sábado, 30 de julho de 2011

Cabo Verde: antologia de poesia contemporânea, Ricardo Riso (Org)


Prezado(a),

Informo que Cabo Verde: antologia de poesia contemporânea, organizada por Ricardo Riso, já se encontra disponível para acesso e download no sítio da revista acadêmica África e Africanidades (ISSN 1983-2354), edição nº 13, ano IV. Em 146 páginas, reúne 76 poemas de 13 poetas: António de Névada, Carlota de Barros, Danny Spínola, Dina Salústio, Filinto Elísio, José Luis Hopffer C. Almada, Margaridas Fontes, Maria Helena Sato, Mario Lucio Sousa, Oswaldo Osório, Paula Vasconcelos, Vasco Martins e Vera Duarte. A antologia conta com ilustrações dos artistas plásticos Abraão Vicente e Mito Elias.

“A presente antologia pretende contribuir para a melhor divulgação da poesia contemporânea de Cabo Verde, ainda de tímida exposição no Brasil. (...) deseja dar a conhecer, ainda que de forma breve, alguns desses poetas, artífices da linguagem, e assim estimular um olhar mais atento do público brasileiro para a recente produção poética cabo-verdiana.”

Na edição 14 (agosto/2011), será publicada Moçambique Hoje: antologia da novíssima poesia moçambicana, também organizada por Ricardo Riso, com a participação de Alex Dau, Andes Chivangue, Armando Artur, Chagas Levene, Domi Chirongo, Manecas Cândido, Mbate Pedro, Rinkel, Rogério Manjate, Sangare Okapi, Tânia Tomé. Ilustrações de João Paulo Quehá.

Peço ajuda para divulgação.

Grande abraço,
Ricardo Riso

terça-feira, 19 de julho de 2011

Literatura Infantil de Cabo Verde à venda na Kitabu

Agora à venda na Kitabu Livraria Negra a Colecção Stera, de Zaida Sanches, formada por quatro livrinhos infantis.
É mais uma parceria realizada com os cabo-verdianos e contribuindo para disseminação da literatura das ilhas no Brasil. A Colecção Stera, de Zaida Sanches, une-se ao livro de poesia Esteira Cheia ou o Abismo das Coisas, de António de Névada, e aos livros da Artiletra Edições (Valentinous Velhinho, Mario Lucio Sousa, entre outros).
Ricardo Riso


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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Maria Helena Sato - Areias e Ramas (resenha)


Maria Helena Sato – Areias e Ramas
Por Ricardo Riso
Resenha publicada no semanário cabo-verdiano A Nação, nº 202, de 14/07/2011, p. 27

Há alguns anos que a cabo-verdiana Maria Helena de Morais Sato vive em São Paulo – Brasil, formada em Letras e pós-graduada em Literatura, Comunicação Social, Comunicação Internacional e Recursos Humanos, e possui MBA em Administração. É tradutora juramentada (espanhol, francês e inglês). Sato já tem uma obra extensa, com nove livros de poesia publicados, destacamos, dentre outros: “Bonsais e Haicais” (2000), “Presente do Mar” (2003) e “Caminho Orvalhado” (2004), e em prosa/poesia “O poeta além-vale” (antologia de António Januário Leite), em parceria com Luís Romano (2005).

Em 2006 lançou “Areias e Ramas” pela Edições Subiaco da cidade mineira de Juiz de Fora. Em suas 130 páginas espalham-se 94 poemas mais apresentação da poetisa, e o texto de contracapa ficou a cargo do também cabo-verdiano e radicado no Brasil, Luís Romano, autor de “Famintos”, que sobre o livro afirma: “pela raridade temática e alcance espontâneo, resultou eclética poesia, viva até alcançar tecedura de singular contexto lírico, sem sacrifício da harmonia em si”.

Acompanhando os apontamentos de Romano, percebemos em Maria Helena Sato uma poiesis madura, de amplo domínio da versificação livre, da brevidade dos versos, das formas curtas como o haicai e as quadras, assim como do soneto clássico e da poesia em prosa. Diversidade a serviço da recriação de temáticas consagradas na literatura cabo-verdiana, por uma pena diaspórica que a partir da distância, da sua insularidade, recorre à memória das ilhas para transformá-la em poesia: “Dez lágrimas,/ únicas,/ transbordam./ As demais/ cabem nos mapas”.

Poesia que apresenta a cartografia de Sato, cartografia de memória, por vezes dorida, como em “Seca”: “Silêncio virou,/ descanso – ou descaso?/ Sem você, sorriso, escasso...”; por vezes afetiva, de memória familiar: “De repente a lua/ plena/ não estava mais/ e Joãozinho/ gritou:/ ‘A bola?/ Quem a chutou?’/ Mas logo/ a escura nuvem/ passou!/ Após cada nuvem,/ sempre procuro/ você”.

Cartografia que também é literária, ainda afetiva, na relação com o claridoso Jorge Barbosa no poema dedicado a ele: “Atencioso olhar que me cumprimentava, ele passava por mim e eu sabia o nome daquele homem grande de estatura. Desconhecia, porém, a dimensão maior que carregava. Assim eram nossos encontros, enquanto eu brincava na rua, jogando ringue ou andando de bicicleta – e Jorge Barbosa passava”. Cartografia que recria a partir dos referenciais para sua poesia, como no “Passeio de Anílbal Lopes da Silva com Drummond e Bandeira”: “Longa estrada,/ vida boa,/ Porto Novo/ a Santa Bárbara.../ Muito pó/ muito pó/ muito pó.../ Oh Belarmino/ essa buzina/ olha o caminho/ é uma pedra?/ (...) Estrada/ longa,/ é muito sol,/ é muito sal,/ é muito pó,/ pego atalho,/ um dia só,/ tenho entrada/ garantida,/ vou ver o rei,/ pego atalho/ já estou perto/ de Pasárgada,/ até amanhã/ até amanhã/ até amanhã...” Cartografia a relacionar suas preferências estético-formais a Cabo Verde, como em Haicai: “Certamente, o poeta Bashô encontraria no arquipélago de Cabo Verde motivos para inspiração. Afinal, tudo quanto ele escreveu brotou de outro arquipélago, o Japão.

Cartografia do espaço da memória afetiva em “Mágico no Éden-Park”: “Cartola, gaiola,/ pombo, coelho, gaivota.../ E alguém ainda dirá/ que ninguém vive/ de ilusão!” Cartografia a celebrar o espaço das ilhas, como em “São Vicente”: “A terra quase/ infinita/ luta,/ porque vê,/ pequena ilha/ luta/ porque crê./ Areias/ são ponte/ de espera”.

“Areias e Ramas” surpreende pela lírica leve e afetuosa que Maria Helena Sato trata a sua poesia, de intensa celebração da memória das ilhas nos mais diferentes aspectos expostos de sua vivência, recriação estimulada por quem “sabe que os limites que impõe/ o olhar são limites fingidos, facilmente transgredidos”. Características que a diferenciam, por fim e ao cabo, e a posicionam ao lado de vozes femininas contemporâneas de Cabo Verde, tais como Vera Duarte, Dina Salústio e Carlota de Barros.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Rinkel – poesia feminista moçambicana assaz corrosiva


Rinkel – poesia feminista moçambicana assaz corrosiva
Ricardo Riso
A independência de Moçambique em 1975 gerou inúmeras expectativas, dentre tantas, medidas que estimulassem a emancipação da mulher e o fim de posturas discriminatórias por parte dos homens. Entretanto, mudanças de comportamento em sociedades machistas não acontecem da noite para o dia, nesse sentido, podemos citar o exemplo do panorama literário moçambicano onde encontramos uma crassa hegemonia masculina após trinta e seis anos de independência.

Em razão disso, não devemos estranhar e sim olhar com atenção uma assumida poesia de intervenção social e em defesa intransigente da mulher como a da jovem poetisa Rinkel*, pseudônimo de Márcia dos Santos, em seu segundo livro, “Revelações”, sob a chancela da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), publicado no ano de 2006. Antes, a jovem havia lançado “Almas Gêmeas” também pela AEMO em 1998.

A poesia de Rinkel procura revelar as diversas maneiras de opressão que as mulheres são submetidas, da dificuldade de serem respeitadas e o encontro a um destino pré-determinado, sem sonhos: “Na procura da minha liberdade/ Encontrei a injustiça e o cativeiro// (...) Procurei novamente a minha liberdade/ Encontrei a realidade da vida a que estamos cativos/ Sem hipóteses de fuga” (p. 12).

O sujeito lírico busca desvelar as castrações submetidas às mulheres, possui a sensibilidade de apresentar os problemas coletivos, tornando a sua voz reveladora de sentidos encobertos por uma sociedade patriarcal: “Só os olhos do coração sabem/ O que vai dentro da alma de cada uma de nós,/ Mulheres (p. 18). O que a leva a escancarar as vidas de mulheres destruídas, de famílias dilaceradas por ‘companheiros’ irresponsáveis, descompromissados e ausentes, capazes de abandonar suas mulheres grávidas entregues à própria sorte como no sugestivo título do poema “Lei da Família Moçambicana”: “Barrigas grávidas/ De pais ausentes, infiéis, polígamos// Amantes/ Sem planos/ Sem promessas/ Sem esperanças/ Sem futuro// Apenas amantes” (p. 23). Assim como a crueldade feita com adolescentes vítimas de estupros, tendo seus sonhos esmagados por um homem cínico, certo da impunidade que o protege: “Seu corpo frágil não resistiu à brutalidade/ Sua inocência foi humilhada.// O vizinho questionado/ Afirma não saber de nada./ Não viu nada!/ Não fez nada!// Um novo amanhecer/ Maninha nunca mais foi cartar água/ Maninha tornou-se pó...” (p. 14).

Contra todas essas atrocidades que se perpetuam no cotidiano moçambicano, o sujeito lírico de Rinkel é rebelde e insubmisso diante dos preconceitos patriarcais predominantes na sociedade. Revolta-se e de forma avassaladora chama a atenção das mulheres para o destino cruel que as espera caso se mantenham inertes, e as convoca para a libertação de uma consciência feminina:

(...) Encara a realidade mulher!/ (...) Serás escrava do trabalho da tua própria casa,/ Não terminarás os estudos/ Serás amante de um barrigudo/ Teus filhos serão drogados// Não queres nada disso?/ Se não lutares para conquistares teus objetivos/ Vais acabar assim/ Por isso, minha irmã/ Mulher! Mãe!/ Vamos à luta!// Sem homens no comando,/ Sem ninguém dizendo que não conseguirás/ Apenas luta!/ Tu és capaz! A vitória é tua! (pp. 24-25)

O discurso é corrosivo, pois são gerações de mulheres humilhadas por seus companheiros, por isso a palavra contestatária firme e direta a tocar nos corações e mentes obliteradas. Apesar de ser uma voz inferiorizada que precisa lutar para se fazer ouvir, a persistência mantém-se, a perseverança continua acesa para iluminar um futuro sem as desigualdades da contemporaneidade: “Eu queria./ Queria muito./ Tanto mais que acreditei que iria conseguir!/ Enfim.../ Nem tudo se consegue.../ Mas continuo acreditando./ Ainda quero./ Quero bastante” (p. 17).

Perseverante em dias melhores, a poesia de Rinkel desconstrói imagens para ir ao encontro da paz: “É debaixo da ponte que eu quero viver. (...)// Estar debaixo da ponte significa ter entre os meus braços a felicidade./ É viver momentos inesquecíveis, é ter o mundo a meus pés./ É ter todo o amor existente só para mim” (p. 39). E ainda tem a sensibilidade intocada para dedicar poemas àquilo que a mulher possui de mais sagrado: o desejo de ser mãe. Em um lirismo comovente, esse sentimento revela-se com delicadeza e leveza: “És a poesia mais linda da minha vida!/ Meu ventre gerou o mundo, gerou o teu ser/ Eu tornei-me poeta da tua existência” (p. 33).

Como aborda diversos aspectos da mulher, o erotismo, o desejo de ser fêmea, de sentir prazer, de expor a sexualidade feminina sem amarras estão presentes nos poemas finais:

“Transpirada e molhada/ Sinto o peso do teu corpo sobre o meu/ Teu suor/ Meio doce, meio salgado/ Mistura-se com o odor másculo que sai de ti/ Meu corpo não agüenta mais/ Sinto que o teu corpo também não/ E a explosão surge/ Simultânea/ Entre gemidos e sussurros/ Totalmente desorientados/ Sinto o amor sendo derramado em mim/ E o mel transbordando do meu favo” (p. 45)

Poesia de denúncia, testemunha de seu tempo a mostrar a desgraça das enchentes em “Menina Cheia”; a exaltar sua cidade, Maputo, apresentando sua cartografia de “cidade cheia de encantos./ Cidade cheia de contrastes” (p. 8); de clamar o necessário sentimento pan-africano frente às mazelas que assolam o continente, relembrando célebres poemas do passado como “Sangue Negro” de Noémia de Sousa, assim versa Rinkel: “Chora África minha/ Tuas lágrimas serão a salvação/ Do teu povo// Tuas lágrimas serão a água e a chuva que/ O povo tanto precisa// Chora África minha/ Porque eu sou África/ E eu também choro” (p. 7).

Pan-africanismo ainda urgente para unir as nações fragilizadas, para que não se comentam os erros do passado, conforme assinala o pensador Joseph Ki-Zerbo:

Na África, cada vez que se tentou fazer uma reforma micronacional de um sistema, houve um fracasso. Todas as tentativas micronacionais de libertação da África (...) fracassaram, em grande parte, porque foram solitárias e não solidárias. Penso que se deveria colocar como postulado a fórmula seguinte: a libertação da África será pan-africana, ou não será. (KI-ZERBO: 2006, p. 35-36)

Pode-se argumentar que na poesia de Rinkel as questões de gênero em uma combatividade exacerbada, ou algum anacronismo na defesa pan-africana, ou que a boa consciência denunciando os problemas sociais se sobrepõe a um melhor conseguimento estético no plano da linguagem, com ressonâncias na ética direta da poesia de combate dos tempos de exaltação da pátria moçambicana. Entretanto, em nosso entendimento, e seguindo o pensamento do ensaísta brasileiro Alfredo Bosi, constatamos que

a poesia resiste à falsa ordem, que é, a rigor, barbárie e caos (...). Resiste ao contínuo harmonioso pelo descontínuo gritante; resiste ao descontínuo gritante pelo contínuo harmonioso. Resiste aferrando-se à memória viva do passado; e resiste imaginando uma nova ordem que se recorta no horizonte da utopia. Quer refazendo zonas sagradas que o sistema profana (o mito, o rito, o sonho, a infância, Eros); quer desfazendo o sentido do presente em nome de uma liberação futura, o ser da poesia contradiz o ser dos discursos correntes (BOSI, 1977, p. 146).

Por isso, inferimos como de extrema urgência uma poesia comprometida com questões de gênero, escancarando os preconceitos que as mulheres ainda sofrem na sociedade contemporânea, e assumimos os valores éticos, sociais e políticos constantes na poesia de Rinkel como critérios valorosos para nossa análise. Revelações de uma voz poética que incomoda a ordem estabelecida, voz poética assumidamente feminista, assaz corrosiva, ainda que incipiente em alguns momentos, mas imprescindível no atual panorama poético moçambicano.

* Márcia dos Santos nasceu em Inhambane, em 1977. Mestre em Linguística Aplicada e docente universitária. Coordenou a página juvenil do jornal “Savana”.

BIBLIOGRAFIA:

BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1977.

KI-ZERBO, Joseph. Para quando África? – Entrevista com René Holenstein. Rio de Janeiro: Pallas, 2006.

RINKEL. Revelações. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2006.

domingo, 10 de julho de 2011

África Diversa - I Encontro de Cultura Afro-Brasileira

Prefeitura do Rio e Secretaria Municipal de Cultura apresentam de 17 a 22 de julho de 2011
África Diversa - I Encontro de Cultura Afro-Brasileira
Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkian

* O Encontro

O Brasil recebeu e ainda recebe uma grande influência da África na formação de sua identidade. A riqueza e diversidade das manifestações culturais, grupos, artistas e pesquisadores que encontramos em nosso território e que dialogam com a cultura de alguns países do continente africano nos comprovam a veracidade desta afirmação.

O projeto "África Diversa: I Encontro de Cultura Afro-Brasileira" traz uma programação que inclui shows, apresentações, oficinas, mini-cursos, contações de histórias, mostra de cinema, livraria, lançamentos de livros, palestras e um seminário; no intuito de mostrar um panorama da diversidade cultural afro-brasileira e africana.

As atividades vão privilegiar em sua abordagem os seguintes temas: a formação de identidades da cultura afro-brasileira, sua diversidade cultural, a relação entre tradição e contemporaneidade, o diálogo África-Brasil e a importância da transmissão oral nestas sociedades.

O primeiro encontro será de 18 a 22 de julho de 2011 e será realizado no Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkian, na Praça Onze com artistas como Naná Vasconcelos (PE), François Moïse Bamba (Burkina Faso), Raíz de Polon (Cabo Verde). No dia 17 de julho, dia anterior à abertura oficial, dois cortejos bastante simbólicos - a Guarda de Moçambique de Nossa Senhora das Mercês e a Guarda de Congo de Nossa Senhora do Rosário da cidade de Oliveira, Minas Gerais - que cantam e dançam uma tradição iniciada antes de 1888, mas que hoje ainda se encontra viva e em constante movimento, farão cortejos pela cidade do Rio de Janeiro. Em Copacabana, estes grupos vão encontrar o mar, cantando e louvando as tradições de Nossa Senhora do Rosário, surgida das águas. Já na Praça XV, local da assinatura da lei que libertou os escravos, os tambores, gungas e patangomes - instrumentos utilizados pelos Congadeiros - vão mostrar a força da cultura negra.

Dentro da programação do "África Diversa", criamos um Seminário que inclui duas mesas, três mini-cursos e oito oficinas para a formação de 120 educadores, com a participação de nomes como Alberto da Costa e Silva, Nei Lopes, Emanoel Araújo. Esta ação vai colaborar na demanda da abordagem de questões ligadas à cultura afro-brasileira em sala de aula, trazendo novas questões, olhares e reflexões sobre essa temática no Brasil e na África, rememorando a nós, brasileiros, quem somos e os diversos caminhos, experiências e realidades que encontramos do lado de lá e de cá do Atlântico.

Daniele Ramalho
Curadoria

contato:
contato@africadiversa.com.br

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Tânia Tomé – o desabrochar de um canto poético


Tânia Tomé – o desabrochar de um canto poético
Ricardo Riso

Nas literaturas africanas de língua portuguesa sempre houve discrepância entre a quantidade de vozes femininas atuando nas letras. No caso de Moçambique, dois nomes do período colonial durante o século XX foram de enorme relevância, falamos de Noémia de Sousa e Glória de Sant’Anna. Apesar desses dois nomes históricos, veio a independência do país em 1975 e as décadas de 1980 e 1990, mas poucos nomes femininos despontaram no panorama literário moçambicano, apesar do sucesso da prosa de Paulina Chiziane para além das fronteiras da nação.

Entretanto, onde se encontra a poesia moçambicana de autoria feminina do pós-independência, mais precisamente da virada do século XX para o XXI? Em longo artigo sobre a poesia moçambicana contemporânea, a ensaísta brasileira Carmen Lucia Tindó Secco fez as seguintes considerações:

Ao tecermos o perfil da poesia moçambicana contemporânea, detectamos uma ausência quase completa de mulheres-poetas. Ecoam ainda vozes antigas: algumas questionadas, em determinados aspectos, como a de Noémia de Sousa (...) e outras reverenciadas, entre as quais a de Glória de Sant’Anna. (...) Clotilde Silva (...) é pouco conhecida fora de Moçambique. Concluímos, assim, que, de modo geral, na produção lírica da pós-independência, não há, por enquanto, como já se delineia com visibilidade na ficção, com Paulina Chiziane, Lília Momplé e Lina Magaia, uma significativa dicção ‘no feminino’. Na poesia, o grito de ‘ser mulher’ ainda é o de Noémia de Sousa, de Glória de Sant’Anna. (SECCO, p. 299-300)

Os pertinentes comentários de Tindó Secco são confirmados quando nos deparamos com a relação de títulos publicados na edição comemorativa de 25 anos da Associação dos Escritores Moçambicanos, de 2007. Nela, constatamos a presença dos nomes poéticos consagrados no passado como Noémia de Sousa e novas vozes, casos de Clotilde Silva, Isa Manhinque, Rinkel e Sónia Sulthuane. Ou seja, é realmente tímida a presença de poetisas com a estampa do livro.

Felizmente, uma novíssima voz feminina moçambicana revelou-se neste último decênio. A consagrada cantora e declamadora Tânia Tomé, nascida em Maputo (1981), lança em 2008 o seu livro de estreia em poesia, “Agarra-me o sol por trás”, que, em 2010, ganha uma edição brasileira, agora intitulada “Agarra-me o sol por trás (e outros escritos & melodias)”, organização e prefácio de Floriano Martins, ilustrações de Eduardo Eloy, textos críticos de António Cabrita e Francisco Manjate, e uma entrevista do organizador a poetisa. Trata-se de uma caprichada edição da editora paulista Escrituras, inserida na coleção Ponte Velha, que publicou anteriormente “O osso côncavo e outros poemas”, antologia poética de Luís Carlos Patraquim, “Lisbon Blues seguido de Desarmonia”, de José Luiz Tavares, e “A cabeça calva de Deus”, de Corsino Fortes. Os dois últimos são poetas cabo-verdianos.

A poesia de Tânia Tomé desvela uma nova dicção erótica prenhe em sinestesia, em que a metapoética se torna presente em uma linguagem que mostra o árduo e doloroso trabalho de sua tessitura poética, como em “Poema Impossível”: “Meu corpo impossível/ não me comas inteiro/ o possível poema/ que me subsiste/ deixa/ que deságue,/ que no abrigo/ os seus pedaços/ façam sentido./ Porque aí/ onde mais me dói escrever/ reside a alma.” (TOMÉ, p. 2010, p. 40). Desejo ininterrupto de entrega ao amor: “Não me salves, selva-me” (idem, ibidem, p. 17) e erotização moçambicanamente índica atravessando o jazzístico som do corpo do sujeito lírico: “E tu comigo, cá dentro, lá fora/ amando-me na medida do ritmo/ de um jazz cálido frenético./ Abraço do Índico, o piano/ atravessa as fronteiras que nos distam,/ recria o sopro do teu sax/ no meu corpo” (idem, ibidem, p. 48). Poesia que desabrocha um novo cântico, um novo ser a descobrir: “e não me perguntes/ quem é esta mulher/ que cresce comigo/ nas raízes profundas/ da flor do meu corpo” (idem, ibidem, p. 30).

Viagem ao âmago do ser, a poesia brota de uma vontade visceral e insana ao lapidar o “osso das palavras/ (...) uma asa cede-me a loucura/ e a noite me engole nesse desespero alucinante” (idem, ibidem, p. 13). Força criativa erotizando a linguagem, “despindo os versos um a um no centro deste poema” (idem, ibidem, p. 15), a nudez descontrolada do sujeito lírio manifesta-se na ânsia voraz de escrever, “e há um desejo insano de desfigurar a branca página” (idem, ibidem, p. 15).

Insanidade que conduzirá o sujeito lírico para se desprender da matéria à procura dos elementos do ar, signo da liberdade, da transcendência, é a poesia na busca da ampliação dos sentidos do verbo poético e surge a indagação: “Mas em que lugar da asa/ a palavra poderia ser mais bela?” (idem, ibidem, p. 41). Entretanto, não há resposta, há inquietação, há a incessante carpintaria da palavra e “o voo/ vai completamente fora/ da asa” (idem, ibidem, p. 26) para dizer o indizível. As palavras, tais quais as conhecemos, não cabem mais em seu discurso, por isso o uso de neologismos (cantoema, reflesou, amortradoxo, showesia) tenta suprir a necessidade do sujeito lírico. Sobre o sentido das palavras no poema, Octavio Paz afirma que:

“um poema que não lutasse contra a natureza das palavras, obrigando-as a ir mais além de si mesmas e de seus significados relativos, um poema que não tentasse fazê-las dizer o indizível, permaneceria uma simples manipulação verbal. O que caracteriza o poema é sua necessária dependência da palavra como sua luta por transcendê-la. (PAZ, 1972, p. 52)

E é na tentativa de expressar o indizível que as palavras transcendem imagens inusitadas em metáforas insólitas e impactantes, típicas do surrealismo, reveladas na veemência do poema “Abismo sol adentro”: “Agarra-me/ o sol/ por trás.// Escuta no vento/ a tua mão/ secreta” (TOMÉ, p. 2010, p. 19).

Em depoimento constante no livro, Tânia Tomé afirma que “a música influencia muito na minha poesia, não só nas palavras, mas na escolha das palavras que vêm a seguir, é tudo uma questão musical, é um processo muito natural” (idem, ibidem, p. 107). Seu sujeito lírico procura unir a música e a poesia para cantar a sua terra moçambicana: “Um cântico inteiro em abraços de terra nos lábios/ o poema que ainda irei escrever/ marrabentando-me/ urgente” (idem, ibidem, p. 63); no envolvimento com o seu chão e na valorização dos aspectos culturais tradicionais da dança, da música e seus instrumentos: “Na gala-gala percorrendo-me o tronco/ lentamente/ no toque das timbilas nas mãos,/ ecoando cântico chamamento dos tambores/ E no embrião dos mpipis/ mergulhados nas sílabas das cores deste sangue” (idem, ibidem, p. 55).

Pertencimento ao país que faz recordar o poeta maior José Craveirinha e o seu célebre poema “Hino à minha terra”, amor à terra que é renovado por essa jovem poetisa com o canto intitulado “Meu Moçambique”: “Eu sei-me Moçambique,/ no cume das árvores, na sede incontinente/ da minha falange, do Rovuma ao Incomati,/ no xigubo terrestre dos pés descalços/ e em todos os tambores que surdem/ das mãos coloridas nos braços em chaga” (idem, ibidem, p. 47).

“Escrevendo muhipiti/ no surrealismo do Índico” (idem, ibidem, p. 69), versa o sujeito lírico. Para além do surrealismo por vezes visceral como o de Craveirinha, encontramos ressonâncias de outros grandes poetas moçambicanos, ora nos cantos à ilha de Moçambique e referências ao Índico a recordar Rui Knopfli, ora na lírica erótica e nas citações aos elementos da natureza como o ar e a água de Eduardo White e Luís Carlos Patraquim. Salientamos que o lirismo erótico de Tânia Tomé exacerba em ousadia e inovação, diferindo de vozes femininas do passado e do presente no panorama poético moçambicano.

Na confluência das artes que a poesia de Tânia Tomé desvela um mundo de letras sonoras, de um erotismo pungente e de uma entrega violenta para ressemantizar a palavra. Em suas metáforas dissonantes e viscerais, com poemas que arriscam e transmitem a inquietação de uma poetisa que procura tirar da inércia os sentidos desgastados do verbo, este “Agarra-me o sol por trás (e outros escritos & melodias)” de Tânia Tomé surge como promessa de uma voz feminina que veio para ficar na poesia moçambicana contemporânea, qualidade ratificada por ter sido incluído como referência bibliográfica no curso de pós-graduação em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da UFRJ e selecionado para a primeira fase do Prêmio Portugal Telecom 2011.


BIBLIOGRAFIA:
ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES MOÇAMBICANOS. Memorial 25 anos. AEMO, 2007.

PAZ, Octavio. A consagração do instante. In: Signos em Rotação. São Paulo: Perspectiva, 1972.


SECCO, Carmen Lucia Tindó. Paisagens, memórias e sonhos na poesia moçambicana contemporânea. In: A magia das letras africanas – ensaios escolhidos sobre as literaturas de Angola e Moçambique e alguns outros diálogos. Rio de Janeiro: ABE Graph Editora, 2003. pp. 280-306


TOMÉ, Tânia. Agarra-me o sol por trás (e outros escritos & melodias). São Paulo: Escrituras Editora, 2010.

Abdulai Sila, Maria Celestina Fernandes e Zetho Cunha Gonçalves no Sesc V.Mariana-São Paulo


Sempre Um Papo discute a literatura infantil africana

O Sempre Um Papo realiza uma edição especial recebendo três importantes escritores africanos para lançarem seus livros e debate sobre a literatura infantil, a cultura, lendas e costumes daquele continente. O angolano Zetho Cunha Gonçalves apresenta seus livros “A Caçada Real” e “Brincando Não Tem Macaco Troglodita” ambos da Matrix Editora; o autor guineense Abdulai Sila, lança “A Última Tragédia”, da Pallas Editora, e Maria Celestina Fernandes, nascida em Lubango, com o livro “A Árvore dos Gingongos”. O evento ocorre no dia 27 de julho, quarta-feira, às 20h, no Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas 141 - Vila Mariana). O debate será mediado pela professora Suzana Ventura. Entrada gratuita.

Zetho Cunha Gonçalves

”A Caçada Real” (Matrix Editora), de Zetho Cunha Gonçalves, conta a história de três personagens centrais. O Leão, que é rei da selva e está no poder há 70 anos. O Jumento, fiel conselheiro do rei, responsável pelas novas tecnologias da Comunicação no Palácio Real da Selva. E, por último, a Corça, de 21 anos de idade, vítima da caçada real. Apesar de se passar em uma floresta, a história mostra, em vários momentos, a habilidade do jumento com as novas tecnologias, como o computador e o celular. Além disso, no decorrer da história, o autor mostra que nem todos os súditos estão satisfeitos com o governo do rei que já dura sete décadas.

No livro “Brincando, Brincando Não Tem Macaco Troglodita” (Matrix Editora), Zetho Cunha Gonçalves apresenta de forma poética o fabuloso mundo dos bichos como o orangotango, o camaleão e a girafa. A obra conta com expressões típicas da Angola e ilustrações para apresentar as divertidas aventuras desses animais.

As ilustrações dos dois livros são feitas por Roberto Chichorro, que é natural de Moçambique e considerado um dos mais importantes artistas plásticos africanos de língua portuguesa. Trabalhou como ilustrador de publicidade e arquitetura e como decorador de pavilhões para feiras internacionais em Moçambique. As ilustrações são de Roberto Chichorro, que é natural de Moçambique e considerado um dos mais importantes artistas plásticos africanos de língua portuguesa. Trabalhou como ilustrador de publicidade e arquitetura e como decorador de pavilhões para feiras internacionais em Moçambique. Ao final do livro, há um glossário que explica o significado das palavras de origem africana.

Zetho Cunha Gonçalves nasceu na cidade do Huambo, em Angola, em 1 de julho de 1960. Publicou diversos livros de poesia e de literatura infantojuvenil. Colabora com jornais e revistas de Angola, Brasil, Moçambique, Portugal e Espanha, e tem participado de vários encontros literários, sobretudo em Portugal e no Brasil.

Abdulai Sila

Em “A Última Tragédia” (Pallas Editora), o escritor Abdulai Sila narra a história de uma adolescente africana que tem - segundo feiticeiro de sua aldeia natal - seu corpo habitado por um espírito mau. Cansada de ser discriminada em sua aldeia segue para a cidade a fim de trabalhar como criada na casa dos brancos. Lá, tem seu nome trocado e inicia-se um processo de assimilação: Ndani, aliás, Maria Daniela assume o novo nome e a nova personalidade, até ser estuprada pelo senhor e retornar ao interior. A tragédia de Ndani se relaciona à discriminação e aos males que a sociedade colonial ocasionou aos povos colonizados. De certa forma, ela é a imagem de seu país. Se, por um lado, a protagonista tem o corpo habitado por um mau espírito, que transforma sua vida numa sucessão de tragédias; por outro lado, toda a sociedade guineense tem seu território invadido por portugueses “maus” que desrespeitam a ordem preestabelecida pelas etnias, transformando o território de diferentes povos num único país. “A Última Tragédia” conta a história de alguém que sai de sua aldeia para escapar do próprio destino. Nesse romance, Abdulai Sila não perde o foco da independência de seus conterrâneos. Deseja que o drama de Ndani seja a derradeira tragédia a se abater sobre seu povo, ávido por liberdade e justiça.

Abdulai Sila é uma das mais destacadas vozes da literatura guineense contemporânea e iniciador de uma corrente ficcional original, sendo autor do que é considerado o primeiro romance guineense, “Eterna Paixão” (1994). É Co-Fundador e CEO da Eguitel Comunicações e também co-gestor de Sitec (Silá Technologies), uma empresa de informática que criou em 1987 e gerida em conjunto com o seu irmão. Sob a liderança de Silá, Eguitel e Sitec desempenha um papel pioneiro no desenvolvimento e difusão das Tecnologias da Informação e Comunicação na Guiné-Bissau, a fim de tornar estas tecnologias acessíveis e de baixo custo em todo o país. E da KU SI MON EDITORA, onde resgata as histórias da tradição oral do seu país.

Maria Celestina Fernandes

O livro “A Árvore dos Gingongos” (Histórias do Além Mar – Angola /DCL Difusão Cultural do Livro) se constitui de três histórias: As Intrigas de Jacó, cujo enredo se passa ainda no tempo da colonização; A Bola de Fogo, que, resumidamente, chora as dores da guerra, o mal que esta faz a uma criança; A Árvore dos Gingongos que, através de um mito e costumes africanos dos povos quimbundos, conta a história da família de um casal de gêmeos e discute a questão do egoísmo. Partindo de um mito, o dos gêmeos ancestrais da etnia dos quimbundos, e trazendo para o texto várias palavras de origem também quimbunda, a história mostra o cotidiano de uma família moradora de um musseque de Luanda. Entre os quimbundos, os gêmeos são considerados enviados da Kyàndà, a deusa angolana das águas do mar, e, por isso, são festejados por essa etnia. Segundo as crenças quimbundas, Kyàndà é um gênio da natureza, criada por Nzambi, o deus maior. A história que Maria Celestina conta é carregada das marcas da tradição oral quimbunda: o registro da fala do avô é cheio de palavras de origem bantu; há a descrição do cotidiano da uma família no musseque, suas crenças, sua conduta; há a alusão ao mito da Kyàndà e dos gêmeos. Maria Celestina leva seu leitor-criança a refletir sobre um comportamento egoísta: o dos gingongos que não querem repartir com ninguém as cobiçadas mangas. Porém, mais do que refletir sobre o egoísmo, a história traz ao conhecimento das crianças angolanas as raízes angolanas, as suas tradições, os seus costumes, as suas origens. E traz também às crianças de outras partes do mundo a possibilidade de conhecerem um pouco da história e da cultura de um país como Angola.

Maria Celestina Fernandes nasceu no Lubango, em setembro de 1945, e tem descendência quimbunda. Foi para Luanda com os pais ainda criança; nesta cidade cresceu e completou os estudos secundário e superior. Viveu, portanto, o final do tempo da colonização portuguesa em Angola. Presenciou toda a guerra contra os portugueses colonizadores, que teve início em 1961 e durou até a independência proclamada em 11 de novembro de 1975. Também vivenciou a guerra civil em seu país, que se estendeu até 2002. Maria Celestina cursou Assistência Social e é licenciada em Direito pela Universidade Agostinho Neto. Trabalha como consultora jurídica de instituições bancárias e é membro da União de Escritores Angolanos, sendo uma escritora principalmente dedicada à literatura para crianças.



Serviço:
Sempre um Papo com Bartolomeu Campos de Queirós
Dia 14 de julho de 2011, quinta-feira, às 20h

Local: SESC Vila Mariana (Rua Pelotas 141 - Vila Mariana) Tel.: (11) 5080-3000 / www.sescsp.org.br Auditório (131 lugares)

ESTACIONAMENTO: - Veículos, motos e bicicletas - Terça a sexta, das 7h às 21h30; Sábado, domingo, feriado, das 9h às 18h30 – Taxas: R$3,00 a primeira hora e R$ 1,00 por hora adicional (matriculados); R$6,00 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional (não-matriculados)

Informações sobre outras programações ligue 0800 118220 ou consulte o site: www.sescsp.org.br

Informações para a imprensa:
Coord.de Comunicação: Jozane Faleiro: (31)9204.6367 imprensa@sempreumpapo.com.br
Jornalismo: Boulanger Campos – (31) 3261-1501 bcampos@sempreumpapo.com.br

Biblioteca Luís Romano

O Instituto José Jorge Maciel (Maracaíba - Rio Grande do Norte) oferece aos apreciadores e pesquisadores a Biblioteca Luís Romano, uma coletânea de artigos sobre Luís Romano, cabo-verdiano radicado na capital nordestina e autor do clássico Famintos. Para acessá-la, clique aqui.

Abraços,
Ricardo Riso

* Esta foi uma colaboração de Eidson Miguel, mestrando da UEPB.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Da Cor, Da Raça, Nação Mulher - 21 a 25/julho

RIO DE JANEIRO CELEBRA O 25 DE JULHO COM UM GRANDE ENCONTRO DE PRETAS! DA COR DA RAÇA, NAÇÃO MULHER!


por Adriana Baptista, terça, 5 de julho de 2011 às 02:15
Com o intuito de celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o evento Da Cor, Da Raça, Nação Mulher oferece gratuitamente ao público carioca entre os dias 21 e 25 de Julho, no Centro Cultural Ação da Cidadania(Av. Barão de Tefé,75 - Gamboa), grandes Rodas de bate papo voltadas para o debate de questões atuais da população feminina e afro-descendente.

O evento ainda conta com várias atividades artísticas, culturais e gastronômicas.

CRONOGRAMA DAS PALESTRAS:
21/07 – 5ª Feira – 18h
TEMA: REPENSANDO O NEGRO OLHAR E A DIVERSIDADE
CONVIDADAS:
● Magali da Silva Almeida – Profª. Faculdade de Serviço Social/UERJ – Coordenadora do PROAFRO/UERJ
● Joilson Santana - Mestre em Ciências/FIOCRUZ com o tema “Racismos e Homofobia: dois elos de uma mesma corrente”
● Luane Bento - Bacharel em ciências Sociais/ UERJ com o tema “Etnomatemática e Penteados afros”
● Scheila Dias – Assistente social/UFRJ
● Allyne Andrade - Advogada/UERJ
“Feminismo Negro”

22/07 – 6ª Feira – 18h
TEMA: MULHER NEGRA: AS MINHAS, AS SUAS, AS NOSSAS HISTÓRIAS
CONVIDADAS:
● Gisele Gomes Carvalho - Ex-detenta e integrante do Projeto Empregabilidade do AfroReggae
● Claudia Miranda - Prof. Dra. UniRio
● Maria Amália - Consulesa de Angola
● Luanda S. Moraes – Profª. Dra. Ciências Tecnologia de Polímeros/IMA-UFRJ

23/07 – SÁBADO – 11h30
TEMA: SAÚDE - EU QUERO!
CONVIDADAS:
● Dra. Katleen Conceição - Dermatologista referência em pele negra
● Dra. Berenice Aguiar - Ginecologista e Obstetra
● Dra. Rogéria Cláudia - Gastroenterologista

24/07 – DOMINGO – 11h30
TEMA: EMPREENDORISMO: REFLEXÕES SOBRE GÊNERO E RAÇA
CONVIDADAS:
● Flávia Oliveira – Jornalista titular da coluna “Negócios e Cia” – O Globo / Comentarista do telejornal “Bom Dia Rio” / Voluntária do EDUCAFRO
● Glória Santos – Catadora / Pólo de Reciclagem de Jardim Gramacho
● Lia Vieira – Empresária / Pesquisadora/ Escritora / Doutoranda em Educação pela Universidade de La Habana – Cuba

25/07 - SEGUNDA-FEIRA - 10h
Encerramento do Evento
TEMA: MULHER NEGRA, SEUS DESAFIOS, PERCURSOS E PERSPECTIVAS
CONVIDADA
Conceição Evaristo - Escritora/Profa./Dra.Literatura comparada UFF
Homenagem da Base Rio à Vó Maria
Desfile Afro Fashion

Axé!
Adriana Baptista
http://www.adrianabaptista.com/
Produtora Rodas de Conversa Da Cor da Raça Nação Mulher
Uma realização Base Rio Entretenimento
55 21 9545 8156
55 21 3107 1923
 
E-mail enviado por Geny F. Guimarães em 06/07/2011.

Curso "África e suas várias vozes nos currículos escolares" - Funemac/RJ

NEEDE – Núcleo de Estudos de Educação e Diversidade Etnicorracial 

O Núcleo tem como objetivo geral se constituir como um centro de referência que articule e promova atividades de ensino, pesquisa e extensão relacionadas ao campo de estudos afro-brasileiros.
Amparado na Lei n°10.639/03-MEC, que institui a obrigatoriedade do ensino da História da África e dos africanos no currículo escolar dos ensinos fundamental e médio. Este pólo de estudo desenvolve um projeto para as raízes, o resgate da cultura  da África, para entender a relação estreita com esse continente e a identidade afro-brasileira.
A inauguração acontecerá no espaço universitário da FUNEMAC, com um curso de Extensão intitulado: “África e suas várias vozes nos currículos escolares” que terá início no dia 11 de agosto de 2011, todas as quintas-feiras das 14h às 17h30min e término previsto para 01 de dezembro de 2011. 
Contatos:(22) 2796-2507
neede.funemac@gmail.com
Meynardo Rocha de Carvalho
Superintendente Acadêmico

Fonte: e-mail gentilmente enviado pela Profª Maria Cristina Marques, Coordenadora do NEEDE - Núcleo de Estudos de Educação e Diversidade Étnica Racial da FUNEMAC

terça-feira, 5 de julho de 2011

Tânia Tomé lança "Agarra-me o sol por trás" no Rio de Janeiro

Mais uma parceria com a Kitabu Livraria Negra:

Convite para a noite de autógrafos de AGARRA-ME O SOL POR TRÁS (E OUTROS ESCRITOS & MELODIAS), livro de poesia da moçambicana Tânia Tomé, na Kitabu Livraria Negra, à rua Joaquim Silva, 17 - Lapa - Rio de Janeiro. Dia 12 de julho, a partir das 19h.

Peço ajuda para a divulgação.
Abraços,
Ricardo Riso



Cabo Verde - 36º aniversário de independência

Prezados(as),
em comemoração ao trigésimo-sexto aniversário de independência de Cabo Verde, convido a todos para a leitura do prefácio de Rui Figueiredo Soares para a obra de Baltasar Lopes - um homem arquipélago na ilha de todas as batalhas, de Leão Lopes, sob a chancela da Edições Ponto & Vírgula. O texto está publicado no blog do amigo e compententíssimo Prof. Manuel Brito-Semedo, o Na Esquina do Tempo.

Abraços,
Ricardo Riso

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Oswaldo Faustino - A Legião Negra

A Selo Negro Edições e a Livraria Martins Fontes - Paulista promovem, em São Paulo, no dia 20 de julho, quarta-feira, das 19h às 21h30, a noite de autógrafos do livro A Legião Negra - A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932. Nesse romance histórico, o jornalista Oswaldo Faustino aborda uma faceta pouco conhecida da história nacional: a participação voluntária de um grande número de afro-brasileiros na Revol ução Constitucionalista de 1932, contra o regime de Getulio Vargas a quem, contraditoriamente, grande parte desses combatentes reverenciava como “pai dos pobres”. A livraria fica na Av. Paulista, 509 (próxima à estação Brigadeiro do metrô). A ideia para o livro surgiu quando o ator Milton Gonçalves contou a Faustino que gostaria de fazer um filme sobre a Legião Negra e pediu ao escritor que pesquisasse o assunto. Recorrendo a documentos e publicações de época, obras acadêmicas e entrevistas com familiares dos combatentes, Faustino entrou em contato com a história de personagens reais que, no romance, interagem com os concebidos pelo autor. A pesquisa permitiu-lhe também reconstruir o contexto social, cultural e econômico da São Paulo da década de 1930 – ora em situações conflituosas ora em aparente harmonia se interrelacionavam paulistas quatrocentões, negros, mestiços, imigrantes europeus e migrantes oriundos principalmente de estados do Nordeste. Cada qual com seus costumes e em espaços determinados, é verdade. Aos negros e pardos restavam apenas os cortiços, porões e subúrbios, as rodas de tiririca, o jogo ilegal e os biscates.


O livro começa apresentando ao leitor o centenário Tião Mão Grande, que nos dias de hoje relembra sua participação, como voluntário, na Revolução de 1932. Sua memória recupera episódios e personagens que mudaram sua vida e a dos paulistas para sempre: alguns reais, como Maria Soldado, empregada doméstica que decidiu engrossar as fileiras revolucionárias; o advogado Joaquim Guaraná Santana e o grande orador Vicente Ferreira; outros fictícios, mas inspirados em arquétipos históricos, como Teodomiro Patrocínio, protegido de uma rica família que de início renega a ascendência africana e a negritude, mas depois se torna um grande líder militar da Legião Negra; Luvercy, jovem negro alistado contra a vontade pelo próprio pai, também combatente de ideais patrióticos; John, um jamaicano foragido dos EUA, que também participava das lutas antirracistas e convivia com pensadores naquele país, como seu conterrâneo Marcus Garvey.

A cada capítulo, Faustino recria os valores de uma época pautada pelo patriotismo, mas também por um intenso preconceito racial. Um dos méritos do livro é mostrar que, apesar de alijados de direitos e com chances mínimas de ascensão social, milhares de negros aderiram a uma causa estranha à sua realidade – causa que, embora justa, traria ínfimas mudanças à sua situação de excluídos.

Para saber mais sobre o livro, acesse: http://www.gruposummus.com.br/detalhes_livro.php?produto_id=1273
 
Fonte: e-mail enviado por Selo Negro em 4 de julho de 2011

domingo, 3 de julho de 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Colóquio Internacional - Percursos, Trilhos e Margens: Recepção e Crítica das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa

Colóquio Internacional
Percursos, Trilhos e Margens: Recepção e Crítica das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
14 e 15 de Julho de 2011

Auditório do CIUL; CES-Lisboa (Fórum Picoas-Plaza)

Organização:
Margarida Calafate Ribeiro (CES) - Elena Brugioni (Universidade do Minho) - Jessica Falconi (CES)

Programa

14 de Julho_quinta-feira

09.30: Boas vindas
José Marcos Barrica [Embaixador de Angola em Portugal] - André Heráclio do Rêgo [CPLP] - Simonetta Luz Afonso [Câmara Municipal de Lisboa] - José Luandino Vieira - Margarida Calafate Ribeiro [CES] - Elena Brugioni [CEHUM] - Jessica Falconi [CES]

10.00: Comunicação de Abertura
Tempos e Espaços. Reflectindo em torno da recepção das Literaturas Africanas de língua portuguesa
Laura Cavalcante Padilha [UFF]

11.00: Literaturas Africanas de Língua Portuguesa: Paradigmas e Itinerários Críticos
Pires Laranjeira [UC], Inocência Mata [UL], Carmen Tindó Secco [UFRJ]
Moderação: Elena Brugioni

12.30 Almoço

14.30: Mesa Redonda Recepção e Crítica nos Media
José Carlos Vasconcelos (Jornal de Letras), João Céu e Silva (Diário de Notícias), Marta Lança, Luís Carlos Patraquim, João Melo (África 21)
Moderação: Odete Semedo

16.30: Mesa Redonda com Ana Paula Tavares, Luís Carlos Patraquim, Ana Mafalda Leite
Moderação: Jessica Falconi

18.00 Café

19.00: Lançamento do Livro Literaturas da Guiné-Bissau: contando os escritos da história (Afrontamento, 2011). Apresentação de Inocência Mata.


15 de Julho_sexta-feira

09.30: Crítica Literária e Paradigmas Pós-coloniais
Silvio Renato Jorge [UFF], Livia Apa [UNO], Elena Brugioni [CEHUM], Simone Pereira Schmidt [UFSC]
Moderação: Carmen Tindó Secco

11.30: Pelos Trilhos da Escrita: Narração e Crítica Literária
Odete Semedo [INEP], Jessica Falconi [CES], Moema Parente Augel [UB]
Moderação: Pires Laranjeira

13.00 Almoço

15.00: Mesa Redonda Políticas e Circuitos Editorais
Zeferino Coelho (Caminho), José Sousa Ribeiro (Afrontamento), Cecília Andrade (Dom Quixote), André Heráclio do Rêgo (CPLP)
Moderação: Margarida Calafate Ribeiro

16.45: Mesa Redonda com José Luandino Vieira, Joaquim Arena, João Melo, Odete Semedo
Moderação: Laura Cavalcante Padilha

18.15: café

19.00: Lançamento do Livro Literaturas Insulares: Leituras e Escritas de Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe (Afrontamento, 2011). Apresentação de Laura Cavalcante Padilha.

Fonte: e-mail enviado pela Profª Drª Moema Parente Augel em 01 de julho de 2011.