sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Maria Helena Sato - Caleidoscópio



Maria Helena Sato - Caleidoscópio
Por Ricardo Riso
Resenha publicada no semanário cabo-verdiano A Nação, nº 208, p. 24, de 25 de agosto de 2011.

Recriar a origem das ilhas de Cabo Verde a partir de referenciais universais distantes do colonizador português gerou ótimos momentos ao longo da história literária do arquipélago, desde os pré-claridosos como José Lopes e Pedro Cardoso com o mito hesperitano, passando pelo telurismo épico e heróico de Corsino Fortes e Timóteo Tio Tiofe, até as díspares experiências contemporâneas, tais como os poemas do caderno “Ó de Ceia das Ilhas” inserido em “Me_xendo no baú, vasculhando o u”, de Filinto Elísio, da estreia em poesia de Mário Lúcio Sousa e o seu “O Nascimento de um Mundo”, e o poema “Parábola do Castro Sofrimento” de NZé dy Sant’Y’Águ (heterônimo de José Luis Hopffer Almada).

A cabo-verdiana Maria Helena Sato prestou seu contributo às ilhas nos poemas de “Areias e Ramas” e inovou ao apresentar sua peculiar genealogia para as ilhas nos dez contos de “Caleidoscópio” (Juiz de Fora: Mosteiro de São Bento, 2009). Neste, Sato, descompromissada de rigor histórico, rememorou com extrema habilidade narrativa as histórias contadas por sua avó acerca das origens das ilhas e passou para a escrita esse conhecimento oral acrescidas de suas referências literárias, o que tornou os textos híbridos entre o ficcional e os mitos universais e do ilhéu.

Assim sendo, os contos dedicados às Ilhas de São Nicolau e Santiago exemplificam essa associação proposta pela autora ao narrar como os nomes dos santos nomearam as ilhas. Na primeira, a ilha servia de entreposto para Papai Noel distribuir seus presentes até ser descoberto que seu nome era Nicolau, enquanto para Santiago narra-se que a ilha seria um possível lugar para os reis magos esconderem o nascimento de Jesus Cristo de seus perseguidores, sendo Tiago o responsável para os preparativos do local.

O ficcional se dá na bela metáfora da persistência, perseverança e coragem do ilhéu para vencer as adversidades e os parcos recursos originam o nome da Ilha Brava, assim como a singela e inusitada origem para a Ilha de Santa Luzia.

O resgate de tradições surge para a Ilha do Sal, já que o processo de salgar o peixe e assim conservá-lo é retomado para evitar desperdício em tempos de pesca farta.

A revisitação do passado escravocrata da Ilha do Fogo é retomado a partir de uma revolta em 1680, tendo a morte de seu líder, os seus olhos vermelhos e o seu sangue em analogia às lavas do vulcão mostram a origem de como a ilha passou a ter esse nome.

Para Santo Antão, o criativo conto apresenta o imaginário encontro do pirata Tom Bans e Bashô, o mestre do hai cai, para demonstrar o acolhimento da ilha com os imigrantes, para além da convivência pacífica e respeito mútuo ter auxiliado o oriental Bashô “que ficara mais claro enxergar o sentido da vida no caminho entre os dois vales”. Salienta-se ainda o didatismo a respeito do hai cai e a bela homenagem ao poeta António Januário Leite, natural da ilha. Aliás, homenagens aos escritores repetem-se nos contos à Ilha de São Nicolau (a Baltasar Lopes da Silva) e São Vicente (Sérgio Frusoni).

O cosmopolitismo da Ilha de São Vicente aparece na excêntrica tripulação de um navio formada por ícones de diversas artes, desde personagens literários (Hercules Poirot) e seus criadores (Agatha Christie), poetas (Camões), mágicos (David Copperfield) e artistas (Leonardo da Vinci), assim como o hibridismo do falar local que incorporou estrangeirismos do inglês e do francês, e palavras do português medieval, para além da apropriação da carta para narrar esse conto.

Sem deixar de mencionar temas comuns a todas as ilhas, tais como a escassez das chuvas, a emigração forçada, a origem escravocrata dos negros, a pesca e os dramas do pescador, esses foram alguns exemplos de como Maria Helena Sato em seu caleidoscópio narrativo aliou oralidade e escrita, tradições locais e referências universais para na 11ª ilha manter a sua caboverdianidade plena associado a esse sujeito contemporâneo deslocado e completamente incorporada como cidadã do mundo.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Mia Couto - E SE OBAMA FOSSE AFRICANO? - E outras interinvenções



E SE OBAMA FOSSE AFRICANO? - E outras interinvenções

Mia Couto

Editora Companhia das Letras

http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13116

E se Obama fosse africano? reúne o que Mia Couto chama de "interinvenções", neologismo que expressa bem o sentido destes artigos, quase todos transcrições de palestras proferidas pelo autor em eventos na África, na Europa e no Brasil.

Neles, o autor aborda de modo corajoso e criativo os principais impasses da África contemporânea. Temas como a corrupção, o autoritarismo, a ignorância, os ódios raciais e religiosos, mas também a riqueza da tradição oral e das culturas locais, o vigor artístico, as relações complexas entre o português e as línguas nativas, a influência de Jorge Amado e Guimarães Rosa sobre a literatura luso-africana, tudo isso é tratado com rigor intelectual, imaginação poética e humor por um dos maiores escritores de nossa época.

Longe do discurso árido dos acadêmicos e da retórica demagógica dos políticos, o autor, que é também biólogo, passeia pelos assuntos com habilidade de ficcionista, entremeando os dados objetivos de sua análise a lembranças pessoais e referências literárias, numa prosa calorosa e envolvente. Nesses exercícios de militância intelectual, o autor mostra que a inteligência crítica e a fantasia poética são fortes aliadas para a compreensão e a transformação do mundo.

Ondjaki - Há prendisajens com o xão (livro)




de Ondjaki



do chão promovido a almofada, do nosso limite a ele, do nosso encontro sob ele em algum tempo desconhecido, ondjaki nos transporta para um diálogo com o tempo, com a palavra, com a liberdade da escrita, com a imaginação de seres misteriosos. descrições de uma natureza em brisa de jangada e zunzum de abelha. e há também o encontro do sentimento com os seres que somos. os lugares e as descoisas.mais conhecido como prosador aqui no Brasil, dessa vez o autor nos oferece sua escrita em poesia construindo (ou desconstruindo) com muita intimidade cada palavra, cada verso, à sombra das árvores, pela alma das gaivotas, perto de um cardume de tardes. ou do chão


Pallas Editora
Páginas: 72
ISBN: 978-85-347-0464-9
Idioma: Português
Formato: 13,0x18,0cm

http://www.pallaseditora.com.br/produto/Ha_prendisajens_com_o_xao/216/13/

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Paula Tavares - Amargos como os frutos (poesia reunida)

(poesia reunida)
de Paula Tavares


Durante os tempos das lutas pela libertação de Angola, uma significativa parcela dos poemas produzidos transformou-se em arma ideológica de combate ao colonialismo. A partir da independência, ao lado da literatura de exaltação nacional, marcada pelo discurso panfletário e anticolonialista, começaram a surgir novas vertentes poéticas que, sem negar a importância de um compromisso com as realidades nacionais, buscam em si outros ingredientes.

Paula Tavares é uma dessas escritoras que cedem sua vozpara expressar, com rebeldia e ternura, o clamor amargo das mulheres encarceradas em seu próprio silêncio. Além dos efeitos das muitas décadas de guerras em Angola, as mulheres sofreram também no próprio corpo a opressão do machismo, natural depois de tanto tempo enraizado na cultura local.

A antologia poética Amargos como os frutos é a representação da voz feminina africana na sua individualidade, na sua feminilidade, na sua corporalidade. Palavras essenciais, intimistas e plurais, locais e universais, numa linguagem que registra e mistura crueldades e delicadezas.

Paula Tavares é uma das poetisas contemporânea do período pós-independência angolana (11 de Novembro de 1975). Foi membro do júri do Prêmio Nacional de Literatura de Angola nos anos de 1988 a 1990 e responsável pelo Gabinete de Investigação do Centro Nacional de Documentação e Investigação Histórica, em Luanda, de 1983 a 1985. É também membro de diversas organizações culturais, como o Comitê Angolano do Conselho Internacional de Museus (ICOM) e o Comitê Angolano do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), da Comissão Angolana para a UNESCO. Tanto a prosa quanto a poesia de Paula Tavares estão presentes em várias antologias em Portugal, no Brasil, na França, na Alemanha, na Espanha e na Suécia.


Pallas Editora
Páginas: 288
ISBN: 978-85-347-0466-3
Idioma: Português
Formato: 14,0x21,0cm

http://www.pallaseditora.com.br/produto/Amargos_como_os_frutos/218/13/

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Finalmente a poesia reunida de um incontornável nome da poesia angolana, preenchendo uma injustificável desatenção do mercado editorial brasileiro. Parabéns à ousadia da Pallas! Ousadia que poderia ser ampliada a outros nomes africanos e exemplo que deveria ser seguido por outras editoras.



Ricardo Riso

História da África e do Negro no Brasil



E-mail gentilmente enviado pelo Prof. Marcelo da Costa Nicolau - Diretor do Centro de Estudos Afro-Asiáticos (CEAA) - Universidade Candido Mendes

domingo, 21 de agosto de 2011

Amosse Mucavele - Cartografia do ecoar e do miar do couto...

CARTOGRAFIA DO ECOAR E DO MIAR DO COUTO OU COMO VIAJAR COM AS 24 (C)OBRAS DO MIA COUTO
de Amosse Mucavele (jovem escritor moçambicano)

Sobre a nossa a Terra disse que ela é Sonâmbula:com muita razão,sabem porquê?

-Porque ela não dorme fica dias e noites de mãos estendidas ao exterior a pedir esmola.

Amigos, num país visto como pobre os dirigentes são tão ricos!,trocam de carros de luxo e gozam de mordómias , mas não tem nem se quer um livro na cabeça.(preocupante não é)

Por isso que digo as nossas elites são incultas (vendem a nossa terra a 30 dinheiros)

Além de tudo que acima croniquei, vejam só o profeta deu-lhes a porção, dada a incompetência deles fizeram tudo ao contrário, deram os venenos ao Deus e os remédios ao Diabo, nestes últimamentes nós o povo, encontramo-nos na berma de nenhuma estrada, sabem, sem onde guardar as nossas súplicas,sem onde pedir clemências, pois o Senhor Deus exilou-se na terra onde reside o Homem que lhe salvou da morte (por envenenamento perpetrado pela nossas elites) dando-lhe antídoto.

Quem me dera là estar com eles debaixo daquela Varanda do Frangipani, a ouvir os Contos do Nascer da Terra.

Do que estar nestas Cidades dos partidos políticos com idades séculares no Governo, e onde os seus dirigentes consideram-se Divindades.

Eu cansei de viver neste País do Queixa Andar,vou-me embora,com um fio amarrado no pescoço(sei que Missangas não me faltarão),pelo caminho irei folhear as páginas desta Casa Chamada Terra e irei remar contra maré deste Rio Chamado Tempo.

Chegado a Uma Terra Sem Amós,constanto que algo mudou,a aldeia cresceu,ja são Vinte as Casas de madeira e Zinco.mas ainda continuamos no Escuro e o Gato Abensonhado pressagia as Estórias do velho.

Alguém disse o velho esta a morrer,o Gato não parava de tocar o Rítmo do presságio:

Retorquiu de novo-a biblioteca esta a arder.

-E eu nos meus Pensatempos confusos,surgiu-me a seguinte a pergunta? como hei-de o ajudar?

-Pensei na Princêsa Russa, cortei a ídeia porque a neve não pode extinguir as chamas,continuei neste pensaraltivo, afinei os meus Silêncios,dentro de mim uma voz uivava “Vou ficando do som das pedras. Me deito mais antigo que a terra. Daqui em diante, vou dormir mais quieto que a morte¹.”pego no machado,pelo caminho vou Traduzindo esta Chuva que molha os ramos da minha alegria,de nada vale continuar aqui,mas ,antes partír deixem-me descolar a Raiz do Orvalho.

Alguém disse-Ah,de nada resultará.de repente as Vozes Anoiteceram,era o ínicio da Chuva Pasmada.

E agora vou me embora mesmo “a procura da outra Pátria esta não me pertence²”,pois O Mar Me Quer,é no mar onde vou pescar o meu sonho de se tornar noutro Pé da Sereia,caso não consiga concretizar este meu sonho,procurarei outra maneira de partír,assím sendo tornar-me-ei no Pensageiro Frequente deste Último Voo do Flamengo que me levarà até a Jesusalém.


Glossário


¹-Mia Couto in A Varanda do Fragipani
²-Celso Manguana in Pàtria Que Pariu
3-todas palavras a negrito fazem parte do acervo bibliogràfico do autor acima referido-Princêsa Russa conto que faz parte do livro Cada Homem é Uma Raça.e outros livros
-No meu País tem um provérbio que diz-um velho que morre é uma biblioteca que arde.
-O gato e o escuro,Cronicando
-Estórias abensonhadas
-O fio das Missangas,....e outros ficam sob alçada do leitor,beijooooos

Fonte: texto gentilmente enviado pelo autor em 12/08/2011.

Pepetela e Ondjaki na UFRJ - 05/09/2011


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E-mail gentilmente enviado pela Profª Drª Carmen Lucia Tindó Secco em 21/08/2011.

Palestra História da escravidão num porto africano: o caso de Benguela



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Práticas religiosas na Costa da Mina (CEAO-UFBA)

CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais


Práticas religiosas na Costa da Mina

O sítio Costa da Mina (http://www.costadamina.ufba.br/) disponibiliza uma seleção de fontes européias, em língua original e em tradução para o português, referente às práticas religiosas desenvolvidas na Costa da Mina (África ocidental), entre 1600 e 1730. Fruto de pesquisa desenvolvida no Centro de Estudos Afro-Orientais CEAO) da Universidade Federal da Bahia, o projeto pretende contribuir para a democratização de documentos de difícil acesso e estimular a pesquisa obre a história da África, no Brasil e alhures. Por
favor, visitem e divulguem o link.



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CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador -
Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site:
http://www.ceao.ufba.br/

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

III Congresso Baiano de Pesquisador@s Negr@s (UNEB)

III Congresso Baiano de Pesquisador@s Negr@s de 12 a 16 de Outubro na UNEB de Santo Antonio de Jesus


De: Associação de pesquisadores negros Bahia apnb2008@gmail.com

Prezad@s Pesquisador@s,

Estão abertas as inscrições para o 3º Congresso Baiano de Pesquisadores Negros que acontece na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) no Campus V – Santo Antonio de Jesus no período de 12 a 16 de outubro de 2011. Este encontro de caráter interdisciplinar, que é uma promoção da Associação Baiana de Pesquisadores Negros (APNB) e do Rede Internacional de Estudos Africanos e da Diáspora (READI) em parceria com universidades estaduais (UEFS, UNEB, UESB, UDESC) e federais (UFBA, UFRB) do estado, tem como tema ÁFRICA E DIÁSPORA: PARA ALÉM DAS FRONTEIRAS.

O Objetivo é reunir pesquisadores, professores e demais interessados na temática dos Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, nacionais e estrangeiros, com o propósito de:
•Intercambiar experiências de pesquisa e promover debates interdisciplinares;
•Inserir os estudantes e professores universitários nos debates atuais sobre temas relacionados aos países africanos;
•Suscitar novas pesquisas sobre História, Cultura, Artes e Literatura da África e da diáspora;
•Inventariar as áreas e temas de interesse de pesquisa de pesquisadoras/es negras/os;
•Criar estratégias com vistas a buscar apoio e convênio com as instituições de fomento nacionais e internacionais;
•Criar mecanismos de divulgação de resultados das pesquisas concluídas e em andamento;
•Propor e participar de projetos e atividades de Programas de Graduação e de Pós-Graduação que visem contribuir para a implementação da Lei Federal 10.639/2003;
•Fomentar a interlocução com as agências de fomento para que apoiem projetos que discutam temas como África, africanidades, diáspora, relações raciais, e políticas públicas;
•Estimular diálogos com pesquisadoras/es e instituições nacionais e internacionais de pesquisas, intensificando a ampliação de debates e proposições na área de relações étnico-raciais, para fortalecer a rede de pesquisa internacional entre as populações negras do Brasil, da diáspora africana nas Américas e dos países africanos.

Os pesquisadores podem apresentar propostas em treze grupos temáticos:
•QUESTÃO URBANA RACISMOS;
•MÍDIA E RELAÇÕES RACIAIS;
•ENSINO DE ÁFRICAS;
•ÁFRICA HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA;
•LITERATURA ARTES E PERFORMANCE NEGRAS;
•CIENCIAS DA VIDA;
•DESENVOLVIMENTO LOCAL E ARRANJO SÓCIO ECONOMICO;
•CIÊNCIA E TECNOLOGIA; POLITICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS,
•EDUCAÇÃO E RELAÇÕES RACIAIS;
•PODER GÊNERO RAÇA: DESAFIOS;
•CULTURA,COMUNIDADES TRADICIONAIS E RELIGIÕES;
•PENSAMENTOS E INTELECTUAIS NEGROS;
•HISTORIA MEMORIA EXPERIENCIAS NA DIASPORA

Inscrições: Após preencher a ficha de inscrição, cada pesquisador (a) deverá enviar para o endereço eletrônico de um dos Grupos Temáticos. O participante ouvinte deverá preencher a ficha de inscrição e enviar para e-mail apnb2008@gmail.com
Atenção – Os e-mails para inscrição deverão incluir no assunto, a expressão “Inscrição no III CBPN e III Áfricas”.
A taxa de inscrição deverá ser feito no Banco Bradesco, Ag. 3001, Conta Corrente: 152.969-7

16. CRONOGRAMA DE INSCRIÇÃO
Recebimento dos resumos: 01 de agosto até 30 de agosto
Carta de aceite:Até 10 de setembro
Texto Completo:Até 11 de outubro
Credenciamento: 12 de outubro (das 8:00 às 12:00 e das 16:00 às 18:00)

17. CATEGORIAS E VALORES DE INSCRIÇÃO
Categorias Até 1 a 15 agosto 16 a 30 agosto
Graduandos R$50,00 R$70,00
Pós-graduandos R$100,00 R$120,00
Profissionais de educação básica R$50,00 R$70,00
Profissionais de educação superior R$120,00 R$150,00
Representantes do movimento social (MN, MS) R$50,00 R$70,00
Ouvinte R$ 10,00 R$20,00

Associação de Pesquisador@s Negr@s da Bahia – APNB
http://twitter.com/apnbbahia
http://apnbbahia.blogspot.com/

III CURSO DE EXTENSÃO INICIATIVAS NEGRAS - TROCANDO EXPERIÊNCIAS (UFC)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CAMPUS DA UFC NO CARIRI
PROGRAMA DE EXTENSÃO INICIATIVAS NEGRAS

EDITAL N.º 01.2011
III CURSO DE EXTENSÃO INICIATIVAS NEGRAS - TROCANDO EXPERIÊNCIAS

04 a 14 de outubro de 2011
Local: Universidade Federal do Ceará/Campus Cariri
Juazeiro do Norte - Ceará

OBJETIVOS:
• Capacitar e formar teórica e tecnicamente estudiosos (as) e ativistas dos movimentos sociais que atuam na área do combate ao racismo e ao sexismo, buscando contribuir para a instrumentalização de agentes sociais que possam operar em projetos de intervenção e mudança social.
• Propiciar uma maior aproximação entre pesquisadores (as), acadêmicos (as) e ativistas dos movimentos sociais negros em âmbito nacional, estimulando uma troca de saberes.

HISTÓRICO:
O Curso de Extensão Iniciativas Negras - Trocando Experiências busca estimular a reflexão crítica sobre diversas experiências que visem combater o sexismo, a discriminação racial, os racismos e as discriminações correlatas. Tem procurado incentivar uma maior sinergia entre acadêmicos (as) e ativistas com ênfase sobre os aspectos de relações raciais, gênero e direitos humanos. Teve início no ano 2000 no âmbito do Centro de Estudos Afro - Brasileiros (CEAB) da Universidade Cândido Mendes (RJ).
Diante da demanda crescente decidimos, naquela conjuntura, organizar a edição do RJ apenas bianualmente. Em 2003, realizamos Cursos Regionais – (com duração de três dias, cada) em Piracicaba – SP, Belo Horizonte – MG, Porto Alegre – RS e Macapá – AP. No âmbito da UFC no Cariri, os cursos foram realizados em 2007 e 2009, com duração de dez dias cada. No ano de 2008 tivemos o primeiro, em maio, na cidade de Araguaína - TO e em novembro, em Fortaleza- CE. Em 2010 foi a vez de Passo Fundo - RS, em maio em Caruaru - PE, em outubro.
Em maio de 2011 foi a vez de Manaus – AM, todos com cerca de três dias.
As atividades regionais só foram possíveis em virtude de uma rede estabelecida entre acadêmicos e ativistas dos movimentos sociais e das adesões de Universidades, Sindicatos e ONGs, nos diversos Estados, o que tem contribuído para com o reconhecimento e a relevância deste curso de extensão.

FORMATO
Mini-cursos, painéis, oficinas, grupos de estudos, mesas redondas, vídeos e turismo cultural.

ALGUNS TEMAS QUE SERÃO ABORDADOS EM OUTUBRO DE 2011
Direitos Humanos - Gênero – Saúde - Redação de projetos - Captação de Recursos - Ação Afirmativa - História e Cultura Afro-Brasileira – Arquivo documental.
A leitura de uma bibliografia será sugerida aos participantes no decorrer do curso.

PÚBLICO-ALVO:
Os (as) candidatos (as) deverão ser ativistas dos movimentos sociais negros ou de mulheres negras (e/ou) serem estudantes que desenvolvam pesquisas na área das relações raciais e/ou de gênero.

NOTAS:
1) Não poderãocandidatar-se às bolsas oferecidas no III Curso de Extensão Iniciativas Negras pessoas que já foram contempladas em edições anteriores (RJ – 2000 a 2004/ Ceará – 2007 e 2009). Podendo, contudo, participar com recursos próprios, sem necessidade de inscrição prévia;
2) O curso é aberto a todos (as) interessados (as). Os (as) participantes que obtiverem um mínimo de 90 % de frequência terão direito a um certificado.
3) O curso é inteiramente gratuito e aberto a todos (as) os interessados (as).sem necessidade de inscrição prévia.

SELEÇÃO:
Serão selecionados 30 (trinta) participantes, incluídos nas seguintes categorias e de acordo com os critérios relacionados:
a) 10 bolsas Norte e Nordeste – Apenas para residentes nestas regiões, exceto das cidades da Região Metropolitana do Cariri - RMC. Receberão passagem (aérea e/ou terrestre), hospedagem e alimentação.
b) 5 bolsas gerais- Para residentes em qualquer ponto do país. Receberão passagem (aérea e/ou terrestre), hospedagem e alimentação.
c) 15 bolsas parciais – Para residentes em qualquer ponto do país. Receberão hospedagem e alimentação. Devem responsabilizar- se por suas passagens (aéreas e /ou terrestres) de ida e volta. Os selecionados deverão comprovar, dentro do prazo estipulado, a aquisição das passagens. Em caso contrário, a bolsa será transferida aos suplentes.

Cada candidato optará, no ato da inscrição, por uma das categorias de bolsa que se adeque a sua condição geográfica. Uma vez enviada a documentação, a opção não poderá ser alterada. A inscrição será online, através do preenchimento do formulário para seleção de participantes. Os selecionados deverão participar integralmente de todas as atividades propostas durante os dez dias de curso.

SOBRE A BANCA DE SELEÇÃO:
Uma comissão (formada por professores da UFC e ativistas do Movimento Social) fará a seleção com base na documentação apresentada e suas decisões serão definitivas.

DOCUMENTAÇÃO A SER ENVIADA ONLINE:
1- Uma carta de recomendação (com assinatura digitalizada) de alguma liderança do Movimento Negro, do Movimento de Mulheres Negras ou de um (a) pesquisador (a) na área das relações raciais.
2- Formulário para seleção de participantes (totalmente preenchido). Ver no site: http://nblac.cariri.ufc.br
NOTA:Toda a documentação deve ser obrigatoriamente digitalizada e enviada para o e-mail: iniciativasnegras@yahoo.com.br, indicando no campo assunto: SELEÇÃO INE 2011.

Não será admitido o envio impresso.

CONFIRMAÇÃO DA SELEÇÃO
Após a publicação dos selecionados, os mesmos deverão preencher e enviar o formulário “Carta Compromisso” no prazo estipulado neste Edital, como condição de confirmação da inscrição, conferindo-lhes a efetivação da sua seleção.

CRONOGRAMA
Período de inscrições. 15 de julho a 20 de agosto
Análise das inscrições. 23 e 24 de agosto
Publicação preliminar dos selecionados. 27 de agosto
Envio da Carta Compromisso, pelos selecionados, com confirmação da inscrição.
Até 03 de setembro
Publicação final dos selecionados. 05 de setembro
Período do evento. 04 a 14 de outubro

Juazeiro do Norte, 15 de Julho de 2011.
______________________________

Joselina da Silva
Coordenadora do Programa de Extensão Iniciativas Negras

MAIORES INFORMAÇÕES:
http://nblac.cariri.ufc.br/
iniciativasnegras@yahoo.com.br

Universidade Federal do Ceará/ Campus Cariri
Av. Tenente Raimundo Rocha S/N - Cidade Universitária - Juazeiro do Norte - CE
CEP 63000-000 - Fone: +55 (88) 3572-7200 / 3572.7221

Muheres Bantas - evento RJ

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Curso de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (FUNCEFET)

Cursos de Pós-graduação/MBA
Curso de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (FUNCEFET)


Objetivo:
O Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa tem como objetivo aperfeiçoar, atualizar e especializar profissionais da área de Licenciaturas em Letras, Pedagogia, História e Geografia em metodologias e teorias culturais e, igualmente, suscitar vocação de pesquisa.

Programa:
I – IMAGINÁRIOS CULTURAIS E LITERATURA - 40 h
1. Gênero, Etnia, Identidade e Diferença;
2. A revisão crítica do comparatismo, seu sentido e função na contemporaneidade;
3. Abordagem contrastiva de textos literários de língua portuguesa, de diferentes épocas, e contextos em diálogo;
4. Contribuição de recentes tendências teórico-críticas, especialmente as da desconstrução e as da “Nova História”.

II - ESTUDOS CULTURAIS E PÓS-COLONIAIS – 30 h
1. Estudo da produção cultural e indagações sobre as relações de dependência, conflito e apropriação de padrões culturais entre comunidades étnicas, regionais, nacionais ou trans-nacionais;
2. Reflexão sobre os conceitos de nação, identidades e cultura;
3. Indagações sobre os cânones literários: construções alternativas e paradoxos do multiculturalismo e da globalização;

III – O IMPRERIALISMO EUROPEU, PORTUGAL E A EXPLORAÇÃO DAS COSTAS AFRICANA E BRASILEIRA – 50h
1. Imperialismo e Orientalismo;
2. Abordagem comparada de estratégias expansionistas;
3. Reinos Africanos, Oralidade e Desterritorialização;
4. Nações indígenas e a utopia do paraíso ultrajado;
5. O exotismo.

IV – LITERATURA COMPARADA – 90h
1. Literatura geral e literatura comparada;
2. Tensões entre o local e o universal, entre unidade e diversidade.
3. Leituras sincrônicas: intertextualidade e supranacionalidade;
4. Gêneros, temas, relações literárias e periodização vista em perspectiva comparatista;
5. A intertextualidade como inter-historicidade. Intertextualidade e interdisciplinaridade;
6. O imaginário, o ilusório, o ficcional, a verdade;
7. Ficção e linguagem. Ficção e real. Ficção e teoria.
8. As manifestações artísticas em diferentes Poéticas como ambigüidade tensional de identidade e diferença na manifestação e construção da realidade e do homem;
9. Teorias disruptivas: paródia e práticas transformadoras. Leituras diacrônicas e o talento poético individual: função, norma e valor literários;

V- FUNDAÇÃO DAS LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA – 40h
1. Autor africano e contexto colonial; Textos Africanos e Escrita.
2. A poesia nos contextos angolano, cabo-verdiano e são-tomense;
3. Diálogos intertextuais entre África e Brasil;
4. A imprensa contestatória nos contextos angolano e moçambicano.

VI - LITERATURA E CONSCIÊNCIA NACIONAL – 60h
1. As influências do "afro-americanismo" e da "negritude" e a evolução das literaturas africanas de língua portuguesa;
2. Afirmação de identidade cultural, mestiçagem e projeto de emancipação política;
3. Características essenciais da estética literária africana: o uso da Língua Portuguesa e o hibridismo;
4. Especificidades de cada uma das 5 literaturas;
5. O fenômeno literário antes e depois das Independências: problemáticas abordadas, tons, gêneros discursivos, destinatários;
6. Os temas do "contratado" e da "guerra" nas Literaturas Africanas de Língua Portuguesa;

VII – MEMÓRIA E DISCUSSÃO DA CONDIÇÃO PÓS-COLONIAL – 20h
1. Literaturas Africanas na Atualidade: autoria, autoridade, tópicos, gêneros;
2. Literatura e crise das utopias;

VIII – METODOLOGIA DA PESQUISA – 30h
1. Introdução à pesquisa, Métodos de estudo: fichamento, resenha, organização do trabalho científico;
2. Trabalhos científicos: roteiro de pesquisa, projeto de pesquisa;
3. TCC (trabalho de conclusão de curso);

Coordenação Acadêmica:
Profª Norma Lima
Doutora em Literatura Comparada - UFF
Professora dos Ensinos Médio e Superior

Fundamentação Legal e Certificação:
MEC - Res.nº 1 de 8 de Junho de 2007
Serão concedidos certificados de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização ou MBA pela Universidade Católica de Petrópolis, dos cursos ministrados em convênio com o Instituto de Pesquisa Educação e Tecnologia e acordo de cooperação Técnica com a FUNCEFET, aos alunos que obtiverem aproveitamento mínimo requerido (nota 7), freqüência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) em todas as disciplinas e tiverem seu trabalho final de curso aprovado.

Local do Curso:
Rio de Janeiro - RJ
Rua Buenos Aires, nº 90 – 02º e 03º andar – Centro.

Carga Horária:
360 h/a

Duração do curso:
Aulas Quinzenais: 19 meses

Periodicidade e Horários:
Terça e quintas-feiras de 08:00h às 12:00h
Terça e quintas-feiras de 18:15h às 22:00h
Sábados de 08:30h às 17:30h

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Curso de Especialização em Cultura Afro-brasileira e Indígena (FUNCEFET)

Cursos de Pós-Graduação/MBA
Curso de Especialização em Cultura Afro-brasileira e Indígena (FUNCEFET)


Objetivo:
O Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Cultura Afro Brasileira tem como objetivo aperfeiçoar, atualizar e especializar profissionais da área de Licenciaturas em Letras, Educação Artística, Pedagogia, História e Geografia para conteúdos a serem trabalhados e materiais didáticos produzidos, de acordo com os objetivos da Lei 11.645, a fim de propiciar aos professores estratégias e metodologias que os auxiliem a aplicá-la.

Programa:
I – IMAGINÁRIOS CULTURAIS E LITERATURA – 40h
1. Gênero, Etnia, Identidade e Diferença;
2. A revisão crítica do comparatismo, seu sentido e função na contemporaneidade;
3. Abordagem contrastiva de textos literários de língua portuguesa, de diferentes épocas, e contextos em diálogo;
4. Contribuição de recentes tendências teórico-críticas, especialmente as da desconstrução e as da “Nova História”;

II – ESTUDOS CULTURAIS E PÓS-COLONIAIS – 30h
1. Estudo da produção cultural e indagações sobre as relações de dependência, conflito e apropriação de padrões culturais entre comunidades étnicas, regionais, nacionais ou trans-nacionais;
2. Reflexão sobre os conceitos de nação, identidades e cultura;
3. Indagações sobre os cânones literários: construções alternativas e paradoxos do multiculturalismo e da globalização

III – O IMPERALISMO EUROPEU, PORTUGAL E A EXPLORAÇÃO DAS COSTAS AFRICANA E BRASILEIRA - 50h
1. Imperialismo e Orientalismo;
2. Abordagem comparada de estratégias expansionistas;
3. Reinos Africanos, Oralidade e Desterritorialização;
4. Nações indígenas e a utopia do paraíso ultrajado;
5. O exotismo;

IV – MATRIZ ÉTNICA E AFRO-DESCENDÊNCIA – 80h
1. O Continente Africano; A história da África edos africanos;
2. O contato entre o europeu e o africano e a chegada do negro ao Brasil; Escravidão no Brasil: formas e tipos diversos;
3. A luta dos negros no Brasil, uma história de resistências; Abolicionismo, a luta pela liberdade;
4. A cultura negra e a sua influência no Brasil e O negro na formação da sociedade nacional;

V – MATRIZ ÉTNICA INDÍGENA – 60h
1. A presença do homem no continente americano; O contato entre os europeus e os indígenas; Escambo escravidão nos primeiros anos de colonização;
2. Os índios do Brasil; A cultura indígena e a sua influência na formação da sociedade nacional e As contribuições dos povos indígenas ao Brasil e ao mundo.
3. Diversidade cultural, étnica, histórica, linguística e antropológica dos povos africanos e indígenas no Brasil;
4. Leis nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 10.639, de 9 de janeiro de 2003 e 11.645, em vigor desde março de 2008;

VI – METODOLOGIAS NO ENSINO – 40h
1. Ensino e desenvolvimento das competências leitora e escritora;
2. Didática no ensino superior;
3. Elaboração de materiais didáticos;
4. O professor reflexivo.

VII - GÊNEROS E OUTRAS APLICAÇÕES – 30h
1. Minorias faladas: índio, negro, mulher, gay;
2. Cultura e instituições psicanalíticas;
3. Continentalismo, crioulismo, negritude.

VIII – METODOLOGIA DA PESQUISA – 30h
1. Introdução à pesquisa, Métodos de estudo: fichamento, resenha, organização do trabalho científico;
2. Trabalhos científicos: roteiro de pesquisa, projeto de pesquisa.
3. TCC (trabalho de conclusão de curso)

Coordenação Acadêmica:
Profª Norma Lima
Doutora em Literatura Comparada - UFF
Professora dos Ensinos Médio e Superior

Fundamentação Legal e Certificação:
MEC - Res.nº 1 de 8 de Junho de 2007
Serão concedidos certificados de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização ou MBA pela Universidade Católica de Petrópolis, dos cursos ministrados em convênio com o Instituto de Pesquisa Educação e Tecnologia e acordo de cooperação Técnica com a FUNCEFET, aos alunos que obtiverem aproveitamento mínimo requerido (nota 7), freqüência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) em todas as disciplinas e tiverem seu trabalho final de curso aprovado.

Local do Curso:
Rio de Janeiro - RJ
Rua Buenos Aires, nº 90 – 02º e 03º andar – Centro.

Carga Horária:
360 h/a

Duração do curso:
Aulas Quinzenais: 19 meses

Periodicidade e Horários:
Terça e quintas-feiras de 08:00h às 12:00h
Terça e quintas-feiras de 18:15h às 22:00h
Sábados de 08:30h às 17:30h

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

José Luís Hopffer C. Almada – “Uma criatura da saudade” (resenha)

José Luís Hopffer C. Almada – “Uma criatura da saudade”
Ricardo Riso
Resenha publicada no semanário A Nação, nº 206, p. 20, de 11/08/2011.

A obra de José Luis Hopffer Almada solidifica-se na poesia cabo-verdiana contemporânea em razão da complexidade com que trata temas consagrados no sistema literário do seu país, tais como a evasão e a emigração, assim como de um minucioso labor de lapidação da palavra demonstrado na incessante recriação de seus poemas, para além da louvável atuação na crítica literária, no ensaio e na promoção da cultura de Cabo Verde.

Escolhemos o poema “Na morte de Baltasar Lopes da Silva (que também é o poeta Osvaldo Alcântara)” (na versão publicada recentemente em “Cabo Verde: antologia de poesia contemporânea”, organizada por Ricardo Riso e que refunde a versão inicialmente publicada na revista “Fragmentos”), para abordarmos a identidade cabo-verdiana, expondo um sujeito deslocado e fragmentado que refaz seus poemas na diáspora, de cabo-verdiano das dez ilhas e da terra-longe, revisitando as origens de sua cultura e as replanejando na contemporaneidade. Segundo Stuart Hall, “o sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um ‘eu’ coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas”. Nesse sentido, temas caros à literatura anunciam-se: “evadiram-se os meus companheiros para a Pasárgada, desterraram-se para as hespérides ou degredaram-se para a terra-longe?” Deslocamento apresentado na rica heteronímia, na transumância de seu heterônimo mais vinculado à mãe-terra, de Zé di Sant’Y’Águ para NZé di Sant’Y’Águ, este telúrico e lusógrafo que tanto pode estar nas ilhas quanto na diáspora, enquanto aquele ficou restrito aos poemas em língua materna.

Nesse poema atribuído nesta versão muitíssimo abreviada a NZé di Sant’Y’Águ os macrotemas da evasão e da emigração são trabalhados em uma ampla tessitura de saudade bipartida. Talvez por isso a homenagem ao claridoso Osvaldo Alcântara, o maior responsável pelo pasargadismo na literatura cabo-verdiana. Pasargadismo que foi evasionista e também gerou a sua recusa, o antievasionismo, questões revisitadas no poema: “Sinto saudades do norte desconhecido onde trilham os passos dos meus amigos ausentes. Sinto saudades do ignoto san francisco do norte. Sou saudosista. Sou evasionista.// Os meus companheiros, meus conterrâneos da mãi-terra, meus contemporâneos da pasárgada, sentem saudades do san francisco de cá, do nosso sul. São saudosistas. São anti-evasionistas”.

Nessa condição sofrida impõe-se o sentimento de saudade sob “à sombra da acácia”. O sujeito lírico projeta uma experiência cosmopolita e parte para a 11ª ilha: “Não dura muito escapar-me-ei para o norte (...). Integrar-me-ei no exôdo dos rostos. Negu. A transumância dos corpos. (...) E só então serei terra-longista”. Assim, confirma sua raiz afro-crioula e sente as agruras de emigrante: “Gueto. Trabalho e gueto. Crioulo e gueto. Cachupa e gueto. Lágrima e gueto. Navalha e gueto. Getu de rosto descoberto. Da descoberta da face escura”, e relembra a trágica experiência dos povos africanos durante a colonização da ilha de Santiago: “Dos filhos da diáspora nasceu a ilha. O tráfico dos corpos. A deportação da alma. (...) Com a audácia dos navegadores. Com a calculista frieza dos negreiros. (...) O atlântico odor de sangue. O choro em ancestral exílio. Da porta sem retorno de gore à pia baptismal da cidade velha”. Dessa maneira, a “reconstrução do meu olhar na vasta diáspora” apresenta um sujeito conotado ao seu tempo, e segundo Edward Said, capaz de “representar o sofrimento coletivo do seu próprio povo, de testemunhar suas lutas, de reafirmar sua perseverança e de reforçar sua memória”, pois a “tarefa do intelectual é universalizar de forma explícita os conflitos e as crises, dar maior alcance humano à dor de um determinado povo ou nação”.

E é assim, para um povo que navega pelas sete partidas do mundo, que José Luis Hopffer Almada reconfigura esse sentimento dilacerante comum ao cabo-verdiano nas ilhas ou na diáspora, a saudade, e presta seu contributo de escritor-intelectual exposto, segundo Said, “ao risco da ousadia, à representação da mudança, ao movimento sem interrupção”.

Pedro Matos – Midju di Fogu (resenha)


Pedro Matos – Midju di Fogu

Ricardo Riso
Resenha publicada no semanário A Nação, nº 204, p. 21, de 28/07/2011.

Pedro Andrade Matos nasceu em 15 de novembro de 1987 na Ilha do Fogo. Fez os estudos secundários na ilha-mãe e graduou-se em Relações Internacionais (Puc-Minas/Brasil). Hoje é mestrando em Ciência Política na UFMG (Brasil).

Sua estreia literária aconteceu em 2010 com o livro de poesia “Midju di Fogu – Azágua e outras memórias de Cabo Verde”, sob a chancela da brasileira Nandyala – Livraria e Editora, reunindo cinquenta e um poemas voltados para o público infanto-juvenil nas suas trintas e seis páginas. O livro ainda contém um importante glossário com a definição das diversas palavras em língua materna cabo-verdiana, para além de notas de contracapa da Profª Drª Simone Caputo Gomes (USP) e deste que aqui escreve.

Inspirada na condição diaspórica do autor, os poemas de “Midju di Fogu” trazem a saudade das tradições do arquipélago, a rememoração de sua terra e de sua gente sofrida no seu cotidiano simples de resistência desmesurada para vencer as agruras da vida: “Txuba d’azágua é molhada e traz/ A sabura quebrando a sodadi,/ Dando sperança a Eulália e Raimundo/ Povo di coragi, povo de padjigal”.

Tradições que a pena do poeta tenta manter acesas, “pois lá em baixo a nossa cultura/ grita...” para “que valorizem a cultura nacional”. Tradições que revelam sob a “luss di podogó” as carências da população pobre, mostradas na medição cruel da fome: “Rasora servia para nivelar os cereais/ Na cooperativa do Sr. Morais,/ Onde as pessoas idosas iam receber as kinzena/ Em forma de alimentos básicos.// Nem todo mundo gostava da rasora,/ Principalmente quando era para partir os alimentos/ Nos tempos da crise...” Crise econômica da Ilha do Fogo representada na purguera: “Do óleo zarpava o barco, combustível/ Do óleo debulhava o milho, comestível./ Do óleo trabalhava o homem, possível./ Do óleo sustentava o homem, impossível.” Representação que difere da relatada em “Ilhéu da Contenda”, romance de Teixeira de Sousa que retrata os tempos áureos desse comércio: “Ouvia contar ao pai que outrora exportavam purgueira para Marselha por bom preço. Depois que a indústria nacional se assenhoreara dessa oleaginosa, o preço desceu escandalosamente. Antigamente a purgueira era o mealheiro do pobre e a burra do negociante. O povinho vestia-se com a purgueira que colhia. O comerciante pagava em tecidos a purgueira que comprava. Vinham grandes lugres e patachos carregar purgueira. E era negócio que não falhava, quer chovesse, quer não (SOUSA, s.d., p. 26-27).

Entretanto, são nas carinhosas descrições dos pratos típicos, símbolos do arquipélago, que o poeta sacia a sua sodadi. Estão lá a katxupa – “depois de amassado o milho, colocava para secar ao sol”; “Batanga era feita com sal, água e farinha”; “do milho branco do campo do Sr. Dai/ Extraía a farinha, junto ao feijão./ Servida ao molho de garopa, comia-se a djagacida”; a “scaldada era simples de fazer com farinha, água e sal”. Afetuosas também as lembranças dos utensílios domésticos do homem do campo, tanto para o trabalho quanto para o conforto: balai de tente, garrafon, bidja, kankaran, tagarra, solidor, manduco e o kanhotu, que ajuda o camponês a esquecer “das amarguras do passado e do presente”. As bebidas são recordadas como “o manecon de uva para os senhores de bom codjon” e o grogu: “Rogue a Deus o mokeru por ter como beber o grogu”, assim como os ritmos musicais da tabanca, morna, batuque, talaia-baxu e funaná.

O drama da seca que “seca a minha alma”, da emigração forçada, do mar que “partilha a alegria daqueles que vão e voltam,/ transbordando nos calhaus as mágoas/ dos que foram e não voltaram” e tantas outras experiências do cabo-verdiano recriadas na poesia de Pedro Matos desvelam a saudade de um poeta que, longe de seus pares, mostra o seu apego à sua terra, por vezes madrasta, mas para sempre materna, e fazem da leitura de “Midju di Fogu”, por sinal, o milho como metáfora de perseverança, um singelo aprendizado da indescritível capacidade de resistência desse povo.