quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ondjaki - novo livro + entrevista

Infância revisitada
por Luís Ricardo Duarte - 21 Mai 2008
http://clix.visao.pt/EdicoesJL/Pages/Infanciarevisitada.aspx


Não é daqueles que olha para o passado com saudosismo ou com a mágoa de um tempo irremediavelmente perdido. Interessa-lhe, antes, a celebração de uma época que as memórias vão refazendo. Para Ondjaki «regressar à infância é também estar com uma gente que não existe, incluindo nós mesmos». O seu novo romance, AvóDezanove e o Segredo do Soviético, volta a esse universo «bonito» e «mágico» que já tinha surpreendido os leitores em Bom Dia Camaradas, Momentos de Aqui ou Os da Minha Rua. Na mesma PraiaDoBispo em que brincou na infância, um mistério vai sendo descoberto e ao mesmo tempo urdido pelas crianças do bairro. E entre evocações e aventuras, o escritor desfia uma extraordinária galeria de personagens, como AvóDezanove, AvóCatarina, VendedorDeGasolina, EspumaDoMar, CamaradaBotardov, VelhoPescador, SenhorTuares, RafaelTruzTruz ou os amigos do narrador, 3,14 e Charlita.

Nascido em 1977, Ondjaki é hoje um dos principais nomes da Literatura Angolana. O seu primeiro livro é de 2000 e, desde então, tem vindo a publicar a um ritmo regular, tanto romance, como poesia, contos e teatro. A par do lançamento de AvóDezanove e o Segredo do Soviético (ver caixa), a Caminho vai reeditar quatro obras suas, um sinal do seu sucesso junto dos leitores, também confirmado pelas inúmeras traduções que o levam a vários pontos do mundo: Espanha, Itália, Uruguai, Suíça, Inglaterra, Canadá, México e futuramente à China (Macau). «São dados a ter em conta, sobretudo para alertar e progredir», dirá Ondjaki nesta entrevista. Mas também «armadilhas para o ego. Cabe ao escritor estar atento e voltar a descobrir sempre o seu caminho». E só o conduz um objectivo: «Ir sonhando e escrevendo enquanto fizer sentido.»

Jornal de Letras: AvóDezanove e o Segredo do Soviético é povoado de memórias de infância, como Bom Dia Camaradas ou Os da minha rua. Esse é o seu território literário de eleição?

Ondjaki: Não necessariamente... Trata-se de mundos semelhantes, os desses três livros, com espaços reais e literários que se complementam. Como ainda virão livros que vão complementar o Quantas Madrugadas Tem a Noite. Mas a infância tem sido uma forte fonte de inspiração.

Como foi a sua infância?

Devo começar por dizer que foi bonita. E que foi vivida e alimentada sempre por muitas pessoas: os da minha rua, os da minha casa, também a casa da Avó e da Tia Rosa. E muitos deles povoam agora os meus livros com uma ternura que eu quero ver transformada em literatura. E essa infância de «todos nós», aconteceu em Luanda, nos anos 80. Diferente, portanto, do que terá sido a infância de outras crianças no Huambo, Kuíto ou Luena.

Qual a memória mais antiga que guarda?

Não saberia especificar... Deve ter a ver com a minha casa, os meus pais, obviamente, as brincadeiras no mar, mas tudo isso já deriva das chamadas «memórias inventadas» que se vão refazendo com as fotos que vemos e as estórias que ouvimos. A memória é, em si, uma armadilha constante, criativa, bela e traiçoeira. O futuro é também esse processo de sabermos lidar com o presente inventando o passado que se escolhe querer lembrar.

A PraiaDoBispo, cenário deste romance, está presente em muitas dessas recordações?

Era o bairro onde vivia a minha Avó Agnette (conhecida literariamente por AvóDezanove), essa que surge em tantos contos, em tantas estórias, e que está presente mesmo quando não surge explicitamente. Também brinquei muito nesse bairro, passei lá muitas tardes, alguns fins-de-semana, algumas férias. Era outro dos «meus» bairros. E era, sim, um bairro cheio de personagens, como o maluco, os soviéticos, a DonaLibânia, o senhor Tuarles, a própria poeira...

A escrita nasceu da vontade de recordar essa infância, de reencontrar o tempo perdido?

Penso que a escrita tem de ser sobretudo literária. Contar estórias, transmitir sonhos, exercer algumas necessidades artísticas e estéticas. Se a vida real serve para alimentar a literatura, pois muito bem, esse é um dos caminhos. Não quero reencontrar o tempo perdido, apenas quero celebrá-lo, intimamente, ou através do que vai virando literatura. Regressar à infância é também estar com uma gente que não existe, incluindo nós mesmos.

À laia de arte poética, afirma, numa carta que dirige a Ana Paula Tavares, publicada no final do livro, que convoca «memórias distorcidas para inventar estórias»…

É quase isso, se a lucidez me permite essa análise... E se a análise está correcta. Inventar estórias é o que todos escritores fazem. Até os historiadores e sobretudo os políticos. Parece uma necessidade da condição humana. Tem a ver com um desejo poético de inscrever no tempo, tempos que não tinham sido falados com palavras de dizer ou de escrever. Além de as convocar, gosto de ser assaltado por memórias. Mantêm-me desperto, atento e trazem-me ao quotidiano uma certa magia.

Também há uma personagem do romance que diz: «O futuro está cheio de coisas difíceis a acontecerem de modo cada vez diferente. Gosto mais de adivinhar o passado». Esta fala poderia ser sua?

Não, esta fala é mesmo da AvóCatarina. É uma brincadeira poética também... É a minha imaginação julgando que pode saber o que a AvóCatarina terá dito em certas circunstâncias. E, finalmente, é talvez a imagem que retive da sabedoria da AvóCatarina, com quem na realidade passei pouco tempo. Muito do que sei dela já foi sendo inventado em criança ou em adulto. Julgo assim, quando escrevo e a cito, que ela me está a dizer coisas. Gosto dessa sensação de a ouvir para escrever.

O futuro de Angola

Escrever sobre o passado não é também escrever sobre o presente? Podemos ver em AvóDezanove e o Segredo do Soviético uma metáfora sobre a actualidade angolana?

Não quis que fosse, nem quero que seja essa metáfora. Mas cada um é livre de ler o livro do modo que o quiser receber... Mas o passado sempre prediz o futuro, e o presente é bem testemunha disso. O que quis foi contar uma estória «com» crianças. Não necessariamente «para» crianças. Continuo fascinado pelo modo inocente, cruel e sincero com que as crianças lidam com a vida. Todas as vidas: a privada, a social, a real e a imaginária. Esse potencial de efabulação do real, o tempo rouba-nos a cada minuto que passa. Gosto de escutar as crianças, mesmo aquelas que imagino.

Como vê Angola hoje em dia?

Vejo como um país do qual não se pode falar sem o inserir num contexto histórico e social que é muito antigo. Por isso causam-me arrepios algumas análises precipitadas, superficiais e, às vezes, mal intencionadas que se fazem sobre Angola. Não existem fórmulas simples para explicar um país ou um continente. E África muitas vezes é vítima dessa simplificação. Cabe a todos mudarmos isso aos poucos. Angola sai de um período (para só falar do que é mais recente) muito conturbado e todas as adaptações serão difíceis e levarão tempo. A pressão social e cívica é cada vez mais forte e isso só pode ser bom. Mas há um caminho a ser percorrido. Há muita coisa a ser corrigida, aperfeiçoada, alterada, mas é sem dúvida um país com um potencial humano muito forte. Teremos que privilegiar obviamente os sectores da Educação e da Saúde, para vermos o país crescer de modo correcto. Mas há toda uma nova geração com vontade de trabalhar e altas expectativas em relação ao futuro. Há dias perguntaram-me se eu fazia parte de uma geração desencantada. Pelo contrário, acho que somos uma geração capaz, empenhada e sonhadora.

Agostinho Neto, para quem se constrói o mausoléu que existe hoje em Luanda, acaba por ser uma das personagens do seu livro, embora sempre ausente. Como acompanhou a polémica em torno da sua poesia, desencadeada por uma entrevista de José Eduardo Agualusa?

Acompanhei com naturalidade, discordo da opinião do Agualusa no que toca à poesia de Agostinho Neto. E eu aqui refiro-me mesmo ao poeta. Pessoalmente, nunca apelidaria a poesia de Neto de medíocre. Mas o Agualusa tem a sua opinião, como cada um terá a sua. Agora, é evidentemente delicado dizer-se certas coisas sobre personalidades de carisma nacional tão elevado. Eu li a poesia de Neto ainda em miúdo e depois já em adulto, em ambas ocasiões fiquei emocionado e reconheço nela uma carga poética muito forte, que tanto descreve quanto emociona. Foi um homem ocupado, viajado, sofrido, não pode ser visto unicamente como poeta. E em Angola ele não é visto apenas como um poeta, daí talvez a polémica. Mas gostaria de esclarecer que o camarada Agostinho Neto não entra como personagem no meu livro, apenas se encontram referências ao Mausoléu.

Interessa-lhe uma literatura politicamente empenhada?

Interessa-me uma literatura literariamente empenhada. A que parte do sonho, dos conteúdos literários que o escritor escolhe e nos quais crê. Isso, de um modo bem feito, há-de ser político, no sentido que a arte é quase sempre interventiva. Mas o ponto de partida do artista deve ser o que ele escolher. E o de chegada também. As minhas motivações usualmente são literárias.

Na última entrevista ao JL disse que escrevia «num formato imbuído de energias positivas». Em que sentido?

É talvez uma questão pessoal, mas que eu gostaria que fosse geracional. Quero reagir positivamente a todas as dificuldades, a todos os desafios. É uma das coisas que persigo na cultura angolana, a força cultural positiva, o riso como opção primeira às dificuldades. E a acção social que permita e que traga mudanças. Mas há coisas que não se explicam. Com a excepção de alguma poesia, normalmente os meus livros aparecem-me imbuídos dessas energias positivas. Ainda bem. Nem sempre é isso que vai cá dentro.

A reinvenção da escrita

Ou seja, contagiar o leitor positivamente, mesmo quando o assunto é duro, negativo?

Talvez, mais do que o leitor, contagiar o mundo a ser mais positivo. Perseguir as coisas boas, as simples. Apontar para os outros, para as sociedades que precisam do nosso labor tanto criativo quanto político ou social.

É isso que explica uma certa reinvenção da escrita e da oralidade?

Não. Isso é percurso, necessidade, vontade. Tento adequar o que quero dizer ao formato que melhor me serve. Assim a escrita flui de modo natural. A reinvenção da escrita é um percurso, um chamamento, não é um plano literário.

Mia Couto, na última edição das Correntes d’Escritas, falava na necessidade de moldar a escrita à realidade, como um lençol que se ajusta ao corpo…

Sim, um ajuste que faça sentido para a escrita e para o sonhos de cada um. O diálogo é permanente entre a realidade e a escrita. A permeabilidade é real, a troca é recíproca. É só estar perto, captar ou inventar que se captou, vai dar a lugares parecidos.

A paisagem africana – com as suas cores, cheiros, idiossincrasias – exige uma semântica diferente?

Penso que não. Há cores e cheiros em todos os continentes, e mesmo África é um continente cheio de lugares diversos entre si. A semântica e os outros aspectos da escrita devem ter a ver com o modo de cada um sonhar o que depois quer escrever.

É possível falar numa língua angolana, como defende uma personagem de AvóDezanove e o Segredo do Soviético?

Isso caberá a outros dizer... Talvez já, em alguns livros nossos, se reconheça imediatamente a sua proveniência. Mas o que seria a identidade da língua angolana? Só se for algo diversificado e englobante de tantas tendências. Angola não é só uma nação em Língua Portuguesa, como usualmente se pensa. Isso é coisa da cidade, e pensamento de caluanda [natural de Luanda]. Há outras línguas e linguagens que, felizmente, ainda existem. A identidade da língua angolana ganhará muito se não nos esquecermos de todas as culturas e todas as línguas que fazem parte da nação cultural angolana.

Vida de escritor

A sua obra tem oscilado entre a poesia, o conto, a novela e o romance. O que determina a opção por cada género? Responde a necessidades diferentes?

Sim, necessidades, momentos, projectos. São modos distintos de contar e de dizer. Também é preciso não esquecer, como diria Ruy Duarte de Carvalho, que o escritor é «um arquitecto do simbólico», um animal de buscas também instintivas. Uma jangada é feita de muitas madeiras e cordas...

E para onde ruma a sua jangada?

Nem sei ainda... Quando se tem como referência o instinto criativo e uma abertura estética bem arejada, o futuro é sempre uma porta aberta. Ou uma janela por abrir. Desejo um percurso honesto e tranquilo, com intensidade literária mas com responsabilidade também. Enfim, como na vida, nada será gratuito. Há muito trabalho pela frente.

Foi deliberado a sua estreia literária ter sido pela porta da Poesia, com Actu Sanguíneu, em 2000?

Não, foi apenas uma casualidade. Eu já havia escrito Momentos de Aqui, mas Actu Sanguíneu acabou por ser publicado primeiro, na sequência de uma menção honrosa. Continuo a escrever poesia, mas não a publico.

Porquê?

Por motivos que a vida determina, por ritmos que o destino inventa. Amanhã tudo poderá mudar.

Com AvóDezanove e o Segredo do Soviético, vão ser também reeditados quatro livros seus (Momentos de aqui, Há prendisajens com o xão, Quantas madrugadas tem a noite, E se amanhã o medo). Para um jovem autor, são dados impressionantes…

São dados a ter em conta, sobretudo para alertar e progredir. São armadilhas para o ego. Cabe ao escritor estar atento e voltar a descobrir sempre o seu caminho.

O que se pode esperar dos livros que vão complementar o Quantas Madrugadas Tem a Noite?

Eu espero conseguir escrevê-los. Já sonho com eles há alguns anos. Já existia essa relação com o Quantas Madrugadas... quando o escrevi. Em princípio faltam dois. Dialogam um pouco, dão visões do mesmo lugar: Luanda, a cidade que não consegue dormir. A cidade bonita com as suas cicatrizes. A cidade do caos e do futuro. A cidade da poesia e da ternura...

Considera-se um escritor profissional?

Não me quero considerar nada. Só ir sonhando e escrevendo enquanto fizer sentido. Também o tempo tem os seus ensinamentos e a sua sabedoria. Há que saber escutar.

Tem viajado muito. Como é essa vida de escritor?

Às vezes é cansativo. Mas faz parte da modernidade, da tal globalização. É bom para a divulgação dos livros e da língua, mas não sei se é tão importante essa divulgação... O que as viagens têm de muito bom é o aprendizado que delas se retira. Os outros mundos, as outras culturas, os outros olhares poéticos sobre as mesmas coisas. Viajar sem dúvida diminui os preconceitos acumulados. Isso costuma ser bom.

Viajar é importante para a sua escrita ou são ossos do ofício?

Para os meus processos internos de reflexão, sim, viajar é importante. Isso mais tarde afectará a escrita, não tenho dúvidas.

Equaciona a hipótese de situar um romance noutras latitudes?

Sim, se fizer sentido, se fizer parte das minhas necessidades literárias, não vejo mal nenhum. Já escrevi uma peça de teatro (Os vivos, o morto e o peixe-frito) que o Teatro Nacional D. Maria II teve a pressa de anunciar mas logo de seguida cometeu a indelicadeza de abandonar. Esse texto retrata precisamente a vida social e privada de alguns africanos em Lisboa. Fala dos dinamismos de convívio e do confronto de culturas. É até possível que esse projecto venha a aparecer em livro num futuro próximo.

Literatura sem fronteiras

Nos seus livros encontramos muitas epígrafes de autores brasileiros, como agora em AvóDezanove e o Segredo do Soviético, com Clarice Lispector. A Literatura Brasileira é uma referência para si?

No fundo, diria que sim. Embora as outras não deixem de ser. Acho que ainda ando muito mergulhado na fascinante temperatura da literatura latino americana. Clarice é para se ir lendo, Guimarães Rosa também. São pesadelos deliciosos que nunca terminaremos. Mas Dostoiévski, Thomas Mann ou Ruy Duarte de Carvalho também são gigantes...

Sente-se mais próximo literariamente do Brasil do que de Portugal?

Sinto-me mais próximo de uma literatura que me faça vibrar, sonhar, pensar, sofrer, reinventar, reflectir, crescer. Não acredito muito na nacionalidade das literaturas. Creio em boas estórias, em bons livros.

E qual a sua relação com a Literatura Africana de Expressão Portuguesa?

É muito saudável, sempre foi, desde criança. Cresci lendo Joaquim Dias Cordeiro da Mata, Agostinho Neto, António Jacinto, Luís B. Honwana, Manuel Rui, Luandino, Pepetela. Mais tarde, alguns deles tornaram-se amigos, companheiros de viagem e de escrita. Tenho um carinho muito profundo pela nossa língua. Adoro essa frase do Mia Couto, «a minha pátria é a minha língua portuguesa». A língua portuguesa plural fica sempre mais bonita, parece um sonho esculpido com os modos e as cores do arco-íris. Deve ser uma língua feliz, a tal de Língua Portuguesa...

Mostra muitas reservas em relação ao Acordo Ortográfico e à própria ideia de CPLP. Porquê?

Apenas porque acho que deveríamos estar mais informados e que o tema deveria ser mais discutido. Sobretudo por instâncias próprias. No fundo, sou a favor de um acordo ortográfico que fizesse sentido, e que servisse a todos, não apenas a políticos e livreiros. A questão da CPLP é que acho que ninguém sabe muito bem qual é o seu intuito e sobretudo a sua função concreta. Vamos ser uma Comunidade de Língua Portuguesa (termo que prefiro à tal de «lusofonia»)? Então que o sejamos a sério, não apenas para encontros de hotel e abolição de vistos em passaportes diplomáticos. Vamos falar de circulação cultural, de línguas vivas, de gente humana que se quer conhecer e celebrar.

Realizou um documentário sobre Luanda e trabalhou no último filme de Tabajara Ruas. O que o atrai no cinema?

Atrai-me a linguagem, a possibilidade de contar estórias noutros formatos, de aliar à imagem a força da música. Não tenho muito mais tempo, mas hei-de voltar ao cinema. É um mundo difícil, árduo mas atraentemente mágico. E já ando com saudades do teatro também... Mas a vida é mais larga que comprida, como diria um amigo meu.

A Arte é a melhor forma de a percorrer?

É só uma das formas de atravessar a vida. Mas é uma expressão muito potente da nossa condição humana. Reflecte os nossos anseios e os nossos sonhos. Permite fixar em imagem, texto, música, etc., o que de subjectivo nos passa pela mente, o modo de sermos o mundo que vamos sendo ou inventando. Sem falar das potencialidades psicológicas e políticas da arte. A vida está espalhada por aí, a arte em geral faz lembrar uma bússola robusta e ao mesmo tempo delicada, que nos vai guiando pela escuridão brilhante. Ou, como diria o maluco EspumaDoMar, «o céu está cheio de brilhos apagados à espera que a gente humana sopre uma pontinha de luz». Os loucos são muito sabedores. Também as crianças. Também os mais-velhos.

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