri (Argentina, 33 min, 1960, doc)
Crônica de um menino só, Leonardo Favio (Argentina, 70 min, 1964, fic)
20h30 – Programa 4 (Classificação indicativa: livre)
Oficina Perdiz, Marcelo Diaz (Brasil, 20 min, 2006, doc)
Dia de Festa, Toni Venturi e Pablo Georgieff (Brasil, 77 min, 2006, doc)


*Informação gentilmente passada pela menina Beatriz.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cineclube Atlântico Negro: "Balé de pé no chão"

Não percam a exibição do documentário "Balé de pé no chão" (de Lilian Solá Santiago e Marianna Monteiro) no Cineclube Atlântico Negro (leia flyer anexo). O documentário acompanha a trajetória de Mercedes Baptista, considerada a precursora da dança afro-
brasileira. A partir da criação do seu grupo, na década de 50, voltou-se para o estudo dos movimentos rituais do candomblé e danças folclóricas.

O evento será no dia 15 de outubro de 2008, às 19 horas, no Espaço Atlântica Educacional (Av. Mem de Sá, 252, Centro – próximo a Praça da Cruz Vermelha). Após o filme, haverá debate.

Esse será o segundo evento do Cineclube Atlântico Negro, que tem a produção, criação e curadoria de Clementino Junior. O Cineclube exibe filmes que tragam como tema aspectos da diáspora africana nas Américas. Em setembro, foi exibido o documentário "Devoção", de Sérgio Sanz, seguido de debate com a participação do diretor e da atriz Chica Xavier.

Estão todos convidados. Participem e divulguem!

O Cineclube Atlântico Negro tem apoio cultural da Balaco (www.balaco.net) e da Atlântica Educacional (www.atlanticaedu.com.br) e é afiliado ao ASCINE-RJ.

Vale lembrar que no final de semana posterior à exibição do filme (dias 18 e 19 de outubro), haverá as aulas do módulo de Cultura do curso de pós-graduação lato sensu "África-Brasil: laços e diferenças – Cultura, literatura e história africanas e afro-
brasileiras", promovido pela Atlântica Educacional. O tema das aulas será: Musicalidade e Expressão Corporal - um diálogo África e Brasil. Para saber mais sobre esse curso, acesse a página da internet: www.atlanticaedu.com.br


Fonte: e-mail enviado pela colega Denise Guerra, em 11/10/2008.

domingo, 12 de outubro de 2008

Nuvem Cigana: poesia e delírio no Rio dos anos 70


Confesso que desde o ano passado cultivei a dor de barriga característica pré-carreira em todos os momentos que lembrava do livro Nuvem Cigana - poesia e delírio no Rio dos anos 70, editado pela carioca Azougue, organizado por Sergio Cohn, enriquecido com mais de uma centena de fotos, e era minha obrigação em comprá-lo.

A Nuvem Cigana foi um coletivo de artistas que modificou as relações entre artistas, público, produção, meios de comunicação e tudo o mais que envolvesse as artes, assim como o comportamento geral no crepúsculo permanente dos anos 1970. Com sua origem na atitude inovadora de dois jovens poetas, Chacal e Charles, que criaram seus próprios livros de poesia mimeografados e foram distribuí-los diretamente ao público que eles julgavam interessados.

A partir daí, os contatos foram crescendo novas pessoas queriam mostrar seus trabalhos, mas não conseguiam devido à forte repressão da ditadura militar, com seu pior representante, Garrastazu Médici. Logo, esses jovens, agora agrupados (Bernardo Vilhena, Cafi, Ronaldo Santos, Ronaldo Bastos, Guilherme Mandaro e outros), partiram para a união, em trabalhos e experiências coletivos, em meio a viagens de maconha, cocaína, muita birita e ácidos, pé na estrada, rock’n’roll e poesia decidiram mostrar seus poemas em apresentações públicas, agregando artes plásticas, teatro, rock e carnaval.

Em um percurso meteórico, que vai do primeiro livro de Chacal, “Muito prazer, Ricardo” em 1972, ao surgimento da Nuvem Cigana em 1975 e aos anos que se passaram, várias histórias são contadas em forma de diálogo pelos diversos integrantes do grupo, que relembram os primeiros contatos, as viagens, prisões, as experiências bem sucedidas ou não, a revitalização do carnaval realizada pelo bloco Charme da Simpatia, a valorização de Oswald de Andrade, a casa de Santa, as famosas artimanhas que moldaram as apresentações da Nuvem etc.

A leitura é prazerosa, por vezes triste, em muitos momentos hilária, bela pela disposição das pessoas em colaborar em prol do grupo... cativa, emociona, faz sonhar...

Entretanto, o caráter coletivo que alimentou a Nuvem Cigana e seus integrantes não resistiu às imposições e frieza do capitalismo, ou seja, tinham que se enquadrar ao sistema. O passar dos anos para os jovens, que já não eram tão jovens assim, foi cruel, e novas responsabilidades como filhos, exigiam outras posturas. Assim como planos, idéias e aspirações próprias foram fragmentando a Nuvem, causando a dispersão natural de seus integrantes.

Todavia, a coragem, o escracho, a criatividade das pessoas que se envolveram na Nuvem Cigana alterou o comportamento cultural brasileiro, desdobrando-se no que melhor se produziu nos anos 1980. Suas inovações desmembraram-se no teatro, nas artes plásticas, na imprensa, no carnaval de rua, na televisão, na música e na literatura. O estilo Nuvem Cigana ainda encontrou fôlego para atingir as décadas de 1990 e 2000. Vale recordar as outras experiências coletivas de contracultura dos Novos Baianos e do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, mostrando a vontade e o espírito do período. E creio que essas influências durarão por muitos e muitos anos... pelo menos enquanto houver criatividade, vontade de agir e solidariedade entre nós.

Trata-se de um excelente livro para compreendermos uma época de trevas profundas, encarada por uma juventude inteligente, criativa, alegre, delirante... principalmente, solidária.

Ricardo Riso


Cohn, Sergio (org.). Nuvem Cigana - poesia & delírio no Rio dos anos 70. Rio de Janeiro: Azougue, 2007.

Caio Fernando Abreu: "Sem Ana" (teatro)

Imagem retirada de http://www.bravoonline.com.br

“Sem Ana”, espetáculo teatral no EspaçoSesc/RJ, com a atriz Ana Abbott e dirigido por Ivan Sugahara, é uma livre adaptação do conto “Sem Ana, Blues”, do livro “Os Dragões não Conhecem o Paraíso” de Caio Fernando Abreu (CFA), que, caso fosse vivo, completaria sessenta anos de idade.

Encenados com freqüência, os textos de CFA normalmente geram boas adaptações, e este “Sem Ana” não foge à regra. O que é ótimo, não só por termos acesso a uma peça de qualidade, mas, sobretudo, um respeito à memória do autor, pois é notório o apreço que CFA possuía pelo teatro com a criação de diversas peças ao longo de sua carreira.

Profundo conhecedor das contradições da alma humana, arguto observador dos costumes de seu tempo, o texto de “Sem Ana, Blues” trata da separação de um casal e do desespero causado pelo abandono vivenciado pela pessoa que ainda é apaixonada. A partir daí, CFA explora todas as agruras possíveis que uma pessoa pode sofrer por causa de um amor perdido. Dor, solidão, carência, estagnação, entrega à bebida, desejo de morrer... situações-limite intermináveis para quem passa por essa experiência. E quem não passou por isso, ao menos uma vez na vida? Alguém que não tenha perdido a sua Ana?

Ao escorar-se na expressão “Quando Ana me deixou...”, a personagem interpretada por Ana Abbott mergulha nas trevas deixadas pela ausência da figura amada, tendo como contraponto um cenário completamente branco e delicado, sem excessos, sendo estes já presentes no texto denso e tenso, e na interpretação dedicada de Abbott, que surpreende e angustia com os longos silêncios de sua personagem. Deve-se frisar, a importante e boa montagem de Ivan Sugahara, em harmonia com o texto de CFA.

Entretanto, CFA jamais foi um escritor comum de soluções fáceis e simplórias, às quais nos conformariam. Viradas inusitadas e a perseverança no ser humano eram presenças habituais em seus contos. Em “Sem Ana”, o caminho e a longa permanência em um profundo estado depressivo acaba por revelar a descoberta de novas possibilidades, de outros rumos a serem explorados, experimentados, ou seja, há uma mensagem otimista, de que se deve seguir em frente, de que se deve superar a dor, de que se deve viver.

Com o espetáculo encerrado, reforça-se a impressão de que a genialidade de Caio Fernando Abreu nos faz uma falta terrível. Foi-se cedo demais, assim como Leonílson, Cazuza, Jorge Guinle Filho, Renato Russo...

Para não ficar “Sem Ana”, corra, pois o belo espetáculo só ficará em cartaz até o dia 19 de outubro. Logo ali em Copa, com um preço acessível a todos.

Ricardo Riso

Sem Ana
Espaço SESC
Rua Domingos Ferreira, 160 - Copacabana 21/2547-0156
Sexta e sábado às 20h; domingo às 19h
De R$ 2 a R$ 8
Até 19/10

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

África e Africanidades - chamada para artigos

A revista receberá artigos para a 3ª edição até o dia 15 de outubro. As normas para publicação estão em http://www.africaeafricanidades.com/Normas-Para-Publica%E7%E3o.html

Abraços,
Ricardo Riso

Cartola - cem anos

Em comemoração aos cem anos de Cartola, o Canal Brasil (NET) exibirá amanhã o documentário “Cartola – música para os olhos”.

Aproveito para divulgar o site do Centro Cultural Cartola - http://www.cartola.org.br .

Abraços,
Ricardo Riso

Cartola - Música para os Olhos (2007) - BR
Direção: Lírio Ferreira, Hilton Lacerda
Duração: 88 min

A trajetória de Angenor da Silva, o músico, boêmio, mangueirense e patrimônio nacional Cartola (1908-1980). Com detalhada pesquisa de imagens de arquivo, o documentário reconstrói a história do compositor em paralelo à narração da trajetória do samba a partir de um dos seus expoentes mais nobres.

Horários: duração: 88 min
11/10 - 18:00
12/10 - 07:30


Biografia extraída do site do Centro Cultural Cartola - http://www.cartola.org.br/cartola.html, em 10/11/2008.

Cartola (Angenor de Oliveira). Compositor, cantor, instrumentista.

Rio de Janeiro RJ 11/10/1908-id. 30/11/1980.

Cartola nasceu no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. Tinha oito anos quando sua família se mudou para Laranjeiras e 11 quando passou a viver no morro da Mangueira, de onde não mais se afastaria. Desde menino participou das festas de rua, tocando cavaquinho – que aprendera com o pai – no rancho Arrepiados (de Laranjeiras) e nos desfiles do Dia de Reis, em que suas irmãs saíam em grupos de “pastorinhas”. Passando por diversas escolas, conseguiu terminar o curso primário, mas aos 15 anos, depois da morte da mãe, deixou a família e a escola, iniciando sua vida de boêmio.

Após trabalhar em várias tipografias, empregou-se como pedreiro, e dessa época veio seu apelido, pois usava sempre um chapéu para impedir que o cimento lhe sujasse a cabeça, o qual chamava de cartola. Em 1925, com seu amigo Carlos Cachaça, que seria seu mais constante parceiro, foi um dos fundadores do Bloco dos Arengueiros. Da ampliação e fusão desse bloco com outros existentes no morro, surgiu, em 1928, a segunda escola de samba carioca. Fundada a 28 de abril de 1928, o G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira teve seu nome e as cores verde e rosa escolhidos por ele. Foram também fundadores, entre outros, Saturnino Gonçalves, Marcelino José Claudino, Francisco Ribeiro e Pedro Caymmi. Para o primeiro desfile foi escolhido o samba Chega de Demanda, o primeiro que fez, composto em 1928 e só gravado pelo compositor em 1974, no LP História das escolas de samba: Mangueira, pela Marcus Pereira. Em 1931, Cartola tornou-se conhecido fora da Mangueira, quando Mário Reis, que subira o morro para comprar uma música, comprou dele os direitos de gravação do samba Que infeliz sorte, que acabou sendo lançado por Francisco Alves, pois não se adaptava à voz de Mário Reis. Vendeu outros sambas a Francisco Alves, cedendo apenas os direitos sobre a vendagem de discos e conservando a autoria: assim foi com Não faz, amor (com Noel Rosa), Qual foi o mal que eu te fiz? e Divina Dama, todos gravados pela Odeon, os dois primeiros em 1932 e o último em janeiro de 1933. Ainda em 1932, o samba Tenho um novo amor foi gravado por Carmen Miranda. Do mesmo ano é a gravação do samba Na floresta, em parceria com Sílvio Caldas, lançado por este último, e a primeira composição em parceria com Carlos Cachaça, o samba Pudesse meu ideal, com o qual a Mangueira foi campeã do desfile promovido pelo jornal “O Mundo Esportivo”.

Em 1936, a Mangueira teve premiado no desfile seu samba Não quero mais (com Carlos Cachaça e Zé da Zilda), gravado por Araci de Almeida, na Victor, em 1937, e em 1973 por Paulinho da Viola, na Odeon, com o título mudado para Não quero mais amar a ninguém. Em 1940, participou, ao lado de Donga, Pixinguinha, João da Baiana e outros, de gravações de música popular brasileira para o maestro Leopoldo Stokowski (1882 – 1976), que visitava o Brasil. Realizadas a bordo do navio Uruguai, ancorado no pier da Praça Mauá, essas gravações deram origem a dois álbuns de quatro discos de 78 rpm, lançados nos EUA pela gravadora Columbia. No rádio, atuou como cantor, apresentando músicas suas e de outros compositores. Na Rádio Cruzeiro do Sul, ainda em 1940, criou, com Paulo da Portela, o programa A Voz do Morro, no qual apresentavam sambas inéditos, cujos títulos deviam ser dados pelos ouvintes, sendo premiado o nome escolhido.

Em 1941, formou com Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres o Conjunto Carioca, que durante um mês realizou apresentações em São Paulo, em um programa da Rádio Cosmos. A partir dessa época, o sambista desapareceu do ambiente musical. Muitos pensavam até que tivesse morrido. Chegou-se a compor sambas em sua homenagem. Em 1948, a Mangueira sagrou-se campeã com seu samba-enredo Vale do São Francisco (com Carlos Cachaça).

Cartola só foi redescoberto em 1956, quando o cronista Sérgio Porto o encontrou lavando carros em uma garagem de Ipanema e trabalhando à noite como vigia de edifícios. Sérgio levou-o para cantar na Rádio Mayrinck Veiga e, logo depois, Jota Efegê arranjou-lhe um emprego no jornal “Diário Carioca”.

A partir de 1961, já vivendo com Eusébia Silva do Nascimento, a Zica, com quem se casou mais tarde, sua casa tornou-se ponto de encontro de sambistas. Em 1964, resolveu abrir um restaurante, o Zicartola, na Rua da Carioca, que oferecia, além da boa cozinha administrada por Zica, a presença constante de alguns dos melhores representantes do samba de morro. Freqüentado também por jovens compositores da geração pós bossa-nova (alertados para a sua existência desde o show “Opinião”, no qual Nara Leão incluíra o samba O sol nascerá, de Cartola e Elton Medeiros, que mais tarde gravaria), o Zicartola tornou-se moda na época. Durou pouco essa confraternização morro-cidade: o restaurante fechou as portas, reabrindo em 1974 no bairro paulistano de Vila Formosa.

Contínuo do Ministério da Indústria e Comércio, vivendo na casa verde e rosa que construiu no morro da Mangueira, em terreno doado pelo então Estado da Guanabara, somente em 1974, alguns meses antes de completar 66 anos, o compositor gravou seu primeiro LP, Cartola, na etiqueta Marcus Pereira. O disco recebeu vários prêmios. Logo depois, em 1976, veio o segundo LP, também intitulado Cartola, que continha uma de suas mais famosas criações, As rosas não falam, e o seu primeiro show individual, no Teatro da Galeria, no bairro do Catete, acompanhado pelo Conjunto Galo Preto. O show foi um sucesso de público e se estendeu por 4 meses.

Em julho de 1977, a Rede Globo apresentou com enorme sucesso o programa “Brasil Especial” número 19, dedicado exclusivamente a Cartola. Em setembro do mesmo ano, Cartola participou, acompanhado por João Nogueira, do Projeto Pixinguinha, no Rio. O sucesso do espetáculo levou-os a excursionar por São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Ainda em 1977, em outubro, lançou seu terceiro disco-solo: Cartola – Verde que te quero rosa (RCA Victor), com igual sucesso de crítica.

Em 1978, quase aos 70 anos, mudou-se para o bairro de Jacarepaguá, buscando um pouco mais de tranqüilidade, na tentativa de continuar compondo. Neste mesmo ano estreou seu segundo show individual: Acontece, outro sucesso. Em 1979, lançou seu quarto LP: Cartola – 70 anos. Nesta época, descobriu que estava com câncer, doença que causaria sua morte, em 30 de novembro de 1980.

Em 1983, foi lançado, pela Funarte, o livro Cartola, os tempos idos, de Marília T. Barboza da Silva e Arthur Oliveira Filho. Em 1984, a Funarte lançou o LP Cartola, entre amigos. Em 1997, a Editora Globo lançou o CD e o fascículo Cartola, na coleção “MPB Compositores” (n°12).

Fonte: Enciclopédia da Música Popular Brasileira, editada pelo Itaú Cultural.