domingo, 30 de novembro de 2008

Bienal de Artes de São Paulo 2008 – a Bienal do vazio

Por Ricardo Riso


Estive na capital paulistana nesta semana. Como em todas as vezes, o circuito de artes plásticas sempre me atraiu e não poderia ser diferente desta vez, pois a Bienal de Artes de São Paulo está aberta e a cidade não decepciona quando se trata de eventos artísticos.

Questionar a autoria apresentando diversas reproduções de obras famosas. Uma idéia cansada, repetitiva e ultrapassada. Pobre Bienal...

Entretanto, fiquei estarrecido com o que vi nesta edição da Bienal! Já sabia pelas diversas críticas negativas que a seleção de trabalhos estava fraca, mas não imaginei que as obras fossem tão ruins. A atual curadoria conseguiu piorar o que já estava horrível. Sinceramente, não sei qual o papel da Bienal hoje. A edição anterior tinha uma boa proposta de concepção, ao menos. Contudo, a atual nem isso formulou. O vazio predominou.

Riso brincando no parquinho da Bienal de Artes de São Paulo

Por outro lado, o vazio citado corresponde ao momento que estamos vivendo. Sociedade sem sentido, vidas desperdiçadas e despedaçadas, sonhos esgarçados, memórias fraturadas, ausência de afetos, fim das utopias. Vazio de idéias, vazio de criatividade. Ou seja, a arte ali representada retrata a miséria em que vivemos. A miséria mental da contemporaneidade do neoliberalismo em estado terminal.

Entendiado com a Bienal. Realmente, o melhor da Bienal está no salão vazio.

A destacar, com profunda tristeza, o salão completamente vazio, por que é melhor do que as obras expostas em todo o prédio, e o escorrega, pois nele podemos sair rapidamente do prédio e do fajuto parquinho de diversões que se tornou a Bienal nesta edição.

O que resta na Bienal: brincar. Riso na chegada do escorrega. Foto de Norma Lima.

Bienal banal bienada. Adeus.

Nenhum comentário: