terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Malangatana - homenagem a Eduardo Mondlane

Galeria Pinho Dinis
Malangatana até 21 Fevereiro

Homenagem a Eduardo Chivambo Mondlane - Pastor de Manjacaze
A exposição, fruto de organização conjunta da Câmara Municipal de Coimbra, através do Departamento de Cultura, e da Organização da Mulher Moçambicana (Coimbra), inaugura dia 7 (às 16h00), com a presença de Miguel da Costa Mkaima, Embaixador de Moçambique em Portugal. Estará patente até ao dia 21 de Fevereiro de 2008, na Galeria Pinho Dinis, da Casa Municipal da Cultura.


Pintura, Desenho e Ilustração são as propostas apresentadas numa iniciativa que, além de representar uma homenagem a Eduardo Chiovambo Mondlane - Pastor de Manjacaze, pretende assinalar e comemorar o 3 de Fevereiro, data alusiva aos Heróis Moçambicanos.

Com esta iniciativa, pretende-se envolver um maior número de cidadãos, ampliando a relação cultural, linguística, social e fraternal entre os moçambicanos (estudantes e trabalhadores) residentes em Coimbra e, mesmo, no País, e a população conimbricense, proporcionando ao público de Coimbra o contacto com a obra deste embaixador cultural de Moçambique.

Os fortes e antigos laços de amizade e cooperação que permanecem activos e se renovam, permanentemente, entre a nação irmã de Moçambique e a cidade de Coimbra, justificam e incentivam que acções como esta sejam sempre bem-vindas e aufiram da qualidade e diversidade que permitem contribuir para um maior enriquecimento e enraizamento entre as Instituições e os cidadãos.

A obra de Malangatana Valente, reconhecida em todo o mundo, apresenta um artista multifacetado, distinguido com elevados galardões do seu país e de países estrangeiros, portador de um currículo grandioso materializado em exposições individuais e colectivas e prémios artísticos nos mais diferentes espaços mundiais e nas mais diversas organizações de arte ostentando, também, um extraordinário palmarés do criador de Instituições de arte, do fomentador da cultura africana, do participante em actividades de âmbito social e humanitário da UNICEF e de cidadão da Paz.

Na polivalência da sua criatividade, Malangatana mostra-se como pintor, ceramista, cantor, actor, dançarino e poeta afirmando, em todo o lado e com o orgulho de inquestionável patriota, a sua origem africana e moçambicana. Em todas as iniciativas em que está presente (festivais, workshops, colóquios, exposições, membro de júris, conferências, encontros) proclama com alegria a sua identidade e abraça com amor as raízes da sua civilização.

Ao analisarmos a sua obra no contexto das artes plásticas, vemos um percurso de coragem, de determinação, de sensibilidade e de opção artística na área em que se notabilizou. Desde criança que sentiu uma vocação para a arte, descoberta nas capacidades inatas que o acompanhavam e fortalecida no querer indómito de ser pintor profissional. Apoiado e estimulado por amigos, veio a organizar a 1.ª exposição em Lourenço Marques, em 1961. Depois, frequentou escolas de arte, recebeu uma bolsa da Gulbenkian, viajou para diversos países, visitou galerias e museus, relacionou-se com artistas e criou a sua própria identidade artística, com características especiais que o prendem às suas raízes, à ancestralidade do seu povo, aos modos de vida, aos costumes e aos mitos e valores do seu país.

Com os conhecimentos da sua vivência comunitária enraizou esse património sem preço e a partir dele elabora um mundo imaginário ancestral africano com ligação ao real quotidiano. A sua pintura evoluiu com a grandeza da sua imaginação, saber e criatividade, passando por sucessivas formas e técnicas, desde o neo-barroco ao expressionismo e ao surrealismo, mas sem se afastar das características que o consagram. A cor, o traço, o contorno clarificante, a força dos seus "protagonistas", enfim, o conteúdo das composições, expandem um pendor reflexivo que emerge na inquestionável qualidade, que consagra um artista, que sem medos e com o querer dos grandes homens construiu uma obra que honra as artes plásticas e é bandeira desfraldada de Moçambique em todo o Mundo.

Neste entendimento, visitar e ler, na Galeria Pinho Dinis, a pintura de Malangatana é colher, nos seus trabalhos, a beleza, a inquietação, a denúncia, a revolta contra tempos passados e o sentimento de liberdade e de paz.

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