Li o artigo de sua autoria, concordo com o que você diz, mas também há uma questão muito importante para ser tratada. O que o negro quer? Já faz um tempo, andei fazendo uma pesquisa na qual era enfatizado autores lidos por negros e mestiços, ou seja: afrodescendentes. A maioria de jovens universitários, nunca havia lido autores negros.
Percebe como essa questão é complicada. Porque muitas vezes, há falta de vontade de ambas as partes:falta de integração para que o negro saiba de sua história, mas contada por um autor negro, mas para que isso aconteça é preciso que não haja por parte das editoras má vontade em publicar esses autores negros.
Ou seja, é um trabalho que precisa ser feito com empenho e boa vontade.
Tudo bem, Val? Por aqui tudo legal. "O que o negro quer?" Equiparação de oportunidades, respeito, dignidade, ou seja, tudo aqui que lhe foi usurpado ao longo dos séculos. A respeito de sua pesquisa, nós nunca leremos autores negros por que esses autores não chegam até nós. É mais que natural que um estudante negro ou não jamais tenha tido acesso a um livro de autor negro simplesmente por que o espaço escolar ignora essa vertente literária. Eu nunca ouvi falar de Cuti, Conceição Evaristo, Oliveira Silveira e outros em minha educação básica, e, pior e maior agravante, durante toda a minha graduação em Letras. Com isso, não conhecemos todas as manifestações da nossa literatura. Isso não seria um exemplo de discriminação? Por isso que insisto em escancarar o que acontece com a Conceição Evaristo. Seu recente livro de poesia, “Poemas da recordação e outros movimentos” foi finalista do Portugal Telecom 2009, seus outros títulos já foram traduzidos para diversas línguas e seus textos são publicados em várias antologias no estrangeiro. Agora, tente comprar algum livro da Conceição em livrarias como a Travessa e a Saraiva. Entre nos sites e você não encontrará nenhum livro dela. Ostracismo maior que este, eu não conheço. O que considero triste é que perdemos a oportunidade de reverenciar excelentes escritores, de elevadíssimo teor literário e versatilidade em suas escritas, casos merecedores de citação como a Conceição, o Cuti e o Éle Semog, apenas para ficar em alguns e recordando os bons nomes que são publicados nos Cadernos Negros. Em razão do exposto, não posso concordar com “a falta de vontade ambas as partes”, pois os autores negros explicitamente citados possuem grande valia literária, mas, talvez, pela temática abordada e pela atividade intelectual em defesa da causa negra são legados ao mais completo ostracismo, ao pleno e eterno esquecimento de um meio que é majoritariamente branco. E assim quer permanecer. Portanto, a boa vontade deve vir primeiro daqueles que estão no poder, que determinam os currículos escolares, assim como as grandes editoras brasileiras que excluem a existência dessa literatura de cariz negro-brasileiro. Ler e citar esses autores, mostrar que existem negros escrevendo e que falam dos seus problemas dentro de uma sociedade racista como a nossa, já será uma grande contribuição para a equiparação social neste país. Bjs!
Bravo, conheço esse artigo, ele já faz parte da bibliografia do meu próximo trabalho, ficou realmente excelente e foi feito realmente para circular das mais diversas formas possiveis!!!
Sempre visito seu blog, curioso eu nunca ter comentado... inclusive tenho um link do seu blog lá no meu. Os textos estão muito bons e, depois que saí da UFRJ, é sempre uma das melhores formas de acompanhar assuntos que envolvem questões "raciais" e a literatura africana. Forte abraço. Vinícius Antunes
Caro Vinícius, tudo bem? Prazer imenso tê-lo por aqui. Acompanho com prazer seus apontamentos no Twitter e também o seu blog. Obrigadão pelo comentário e pelas palavras. ABração, Ricardo Riso
8 comentários:
Oi, Ricardo.
Como vai?
Li o artigo de sua autoria, concordo com o que você diz, mas também há uma questão muito importante para ser tratada.
O que o negro quer?
Já faz um tempo, andei fazendo uma pesquisa na qual era enfatizado autores lidos por negros e mestiços, ou seja: afrodescendentes.
A maioria de jovens universitários, nunca havia lido autores negros.
Percebe como essa questão é complicada.
Porque muitas vezes, há falta de vontade de ambas as partes:falta de integração para que o negro saiba de sua história, mas contada por um autor negro, mas para que isso aconteça é preciso que não haja por parte das editoras má vontade em publicar esses autores negros.
Ou seja, é um trabalho que precisa ser feito com empenho e boa vontade.
Bjos
Tudo bem, Val?
Por aqui tudo legal.
"O que o negro quer?" Equiparação de oportunidades, respeito, dignidade, ou seja, tudo aqui que lhe foi usurpado ao longo dos séculos.
A respeito de sua pesquisa, nós nunca leremos autores negros por que esses autores não chegam até nós. É mais que natural que um estudante negro ou não jamais tenha tido acesso a um livro de autor negro simplesmente por que o espaço escolar ignora essa vertente literária.
Eu nunca ouvi falar de Cuti, Conceição Evaristo, Oliveira Silveira e outros em minha educação básica, e, pior e maior agravante, durante toda a minha graduação em Letras. Com isso, não conhecemos todas as manifestações da nossa literatura.
Isso não seria um exemplo de discriminação?
Por isso que insisto em escancarar o que acontece com a Conceição Evaristo. Seu recente livro de poesia, “Poemas da recordação e outros movimentos” foi finalista do Portugal Telecom 2009, seus outros títulos já foram traduzidos para diversas línguas e seus textos são publicados em várias antologias no estrangeiro. Agora, tente comprar algum livro da Conceição em livrarias como a Travessa e a Saraiva. Entre nos sites e você não encontrará nenhum livro dela. Ostracismo maior que este, eu não conheço.
O que considero triste é que perdemos a oportunidade de reverenciar excelentes escritores, de elevadíssimo teor literário e versatilidade em suas escritas, casos merecedores de citação como a Conceição, o Cuti e o Éle Semog, apenas para ficar em alguns e recordando os bons nomes que são publicados nos Cadernos Negros.
Em razão do exposto, não posso concordar com “a falta de vontade ambas as partes”, pois os autores negros explicitamente citados possuem grande valia literária, mas, talvez, pela temática abordada e pela atividade intelectual em defesa da causa negra são legados ao mais completo ostracismo, ao pleno e eterno esquecimento de um meio que é majoritariamente branco. E assim quer permanecer.
Portanto, a boa vontade deve vir primeiro daqueles que estão no poder, que determinam os currículos escolares, assim como as grandes editoras brasileiras que excluem a existência dessa literatura de cariz negro-brasileiro. Ler e citar esses autores, mostrar que existem negros escrevendo e que falam dos seus problemas dentro de uma sociedade racista como a nossa, já será uma grande contribuição para a equiparação social neste país.
Bjs!
Bravo, conheço esse artigo, ele já faz parte da bibliografia do meu próximo trabalho, ficou realmente excelente e foi feito realmente para circular das mais diversas formas possiveis!!!
Olá, Pandora! Fico linsojeado comsuas palavras. Maior estímulo não há.
1bj
Riso,
Sempre visito seu blog, curioso eu nunca ter comentado... inclusive tenho um link do seu blog lá no meu. Os textos estão muito bons e, depois que saí da UFRJ, é sempre uma das melhores formas de acompanhar assuntos que envolvem questões "raciais" e a literatura africana. Forte abraço. Vinícius Antunes
Caro Vinícius, tudo bem?
Prazer imenso tê-lo por aqui. Acompanho com prazer seus apontamentos no Twitter e também o seu blog.
Obrigadão pelo comentário e pelas palavras.
ABração,
Ricardo Riso
Excelente matéria.
Parabéns.
Abraços.
Dadi Silveira
Obrigado pela visita e comentário, Caixa de Fatos!
Abraços!
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