País africano, que fala a língua portuguesa, fica entre Senegal e Guiné.
Exército nega golpe e diz que ordem constitucional vai ser respeitada.
Do G1, com agências
O presidente de Guiné-Bissau, João Bernardo 'Nino' Vieira, foi assassinado por integrantes do Exército nesta segunda-feira (2) horas após a morte no domingo em um atentado com explosivos do chefe do Estado-Maior do Exército, general Tagmé Na Wai.
Guiné-Bissau, que se tornou independente de Portugal em 1974, tem a língua portuguesa como a sua principal. O país de pouco mais de 36 mil metros quadrados (pouco mais do que o estado de Alagoas) fica em um pequeno território entre a Guinea e Senegal no litoral do Oceano Atlântico.
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Desde a madrugada, um forte dispositivo militar rodeava a sede da Presidência da Guiné-Bissau, enquanto eram registrados tiroteios na capital, após o atentado que matou Na Wai, segundo emissoras regionais de rádio.
Os tiroteios começaram em diferentes pontos do país, após o atentado e prosseguiram até a madrugada, segundo as fontes.
"O Exército matou o presidente Vieira quando ele tentava fugir da casa dele, atacada por um grupo de militares ligados ao comandante do Estado-Maior, Tagmeh Na Waieh", afirmou o chefe militar de Relações Exteriores, Zamura Induta. Segundo os militares, não se trata de um golpe, e a ordem constitucional vai ser respeitada.
O atentado que causou a morte no domingo à noite do general Na Wai foi realizado com uma bomba colocada na sede do Estado-Maior do Exército, que também deixou cinco feridos, entre eles dois graves, ao mesmo tempo em que derrubou parte do prédio, informaram as mesmas fontes.
Por sua parte, o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, tinha convocado para esta segunda-feira uma reunião urgente do governo e anunciado a criação de um comitê de crise para enfrentar a situação, após o atentado do domingo e antes de saber da morte do presidente Vieira.
Na Wai denunciou em janeiro um atentado frustrado do qual responsabilizou membros da guarda do presidente, que disse que abriram fogo durante a passagem de seu veículo diante do Palácio Presidencial.
Em 23 de novembro de 2008 um grupo de militares atacou à noite a residência do presidente Vieira, deixando um saldo de dois mortos.
Nos últimos anos, Guiné-Bissau se transformou em centro da rota do tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa, e altos cargos do governo e chefes militares foram acusados de participar deste negócio ilegal.
Repercussão
O Itamaraty, em nota oficial, repudiou o assassinato . O Ministério de Relações Exteriores informou que o Brasil está em coordenação estreita com os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para apoiar a volta do país à normalidade.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva qualificou de "inaceitável" o assassinato e considerou o crime um atentado à democracia do país africano.
O alto representante para Política Externa e Segurança Comum da União Europeia (UE), Javier Solana, condenou o assassinato e pediu a todos os setores da sociedade guineense que sejam fiéis à ordem constitucional.
"Quero condenar fortemente o assassinato e apelar a todas as partes para que respeitem a ordem constitucional e contribuam para acalmar as tensões no país", disse Solana em comunicado.
A UE oferece desde junho de 2008 assistência e apoio a reformas na área de segurança na Guiné-Bissau por meio da Política Europeia de Segurança e Defesa (Pesd).
A missão tem como objetivo apoiar autoridades locais no processo de reforma das forças de segurança e instruí-las a poder combater o narcotráfico e o crime organizado.
O governo francês condenou os assassinatos. O porta-voz do Ministério de Exteriores da França, Eric Chevalier, ressaltou também que Paris oferece seu "apoio às autoridades democraticamente escolhidas de Guiné-Bissau".
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