quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Jornal A NAÇÃO (Cabo Verde): resenhas de Ricardo Riso

Prezados(as),

As imagens a seguir são do jornal A NAÇÃO, de Cabo Verde, Nº113 DE 29 DE OUTUBRO DE 2009. Nesta edição, na página 14, encontra-se a minha primeira resenha crítica - FILINTO ELÍSIO: LI CORES & AD VINHOS - para este veículo. A periodicidade será quinzenal. O texto, na íntegra e com alguns poemas do livro, encontra-se em http://ricardoriso.blogspot.com/2009/10/filinto-elisio-li-cores-ad-vinhos.html
Na próxima, o escritor a ser resenhado será o cabo-verdiano Mário Fonseca e o seu livro Se a luz é para todos; nas seguintes comentarei Praianas de José Luis Hopffer C. Almada e Lisbon Blues seguido de Desarmonia de José Luiz Tavares.

Para quem quiser conferir a versão em .pdf do jornal, basta deixar um recado aqui no blog ou enviar e-mail para risoatelie@gmail.com
Agradeço a todos os que me acompanham e incentivam nessa estrada.

Abraços,
Ricardo Riso


terça-feira, 27 de outubro de 2009

III Festival de Música, Dança e Cultura Afro-brasileiras, SESC/Tijuca-RJ





Fonte: material gentilmente cedido por Armando Neto, da produção do III Festival de Música, Dança e Cultura Afro-brasileiras, em 27 de outubro de 2009.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ondjaki e Léonora Miana - Prosa nas Livrarias


clique na imagem para ampliá-la.

Conceição Evaristo - Ponciá Vicêncio (excerto)

"Um dia o coronelzinho, que já sabia ler, ficou curioso para ver se negro aprendia os sinais, as letras de branco e começou a ensinar o pai de Ponciá. O menino respondeu logo ao ensinamento do distraído mestre. Em pouco tempo reconhecia todas as letras. Quando sinhô-moço se certificou de que o negro aprendia, parou a brincadeira. Negro aprendia sim! Mas o que negro ia fazer com o saber de branco? O pai de Ponciá Vicêncio, em matéria de livros e letras, nunca foi além daquele saber."

(EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2003)

sábado, 24 de outubro de 2009

ÁFRICAS EM NÓS - 16 e 17/11 (U.Veiga de Almeida), palestra Ricardo Riso


Caríssimos,

No dia 16 de novembro, às 10h30, participarei de uma mesa-redonda e ministrarei a palestra “Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique – diálogo entre as artes plásticas dos países de íngua portuguesa”, durante o evento ÁFRICAS EM NÓS – II Encontro de Cultura e Literatura da Universidade Veiga de Almeida.

O Encontro, sob a coordenação da Prof. Cristina Prates, realizar-se-á nos dias 16 e 17 de novembro, com entrada franca, na Unidade Tijuca da Universidade Veiga de Almeida, à rua Ibituruna, 118.

Para melhores informações, acompanhe o blog Áfricas em nós - http://africasemnos.wordpress.com/ ou envie e-mail para africaemnos@gmail.com ou ligue para (21) 2255.66661 – 2255.4614 (falar com Maria Fernanda).

A seguir, a programação provisória do Encontro.

Torço para que possam comparecer.

Abraços,
Ricardo Riso


ÁFRICAS EM NÓS: PARTICIPANTES (HORÁRIOS TEMAS E MINI-CURRÍCULO)
Segunda - Feira: 16 de novembro de 2009
● 8h30: Inauguração do evento
● 10.30: Mesa-redonda:
Lucio Sanfilippo: Jongo da Serrinha – a comunidade se manifesta
Profª Mestre Lúcia Martins: Jongando na Serrinha - reatando os nós África- Brasil
Profª Mestre Lúcia Martins: MESTRE em Antropologia da Arte (UFRJ)
Profº Mestre Jorge Marques: Uma “Nação” negra – análise semiológica de uma música do repertório de Clara Nunes.
Ricardo Riso: Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique – diálogo entre as artes plásticas dos países de íngua portuguesa
●14h00min: Oficina:
● 16h00: Oficina:
Terça- Feira: 17 de novembro de 2009
● 8h30: mesa-redonda
Cláudio de Sá Capuano: Identidades e exílio o caso de A Geração da Utopia, de Pepetela
Profª Dra. Tatiana Alves Soares Caldas (CEFET/RJ): Do vislumbre do sonho em Estórias abensonhadas, Mia Couto.
Profª Mestre Patrícia Rosa Simões:
╚ Priscilla da S. Figueiredo (Aluna de graduação em Letras Inglês/Literaturas, UERJ): O olhar e a voz do outro: questões de gênero e/ou etnia em literatura em língua inglesa.
● 10h30: mesa-redonda: Que África ensina o professor?
Profª Dra. Maria Teresa Salgado (UFRJ)
Profª Dra. Tânia Muller: A imagem do negro nos livros didáticos
Profº Doutor Roberto Borges (Pós- CEFET):
●14h00min: Oficina:
● 16h00: Oficina:
● 18h30min: Mesa-redonda:
Profº Doutor Carlos Alberto de Carvalho: Narrativas negras: construções identitárias
Profª Doutora Elisabete Nascimento: Memória e Oralidade.
Profª Mestre Georgina da Costa Martins: Minha família é colorida
Profº Mestre Marco Antônio Guerra: Mediador
● 20h30min: Mesa-redonda:
Profª Dra. Fátima Maria de Oliveira (CEFET/RJ): A correspondência como memória da exclusão: Cruz e Sousa
Profº Dr. Sérgio Barcellos (UERJ e PUC/RJ): O diário como espelho retorcido: Carolina Maria de Jesus
Profº Mestre Paulo Roberto T. do Patrocínio: Entre contos e cantos negros, a linguagem em Marcelino Freire.
●14h00min: Oficina: ● 8h30: Mesa-redonda
● 16h00: Oficina:
● 18h30min: Mesa-redonda:
Sonia Rosa: Escritora, contadora de histórias: Literatura infantil e afro-brasilidade
Luiz Antonio Simas (a combinar)
Rogério Athayde (a combinar)
Cláudio Ribeiro Falcão (a combinar)
● 20h30min: Mesa-redonda:
Adriana Facina (UFF): Novas batidas, velhos batuques: o funk carioca como música diaspóricas
╚ Sandra de Sá: cantora e compositora
Grupo musical “Réus Confessos”

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Filinto Elísio – Li Cores & Ad Vinhos (resenha)


Inebriantes metáforas consagram a escrita etílica do poeta

Por Ricardo Riso

Explosões dos sentidos, êxtase do Verbo. Tais sensações encontram-se após a travessia instigante, surpreendente e prazerosa pelos cinquenta e três poemas do recente livro de poesia de Filinto Elísio, com o etílico e sugestivo nome Li Cores & Ad Vinhos (Lisboa: Letras Várias, 2009). Este é o seu quinto título em poesia; constatam-se, comparando ao anterior “Das Frutas Serenadas”, o erotismo exacerbado do sujeito lírico a exigir do leitor especial atenção a respeito da linha tênue que se apresenta ora mulher, ora poesia, ora pedra; o aprofundamento metafórico; e a semântica concupiscente das palavras buscando novos significados que vão além dos sentidos inertes impostos pelo discurso estabelecido.

Na poesia elisiana, o Verbo degusta, etilicamente, o poder transformador da palavra conduzido por um sujeito lírico inquieto que afirma: jamais deixarei morrer cá dentro o viés / que transforma esta amargura em poesia (p 13). É no mergulho à essência das palavras, atravessando as fronteiras dos sentidos e tendo a ousadia de investigar o âmago da liberdade poética que nos deparamos com imagens inusitadas e belas, reveladoras do compromisso assumido, dos riscos a que se submete o poeta: De todas as estradas, algumas por andar, / As de sinuosa curva das palavras, a mais íngreme, / Com metáforas penduradas ali no peitoril, / São as que, por visceral, me motivam à Poesia... (p. 81).

Como podemos perceber, caberá ao leitor desvendar os misteriosos versos, as inesperadas imagens que se formam a partir da imersão no desregramento dos sentidos propostos pelo sujeito lírico elisiano, a começar pelo inebriante título do livro: Li Cores & Ad Vinhos. Está presente o lado dionisíaco, o embriagar-se por licores e vinhos; por outro lado, há o desejo sinestésico, plástico, de ler as cores e de adivinhar, de tentar descobrir o insondável mistério da criação poética: Não te direi tudo dos verbos, (...) / onde a semântica, ciosa, / Se refugia silenciosa entre mim e o nada... / Virar, em passe de mágica, as cores de avesso, / Transmutar, pelo revesso, fiapos soltos de rosa, / Prosa que também se solta as flores que voam... / (...) Deste recheio de êxtase, de tudo ser nada disto... (p. 81).

A metapoesia predomina no livro. Ao versar sobre a criação e sobre o indecifrável segredo que envolve a poesia, somos convidados a um jogo inusitado, regado pelo néctar simbolista das letras elisianas, que esgarça o concreto e a tudo metaforiza: Tais palavras, como que a desejarem / Metáforas e seus caminhos transviados (p. 83), revelando-se, inclusive, entre os poemas, pois os últimos versos de “Nossos versos” (p. 83) são o título e os três versos iniciais de “Fuligem, riso e vertigem”: Na pedra – água que rumoreja, / No gargalo do mar – ali gorjeia: / Ave sem voo, rima e penugem... (p. 51) Sendo assim, devemos aguçar nossos ouvidos para escutar os poemas nesta acústica de pétala e desvendar a explosão etílica dos sentidos em “Ad Vinhos” que, com suas enigmáticas metáforas, de maneira lúdica, mostra-se: Qual é a cor da música? / Seu gosto de fruta e de cravinho. / (...) As horas do teu corpo batem / Em que lugar quando ressoa / Meia-noite no meu poema? / (...) Tudo isso adivinho seres tu, / Posto que travam como vinho / As cores que li no gosto. / (...) Tempero, em que novelo / És mais água do que sal? / Concha, em que segredo / Me és palavra repentina? // A cor da música... (p. 55)

Manifesta-se tamanha complexidade de uma poesia que não espera pelo vento (p. 39), de um poeta vitaminado pela sintaxe (...), semântico de mim próprio (p. 39). O sujeito lírico expande-se pelos elementos primordiais da natureza, Ora sou água, ora sou fogo / E se me invento terra, ar (p. 61) para transparecer a imensidão da sua poesia: Poente que sou, mirante do nada / Cavaleiro andante, aventureiro, / Puro horizonte tudo o que sou... (p. 61). Esse alargamento é bem sugestivo na figura da pedra, presente na trajetória literária cabo-verdiana, porém, na poesia elisiana ganha contornos que transcendem as configurações usuais, apresentando-se de maneira universal, revelando a forma peculiar como o sujeito lírico lida com a sua cabo-verdianidade, sempre com a presença da metapoética, fundindo-se, confundindo-se: Uma pedra, ínfima que seja, / No seu significado de coisa / No que esconde de átomo, / Nos conta Deus em tudo... // Medra nela certa melodia, / Alguma dita no seu dorso, / Outra dentro da matéria, / Onde, diurna, a lua soletra... // (...) Pode-se retornar ao Verbo / Ao recomeço, sobretudo, / Do encanto da poesia... (p. 27).

Deve-se destacar o cuidado gráfico de Li Cores & Ad Vinhos, tendo as páginas agraciadas com as ilustrações do artista plástico Fernando Elias, o Mito, amigo de longa data do poeta desde os tempos da “Sopinha de Alfabeto”, revista surgida na década de 1980. Os desenhos de Mito com seus traços que passam pelo insinuante ao simpático e atingem a ironia e o erótico, ajudam a compor a aura mística e misteriosa dos poemas, tornando-os essenciais ao livro e que, em nenhum momento, criam conflitos entre poema e desenho, mas, sim, apresentam uma harmonia impressionante. Harmonia que se estende à sólida amizade dos dois artistas cabo-verdianos.

Tal como o “pedreiro” Arménio Vieira, Filinto Elísio encara o seu ofício de forma corajosa, ousada, destemida, ou seja, ao escrever de pulso aberto (p. 17) procura extrair poesia da pedra (p.17), deslocando-se das sensações anestesiadas, das emoções dilaceradas dos dias atuais. Sua poesia mostra um caminho possível para suportar a amargura da realidade, valendo-se de um prazer ilimitado para fruir os sentidos, de gozar com as palavras. Filinto Elísio, ao transcender a semântica usual e apetecer o infinito metafórico, brinda-nos com sua bela escrita etílica em Li Cores & Ad Vinhos. Com isso, mais uma vez ultrapassa as fronteiras da literatura cabo-verdiana com sua inconfundível sensibilidade existencialista e universal, e agradará a todos os leitores das literaturas em língua portuguesa que se inebriarão com seus poemas.
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ALGUNS POEMAS DE LI CORES & AD VINHOS.
PROMESSA
Jamais deixarei morrer cá dentro o viés
que transforma esta amargura em poesia.
O grito que me teima, mas que tu guardas
no instante dos sentidos, saberá sempre
em mim como um sopro de vida.
E, se não vou à noite como quem vai à maresia,
começarás tu a dissipar a neblina
no horizonte dos caminhos por andar.
É-nos pouco o tempo, mas naveguemos
numa alegria sem demora. Diante do mundo,
algo mais do que esta enseada de águas
mansas, não quererá a eternidade ser parte
do abalo ou do desvario. Simplicidade apenas,
de remanso com que as horas são batidas
monocórdicas no relógio. E todos os fados
são universos de cada transeunte.
(p. 13)

CAVERNAS

O que dizer das criaturas, miniaturas,
No breu das grutas, que sintaxe, algo
Como um labirinto de versos, paralaxe,
Extracto de escuridão ou de solidão?

Estar apartado da vida, asceta, monge,
Sequestrado de si próprio, em dúvida
Na prece, sendo caverna este silêncio
E seu bulício, esfinge e o que ele finge?

Uma parelha de poesia, duas cotovias,
Três árvores ao redor e quatro tambores,
Essas leiras, medidas e mesuras, números...

Momentos tão de quedas e de vertigens,
Flutuantes almas, quantos impregnados,
Lugares de luz, de escuro e seu inverso...
(p. 23)

TODO DO SEU TUDO

Dos versos meus, neste e noutro fala-se da morte.
O resto, do consorte, é todo ele sem cabresto
Transversas, em pinote, pedras e pedras, a teta
E o desferrar, quase proxeneta, do bebé de proveta...

Quando assim instaura o poema ou fonema,
Por sorte, no meio da tecedura, tecem e fenecem
A textura e o miolo da palavra, a chula e a gula
Do poeta, louco e de pouco prumo, filho da puta...

Reversos teus, lado outro de mim, enfim à solta
Ajuíza e giza o encontro das sílabas, ora pervertidas,
Ora invertidas, soletrando antídotos do coração...

Como estilete no pulmão, lâmina nesses olhos,
Como veneno, às vezes para o doce, tipo fruta,
Poeta que desfruta, do Paraíso todo de seu tudo...
(p. 41)

AD VINHO (DE UM FRANGÉLICO)

De repente, és tu
À beira-rio
de mim;

Trago-te inteira
(de um Frangélico)
Taça
Inteira como um
Ponto...

Olho-te
de novo
- frutal
e floral
esse vinho.

Teu corpo
De um trago...
(p. 67)

ÊXTASES
De todas as estradas, algumas por andar,
As de sinuosa curva das palavras, a mais íngreme,
Com metáforas penduras ali no peitoril,
São as que, por visceral, me motivam à Poesia...

Não te direi tudo dos verbos, de como,
No topo de Abril, dos carapetos e cumes,
De outros parapeitos, onde a semântica, ciosa,
Se refugia silenciosa entre mim e o nada...

Virar, em passe de mágica, as cores de avesso,
Transmutar pelo revesso, fiapos soltos de rosa,
Prosa que também se solta as flores que voam...

Olhar, quando não sentir, só o das borboletas,
O dos arfares na calada e o dos suores receosos,
Deste recheio do êxtase, de tudo ser nada disto...
(p. 81)

NUVEM PEDRA
entre nuvem e pedra
de viajar um e de quedar-se outro
tal qual cinza que se sonha
outrora à roda do fogo
à dança da brisa
ou à trapaça do riso
quando a retina olha
coqueiros de sombra
dunas ondas búzios
areias pedras águas
ares de curvilíneo corpo
o ponto de salitre
piercing
instante
ião
mas também o quântico vão
de pedra e nuvem...
(p. 101)

AD VINHOS
andei por califórnias ródanos douros
sonhei ânforas do antanho
deusas etílicas taças de âmbar
poetei absintos versejei labirintos
naveguei pessoas & nerudas
tive orgasmos a imaginar borges
acordei diante de brancos secos
amei com os tintos maduros
encorpados lambruscos
alentejos chãs
ad eternum
ou aqui
agora...
(p. 107)

ILHA DE MIM
Ulterior outrora, quando à rosa, orvalho nenhum
Gotejava nos olhares, de soslaio e de vagar reparo,
Eras tu a latejar bocados, quando não apenas lapsos,
Prosa e poemas que em meus quotidianos inquietava…

Sempre detive madrugadas ainda de luas, estrelas
Cúmplices de serem zodíaco e de fazerem magias,
Estive, como que se esventram auroras, no cogito
Das angustiosas metáforas, néctares da ilha…

Caliban, meu perdido companheiro, quiçá alguém,
Outro que te lamba as chagas, e ali te represente
Quão próximo Prospero de vera te seja verbo…

Meu Poeta, quem sabe algo, espelho ou lago,
Te retrate a face e os contornos de teus sulcos,
As estradas de ti, o gotejar também de ti…
(p. 115)

POEMA DE SÊMEA
Dava-te, por dar dados ao vagabundo, palavras
E queria de ti, ou não se resumisse tudo à morte,
A conjugação dos verbos e dos sinais, a química
Com que as sílabas se liquefazem e deslizam,
Rios em milhas de mim, pelos meus caminhos.
Dava-te o discorrer da cidade, a boca carmim
Dos beijos contidos na semântica dos versos,
Dava-te dados, vagabundo, da sintaxe das coisas,
Este parar no meio da rua, este desespero de tudo,
Este vagaroso suicídio com o veneno de fêmea,
Dava-te letras, números, outros signos, sementes…
(p. 117)

MULEMBA – Revista de Estudos de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (UFRJ)


O Setor de Literaturas Africanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) lança a revista científica MULEMBA – Revista de Estudos de Literaturas Africanas de Língua Portuguesahttp://setorlitafrica.letras.ufrj.br/mulemba/. MULEMBA, sob a coordenação da Profa. Dra. Carmen Lucia Tindó Secco, terá periodicidade trimestral e já nasce como referência para os estudos na área dessas literaturas.

Além disso, deve-se celebrar a chegada em ótima hora da informatização do Setor de Literaturas Africanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com um site - http://www.setorlitafrica.letras.ufrj.br/litafrica/index.html -, onde temos acesso ao ACERVO DE LITERATURAS AFRICANAS DA BIBLIOTECA DA CÁTEDRA JORGE DE SENA - http://www.setorlitafrica.letras.ufrj.br/litafrica/documentos/acervo.htm - e da Biblioteca da Faculdade de Letras/UFRJ - http://www.minerva.ufrj.br/, e aos trabalhos dos alunos da Instituição - http://www.setorlitafrica.letras.ufrj.br/litafrica/trabalho_alunos.html

A UFRJ é uma das principais instituições do Brasil nos estudos das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, logo, o acesso aos endereços acima tornam-se obrigatórios.

Ricardo Riso

Mito - Nó di Sulada

O artista plástico e poeta Mito (Fernando Elias/Cabo Verde) apresenta NÓ DI SULADA,
8 vídeo-postais do reino de Mare Calamus.

http://www.youtube.com/watch?v=9WGDVrfHKE0

22 de Outubro 2009 às 19:00

WMDC (World Music & Dance Centre)
Roterdão - Holanda


Para conhecer a obra de Mito, acesse o site e os endereços abaixo:
www.tanboru.org/mito
http://www.youtube.com/watch?v=9WGDVrfHKE0
www.saatchi-gallery.co.uk/yourgallery/artist_profile/Mito+Elias/23947.html

II Colóquio Etnicidades Internacional Brasil X Áfricas: Artes, Culturas e Literaturas

VI BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO
06 de novembro de 2009
Local:Centro de Convenções Ruth Cardoso
Jaraguá-Centro – Maceió-Al


Programação

8:00 às 9:30: Credenciamento
10:00 às 10h30- - Abertura Oficial
10h30 ás 10h40- Apresentação Afro artística
10h40 às 11h40- Diálogo entre Povos;
“Arte, Cultura e Literatura – As possibilidades das Relações de Cooperação Cultural entre Brasil-África”
Representantes das Repúblicas de Cabo Verde, Moçambique, Angola e Cônsul de Guiné Bissau.
Representantes nacionais e locais.
11h40 às 12h25- Debate
12h25 às 12h30- Apresentação Afro artística
12h30 às 13h30- Pausa para o Almoço
13h30 às 14h00-Palestra I
1-“O Legado Africano, a Cultura e a Valorização do Sentimento de Pertença nas Políticas Educacionais Brasileiras”.
Representante do Ministério de Educação
14h00 às 14h30- Palestra II
“As Convenções Internacionais e as Práticas Sociais Racistas como Apartheid dos Direitos Humanos no Brasil”
14h30 às 14h50- Debate Ampliado

14h50 às 15h50-
Palestra I- A Memória Étnico- Alagoana da palavra na literatura de Sávio de Almeida.
Palestra II- O Patrimônio Imaterial de Cabo Verde e Tradições Orais Crioulas.
Palestra III- A Riqueza da Tibila na Cultura de Moçambique (Patrimônio Imaterial da Humanidade (2006)
Palestra IV- A Poesia de Odete Semedo por Odete de Guiné Bissau.
Palestra V- Um Passeio Artesanal no Mercado Cultural de Futungo em Angola
15h50 às 16h30- Debate Ampliado
16h30 às 17h00-
Oficinão Afro musical:
“Cantando e Brincando Aprende-se”- Valorização do contexto histórico, político e social da música africana.
Oficineira: Sônia André- moçambicana


PS: Programação sujeita a alterações
Paralelo teremos estande com venda de livros de autores e autoras africanos, nacionais e alagoanos, previamente selecionados.

Fonte: e-mail enviado pela Profa. Arísia Barros, Coordenadora do Projeto Raízes de África, em 19 de outubro de 2009.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

João Melo - "O homem que não tira o palito da boca" (livro)

África 21 – DF - 13/10/2009 - 08:00
"O homem que não tira o palito da boca" é o novo livro de contos do angolano João Melo

Na capital portuguesa, o lançamento do novo livro de contos do autor está anunciado para dia 24 de novembro.

Da Redação

Brasília - "O homem que não tira o palito da boca" é o novo livro de contos do jornalista e escritor angolano João Melo, que deverá chegar às livrarias a partir de 10 de Novembro.

Além de Portugal, onde João Melo é editado pela Caminho, do grupo Leya, "O homem que não tira o palito da boca" será editado também em Angola e Moçambique, pelas editoras Nzila e Ndjira, respectivamente.

Na capital portuguesa, o lançamento do novo livro do autor está anunciado para dia 24 de novembro.

Na apresentação do livro, Pires Laranjeira, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, diz que João Melo "leva ao ponto de rebuçado (bala) o uso da teoria da literatura e da linguagem tecnocrata como subtexto para o humor: divertimo-nos tanto com as situações cómicas em que as personagens chafurdam quanto com os chistes semióticos dos narradores, que tratam o leitor (e a leitora) por tu".

"Um dos narradores deste novo livro do angolano João Melo diz que não é Maupassant, García Marquez ou Henry Miller, mas quase posso jurar que ele leu os três com prazer e proveito", escreve Pires Laranjeira.

Para este professor de Literatura, "o autor usa uma linguagem magnificamente técnica, semiótica, de lógica formal e jurídica – obsessivamente perfeccionista, requintada, paranoicamente explicativa – para tratar de questiúnculas ou, pelo contrário, explicar formalmente, com uma lógica administrativa, a podridão familiar, política, económica, o quotidiano de miséria, prostituição, indecência, malfeitoria e sacanice (no Sambila e outros bairros) de pobres diabos e cidadãos abandonados pelos coevos".

São, afinal, "histórias de casais e traições (infidelidades) são uma das obsessões divertidas de Melo. E, depois, há o tema das raças, cores de pele, classes, mas também o do assassinato piedoso, entre tantos".

Mesmo brincando e gozando com tudo e com todos, "pressente-se que disfarça o incómodo do sofrimento humano com esse riso, que, afinal, não passará de piedade compungida pelos semelhantes, mas não iguais – essa consciência da diferença social funda a auto-ironia que, afinal, é a mais funda (e disfarçada) estratégia da sua prosa cáustica, verdadeira soda agreste", escreve.

No Brasil

Natural de Luanda, onde vive, João Melo - escritor, jornalista, publicitário, professor universitário de Comunicação e deputado à Assembléia Nacional de Angola - é um dos autores africanos mais conhecidos nas universidades brasileiras.

Fez os estudos primários e secundários em Luanda, estudou direito em Coimbra, licenciou-se em Comunicação Social e fez mestrado em Comunicação e Cultura na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Publicou dez livros de poesia, quatro de contos e um de ensaios. Membro fundador da União de Escritores Angolanos, está representado em várias antologias, em Angola e no estrangeiro. Teve três menções honrosas, duas no Prêmio Sonangol de Literatura e uma no Prêmio Sagrada Esperança, ambos em Angola. Publicado habitualmente em Angola e Portugal, tem textos traduzidos para mandarim, alemão, italiano e húngaro.

O escritor e diretor-geral da revista África 21, parceira do África 21 Digital, lançou em novembro do ano passado no Brasil o livro de contos “Filhos da Pátria” (Editora Record) e é um dos autores africanos mais estudados nas universidades brasileiras.

Fonte: http://www.africa21digital.com/noticia.kmf?cod=9019265&indice=0&canal=403

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Filinto Elísio - Vamos comer Caetano (crônica)

O amigo Filinto Elísio, escritor de Cabo Verde, enviou para o blog a crônica inédita abaixo.

VAMOS COMER CAETANO

Por Filinto Elísio

Tudo caía devagar. Como poeira a assentar-se. Primeiro, a sensação de flutuar, de coisa suspensa. Depois, essa nítida descida. Real. Visível. De queda tão simplesmente. O velho André cogitava, armado em Isaac Newton, o comportamento das maçãs e descobria, também ele, as leis da gravidade. Devagar. Como se duas forças contrárias, interagissem nesses corpos. Um a impelir para o chão; outro a puxar para o vão. De novo, dando ares de douto, disse: “A força que atrai tudo para o Nilo e a resiliência do Sol sobre tudo”. Jacira olhava-o com comiseração. Sofria da Doença de Parkinson. Se calhar, por isso, aquela conversa sobre a dialéctica das coisas. Ela entendia mesmo de cuidar do velho. Banhos, refeições e passeios, além de longas conversas sobre a Praia daquele tempo. Caem folhas, cai tudo. Assim como tudo gira com a terra, o sol e o universo. Tudo gira, como cai. Devagar…

Contava-te isso no van que nos levava do Hotel San Marino, na zona do Farol da Barra, à Universidade Federal da Bahia. Descrevia-te o dissecar do velho André, aparentemente senil, em personagem central do livro em acção. Passava por detalhes sórdidos, esses de puxada intimidade, entre o velho e Jacira, empregada que se vestia de branco, quase sempre dos acontecidos nos banhos, rara ocasião em que o octogenário se sentia erecto. Eréctil, para ser mais preciso. E esse sol que batia na orla de Salvador em Setembro, "sol de macaco" nas ilhas por Janeiro, me fazia lembrar da trama do romance em que diversas personagens (na maioria, mulheres) escrevem elas próprias suas notas, cartas e apontamentos. Olhavas-me, com alguma magia, não que se instalasse ali qualquer química entre nós, como se tudo tivesse de acabar em beijo, mas porque estavas à minha mercê para navegarmos até ao fim do livro. “Apenas os azimutes e um pequeno abstract”, fui logo avisando. E tu, numa sonora gargalhada, estiveste bem à altura: “Só o velho André não me serviria para a tese de mestrado. Teria de ser o livro todinho, meu poeta”…

Mais tarde, deambulando pelo Centro Histórico de Salvador, abria-te, qual rosa fenecida, as pétalas do meu livro. E tu, já querias saber se Luana era de Denise alter-ego. Ou vice-versa. E se John era labrego. Ou carregava nele o herói e o anti-herói. E, mesmo, se Lídia, aquela do Franklyn Park, era verdade. À porta da Casa Fundação Jorge Amado, numa ladeira que se esvai para a Baixa do Sapateiro, demos de cara com um Preto Velho, desses aos montes, a entreter turistas espanhóis. E tiramos umas fotos com ele. Quiseste saber se o homem parecia o velho André do meu romance. Mas não. Olha que não parecia. O velho André era mais alto e elegante, mestiço de tez e olhos verdes. Filosofava para lá de Sartre e Camus. E padecia da Doença de Parkinson. Ah! Este não tirava fotos por vinte reais. E aí aquela tua gargalhada de sol largado. Mas ele poderia ser baiano, sim senhora. Que nem João Ubaldo Ribeiro…

Agora caia o sol. Devagar. Além, perceptível à bruma, a ilha de Itaparica. Juravas que a melhor moqueca de siri seria numa tenda da Barra, jusante ao hotel onde nos alojávamos. E parecia ser, de facto. Durante o jantar, estavas eufórica com os 100 anos de Dona Canô, pela graça de Santo Amaro de Purificação, dizias. Menos devoto e esotérico, contei-te de um amigo arquitecto que se imaginava em altas bebedeiras com Caetano Veloso na Baixa de Sapateiro. Era um Caetano inventado, mas brilhante e quase de verdade. Voltávamos à questão da verosimilhança. E aí, diante de uma cerveja estupidamente, entoámos a música de Adriana Calcanhoto: “Vamos comer Caetano. Vamos começá-lo!”. Devagar…

Fonte: e-mail gentilmente enviado pelo escritor Filinto Elísio em 09/10/2009.

Cafundó - exibição de filme e debate em seguida, Faculdade de Letras/UFRJ


E-mail gentilmente enviado pela Profa. Dra. Maria Teresa Salgado (UFRJ), em 09/10/2009.

Cuti - Quebranto

às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo
e me dou porrada

às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço

às vezes sou o meu próprio delito
o corpo de jurados
a punição que vem com o veredicto

às vezes sou o amor que me viro o rosto
o quebranto
o encosto
a solidão primitiva
que me envolvo com o vazio

às vezes as migalhas do que sonhei e não comi
outras o bem-te-vi com olhos vidrados
trinando tristezas

um dia fui abolição que me lancei de supetão no espanto
depois um imperador deposto
a república de conchavos no coração
e em seguida uma constituição
que me promulgo a cada instante

também a violência dum impulso
que me ponho do avesso
com acessos de cal e gesso
chego a ser

às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
sinto-me a miséria concebida como um eterno começo

fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto que me entrego

às vezes...

CUTI. Quebranto. In: Negroesia. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007. pp.53-54.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

África-Brasil - caminhos da língua portuguesa (livro)

Organização: Charlotte Galves, Helder Garmes e Fernando Rosa Ribeiro

Este volume reúne os textos das conferências e mesas-redondas convidadas no colóquio Caminhos da língua portuguesa: África–Brasil, realizado na UNICAMP de 6 a 9 de novembro de 2006, no âmbito das comemorações dos 40 anos da Universidade. Na ocasião, reuniram-se historiadores, lingüistas e teóricos da literatura para juntos multiplicarem os olhares e deslocarem os pontos de vista sobre as complexas relações estabelecidas na expansão da língua portuguesa e seu embate com as línguas africanas no processo de colonização da África e da América. Nas páginas que nasceram desse diálogo, mais do que interdisciplinaridade, se encontra forte transversalidade, um entremeado de vozes distintas, mas que se fazem ecos repetidamente umas às outras.

ISBN 978-85-268-0838-6
Páginas: 280
Edição: 1
Tam: 16x23 cm
Ano: 2009

Fonte: http://www.editora.unicamp.br/detalhe.asp?referencia=1298

Coleção "Retratos do Brasil Negro" (lançamento)

Coleção "Retratos do Brasil Negro" (Livraria Argumento Leblon)
08/10/2009 às 19h
Nesta noite, vários autores e homenageados se reúnem na sessão de autógrafos que enaltece a raça negra no país. Entre os convidados, estará Nei Lopes, que assina sua biografia. Ed. Summus.

SETE VENTOS (Teatro)

Vamos falar do que nós somos feitas?
“SETE VENTOS” é um monólogo teatral escrito por uma mulher a partir de várias outras mulheres. É baseado em relatos de mulheres negras e utiliza como referência o mito africano de Iansã. Traz a atuação da atriz Débora Almeida, autora e encenadora da obra, com supervisão cênica da diretora Aduni Benton.
A história contada no espetáculo é a da personagem Bárbara, uma escritora negra, filha de Iansã, que, junto ao público conta e revive as histórias das mulheres que influenciaram a sua vida.
A proposta de “SETE VENTOS” é trazer à cena personagens femininas que se identifiquem com o universo da mulher brasileira, traçando um diálogo entre a contemporaneidade e a ancestralidade. Através das relações entre essas mulheres pretendemos mostrar a influência das histórias vividas pelos nossos antepassados sobre nós e a força que adquirimos quando conhecemos e valorizamos essas histórias.


Iansã, deusa dos raios e dos ventos, é a base inspiradora de cada uma dessas personagens. Ela é a síntese da mulher contemporânea em sua luta pela independência e pela feminilidade.
Para aproximar a platéia do universo da história, escolhemos uma estética que valoriza o encontro, aproximando a atriz contadora de histórias e a platéia. Fazendo com que o público sinta-se como se estivesse na sala de uma casa, conversando com uma amiga ou revivendo os momentos em que passamos no colo de nossas mães, tias e avós, enquanto ouvimos histórias e recebemos cafuné .
SETE VENTOS é um espetáculo feminino que propõe, através da realidade e da poesia um encontro entre homens e mulheres, independente de seu grupo étnico, cultural, social e econômico.
Sinopse
A peça é um monólogo teatral baseado em depoimentos de mulheres reais e no mito de Iansã, deusa negra dos ventos, mostra Bárbara, uma escritora, que narra a sua trajetória de vida até o dia em que encontra com Iansã. Refazendo esse trajeto, ela relembra e revive fatos e encontros com algumas mulheres que a influenciaram. A atriz reveza-se entre várias personagens e as mulheres apresentadas representam algumas qualidades de Iansã. Há também música e dança.

Débora Almeida
É atriz formada pela UNI-Rio. Participou de vários espetáculos entre os anos de 1994 e 2000. Em 2001 começa a dedicar-se à cultura negra, integrando a primeira formação da Cia dos Comuns, Cia de teatro dirigida por Hilton Cobra, que tem como objetivo divulgar a cultura afro-brasileira. Junto à Cia dos Comuns participou dos espetáculos “A Roda do Mundo”(2001/2002), “Candaces- A Reconstrução do Fogo”(2003/2004- Prêmio Shell de Música) e “Bakulo- Os Bem Lembrados”, dirigidos por Marcio Meireles e “Silêncio”(2008/2009), dirigido por Hilton Cobra. Na Cia dos Comuns, Débora atua como atriz, produtora, pesquisadora e colaboradora dramatúrgica. No cinema participou dos filmes “Jogo de Cena”(2008), de Eduardo Coutinho, “Freiheit- Crimes de Ódio”(2008), de Patrícia Freitas, “Bairro Feliz”(2000), de Leonardo Copello Pirovano e Ricardo Prego e “Alma Suburbana”(2008), de Luis Claudio Lima. Na televisão participou dos programas “Sob Nova Direção”(2005), “Turma do Didi”(2001) e das novelas Caras e Bocas(2009) e Malhação(2004). Débora também dedica-se à dança afro e contemporânea desde 2001.

Ficha técnica
Texto, encenação e atuação: Débora Almeida
Supervisão Cênica: Aduni Benton
Coreografias: Gal Quaresma
Assistência Corporal: Denis Gonçalves
Trilha Sonora: Samantha Rennó e Raquel Coutinho
Iluminação: Jorge Raibott
Cenário: Derô Martim
Figurino: Jerry Fernando
Programação visual e fotografia: André Mantelli

Temporada
De 02 de outubro a 06 de novembro(excerto 23 de outubro)
Sextas-feiras às 21h
Local Teatro Gláucio Gil
Pça Cardeal Arcoverde, s/no, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ
Duração 60 minutos
Classificação etária:16 anos
Valor do ingresso:R$10,00


Contato
Débora Almeida
Tels: 21- 9762-4313 / 21- 2256-9499
e-mail:
debora.almeidarj@yahoo.com.br
Rua Figueiredo de Magalhães, 236, apto. 201, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ
CEP. 22031-012
http://seteventosespetaculo.blogspot.com
Fonte: e-mail enviado pela atriz Débora Almeida em 08/10/2009.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

João Melo - O homem que não tira o palito da boca (texto contracapa)

A seguir o texto da contracapa escrito pelo professor Pires Laranjeira para o quinto livro de contos de João Melo - O homem que não tira o palito da boca –, a ser publicado em Novembro, em Angola, Portugal e Moçambique.
O texto foi gentilmente enviado pelo escritor angolano João Melo em 07/10/2009.


SOMOS TODOS LOCALIZADORES

Um dos narradores deste novo livro do angolano João Melo diz que não é Maupassant, García Marquez ou Henry Miller, mas quase posso jurar que ele leu os três com prazer e proveito.
O autor usa uma linguagem magnificamente técnica, semiótica, de lógica formal e jurídica – obsessivamente perfeccionista, requintada, paranoicamente explicativa – para tratar de questiúnculas ou, pelo contrário, explicar formalmente, com uma lógica administrativa, a podridão familiar, política, económica, o quotidiano de miséria, prostituição, indecência, malfeitoria e sacanice (no Sambila e outros bairros) de pobres diabos e cidadãos abandonados pelos coevos.
Histórias de casais e traições (infidelidades) são uma das obsessões divertidas de Melo. E, depois, há o tema das raças, cores de pele, classes, mas também o do assassinato piedoso, entre tantos.
Mesmo brincando e gozando com tudo e com todos, pressente-se que disfarça o incómodo do sofrimento humano com esse riso, que, afinal, não passará de piedade compungida pelos semelhantes, mas não iguais – essa consciência da diferença social funda a auto-ironia que, afinal, é a mais funda (e disfarçada) estratégia da sua prosa cáustica, verdadeira soda agreste.
João Melo leva ao ponto de rebuçado o uso da teoria da literatura e da linguagem tecnocrata como subtexto para o humor: divertimo-nos tanto com as situações cómicas em que as personagens chafurdam quanto com os chistes semióticos dos narradores, que tratam o leitor (e a leitora) por tu.
Parece um ensaísta que perdeu o pé na ficção: dá, sempre negando que o faz, lições de moral e outras que tal, usa jargão escorreito, ficciona o ensaísmo e ensaia a escolástica. Não é para qualquer um, mas somente para um fauno das letras - como João Ubaldo Ribeiro ou Luiz Fernando Veríssimo -, que inventa a profissão de “localizador” de mulheres estrangeiras, em mais um dos seus inenarráveis tipos de caluandas.
Muita ironia – justa, amável - sobre Portugal (a “tugolândia”) ou o Brasil – esta, concupiscente e amabilíssima - e os EUA – verdadeiros bo(m)bos da festança, incluindo Bush. Sugiro, pois, que os leitores se tornem, digamos assim, “localizadores”.

Pires Laranjeira

João Melo: Crónica verdadeira da língua portuguesa

Poema gentilmente enviado pelo escritor e ensaísta angolano João Melo no dia 06/10/2009.

Crónica verdadeira da língua portuguesa

“A língua portuguesa é um troféu de guerra”
Luandino Vieira
A poetisa portuguesa
Sophia de Mello Breyner
gostava de saborear
uma a uma
todas as sílabas
do português do Brasil.

Estou a vê-la:
suave e discreta,
debruçada sobre a varanda do tempo,
o olhar estendendo-se com o mar
e a memória,
deliciando-se comovida
com o sol despudorado
ardendo
nas vogais abertas da língua,
violentando com doçura
os surdos limites
das consoantes
e ampliando-os
para lá da História.

Mas saberia ela
quem rasgou esses limites,
com o seu sangue,
a sua resistência
e a sua música?

A libertação da língua portuguesa
foi gerada nos porões
dos navios negreiros
pelos homens sofridos que,
estranhamente,
nunca deixaram de cantar,
em todas as línguas que conheciam
ou criaram
durante a tenebrosa travessia
do mar sem fim.

Desde o nosso encontro inicial,
essa língua, arrogante e
insensatamente,
foi usada contra nós:
mas nós derrotámo-la
e fizemos dela
um instrumento
para a nossa própria liberdade.

Os antigos donos da língua
pensaram, durante séculos,
que nos apagariam da sua culpada consciência
com o seu idioma brutal,
duro,
fechado sobre si mesmo,
como se nele quisessem encerrar
para todo o sempre
os inacreditáveis mundos
que se abriam à sua frente.

Esses mundos, porém,
eram demasiado vastos
para caberem nessa língua envergonhada
e esquizofrénica.

Era preciso traçar-lhe
novos horizontes.

Primeiro, então, abrimos
de par em par
as camadas dessa língua
e iluminamo-la com a nossa dor;
depois demos-lhe vida,
com a nossa alegria
e os nossos ritmos.

Nós libertámos a língua portuguesa
das amarras da opressão.

Por isso, hoje,
podemos falar todos
uns com os outros,
nessa nova língua
aberta, ensolarada e sem pecado
que a poetisa portuguesa
Sophia de Mello Breyner
julgou ter descoberto
no Brasil,
mas que um poeta angolano
reivindica
como um troféu de luta,
identidade
e criação.

02.10.09

domingo, 4 de outubro de 2009

Cuba, uma odisseia africana (documentário)

Um documentário interessante a respeito dos países africanos no Festival do Rio de Cinema: CUBA, UMA ODISSÉIA AFRICANA. Trata-se da importante contribuição cubana durante as guerras coloniais e nos primeiros passos da construção dos países africanos independentes.

Nas Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, o escritor Ondjaki recria com apego a presença dos cubanos nos sistemas educacional e de saúde angolanos, em seus três livros publicados no Brasil: Bom dia Camarada (Agir), Os da minha rua (Língua Geral) e Avódezanove e o segredo do soviético (Cia. das Letras).

O documentário ainda terá três exibições até o final do Festival, no dia 8/10. Dias, cinemas e horários encontram-se no final do texto.

Ricardo Riso

Cuba, uma odisséia africana

"O que é importante para a unidade é a ideologia não a geografia"
Out-door monumental com Agostinho Neto, (do MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola, primeiro presidente de Angola e morto em 1979) e Fidel Castro (líder da revolução cubana).

Sinopse: Durante a Guerra Fria, a África tornou-se um amplo campo de disputa entre interesses conflitantes. Os soviéticos queriam expandir sua influência para um novo território, os EUA planejavam se apropriar das riquezas do continente, e os antigos impérios europeus viam seu poder colonial se dissipar. Precisando defender a independência recém adquirida, as jovens nações africanas foram buscar apoio junto à Cuba de Fidel Castro. Através de depoimentos de envolvidos, o filme lança uma perspectiva histórica pouco explorada sobre os conflitos na África na segunda metade do século XX.

Amílcar Cabral, líder do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde, morto em 1973), e Fidel Castro.

Biografia do diretor: Nascida no Libano, realizou um mestrado em Ciência Política na Universidade Americana no Cairo. Trabalhou como correspondente política no Oriente Médio para a Reuters, a US News e a World Report. Produziu e dirigiu diversos documentários, como House of Saud, Price of Aid, The tragedy of the Great Lakes, a série Israel and the Arabs, cujo livro derivado ela também co-escreveu.

Che Guevara (símbolo da revolução cubana) e Samora Machel (FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique, primeiro presidente do país e morto em 1986)

Titulo Original: Cuba, une odyssée africaine
Titulo em Inglês: Cuba: an Africain Odyssey
Classificação:16
Direção: Jihan El Tahri
Montagem: Gilles Bovon
Música: Les frères Guisse
País: França / Reino Unido
Ano: 2007
Duração: 118min

Mostra: Homenagem a ARTE
Em Exibição
Terça - 06/10/2009 Estação Botafogo 3 15:15:00 hs EB368
Terça - 06/10/2009 Estação Botafogo 3 19:15:00 hs EB370
Quinta - 08/10/2009 Instituto Moreira Salles 20:00:00 hs