sábado, 20 de setembro de 2008

FLIPORTO 2008 - Trilhas da Diáspora: Literatura em África e América Latina

FLIPORTO 2008
Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas
Trilhas da Diáspora:
Literatura em África e América Latina
6 a 9 de novembro de 2008

http://www.fliporto.net/


PROGRAMAÇÃO LITERÁRIA

Entre oficinas, debates, mesas redondas e entrevistas, o encontro do leitor com o livro e seus autores.

Já confirmados:

Ana Paula Tavares, José Eduardo Agualusa, Marcelino dos Santos, Paulina Chiziane, Pepetela, Quincy Troupe, Wangari Maathai e os brasileiros Affonso Romano de Sant'Anna, Alberto da Costa e Silva, Ariano Suassuna e Thiago de Mello.

EM BREVE, PROGRAMAÇÃO COMPLETA!

"Na praia de Porto de Galinhas, antigo porto de escravos, nos dias 06 a 09 de novembro, dar-se-á o encontro/reencontro das etnias: escritores de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, debatendo temas de interesse comum com escritores brasileiros, hispano-americanos, autores portugueses e espanhóis estudiosos do pós-colonialismo, teóricos fundamentais contemporâneos dos estudos inter-étnicos e culturais. "

ANTÔNIO CAMPOS


BLOG:
http://blog.fliporto.net/

FLIPORTO 2008
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A terceira versão da FLIPORTO, realizada em setembro do ano passado, internacionalizou-se e transformou o Brasil em um pólo congregador dos países latino-americanos, treze deles fazendo-se representar através de vários de seus escritores: Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Dominicana,Uruguai, Venezuela. Angola foi representada por Agualusa e a Galícia por Xosé Lois Garcia. Foram ao todo 135 participantes, sendo 40 estrangeiros (cinco deles radicados em Pernambuco), 40 escritores dos vários Estados e 55 pernambucanos.

Os homenageados foram: Frida Kahlo; que no ano passado completaria 100 anos de nascimento, Hermilo Borba Filho; Ariano Suassuna; Gabriel García Márquez; Moacyr Scliar; Gabriela Mistral; Carice Lispector; Nélida Piñon; Marcus Accioly; Abreu e Lima e José Olympio. Entre os muitos escritores, Antonio Torres, Antonio Carlos Secchin, Márcio Souza, Sábato Magaldi, Thiago de Mello, Vicente Franz Cecim (Brasil); Fabian Casas (Argentina); Armando Romero e Daleth Restrepo (Colômbia), Alex Pausides e Aitana Alberti (Cuba); Odi González (Peru), Francisco Ruiz Udiel (Nicarágua), Etnairis Rivera(Porto Rico), Rei Berroa (República Dominicana).

A escritora Nélida Piñon foi responsável pela apoteose da abertura: "toda a história humana pode estar dentro de uma frase feliz", afirmou. Primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras, ocupando hoje a cadeira de número 30, e uma das principais homenageadas da FLIPORTO, Nélida repartiu experiências de criação com o público. "Acredito que não se pode ser um escritor moderno sem ser arcaico. Precisamos de no mínimo cinco mil anos de inspiração", defendeu a escritora, reverenciando a importância e contribuição da história para a literatura. Confessa apaixonada pelos clássicos gregos como Homero (autor de Ilíada e Odisséia) e do filósofo Aristóteles, Nélida acredita que "a arte nasce do caos, da riqueza humana”. A apoteose do encerramento esteve a cargo de Ariano Suassuna, com uma extraordinária aula-espetáculo, causando delírio na multidão que se comprimia no grande auditório do Hotel Armação.

O Brasil literário estava distanciado do resto da América Latina, acredito que a FLIPORTO contribuiu para uma reaproximação. De uma maneira quase informal, possibilitamos uma aproximação entre os escritores com o público que participou ativamente dos painéis. Sempre buscando a troca de experiências, a curadoria organizou os painéis mesclando escritores brasileiros com estrangeiros para ressaltar a diversidade e estimular a troca de experiências. Se as duas versões iniciais da FLIPORTO colocaram a cidade de Porto de Galinhas no calendário cultural do Estado de Pernambuco, a terceira lhe deu um destaque entre os encontros literários nacionais e internacionais. A partir de uma conjugação de lastro acadêmico atualizado com a vitalidade da presença do autor e do livro, em painéis estruturados conforme motivações estéticas e ideológicas, foi construída uma plataforma leve, ágil, mas consistente e profunda, no trato da literatura. Um formato de evento especial que retrata a experiência intercultural e a partir dela fez evoluir as exposições e debates, palestras, recitais, entrevistas e leituras. Curiosas oficinas literárias, como a de poesia quéchua pelo peruano Odi Gonzales, chamaram a atenção do público para culturas ancestrais da América Latina, mostrando como a cultura maia, por exemplo, antecipou, em muitos séculos, a linguagem cifrada dos modernos computadores.

Agora, nos estendemos à África, com o tema TRILHAS DA DIÁSPORA: LITERATURA EM ÁFRICA E AMÉRICA LATINA. Iremos nos ater mais detalhadamente aos países de língua portuguesa, porém celebrando autores como a primeira mulher africana negra a receber o Prêmio Nobel da Paz, Wangari Maathai (Quênia, 2004) e o primeiro africano negro Prêmio Nobel de Literatura, Wole Soyinka (Nigéria,1986).

Um nome confirmado para o evento deste ano é o angolano José Eduardo Agualusa, que inclusive já residiu em Olinda, cidade que o inspirou a escrever o livro Nação crioula. O objetivo é reunir 40 nomes nacionais. Outro escritor angolano já confirmado é Artur Pestana, mais conhecido por Pepetela, que foi vencedor do Prêmio Camões pelo conjunto de sua obra e militante do Movimento Popular pela Libertação de Angola. Ele está sendo homenageado este ano ao lado do moçambicano Marcelino dos Santos, escritor e membro fundador da Frente de Libertação de Moçambique.

A FLIPORTO também presta homenagem ao poeta negro Cruz e Sousa, fundador do nosso simbolismo, aos 110 anos de sua passagem, bem como o poeta baiano Castro Alves, pelos 140 anos da apresentação pública de Tragédia no Mar, que viria a se chamar O Navio Negreiro (1868). Nesta versão também é homenageado o grande escritor Jorge Amado, pelos 70 anos de publicação na França de Jubiabá, vitória obtida após haverem sido queimadas, no ano anterior, as edições de O país do carnaval, Suor, Cacau, Mar Morto, Capitães de Areia e o próprio Jubiabá, por determinação da Sexta Região Militar.

A FLIPORTO 2008 presta, ainda, uma significativa homenagem ao centenário do poeta negro pernambucano Solano Trindade, bem como aos 120 anos da Abolição. Outro homenageado é Josué de Castro nos cem anos de nascimento, bem como Machado de Assis, no centenário de sua morte. Entre os hispano-americanos, estão lembrados o poeta peruano César Vallejo e a poetisa argentina Alfonsina Storni, ambos assinalando 70 anos de sua passagem.

Na praia de Porto de Galinhas, antigo porto de escravos, nos dias 06 a 09 de novembro, dar-se-á o encontro/reencontro das etnias: escritores de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, debatendo temas de interesse comum com escritores brasileiros, hispano-americanos, autores portugueses e espanhóis estudiosos do pós-colonialismo, teóricos fundamentais contemporâneos dos estudos inter-étnicos e culturais.

E dar-se-á a travessia do Atlântico, mas no sentido inverso ao dos navios negreiros que trouxeram ao nosso continente mais de 9 milhões de escravos, a partir dos primeiros anos do século XVI. Aos 120 anos da Abolição, celebraremos o significado da África no Brasil e na América Latina, nós, afro-brasileiros, afro-latinos, latino-americanos a congregar os vários desdobramentos da diáspora africana nestes tempos pós-coloniais. Conscientes de suas vastas raízes, sabedores que os próprios iberos colonizadores já traziam dentro de si o sangue norte-africano, após oito séculos em que eles dominaram a península.

A FLIPORTO acontece de forma descentralizada, com programações literária, social, infantil e gastronômica. Este ano, a festa amplia o leque de opções para os participantes ao incluir um circuito turístico-cultural e um circuito de artes visuais, com exposições de artes plásticas e de fotografia. Quem estiver à distância, poderá acompanhar as discussões através de uma TV e Rádio ao vivo através da Internet.

Tudo dentro da perspectiva característica da FLIPORTO, que não vê a literatura como mero entretenimento, mas como fator educacional de formação humanística, de equilíbrio existencial por meio da imaginação, como parte arquetípica e ancestral da cultura, como princípio ético/estético a preencher o vazio e fortalecer no homem a coragem, a resistência, o gosto da beleza, a busca de si mesmo, a solidariedade e a alegria de, através do texto literário, comemorar o sonho e a magia de estar vivo, por entre a injustiça, o sofrimento e o absurdo.

ANTÔNIO CAMPOS

Setembro/2008

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