Novo livro de poesia de Mia Couto.
http://www.editorial-caminho.pt/
Idades Cidades Divindades
Mia Couto
Idades Cidades Divindades é uma das raras incursões deste autor na poesia, colocando ao serviço do verso todos os reversos de que a sua língua particular se veste, reveste e tresveste, sempre com uma admirável acutilância na forma de ler o mundo.
Género(s): Literatura/ Poesia
Acabamento: brochado
Dimensão: 13,4x21 cm
Páginas: 126
Peso: 156 g Colecção: «Outras Margens», n.º 69
Código: 93.069
ISBN: 978-972-21-1896-5
1.ª edição: Setembro 2007
30-09-2007.ª edição: Setembro 2007
Preço: 7,99 €
Idades Cidades Divindades
Mia Couto
Idades Cidades Divindades é uma das raras incursões deste autor na poesia, colocando ao serviço do verso todos os reversos de que a sua língua particular se veste, reveste e tresveste, sempre com uma admirável acutilância na forma de ler o mundo.
Género(s): Literatura/ Poesia
Acabamento: brochado
Dimensão: 13,4x21 cm
Páginas: 126
Peso: 156 g Colecção: «Outras Margens», n.º 69
Código: 93.069
ISBN: 978-972-21-1896-5
1.ª edição: Setembro 2007
30-09-2007.ª edição: Setembro 2007
Preço: 7,99 €
Um poema do novo livro retirado de http://andmyman.blogspot.com/2007/10/palavras-que-nos-salvam-mia-couto.html
Lições
Não aprendi a colher a flor
sem esfacelar as pétalas.
Falta-me o dedo menino
de quem costura desfiladeiros.
Criança, eu sabia
suspender o tempo,
soterrar abismos
e nomear as estrelas.
Cresci,
perdi pontes,
esqueci sortilégios.
Careço da habilidade da onda,
hei-de aprender a carícia da brisa.
Trémula, a haste
me pede
o adiar da noite.
Em véspera da dádiva,
a faca me recorda, no gume do beijo,
a aresta do adeus.
Não, não aprenderei
nunca a decepar flores.
Quem sabe, um dia,
eu, em mim, colha um jardim?
Não aprendi a colher a flor
sem esfacelar as pétalas.
Falta-me o dedo menino
de quem costura desfiladeiros.
Criança, eu sabia
suspender o tempo,
soterrar abismos
e nomear as estrelas.
Cresci,
perdi pontes,
esqueci sortilégios.
Careço da habilidade da onda,
hei-de aprender a carícia da brisa.
Trémula, a haste
me pede
o adiar da noite.
Em véspera da dádiva,
a faca me recorda, no gume do beijo,
a aresta do adeus.
Não, não aprenderei
nunca a decepar flores.
Quem sabe, um dia,
eu, em mim, colha um jardim?
(Maputo, 2006)
Mia Couto: Idades Cidades Divindades (Lisboa: Caminho) » 2007 » pp. 27-28
2 comentários:
Olá Ricardo, obrigado pela referência. Mia Couto é simplesmente fantástico. Adoro-o e este poema veio ao meu encontro e de uma maneira que não consegui resistir-lhe!
Abraços
Obrigado, Paulo!
Mia Couto encanta! Agora aguardo o lançamento aqui no Brasil.
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