sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mito Elias na USP e no Museu Afro-Brasil

Mito Elias no Museu Afro-Brasil e na USP sob a generosa pena da Profa. Dra. Fátima Fernandes em artigo publicado no semanário A Nação, n. 190, de 21/04/2011.


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Curso TEIAS DA EXPRESSÃO, CHAMAS DA REFLEXÃO: Artes Plásticas e Gráficas Africanas e Negro-Brasileiras

Edições Toró e Coordenadoria de Bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura de SP - SMC convidam para o curso “TEIAS DA EXPRESSÃO, CHAMAS DA REFLEXÃO: Artes Plásticas e Gráficas Africanas e Negro-Brasileiras


Cinco encontros aos sábados, de 07/05 a 04/06/2011, sempre das 14 hs às 17hs30 na Biblioteca Municipal Paulo Duarte (Centro Cultural Jabaquara): Rua Arsênio Tavolieri, 45.

Inscrições no sítio www.edicoestoro.net ou na Biblioteca Paulo Duarte até 03/05/2011


Eis a programação do per-curso, com aulas teóricas, expositivas, oficinas, projeção de vídeos, fotografias e músicas, leituras dramáticas e mapas:


07/05: "Panos que Falam: Tecidos africanos, histórias e impressões coletivas”, com Luciane Ramos (Pesquisadora e Educadora da 'Casa das Áfricas', Professora da Facamp, Dançarina e Antropóloga)

14/05: "Corte, Encaixe e Colagem: Experimentações na arte afrobrasileira", com Marcelo D´Salete (Artista Plástico, Quadrinista, Ilustrador e Professor de Artes da Escola de Aplicação da USP)

21/05: "Conceitualismos e Afrodescendência: Questões da identidade nas linguagens plásticas", com Renata Felinto (Artista Plástica, Mestre em Artes pela Instituo de Artes da UNESP, Educadora do Instituto Sidarta)

28/05: "Tipograffite: Dos adinkras aos muros e páginas", com Mateus Subverso ( BBoy e Grafiteiro da Posse Suatitude, Engenheiro da Edições Toró, Atuante dos universos do Design Gráfico, Digital e Musical)

04/06: "Caminhos da Arte Contemporânea: Linhas expressivas do Benin", com Glaucea Helena (Artista Plástica, Educadora do Museu Afro Brasil e Professora de Artes da ETEC Parque da Juventude)



"TEIAS DA EXPRESSÃO, CHAMAS DA REFLEXÃO: Artes Plásticas e Gráficas Africanas e Negro-Brasileiras"


Pra desfrutar, questionar e escambear percepções da estética e da mocambagem de matriz afro, com suas intenções e eletricidades, carinhos e contextos.
Pra compreender alguns porquês das rodas de fortaleza e beber algumas outras surpresas.
Pra desenvolver pedagogingas com quem pesquisa, sua e pratica. Com quem vive a questão e traz fundamentos, reflexão e vontade de esparramar.
Pra, mesmo com novas dúvidas e suas coceiras, ganhar sustança. Não arriar nas humilhações e nos farelos de cada dia.
Pra não reproduzir facinho uns quebra-cabeças cheios de quebranto, tão brilhantes na vitrine, tão sorridentes noout-door e tão fuleiros na cartilha. Serão quebrantos perpétuos estes nas entrelinhas da (des)Educação?

Gratuito e na quebrada, sem dever pra qualidade de outros cursos nesse mesmo naipe, que cobram diamantes pra quem quiser chegar nas turmas que quando giram, geram quase sempre pelos bairros nobres (?)de São Paulo. (E pedregoso é ouvir que nós que inventamos as barreiras, quando o que queremos é esfarelá-las).

Gracias
PEDAGOGINGA - mais reflexão e menos marketing, mais fogueira e menos fogos de artifício
Allan da Rosa/ Edições Toró


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Articulação Pedagógica: Allan da Rosa
Concepção de Cartaz e Apostilas: Mateus Subverso
Realização: Edições Toró e Coordenadoria de Bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura de SP - SMC
Sábados de 07/05 a 04/06, sempre das 14hs às 17hs30 - Gratuito para 35 participantes com distribuição de certificados e apostilas ao final do curso

Na Biblioteca Paulo Duarte (Centro Cultural do Jabaquara): Rua Arsênio Tavolieri, 45 - Fone: 5011-7445
Inscrições no sítio www.edicoestoro.net ou na Biblioteca Paulo Duarte até 03/05/2011.


Fonte: e-mail enviado por Allan da Rosa no dia 20 de abril de 2011.

"`Dil Ki Zindagi Coração Feito Vida" de Salim Sacoor (livro)


Minerva Central

Comunicado

Dia 22 de Abril, às 18h, lançamento do livro "`Dil Ki Zindagi Coração Feito Vida" de Salim Sacoor, na Livraria Minerva Central (Maputo - Moçambique).
O livro será apresentado pelo escritor Calane da Silva e será a segunda publicação do autor.

“Salim Sacoor nasceu em 31 de Março de 1951 em Moçambique.
Filho de Sacoor Aboobakar e de Halima Ismail.
Teve muitas profissões mas uma só verdade: um amor e uma devoção invulgares pelos seus pais e um entendimento humano e universalista da sua fé – o islamismo.
Foi no cruzamento destas paixões com uma vida feita de generosidade e atenção ao outro, que Salim despertou para a poesia – ou que a poesia despertou nele.
Do sentimento fez verbo e o verbo fez- se livro.
São emoções em letra de forma e amor vertido em papel branco que partilha com os seus leitores neste seu segundo livro.”
Vítor Gonçalves

Minerva, Livros com história

Fonte: e-mail enviado pelo Sr. Tavares, da Livraria Minerva, em 19 de abril de 2011.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Comemoração do 20º Aniversário do artiletra

Comemoração do 20º Aniversário do artiletra

PROGRAMA
I – Transformação do Prédio da Ex. Conservatória dos Registos, situado na Avenida 5 de Julho, Mindelo, num espaço de Cultura e Eventos, incluindo decoração e iluminação interna e externa

15 de Abril (Sexta-Feira)
II - Cerimónia da Abertura da Comemoração do Vigésimo Aniversário do artiletra. Inauguração da Exposição “20 Anos do artiletra” com presença de quase todos os colunistas e colaboradores do Artiletra, bem como artistas do Mindelo, de outras ilhas e da diáspora
Local: Prédio da Ex. Conservatória dos Registos
Hora: 18h30

16 de Abril (Sábado)
III - Acto Central de Celebração do Vigésimo Aniversário do artiletra com Show musical, Surpresas, Brindes e Cocktail comemorativo com Bolo de 20 Andares
Lançamento do número comemorativo do Artiletra
Local: Ponte d’Água
Hora: 20h00

17 de Abril (Domingo)
IV – Retiro Cultural

18 de Abril (Segunda-Feira)
V – Artiletra e Educação. Oferta da Colectânea “20 Anos do artiletra” às escolas do EBI da ilha de São Vicente, com presença da Delegação Escolar de São Vicente e representantes e professores das escolas da ilha
A nível nacional serão ofertadas 20 mil exemplares do Artiletra, divididas em 1000 Colecções Exclusivas
Local: Prédio Ex. Conservatória dos Registos
Hora: 10h00
VI – Abertura de visitas de estudo à exposição dos “20 Anos do artiletra” com participação das escolas do EBI e do Ensino Secundário da ilha de São Vicente
Encontro com o sobrinho neto de Eugénio Tavares, Presidente da Fundação Eugénio Tavares (Sintra, Portugal), Eugénio Tavares de Sena
Local: Prédio Ex. Conservatória dos Registos
Hora: 11h00
• Visitas de estudo ao longo do dia
VII - Inauguração da Estante “20 Anos do artiletra” e Saudações ao V Congresso dos Quadros cabo-verdianos da diáspora

18 de Abril (Segunda-Feira)
• Homenagem do Congresso de Quadros Cabo-Verdianos da Diáspora ao Artiletra (parte integrante do Programa do Congresso)
Local: Centro Cultural de Mindelo
Hora: 21h00

19 de Abril (Terça-Feira)
• Visitas de estudo ao longo do dia
VIII – Encontros com autores editados pelo artiletra: Francisco Fragoso, Osvaldo Azevedo, Valentinous Velhinho e Jorge Carlos Fonseca
Local: Prédio Ex. Conservatória dos Registos
Hora: 18h30
IX – Abraço cultural de Itália (com Sr. Dario Adrian, Dr. Alberto Zeppieri, Dra. Maria Silva, Dr. Giuseppe Bea e Dott. Giberto Casciani) e lançamento do álbum discográfico “Speranza”, de Solange Cesarovna
Local: Academia Jotamont
Hora: 21h00

20 de Abril (Quarta-Feira)
• Visitas de estudo ao longo do dia
X – Saudações da AJOC, com a presença do Presidente Hulda Moreira
XI – Recital de Poesia com Carlota de Barros, Neusa Brito e Mário Máximo (Odivelas, Portugal), com participação dos músicos Princezito, Voginha e Manuel de Candinho. Secção de perguntas e respostas
Local: Prédio Ex. Conservatória dos Registos
Hora: 18h30

21 de Abril (Quinta-Feira)
• Visitas de estudo ao longo do dia
XII – Debate: ``O espaço do Artiletra no panorama da Comunicação Social em Cabo Verde´´
Hora: 14:00
XIII – Vida e Obra de B` Leza
Encontro com Veladimir Romano, filho do compositor B´ Leza
XIV – Vida e Obra de Luis Loff de Vasconcelos
Encontro com Augusto Vasconcelos Lopes, neto do Jornalista e Escritor
Local: Prédio Ex. Conservatória dos Registos
Hora: 18h00
XV – 19:30 Cerimónia de Encerramento

Edições artiletra - Cx. Postal 359 - S. Vicente - Tel.: 232.55.51/231.55.51 — Praia - Telef. 262.60.60/61 • Fax: 262.60.61 Email: artiletra@hotmail.com

Fonte: e-mail enviado pela Artiletra no dia 9 de abril de 2011.

Tânia Tomé na 76ª Feira do Livro da Minerva


Minerva Central
Comunicado

No âmbito da Feira do Livro da Minerva, com início marcado para o dia 14 de Abril,  organizar-se-ão,  com o propósito de estimular a leitura, várias actividades. É assim que no dia 15 de Abril, às 18h, a Minerva receberá a  poetisa  e cantora  Tânia Tomé (www.taniatome.com) , que além da apresentação do seu livro “Agarra-me o sol por trás”, fará um breve showesia e assinará autógrafos. A iniciativa é a primeira de muitas que haverá na Minerva, com presenças de João Paulo Borges Coelho, Mia Couto, António Cabrita, Luís Carlos Patraquim, Calane da Silva, Rachel Melanie, Carlos dos Santos, Aurélio Furdela, Sangare Opaki, Domi Chirongo, LucílIio Manjate.
Os encontros realizar-se-ão sempre às 18h, na Livraria Minerva Central, Rua Consiglieri Pedroso, baixa da cidade de Maputo.

Minerva, Livros com história

sábado, 9 de abril de 2011

Mito Elias em Elos da Lusofonia (Museu Afro-Brasil - São Paulo)



A exposição apresenta a arte dos países de língua portuguesa a partir da obra de artistas contemporâneos do Brasil, Portugal e Angola e a ligação com a arte ancestral africana, passando pela tradição dos bijagós, da Guiné-Bissau; dos quiocos de Angola; e dos macondes de Moçambique. Todos os países de língua portuguesa estão representados nesta mostra que apresenta cerca de 200 obras, entre fotografias, pinturas, esculturas (máscaras, cerâmica e madeira) e bidimensionais (pinturas, gravuras e colagens) de artistas que compõe a Arte Tradicional dos países de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A Arte Contemporânea apresenta o trabalho de Agnaldo M. dos Santos (Brasil), António Olé (Angola),Fernando Lemos (Portugal/Brasil), Francisco Brennand (Brasil), José Tarcísio (Brasil), José de Guimarães (Portugal), Matias Ntundu (Moçambique), Maurino Araujo (Brasil), Mestre Didi(Brasil), Renato Spindel (Brasil) e Rubem Valentim (Brasil). Até 29 de maio.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

“Contos Negreiros” de Marcelino Freire ou a vã tentativa de um eu enunciador negro


“Contos Negreiros” de Marcelino Freire ou a vã tentativa de um eu enunciador negro
Ricardo Riso
O pernambucano Marcelino Freire é hoje um nome consolidado no meio literário nacional, sendo uma das vozes celebradas por apresentar temas marginais ao texto literário, trazendo os desajustados sociais, escancarando as desigualdades sociais e econômicas do país. De sua lavra são, dentre outros, BaléRalé, Rasif e Contos Negreiros. Este, objeto desta análise.
“Contos Negreiros” recebeu caprichada edição da Record, em capa dura e formato reduzido. Reúne dezesseis pequenos contos aqui chamados de cantos em razão da marcante oralidade, do falar popular e também de associações ao repente nordestino, intenso uso da prosódia, frases curtas e dinâmicas, imagens breves e com certa virulência.
Antes de entrarmos em seu conteúdo, o livro apresenta uma capa intrigante e estimuladora de considerações que precisam de nossa exposição.  Temos, à frente, a fotografia de um homem negro, nu, de costa para nós, com o título escondendo suas nádegas. Enquanto a contracapa mostra o mesmo homem de frente, mas agora com o registro ISBN sobre a genitália como mais uma marca tatuada no corpo vilipendiado dos negros. As imagens circundadas e confinadas por um branco intenso, analogia à condição do negro na sociedade brasileira. Imagens de gosto duvidoso, expondo o corpo do negro de forma desnecessária.
O título adotado para esta obra merece algumas considerações. O adjetivo “negreiro” é, em nosso entendimento, no mínimo controverso para um livro que aparenta ter os negros como tema ou dar voz para nós. Negreiro associa-se ao tráfico de nossos antepassados, violentamente forçados a fazer a travessia do Atlântico; negreiro também era a maneira como se denominava a pessoa que tinha essa cruel atividade como seu emprego. Diante disso, o título do livro de Freire parece não levar em consideração às décadas de discussão a respeito dos vocábulos para referenciar a literatura produzida por escritores negros brasileiros excluídos do cânone nacional. “Literatura negra”, “literatura negro-brasileira” ou “literatura afro-brasileira” são alguns dos exemplos da complexidade dessa discussão, pois “essas expressões permitem destacar sentidos ocultados pela generalização do termo ‘literatura’. E tais sentidos dizem respeito aos valores de um segmento social que luta contra a exclusão imposta pela sociedade” (FONSECA, 2006, p. 13), afirma a ensaísta Maria Nazareth Soares Fonseca.
A ensaísta continua:
“essas discussões são importantes para que possamos compreender os mecanismos de exclusão legitimados pela sociedade. Por exemplo, quando nos referimos à literatura brasileira, não precisamos usar a expressão “literatura branca”, porém, é fácil perceber que, entre os textos consagrados pelo “cânone literário”, o autor e autora negra aparecem muito pouco, e, quando aparecem, são quase sempre caracterizados pelos modos inferirorizantes como a sociedade os percebe” (FONSECA, 2006, p. 13).
Segundo Eduardo Assis Duarte, o termo literatura afro-brasileira é “um conceito em construção, processo e devir. Além de segmento ou linguagem, é componente de amplo encadeamento discursivo (...) Constitui-se a partir de textos que apresentam temas, autores, linguagem, mas, sobretudo, um ponto de vista culturalmente identificado com a afrodescendência” (Apud: ALVES, 2010, p. 42).
Miriam Alves dá seguimento ao pensamento de Assis, pois esse conceito em construção
“consiste numa prática existencial para os seus produtores, que ressignifica a palavra negro, retirando-a de sua conotação negativa, construída desde os tempos coloniais, e que permanece até hoje, para fazê-la significar autorreconhecimento da própria identidade e pertencimento étnico-racial. Coloca em discussão a formação da identidade brasileira e desnuda o mito da democracia racial” (ALVES, 2010, p. 42).
Ou seja, a criação literária do escritor negro ultrapassa os limites do texto, “subverte não só o sistema literário brasileiro, mas também contesta a escrita da História brasileira” (EVARISTO, 2007, p. 12). Sendo assim, apreendemos que há toda uma história de luta de conscientização do negro e da afirmação do autor ou autora negro(a) na literatura brasileira, principalmente na forma de se expressar, de se autorreferenciar. Por isso, causa-nos perplexidade o título escolhido por Freire até quando pensamos em uma maneira de denunciar as condições desfavoráveis impostas e perpetuadas aos nossos irmãos na sociedade brasileira. É claro que somente isso não seria motivo para reprovarmos o equivocado nome da obra, mas, ainda assim, incomoda-nos a forma branda como a discriminação racial aos negros é tratada nos contos, o que pretendemos demonstrar a seguir.
Os curtíssimos contos (cantos) de Freire infelizmente apresentam visões estereotipadas de nossos irmãos, situações cotidianas nas quais o racismo à brasileira é escancarado, mas que não buscam a reflexão crítica das personagens nem do narrador. Surpreende a maneira banal como as ações acontecem, choca a estupidez das personagens e a incapacidade de raciocinar frente ao injustificável e cruel racismo e descobrir formas para sobrepujá-lo, como em “Curso Superior”. Neste, a personagem apresenta um medo irracional que a impossibilita de agir ao preconceito na faculdade – omitindo que o espaço educacional brasileiro é hostil em todos os seus segmentos ao cidadão negro que não se encontra representado positivamente durante a vida escolar: “O meu medo é o preconceito e o professor ficar me perguntando o tempo inteiro por que eu não passei” (p. 97); o medo da namorada (loura) e os conflitos de aceitação que essa situação acarreta em uma sociedade que não vê com bons olhos os relacionamentos inter-raciais. Reflexões que o conto não estimula, mostrando a incapacidade de um diploma de alterar a realidade. Tristeza maior ao deparamo-nos com uma personagem que não consegue se libertar das amarras da autocensura.
A animalização do negro ganha contornos visíveis em “Totonha”, conto que a personagem se recusa a aprender a ler e não percebe nenhuma vantagem com a possibilidade de obter escolaridade. “O pobre só precisa ser pobre. E mais nada precisa. Deixa eu, aqui no meu canto. Na boca do fogão é que fico” (p. 79). O conto propõe a manutenção das desiguais divisões sociais, o negro deve ficar na posição subalterna que sempre ocupou. “Para mim, a melhor sabedoria é olhar na cara da pessoa. No focinho de quem for. Não tenho medo de linguagem superior” (p. 80). A truculência e o comportamento animal são mantidos. Não satisfeito ao ridicularizar os negros que não tiveram acesso à educação, a voz da personagem, tática nociva do narrador, continua: “Não preciso ler, moça. A mocinha que aprenda. O prefeito que aprenda. O doutor. O presidente é que precisa saber ler o que assinou. Eu é que não vou baixar a minha cabeça para escrever” (p. 81). Ou seja, propõe-se a absurda escolha pela ignorância, algo que nós negros sabemos que não é o caminho a ser seguido e é combatido por nós. Lamentável, simplesmente. Desrespeitosa a escolha de Freire ao colocar esta fala a uma personagem negra.
Corriqueiro, vergonhoso e baixo recorrer ao homem negro como objeto sexual no conto “Meu negro de estimação”. Novamente o autor demonstra despreocupação em ressignificar as marcas da nossa gente negra na sociedade brasileira. Os notórios exemplos de embranquecimento para ser aceito entre os brancos, a falta de instrução e o desprezo pelo passado são apresentados: “Se não entende de poesia, não fala. Quando o assunto é política, sai da sala. (...) Meu homem é uma outra pessoa. Não quer mais saber de samba. Nem de futebol. Não gosta de feijoada. Meu homem não quer voltar para casa” (p. 101-102). Em nosso entendimento, somente um escritor com uma mente presa ao passado escravocrata e que não consegue incorporar ao seu texto um eu enunciador negro seria capaz de utilizar abomináveis exemplos como os apontados até aqui e os que virão.
Vitupério maior se dá à mulher negra, historicamente discriminada, vilipendiada do direito ao desejo, aviltada do prazer para ser tratada como objeto sexual a serviço do homem branco, ou como muito bem esclarece Sueli Carneiro: “a apropriação sexual das mulheres do grupo derrotado é uns dos momentos emblemáticos de afirmação da superioridade do vencedor” (CARNEIRO, 2003, p. 49. Apud: EVARISTO, 2007, p. 24). A mulher negra e o seu corpo carregam marcas jamais lembradas, sendo necessário um profundo processo de aceitação e reconhecimento. A esse respeito, Miriam Alves afirma que:
“tendo em vista o aviltamento do qual foi vítima esse corpo negro que passou pela coisificação, mutilação, primeiro pela força da escravização, e depois seguido da automutilação, para aproximá-lo da estética branca alienígena à sua feição natural. Antes de tudo, é um corpo vitimado que necessita se desvencilhar das marcas da sexualização, racialização e punição nele inscritas para redefini-lo numa ação de afirmação e autoafirmação de identidade (...)” (ALVES, 2010, p. 71).
Diante das preocupações da escritora negra, cônscia de seu papel social transcendendo o literário, causa-nos repúdio a narrativa “Alemães vão à guerra” a explorar o turismo sexual – “Como as negrras do Nepal, tem. Das ilhas Virrgens também. É só ir. Feito as mocinhas da Guiana.” (p. 37) – e o menosprezo dos estrangeiros com a mulher negra brasileira registrado em um contato por telefone. Não à toa a preocupação com o corpo fragmentado por séculos de violência da mulher negra que Miriam Alves versa no poema “Compor, decompor, recompor”: “Olho-me/ espelhos/ Imagens/ que não me contêm./ Decomponho-me/ Apalpo-me” (FONSECA, 2006, p. 20).
Nossa indignação permanece ao constatar a insensibilidade ao tratar de uma prostituta, as situações maniqueístas de quem aguardou o casamento com um estrangeiro, mesmo ciente da possibilidade de ser escrava – “Mas valia. Menos pior que essa vida de bosta arrependida” (p. 41). A narrativa explora a violência policial e doméstica, mas trata de forma crua, apresenta a violência por si. “A vida dele é me chamar de piranha e vagabunda. E tirar sangue de mim. Cadê os meus dentes? Nem vê que eu estou esperando uma criança. Agora, disso ninguém tem ciência. Ninguém dá um fim. // Mulher como eu ser tratada assim” (p. 42). Triste realidade das mulheres negras, excluídas do padrão nacional de beleza. Avançando nessa questão, Conceição Evaristo frisa que esse corpo feminino negro
“de corpo-procriação e/ou corpo-objeto de prazer do macho senhor, não desenha para ela, a imagem de mulher-mãe, perfil delineado para as mulheres brancas, em geral. Observando que o imaginário sobre a mulher na cultura ocidental constrói-se na dialética do bem e do mal, (...) simbolizada pelas figuras de Eva e de Maria, e que o corpo da mulher se salva pela maternidade, a ausência de tal representação para a mulher negra, acaba por fixá-la no lugar de um mal não redimido” (EVARISTO, 2007, p. 21).
Insensibilidade maior e mais perversa por ser a protagonista uma criança encontramos no conto “Nossa rainha”. Uma menina idolatra a apresentadora Xuxa, “Eu quero ser Xuxa. Eu quero ser Xuxa. Eu quero ser Xuxa.” (p. 74). Entretanto, o conto omite-se ao não denunciar a perversidade de tal expectativa ilusória à criança negra, impossibilidade imposta por seu fenótipo, maldade que a criança não compreende e terá sua esperança minada ao longo do crescimento quando se deparará com as diferenças do fenótipo, distanciando-a do padrão de beleza brasileiro, assumidamente branco. De forma tímida e sem querer entrar na questão racial, na voz da mãe da menina, afirma: “Fazer isso com filha de pobre. Que horror! (...) Xuxa, Xuxa, Xuxa. Diz pra ela pensar em outra coisa, sonhar com os pés nos chão” (p.74-75). De novo a narração omite-se de apresentar os problemas raciais que nós vivemos, principalmente a criança negra que não encontra referenciais nos quais se espelhe e sonha o impossível, algo que no futuro gerará imensa frustração.
Diante de tantas omissões frente aos preconceitos que sofremos no cotidiano, não estranhamos que o preconceito racial seja escancarado entre personagens negras, como acontece em “Solar dos Príncipes”. Vemos com pesar o eu enunciador (branco) utilizar o célebre recurso defensivo do racismo à brasileira, aquele que insiste em afirmar que não há racismo do branco para o negro, mas que adora apontar o racismo entre nós. O conto narra a vontade de um grupo de jovens moradores de uma comunidade de fazer uma filmagem do cotidiano de quem vive em um prédio de classe média – “A ideia é entrar num apartamento do prédio, de supetão, e filmar, fazer uma entrevista com o morador” (p. 24). Contudo, os jovens são barrados na portaria por um assustado porteiro: “O porteiro apertou o apartamento 101, 102, 108. Foi mexendo em tudo que é andar. Estou sendo assaltado, pressionado, liguem para o 190, sei lá. (...) Esse porteiro nem parece preto, deixando a gente preso do lado de fora” (p. 25). Deplorável a escolha do autor.
Após a leitura de “Contos Negreiros” constatamos a incapacidade do eu enunciador de Marcelino Freire querer-se negro, incapaz de apresentar reflexões críticas aos dilemas, conflitos, anseios e dramas que nós, negros, vivenciamos. Os contos enfatizam o mundo cão, a violência desmedida, a mesma violência a qual foram submetidos nossos antepassados na saída forçada do continente africano e que persiste nos dias atuais. Denunciar a dureza da vida da maioria de nossos irmãos é pouco, muito pouco. Ainda mais com a visão estereotipada que as personagens apresentam, para além das situações inviáveis que tornam os protagonistas reféns dos destinos traçados, mantendo a forma pejorativa como o cânone literário brasileiro sempre tratou as personagens negras, assim como não busca interferir na rígida divisão social que sempre legou à população negra o seu espaço inserido na miséria e na falta de oportunidades.
Para finalizar, não precisamos de um livro que somente exponha nossas dores e fracassos, não apresente soluções para resistirmos à exclusão, não procure valorizar nossa autoestima tão massacrada, não respeite tantos escritores(as) negros(as) que no passado lutaram dignamente e hoje ainda continuam lutando para combater o atroz racismo que sofremos. Precisamos de escritores(as) que tenham comprometimento com a valorização e afirmação do negro, buscando uma palavra depurada e um criativo trabalho da linguagem literária que ressignifiquem nosso papel na sociedade, ressemantizem as máscaras do racismo, ampliem e renovem o termo “negro” longe dos significados negativos impostos no decorrer da história. Ou seja, privilegiando um apurado trabalho estético, esperamos nos defrontar com textos que rompam com a hipocrisia imposta envolvente das nossas relações inter-raciais e contribuam para o fim do litígio que nos oprime nesta sociedade. Caminho trilhado com brilhantismo por autores(as) como Cuti, Conceição Evaristo, Éle Semog, Miriam Alves, Cristiane Sobral, Carlos de Assumpção, Lia Vieira, Jamu Minka, Jônatas Conceição, Esmeralda Ribeiro e tantos(as) outros(as). Caminho que Marcelino Freire passou à margem, para além do desrespeito com a nossa história literária e social.


BIBLIOGRAFIA:
ALVES, Miriam. BrasilAfro autorrevelado: literatura brasileira contemporânea. Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo. In: Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Ashoka Empreendedores Sociais/Takano Cidadania, 2003. Apud: EVARISTO, Conceição. Literatura Negra. Rio de Janeiro: CEAP, 2007.
EVARISTO, Conceição. Literatura Negra. Rio de Janeiro: CEAP, 2007.
FONSECA, Maria Nazareth Soares Fonseca. Literatura Negra, Literatura Afro-Brasileira: como responder à polêmica? In: Literatura Afro-Brasileira. Salvador/Brasília: Centro de estudos afro-orientais/Fundação Cultural Palmares. 2006. p. 9 – 38.
FREIRE, Marcelino. Contos Negreiros. Rio de Janeiro: Record, 2005.

WEBGRAFIA:
DUARTE, Eduardo de Assis. Literatura e Afrodescendência. Disponível em www.letras.ufmg.br/literafro Apud: ALVES, Miriam. BrasilAfro autorrevelado: literatura brasileira contemporânea. Belo Horizonte: Nandyala, 2010.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A POESIA EPIGRÁMATICA DO AMIN NORDINE OU A BABALAZE DO ATIRADOR DAS VERDADES

A POESIA EPIGRÁMATICA DO AMIN NORDINE OU A BABALAZE DO ATIRADOR DAS VERDADES

Um poema assim é arduo/ sem cola e na vertical/ pode levar uma eternidade.
ARMENIO VIERA

Ao Sangari Okapi e Lúcilio Manjate                                

                                                          ERNESTO MULHANGA*

Amin Nordine nasceu em Maputo aos 17 de fevereiro de 1969 e perdeu a vida aos 5 de fevereiro de 2011. Autor de apenas 3 livros, o que não tem importância porque a literatura não se assemelha a uma competição onde quem publica muitas obras sai vencedor, assim sendo existem escritores que têm sido felizes nesta maratona aliando a quantidade versus qualidade como o seu cavalo de batalha e tem se notabilizado como verdadeiros campeões (ex: Mia Couto, Antonio L. Antunes, Pepetela, Moacyr Scliar…), bastando lembrar do Luis B. Honwana, Noemia de Sousa, Gulamo Khan e Lilia Momplé para sustentar a tese de que qualidade nem sempre rima com a quantidade.

Publicou Vagabundo Desgraçado (1996), Duas Quadras para Rosa Xicuachula (1997) e Do lado da ala-B.
 
Amin Nordine é militante de uma escrita sólida em todos os lados, seja o da ala-A ou da ala-B. Isenta de qualquer submissão política, caracterizada pelo inconformismo da realidade que o circunda e pela revolta social, esta poesia epigramática é a revelação de um fatalismo que voa em voo rasante sobre as angústias de um passado melancólico e de um presente envenenado.

“E do futuro o que se espera? O futuro não sera isto!… superlotada receita galgando o vento/com as mãos no coração do destino.”

O que é do lado da ala-B? O leitor descobrirá que está no lado mas vil de um jovem país com os seus problemas, e é neste lado onde reside o poeta solitário nas suas abordagens anti-heroicas, mas das multidões na sua mordacidade social, um verdadeiro maquinista do comboio dos duros, um autênctico vômito da babalaze de um poeta bebȇdo do seu dia-a-dia. Detentor de uma caligrafia rebelde com versos quentes como o fogo e cortantes como  a espada afiada, onde eclodem temáticas de afrontamento de um certo tempo histórico (ex: carta ao meu amigo Xanana, banqueiros de banquetes, bandeira galgada aos 25, (c)anibalizinhos…)

Talvez o outro lado da ala destes poemas,não! Isto ultrapassa a dimensão poética, ou por outra destes melancólicos dissabores que despertam os filhos desta pátria que nos pariu, deste manancial de barbaridades versus mentiras
que trasformam o sonho de estar livre da opressão em um pesadelo. Não será esta a voz do povo?

Estes melancólicos dissabores são a polvóra contida na “bala” (ala-B) desta poesia que o autor preferiu chamar de “arma da victória” que dispara esta bala certeira em que a cada estrofe vai abatendo o seu alvo. Daí nasceu este livro embrulhado por crítica social.
A título de exemplo, o poema “barbearia dos cabrões” (queixo barbudos engravatados/ barbearia dos cabrões/ que deixa todo chão careca/ e ao alto mastro hasteiam bandeira/ para desfraldarem o corpo nu do povo…’’)
“Apesar da irrequietude e da impenitência, algumas vezes virulentas que caracterizam esta poesia ou das intermeadas doses de apurada ironia ou de compaixão pelos desafortunados, o que sobressai nesta forma particular da escrita é um virtuosismo estimulador da sensibilidade da razão, (…), nessa brevidade desafiadora da nossa capacidade leitoral e estetica.” (F.NOA-o prefaciador).

Segundo Zenão, a brevidade é um estilo que contém o necessário para manifestar a realidade. Esta brevidade encaixa-se na poesia do A.Nordine na qual se nota uma presenca massiva de traços intertextuais da obra do poeta Celso Manguana, cidadãos da mesma esquina (ambos eram jornalistas culturais do semanário Zambeze), guerreiros da poesia epigramática e soldados da mesma trincheira. O Amin Nordine exilou-se na morte, o Celso Manguana exilou-se na loucura, e eu procurarei exilar-me na memória destes 2 poemas:

“Sonâmbula esta pátria/ cresce nas estatísticas/ e acorda com fome/ custa amar uma bandeira assim?/ tem o amargo do asilo/ almoço de pão com badjias/ sabem bem todos dias.” Celso Manguana pag.14- aos meus pais-Pátria que me pariu-2006.

“Se por tanto tivesse ser capaz/ moça-pátria deste amor que refrega/ seja o meu coração a minha entrega/ escrever-te a cerca duma paz/ e alto levante-se da vez que nega/não é para o povo o discurso assaz/ nenhum político, milagroso ás/ é tamanho o sofrimento que chega!/ para o povo aumentem um quinhão/ venha do vosso governo mais pão/ burilada a página da história/ apagar a sua triste memória/ fazemos o país livre da escória!!!” A.Nordine-pag.50-soneto da paz-Do lado da ala-B-2003.


Heterónimo de Amosse Mucavele-membro do Movimento Literário Kuphaluxa. Visite-nos em kuphaluxa.blogspot.com/revista literatas.

76ª Feira do Livro da Livraria Minerva (Maputo - Moçambique)


Minerva Central
Informamos que no dia 14 de Abril, às 18h, a Livraria Minerva inaugurará a sua 76ª Feira do Livro. Os actos de inauguração contarão com as presenças do Sr. Primeiro Ministro, do Sr. Embaixador da França e do escritor Mia Couto e serão apresentados três jovens autores cujos trabalhos serão  publicados pela Minerva. Na mesma data será inaugurada uma exposição,  “Densidades lúcidas”,  do artista Manuel Jesus.  Ao longo de 45 dias de feira a Minerva organizará vários eventos, destacando-se encontros com João Paulo Borges Coelho, Tânia Tomé, Carlos dos Santos, Luís Carlos Patraquim, Aurélio Furdela, Sangari Opaki, Lucílio Manjate e outros,  lançamentos de livros – “Ventre acocorado” de Manuel Jesus, “Não se emenda, a chuva” de António Cabrita,  “Quando o coração dizpára” de Dércio Edson de Celestino Pedro e “Coração feito vida” de Salim Sacoor -, declamação de poesia, actividades para a infância (“caça ao tesouro”), apresentações de filmes, concursos e promoções. A Minerva pretende com estas actividades tornar a feira mais apelativa à participação do público bem como estimular a prática da leitura.
Fundada a 14 de Abril de 1908 por João António de Carvalho, a Livraria Minerva é a mais antiga livraria em Moçambique.
Minerva, Livros com história

Fonte: e-mail gentilmente enviado pelo sr. Tavares, da Livraria Minerva, em 04 de abril de 2011.

sábado, 2 de abril de 2011

Tânia Tomé - Agarra-me o sol por trás (e outros escritos & melodias)


Livro: Agarra-me o sol por trás (e outros escritos & melodias)
Autor: Tânia Tomé
ISBN 10: 8575313886
ISBN 13: 9788575313886
Gênero: Literatura Portuguesa Contemporânea/Poesia
Edição: 1ª edição
Páginas: 128
Formato: 14 X 21 cm
Peso: 165 g
Preço: R$ 20,00

A Escrituras Editora, dentro da Coleção Ponte Velha, edição apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB/Portugal), publica Agarra-me o sol por trás, de Tânia Tomé. A organização e prólogo da obra são de Floriano Martins e ilustrações de Eduardo Eloy.

“O desejo de Tânia Tomé comunicar-se com o mundo é visceral e contagiante...”, nos conta Floriano Martins, “este seu primeiro livro, portanto, revela-se como uma partitura evocada no reino do fogo, nas ruas insuspeitas de um amor incondicional, no caroço da linguagem que busca decifrar em si mesma, em Moçambique (...) Tânia tem difundido não somente a sua poesia mas também a de toda uma tradição lírica de seu país, que inclui nomes entranháveis como os de Noemia de Sousa e José Craveirinha.”

Sobre o autor:
Tânia Tomé (Maputo, Moçambique, 1981). Aos 7 anos, ganhou o prêmio de melhor voz no Concurso de Música organizado pela Who (World Health Organization) em Moçambique. Aos 13 anos, participou de seu primeiro Sarau de Poesia, onde cantou, declamou e tocou ao piano poemas do poeta José Craveirinha, onde ele próprio esteve presente. Com 17 anos, entra para a Universidade Católica Portuguesa (Porto, Portugal), no curso de economia. Em 2002, adere ao Movimento Humanista liderado por Silo, e faz algumas atuações em Portugal para angariar fundos para as crianças desfavorecidas de Moçambique. Em 2003, acaba o curso de economia e ganha o Prêmio de Mérito da Fundação Mário Soares de Portugal pelo bom desempenho acadêmico e por conciliar os estudos com atividades artístico-sociais. Em 2004, participa como coautora da antologia Um Abraço Quente da Lusofonia, juntamente com outros jovens poetas representantes de cada país da CPLP, lançado no mesmo ano em Portugal. Membro da Associação dos Escritores Moçambicanos, da Associação dos Músicos Moçambicanos e dos Poetas del Mundo. Em 2006, produz e apresenta, ao lado de Júlio Silva (músico, produtor e pesquisador cultural), um programa cultural na Televisão de Moçambique (TVM) que, entre outras coisas, tinha Alertas de Prevenção contra AIDS e malária, e enfoque nos problemas sociais. Em 2008, realiza e produz o espetáculo “Poesia em Moçambique”, em Tributo ao José Caveirinha, no qual diversas artes interagem para tornar vivo o poema. O mesmo foi transformado em DVD, o primeiro e único de poesia em Moçambique, que foi lançado em 2009. Introduz o conceito de Showesia (neologismo criado pela artista) em Moçambique, no qual se faz espetáculo de poesia, com uma banda com a qual Tânia canta e recita poemas, envolvidos em teatro e dança com poesia. Lança o website www.showesia.com e integra o Poetry África em Maputo, representando Moçambique, repetindo a atuação e representação no Festival Internacional Poetry África, na África do Sul. Integra a antologia World Poetry Almanac 2009 (com 190 poetas do mundo oriundos de 100 países), representando seu país e os Palop. Participa do primeiro ano de comemoração de Celebração da Língua e Cultura Portuguesa da CLP em Moçambique, ao lado do Mia Couto e Calane da Silva. Participa do livro The bilingual anthology on african poetry (Shangai, China). Atualmente preside a associação “Showesia” com objetivo de resgatar o patrimônio cultural através de uma plataforma de interação entre o tradicional, o tecnológico/ocidental e de um network cultural mundial.

A Coleção Ponte Velha foi criada por Carlos Nejar (Brasil), poeta, ficcionista e crítico, membro da Academia Brasileira de Letras e pelo poeta António Osório (Portugal). Conheça todos os títulos da Coleção.